o mar do poeta

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sexta-feira, fevereiro 27

ARANYAPATHET - POIPET




Quem desejar passar uma temporada larga na Tailândia terá de resolver primeiro o problema da extensão do seu visto.

Os cidadãos portugueses podem ficar no reino da Tailândia por trinta dias sem necessidade de qualquer visto de permanência.

Passando eu sempre seis a oito meses neste país, tenho que me sujeitar a fazer primeiro um pedido de visto de turista, para prorrogar a permanência legal por mais noventa dias.

Passado este prazo, tenho que me ausentar do território, para reentrar em seguida, começando a contar um novo período de permanência.

Mais uma vez isto me aconteceu recentemente, quando a validade do meu visto estava terminando, desejando continuar na Tailândia por mais um mês tive que sair do país.

Depois de pensar bem no local e país mais próximo, para solucionar este problema, resolvi ir até Poi Pet no Cambodja. Desloquei-me então à referida embaixada onde solicitei um visto de entrada.

Marcado o dia da viagem, solicitei os préstimos de um vizinho nosso, condutor de táxi, para nos levar até ao terminal de autocarros em Monchit. De caminho aproveitamos para levar as nossas filhas para a escola, já que as aulas delas começavam às 08.00 horas.

Chegados ao terminal por volta das 09.00 horas, vimos uma placa indicando que no primeiro andar se situavam as bilheteiras para o nosso destino, a cidade de Aranyapathet.

Iamos já a subir a escadaria quando um dos seguranças nos perguntou para onde nos dirigiamos. Informado sobre a viagem disse-nos que as bilheteiras ficavam no piso térreo.

Logo encontramos dois guiches abertos para venda de bilhetes, contudo um deles sem qualquer funcionário a atender...

Verificámos que uma das partidas teria lugar as 10.00 horas e que o preço da passagem era de 320 baths por pessoa.

Outra empresa tinha uma viatura que saía as 09.30 horas para o mesmo destino em viatura de luxo e com o preço de 280 baths, ou seja mais barato e saindo mais cedo, optámos naturalmente por esta última.

Tivémos ainda tempo de ir tomar um café e comprar o jornal do dia, observando de passagem a grandeza do terminal bem como o seu intenso movimento.

Ali estava o nosso autocarro estacionado, pronto para nos levar até ao nosso destino final.

Dez minutos antes da hora da partida subimos para o autocarro, que era limpo e confortável, ficando instalados logo no primeiro banco por detrás do assento do condutor.

Por sorte estes lugares eram os mais espaçosos, tendo sido marcados na bilheteira sem qualquer intervenção nossa.

Alguns turistas que iam para o mesmo destino misturavam-se com os restantes passageiros, não enchendo o autocarro, que acabou de partir com alguns lugares vazios.

O condutor era uma pessoa com cerca de sessenta anos de idade, bem apresentado e rigorosamente fardado. Ao entrar para a viatura verificou rigorosamente todos os instrumentos de bordo.

O seu ajudante, igualmente, devidamente fardado ia arrumado nos compartimentos as respectivas bagagens. Com um cabelo em estilo Punk, todo “electrificado” e com óculos de sol parecia o Mike Jackson .

À hora exacta deixamos o terminal entrando na via rápida, havia bastante movimento de viaturas, mas pouco depois passámos para a faixa de saída da cidade, onde dentro de pouco tempo já se avistava o aeroporto.

Parámos na estação de Rangsit onde entrou uma multidão de passageiros, muitos tiveram que permanecer de pé durante toda a viagem. Como este autocarro fazia viagens bem longas não deveria ser permitido passageiros em pé!

Enfim, mais uma lição aprendida com um autocarro de luxo, como diziam, a transportar passageiros sem lugar para se sentarem.

Já tinha passado por essa experiência em Portugal, indo na empresa Eva, de Albufeira para Évora, ao chegar a Beja o condutor meteu passageiros a mais, que tiveram de ir em pé até Évora!

Na Tailândia podia-se compreender a situação devido a grande população do país, concentrada sobretudo na região da grande Banguecoque.

Em Portugal estranhei contudo o facto e questionando o condutor sobre o problema de excesso de lotação este respondeu-me rispidamente que era assim mesmo!

Juntamente com os passageiros, subiu uma cobradora da companhia, trazendo vestido um blusão por cima da farda, o que lhe valeu uma repreensão dada pelo zeloso condutor.

Depois de verificar os bilhetes e de ter cobrado aos passageiros entrados em Rangsit o preço da respectiva viagem, acabou por se sentar entre o condutor e o ajudante.

O condutor todo risonho, ia entabulando conserva com ela e de vez enquando apalpava-lhe as pernas e seios. Esta ria não dizendo nada.

Passámos por uma afamada ria onde se encontravam variados batelões servindo de restaurante, eram bastante frequentados, porque serviam como especialidades massas cozidas com vários tipos de carnes e mariscos.

O autocarro ia parando em todos os lugares aumentando o fluxo de entrada e saída de passageiros.

Eu já ia muito apertado pelo excesso de pessoas em pé, e na verdade, como se costuma dizer em Portugal, iamos todos como “sardinhas em lata”...

Para passar o tempo fui dando uma vista de olhos pelo jornal até que chegamos a uma estação de servico para reabastecimento.

Vários passageiros aproveitaram logo para ir aos lavabos outros optaram por comer qualquer coisa.

Acabei apenas por fumar um cigarro. Embora fossem horas de almoco, deixámos ficar a refeição para mais tarde, do que bem nos arrependemos, como se irá ver mais adiante.

Eram 14.30 horas quando chegámos ao terminal de Aranyapathet tendo levado cinco horas para percorrer os 198 quilómetros que separam esta cidade de Banguecoque.

Minha companheira e eu saímos do autocarro procurando nas imediações do terminal encontar algum restaurante onde pudessemos almoçar, ma não havia nada!

Os restantes passageiros estrangeiros, já tinham seguido em vários triciclos motorizados para a fronteira de Poi Pet, que distava ainda uns oito quilómetros.

Resolvemos também seguir para lá, com uma condutora de triciclos alí à espera, e por 40 baths metêmo-nos a caminho.

A paisagem do percurso era linda com diversos “resortes”dotados de imensos campos de golfe. O trânsito era imenso e constituido principalmente por camiões de carga com destino para o Cambodja.

Chegados perto da fronteira deparamos com uns enormes barracões atravancados de mercadorias.

O movimento de pessoas era enorme assim como o número de pedintes, que se colava aos turistas, pedindo esmola ou oferecendo um guarda-sol em troca de algumas moedas.

Via-se todo o tipo de transportes possível e imaginável. Até “zebras”, que para quem não sabe, é um tipo de carroça de duas rodas, puxada por um frágil e esquelético individuo, quase a cair de pobre, com a carga amontoada a grande altura, segurada na parte de trás, por outras duas ou três miseráveis pessoas nas mesmas condicões!

Também se viam passageiros transportados nestas carroças, sentadas em cadeiras de plástico muito baixas, quase roçando pelo chão.

O aspecto do local era lamentável, sujo e pobre, cheio de mendigos e de carroças de todos os tipos.

Foi neste cenário que chegámos até as instalações dos servicos de migração tailândes onde havia uma fila enorme que chegava até à porta.

Preenchidos os devidos impressos ficámos aguardando a nossa vez. Eu não necessitei de preencher o meu, visto ter um duplicado já apenso ao passaporte.

Reparando haver um balcão vago que se destinava a cidadãos tailândeses, a meu pedido a minha companheira para lá se deslocou, acabando por também me atenderem ali, para desespero dos outros turistas que em longas filas aguardavam a sua vez...

Saídos das instalações atravessámos a rua e dirigimo-nos para os serviços de migração cambodjanos.

Estes funcionavam no meio da rua. Com um sol abrasador, ali ficamos na fila aguardando a nossa vez, o que por sinal foi rápido, entrando em seguida no território do Cambodja.

O panorama começou de imediado a ficar bem diferente daquele que vimos junta da fronteira com a Tailândia.

A pobreza deu lugar ao luxo, onde seis enormes edifícios rodeados por belos e extensos jardins, serviam de hoteis casinos.

Entrámos no que estava mais perto indo procurar um restaurante para almoçarmos, dando início a uma situação de “barracada”.

Na sala de entrada, onde se encontravam os serviços de recepção, havia várias máquinas de jogo e um pequeno estabelecimento de venda de comidas.

Como estava vazio aquela hora, por indicação de um funcionário deslocámo-nos para o primeiro andar onde havia um restaurante.

Tivémos primeiro que deixar as malas que levávamos, passando em seguida pelas portas electrónicas, pois o tal restaurante ficava no interior do casino.

Subindo as escadas todas atapetadas fomos dar com um luxuoso restaurante que naquele momento se encotrava sem clientes.

Sentámo-nos então numa das mesas redondas aguardando que uma das muitas empregadas que se encontravam junto ao balcão nos viesse atender.

Como nenhuma se dignava aproximar-se da nossa mesa, fiz sinal a uma que prontamente veio até nós, não para receber o nosso pedido, mas para informar que o restaurante tinha fechado as 14.30 horas e só reabriria às 18.00 horas.

Pensando em regressar a Banguecoque por volta das 17.00 horas altura em que a fronteira fechava, não tinhamos qualquer intenção de passar ali a noite.

Saimos do restaurante da barriga vazia e fomos para o rés-do chão onde demos com um imenso salão, onde serviam um buffet.

A minha companheira não se fez rogada e foi-se logo servindo. Eu, mais cuidadoso, perguntei ao empregrado qual o preço que cobravam pelo buffet.

Fui informado que cada pessoa teria de apresentar uma senha no valor de 1.500 baths para jogar no casino, para ter direito ao buffet gratuito.

Ao ouvir aquilo rapidamente saimos dali.

Tornámos a passar pela porta electrónica e recolhendo as nossas malas então reparei que no balcão dos servicos de informação faziam referência a transportes de Poi Pet para Banguecoque.

Inquirido o empregado este deu-nos o número de telefone de uma companhia que fazia aquele serviço de transporte.

A Ah Mui companheira entrou em contacto com a mesma, indagando o preço da viagem e a hora de saída, perguntando também se por perto havia algum restaurante onde pudessemos almoçar.

O indivíduo que atendeu o telefonema ficou bastante perplexo por aquela hora ainda não termos almoçado, dizendo que viria ao nosso encontro com duas senhas para almoçarmos no buffet do casino.

Aguardámos a chegada do indíviduo, um rapaz jovem, bem vestido e bastante simpático que se dirigiu a nós assim que nos viu.

Pagámos as passagens de 200 baths por pessoa. Fomos informados que sairiamos do outro lado da fronteira às 17.00 horas. Deu-nos o número da matrícula da carrinha que estaria estacionada junto as instalações do único banco naquela zona.

Entregou-nos depois as senhas para tardiamente podermos saciar a nossa fome.

Já bem satisfeitos, fomos tentar a nossa sorte nos caça--níqueis. Como a sorte não estava do nosso lado acabámos por lá deixar uns 500 baths.

Pelas 16.00 horas seguimos até à fronteira, onde entreguei o meu passaporte ao agente ali de serviço que me perguntou porque razão não passava a noite no Cambodja.

Como nada lhe respondi, depois de carimbar a saída e antes de me devolver o passaporte exigiu-me que lhe pagasse a quantia de 100 baths visto ter permanecido somente algumas horas em terras cambodjanas. Enfim lá inventou uma lei sua para sacar algum.

Na parte tailândesa não tive qualquer problema, sendo o funcionário que me atendeu até bastante simpático, dizendo-me que me concedia a estada na Tailândia somente por 30 dias visto eu não ter um visto de turista ou de qualquer outro tipo.

Agradeci-lhe e dirigimo-nos para o tal Banco, onde supostamente estaria a viatura à nossa espera. Por mais que procurassemos não vimos viatura alguma. Indagámos junto de um segurança e este indicou que o estacionamento das carrinhas para Banguecoque ficava junto ao mercado.

Para lá seguimos sempre acompamhados de mendigos que de mão estendida pediam esmola. De facto ali estavam estacionadas várias carrinhas que sairiam às 17.00 horas com destino a Banguecoque.

Porém não encontravamos a que nos tinha sido indicada. Eram já quase 17.00 horas e nada de aparecer a viatura.

Perguntando a um dos condutores sobre a viatura em questão fomos informados que a mesma tinho ido para a oficina para reparação!

Disse-nos que a viatura que ali estava ao nosso lado seria a que nos levaria para Bangkok. Entrámos nela e ficámos aguardando a chegada dos outros passageiros que nunca chegaram a comparecer.

Apareceu então o tal indivíduo da companhia que fez a viagem conosco. Pedindo-nos desculpa pelo equívoco, mas ele também desconhecia que a viatura tivesse ido para reparação.

Os outros passageiros que já tinham as suas passagens compradas, ou se atrasaram na passagem da fronteira ou ficaram pregados às mesas de jogo. O que é certo é que a carrinha, pontualmente às 17.00 horas largava dali.

Tanto a minha companheira como eu iamos óptimamente instalados com ar condicionado, vários bancos a nossa disposição e com televisão onde podemos ver um interessante filme chinês.

Viemos por um caminho diferente daquele da nossa ida, seguindo por uma nova e bela auto-estrada. O sol já tinha desaparecido e acabámos por fazer a viagem de noite, pouco podendo ver da paisagem, a não ser uma ou outra queimada aqui e além.

Levámos pouco mais de duas horas até chegar-mos a casa onde a carrinha nos deixou à porta.

Aprendi a lição sobre autocarros na Tailândia: que para usá-los há que ter todo o cuidado em escolher bem a companhia e seus serviços!







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