o mar do poeta

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sexta-feira, fevereiro 20

KUALA LUMPUR - MALACA

KUALA LUMPUR - MALACA













KULA LUMPUR - MALACA

Em Abril do ano de 1993 encontrava-me em Bangkok e meu visto de permanência estava prestes a caducar, como tal pensei em me deslocar a um pais mais próximo e na embaixada da Tailândia solicitar um novo visto de permanência.Pensando bem resolvi ir até Kuala Lumpur, não sabendo porém que na cidade de Penang poderia igualmente tratar desse assunto.

Fiz a marcação do hotel, tendo escolhido o Pan Pacific, hotel de cinco estrelas recentemente inaugurado e comprei os bilhetes de passagem através da Malasian Airlines, e no dia 7 de Abril lá seguimos para aeroporto de Dom Muang em Bangkok.

A viagem não foi efectuada pela companhia malasia, o que poderia ter sido feita igualmnte pela Lufhtansa, mas não foi em nenhuma destas que nós seguimos mas sim na Thai Airways, mas tudo bem.

Ia acompanhado de minha companheira e o principal era que tudo corresse pelo melhor e assim foi. A viagem de duas horas e pouco decorreu da melhor forma.Desembarcamos no antigo aeroporto de Kuala Lumpur, este aeroporto não era na altura ainda servido pelo metro e os autocarros eram escassos, como ficava bem distante da cidade tivémos que recorrer a uma limosine, cujo preço até achei barato.Bem instalados naquela enorme viatura que disponha de ar condicionado, tv e bar lá percorremos a extensa auto estrada que ligava à cidade de Kuala Lumpur.

Pouco deu para ver da paisagem pois o condutor da limosine teve a amabilidade de correr as cortinas podendo assim nós fazer-mos a viagem mais confortávelmente.Só parámos à porta do hotel, e podemos admirar o recinto ricamente ornamentado demonstrando o luxo do mesmo.

Dois gentins porteiros logo se aproximaram e levaram as nossas bagagem para o enorme e espectacular salão de entrada onde nos mandaram sentar, sendo de seguida servido-nos um magnifico sumo de laranja.

Só depois fomos fazer o chek-in, tendo-nos sido entregues vários talões, entre eles para o pequeno almoço e para o jantar dessa noite.

Guiados pelo bagageiro subimos as vistosas escadas para ir-mos até ao levador que nos levaria ao nosso quarto.O quarto era enorme com duas camas de casal e onde nada faltava, estava ricamente decorado e era super confortável, da janela do quarto podia-se ver a enorme e bela piscina do hotel, esta descoberta, pois havia uma outra em outra aérea do hotel, mas coberta, pena foi que não tivesse-mos levado conosco os nossos fatos de banho para poder-mos disfrutar delas.Depois de arrumar-mos as coisas e ter-mos descansado um pouco, saímos para dar uma volta pela periferia até à hora do jantar, pois nessa tarde a embaixada estava já fechada e só no dia seguinte lá poderíamos ir tratar do visto.

Mesmo defronte do hotel, no outro lado da avenida, situava-se o enorme centro comercial Putra Word Centre e aproveitá-mos a ir-mos visitá-lo e também fazer algumas compras.

A grande maioria dos empregados falavam o dialecto cantonense e desta forma foi-nos muito mais fácil a comunicação.

O centro compunha-se de cinco andares repletos de todo o género de mercadorias. Algumas que acha-mos mais baratas que em Bangkok e nos faziam jeito as adquirimos.

Tanto o hotel como o centro ficávam situados na parte baixa da cidade muito perto da China Town, e por curiosidade percorremos algumas ruas da mesma, mas diga em abono da verdade que não tinha valido a pena ter-mos lá ido pois além de alguns velhos e sujos restaurantes, vimos apenas ruas cheias de lixo, certamente haveria outras zonas diferentes mas aquelas foram a que podemos ver na altura.

A hora do jantar aproximava-se e regressámos ao hotel, depois de deixar-mos as coisas no quarto dirigimo-nos para o vasto e requintado salão de jantar.

Os cupões que nos foram entregues não davam direito ao jantar mas sim a um desconto de 50%. Após ver-mos a ementa resolve-mos pedir uma galinha assada e um bife, entretando foram-nos servidos dois sumos bem fresquinhos.

Quando a comida veio para a mesa ficámos admirados pelo enorme tamanho dos pratos, nunca tinha visto pratos com aquelas dimensões, o bife vinha acompanhado de meia lagosta e a galinha era uma inteira acompanhada de salada e batatas fritas, eram comida a mais só para duas pessoas, mas lá tivémos, com calma de dar conta da mesma.

Do salão ao lado vinha uma música super agradável, nós tinha-mos também cupões para assistir aos programas musicais com direito a bebidas, tudo isto gratuito.Depois de bem jantados e não querendo ir-mos já para a cama, por ali ficámos ouvindo aquela agradavel música ao vivo. O ambiente era rico, as pessoas que ali se encontravam, na sua maioria estrangeiros eram pessoas finas e a calma reinava naquele belo convívio.

Ali estivémos ainda cerca de duas horas quando resolvemos então ir descansar.
Passámos uma noite super tranquila, no dia seguinte podemos disfrutar das magnificas instalações sanitárias, depois de feita a higiene pessoal descemos ao salão de jantar e ali podemos tomar o pequeno almoço que consistia de um enorme bufete.

Havia comida para todos os gostos e paladares e desta forma podemos encher bem a barriga.

Seriam para aí umas 09.00 horas quando apanha-mos um táxi que nos levou à embaixada da Tailândia, esta só abria às 09.30 horas e o visto que ia-mos solicitar só nos seria entregue no dia seguinte.

A embaixada ainda ficava bem distante do hotel, e como ficava na periferia da cidade o trânsito para aquela zona era diminuto o que nos levou a percorrer o tragecto em relativamente pouco tempo.

Nas instalações da embaixada além de nós não havia mais ninguém para solicitar o visto pelo que fomos rapidamente atendidos, ficando de lá voltar-mos no dia seguinte à tarde para recolher-mos o passaporte.Regressámos ao hotel no mesmo táxi que assim nos fez um desconto razoavel.

O hotel tinha todas as facilidades possiveis e imagináveis, deste posto médico, ginásio, salão para reuniões, vários restaurantes, bares, salas de estar e duas piscinas, além de um balcão de turismo, foi a esse que nos dirigimos afim de alugar-mos uma viatura para nos levar até Malaca, cidade esta com profundas raizes portuguesas e onde ainda existia e existe uma área portuguesa.

Combinado o preço passados alguns minutos compareceu um senhor, de origem indiana, mas simpatiquissimo que nos descreveu a viagem e com ele combina-mos em visitar também os pontos turisticos da cidade de Kuala Lumpur depois da vinda de Malaca.

Eram 10.30 horas quando deixámos o hotel a distância entre Kuala Lumpur e Malaca é de 148 quilómetros, a viagem foi efectuada sempre por uma bela auto-estrada, circundada por árvores da borracha a perder de vista, seguia-mos em velocidade de cruzeiro e pode-mos desta forma admirar todas aquelas belas paisagens, parando ainda no caminho para visitar-mos algumas casas tipicas malaias onde fomos recebidos com todo o carinho e alegria.

Embora a maioria do povo Malaio praticar a religião islamica o seu povo é acolhedor, simpático e tem um coração de oiro. Ficámos encantdos com o vimos. As casas eram casas normais, não daquelas abertas para o turista ver, os seus donos logo nos receberam como de pessoas de sua familia se tratasse-mos, oferecendo-nos chá e outras bebidas.O interior de suas casas era modesto, mas super asseado, minha companheira ficou encantada com os cortinados que viu e ficou de fazer uns iguais para nossa casa em Bangkok.

As casas estavam ladeadas de muitas árvores de frutos e podiam-se ver os galináceos passeando pelo terreno.

Chegados a Malaca fomos visitar em primeiro lugar um pagode chinês bem antigo, estava inserido na parte mais chinesa da cidade e podiam-se ver muitos crentes que ali iam orar, bater cabeça, termos este mais utilizados pelos portugueses em Macau, de onde eu vinha.

Aquela zona era pobre, as ruas pequenas mas dava-nos a sensação de termos recuado no tempo, e ai eu me recordei de algumas vielas de Macau nos anos 60.
Seguimos depois para a parte central da cidade e podemos então ter uma outra panorânica da cidade, pois esta sofreu a influência de três países, primeiro Portugal, pois Afonso de Albuquerque que ali se estabeleceu no ano de 1511, depois pelos holandeses e por fim e até à independência da Malásia pelos ingleses e como tal a cidade apresenta em sim monumentos e igrejas construidos pelos seus ocupantes.Depois de ter-mos visitado a parte central da cidade e a praça dos holandeses seguimos para a parte da comunidade portuguesa, tendo antes passado pela fortaleza de a Famosa podendo igualmente visitar a igreja de S. Francisco Xavier, coisas estas que me fizeram encher os olhos de lágrimas ao recordar o esplendor de outros tempos do governo português.

Depois de visitar estes locais erguidos pelos portugueses seguimos para o PORTUGUESE SETTEMENT, onde ainda hoje vive uma comunidade portuguesa que fala o Papiá Kristang, ou seja o português falado no século 16 e foi ai que fui encontrar e confatrenizar com essa bela comunidade portuguesa, pois eles se sentem abandonados pelo governo português mas ao mesmo tempo se sentem portugueses.Uma rua do bairro onde vive a comunidade portuguesa de Malaca.

A primeira pessoa que contactei foi o presidente da mesma comunidade, era dono do restaurante Lisbon e foi ali que almoçamos entabulando uma cavaqueira que durou horas, o assunto era quase sempre o mesmo queixas muitas queixas por se sentirem abandonados.

O padre Pinto ali compareceu, este reverendo de nome que durante anos deu o seu melhor à comunidade em troca de nada.

A nossa conversa travou-se num português que se entendia, a comida essa tinha algumas parecenças com a portuguesa, nas paredes do resturante podiam-se cartazes aluzivos a touradas recentes realizadas em Vila Viçosa e fiquei admirado mas o meu amigo me explicou que mantinha conctatos com familiares seus que viviam no Alentejo.

De tantas queixas me fez que até me entregou um original de um cheque da Caixa Geral de Depósitos passado pelo Dr. Mário Soares, dinheiro que se destinava para comprar equipamentos e bolas para equipa de futebol da comunidade, porém dinheiro esse que nunca foi possível levantar.

Quis dar-me o cheque o que recusei mas ele tirou uma fotócpia do mesmo e me o entregou. Cheque esse que eu levei para Portugal e coloquei no meio dos livros e por mais que procura-se depois nunca o encontrei.

Dessas conversas delas fiz eco em Macau junto do governo e passados alguns meses o governo de Macau estava dando auxilio financeiro à comunidade portuguesa de Malaca.Defronte do restaurante havia um grande recinto onde duas vezes por semana o rancho da comunidade se exibia, pena foi que nesse dia não haveria exibição.

Todo o tempo que ali permaneci me senti como estivesse em Portugal e meu espirito se jubilou de alegria e de tristeza e o porquê dessa alegria e dessa tristeza se ficava a dever ao meu pensamento, pois era já sabido naquela altura que Macau seria entregue à China em 1999, e como tal o meu pensamento voava no tempo mais longinquo e estava vendo a comunidade portuguesa de Macau nas mesmas condições que estes orgulhosos descendentes de portugueses que por estes foram abandonados há alguns séculos mas que continua vivo no seu coração o amor por Portugal.

Foi com lágrimas nos olhos que me despedi dessa nossa gente.Passando perto do mar pode ver ainda um antigo galeão aqui atracado e isso me fez recuar no tempo em que fomos os maiores na aventura marítima dando ao mundo novos mundos.Dali saímos com saudade e indignados por nada poder-mos fazer em prol daquela gente.Seguimos para Kuala Lumpur a viagem foi feita mais rapidamente do que na ida e como tal tivémos ainda tempo para dar umas voltas pela cidade e tirar algumas fotos e visitar algumas casas museus podendo desta forma ficar-mos mais inteirados sobre os costumes e a vida deste belo povo Malaio.Podemos deste modo ver e conhecer alguns monumentos que são o ex-libris da cidade.

Achamos a cidade em si bonita e exoberante mas ao mesmo tempo bastante suja com um tráfego caótico, porém as coisas melhoraram e neste momento em que estou redigindo estas letras são passados já doze anos e o novo ex-libris da cidade são as torres gémeas Petronas com 88 andares e com 452 metros de altura.Depois de um longo passeio pela cidade regressámos ao hotel e fomos descansar um pouco, tomar banho e trocar de roupa para sair-mos de novo desta vez para jantar e não seria no hotel pois era bastante caro, embora farto e saboroso.

Resolvemos jantar num dos muitos restaurantes na mesma via do hotel, porém restaurantes de rua sem o luxo daquele do dia anterior mas queria-mos também conhecer algo mais.Os malaios adoram beber cerveja preta Guineses quente e ali estava perto da nossa mesa um senhor já de certa idade que já tinha bebido quatro garrafas de 0.65 cl.

A ementa não havia e tivémos que indagar junto da dona do estabelecimento o que havia para comer, a senhora era chinesa e a comida essa era uma mistura de comida chinesa e malaia mas sem caril, escolhemos um prato de hortaliças e porco acre e doce, bebi uma cerveja preta e fiquei tonto, e vendo o tal senhor que continuava bebendo pensei na camada que ele iria apanhar.

A comida até saborosa, mas o asseio da casa não foi do nosso agrado.Passámos depois por uma loja de conveniência o 7 Eleven, para comprar-mos algumas bebidas para levar-mos para o hotel, pois as conhecia já na Tailândia e de Hong-Kong, mas desiludidos ficámos com a apresentação da loja e sua higiéne.

Fomos ainda ao centro comercial Putra onde fizémos as compras de última hora depois regressámos ao hotel.

No dia seguinte tivémos ainda direito ao pequeno almoço o chek-in era só feito às 12.00 horas mas eu falei com um encarregado dizendo-lhe que iria à embaixada da Tailândia buscar meu passaporte e talvez me demora-se um pouco mais.

Apanha-mos um táxi e lá fomos, ao chegar-mos à embaixada uma funcionária deve ter-me reconhecido e prontamente foi buscar o meu passaporte e me o entregou, estava tudo em ordem e assim poderia permanecer na Tailândia por mais três meses.Dali regressámos ao hotel onde estivémos a aprontar as malas, tinha-mos ainda tempo mais que suficiente para poder-mos estar no aeroporto às 14.30 horas o nosso vôo estava previsto para as 15.30 horas e eram ainda perto das 13.00 horas.

À porta do hotel havia vários táxis e como tal não foi necessário recorrer aos préstimos de uma limosine. O trajecto foi feito nas calmas e às 14.00 horas já estávamos no aeroporto e aproveitamos para fazer algumas compras no Duty Free.A vôo saiu à hora marcada, a viagem decorreu da melhor forma, o tempo estava óptimo e volvidas duas horas e meia aterráva-mos no aeroporto internacional de Bangkok e dali tivémos que alugar um táxi para nos levar a casa e o tempo do trajeto da viagem esse sim foi demorado devido aos enormes e eternos engarrafamentos na cidade dos Anjos.

Ficou-nos na recordação as horas passadas em Malaca e fizemos votos de um dia lá voltar-mos.

Essa oportunidade se proporcinou por variadas vezes mas nunca mais fomos nem a Kuala Lumpur nem a Malaca tendo ficado somente por Penang e seus arredores.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Viva,

Sabia que recentemente se criou a fundação de Malaca em Portugal com sede em Torres Vedras ?

Penso que seria interssante toda esta troca de conhecimentos.

Achei muito interessante o blog, por aqui viaja-se até bem distante.

Até sempre
MF