o mar do poeta

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quinta-feira, fevereiro 24

ROTA DOS CANHÕES - 3a. Parte - JOSÉ MARTINS

Friday, August 29, 2008

NA ROTA DOS CANHÕES - A IMPORTÂNCIA DOS PORTUGUESES NA DEFESA DO REINO DO SIÃO

Parte 3ª
A missão diplomática de António Miranda de Azevedo ao Reino do Sião foi um sucesso. De regresso a Malaca voltou com ricos presentes, oferecidos pelo Rei Rama Thibodi II para o Rei Manuel I.
A carta de Afonso de Albuquerque a Lisboa:
Voss´ Alteza com as joias que vos levam (...). Mando-vos, senhor, também um padram da ilha Cochim, 1 de Abril de 1512 "As joias que a Vossa Alteza manda el-rei do Siam leva-as Nunno Vaz, é ua espada de e um robi e ua copa d´ouro, que escapou da perda de "Frol de la Mar", a qual se tirou quebrada, que depois mandei correger; e na carta grande dou larga conta a Voss´Alteza do que passou com el-rei de Siam (...). Em "Frol de la Mar" (...) mais se perdeu a carta del-rei de Siam, que mandava a de Goa, de Dio e da ilha de Cambaia, que vos prometem pera a fortaleza e segurança de vossa feitoria; também vos vai um pedaço de padram que se tirou d´ua grande carta dum piloto de Jaoa, a qual tinha o Cabo da Bôoa Esperança, Portugal e a terra do Brasil, o mar Roxo e o mar da Pérsia, as ilhas do cravo, a navegaçam dos Chins e Gores, com suas linhas e caminhos direitos por onde as naos iam e o sertam, quase reinos confinavam uns c´os outros. Parece-me, senhor, que foi a milhor cousa que eu nunca vi e Vossa´Alteza houvera folgar muito de a ver, tinha os nomes por letra jaoa e eu trazia jaoa que sabia ler e escrever, mando esse pedaço a Voss´Alteza, que Francisco Rodrigues emprantou sobre a outra, donde Voss´Alteza poderá ver verdadeiramente os Chins donde vêm e os Gores, e as vossas naos o caminho que ham de fazer pera ilhas do cravo, e as minas do ouro onde sam, e a ilha de Jaoa e de Bandam, de noz moscada e maças, e a terra del del´rei de Siam, e assi o cabo da terra da navegaçam dos Chins e assi pera onde volve e como dali adiante nam navegam". Cartas de Afonso de Albuqerque, I,pp.58,59,64-65.

Estão assim consolidadas as relações diplomáticas com o Reino do Sião. Antes de chegarmos aos canhões e à espingardaria que o portugueses introduziram no Reino do Sião, iremos descrever um pouco da história dos siameses, em Ayuthaya e a segunda capital deste reino. Ayuthaya foi estabelecida em 1350 pelo príncipe UThong depois de Sukhotai de ter sido abandonada como a primeira capital. Igual em outras partes do mundo, nessa época, a sociedade siamesa, era compostas de barões, príncipes e potenciais conquistadores que procuravam influência e poder. Por séculos, os siameses depois de terem sido expulsos de suas raizes, a província de Yuann, sul da China, fixaram-se no norte da Tailândia. O processo da saída dos tais de Yuann efectuou-se com rapidez e ordenada graças a Kublai Khan (neto de Genghis Khan). Fixam-se na área de Sukhotai, cujas terras estava sob a dominação dos cambodjanos e dão-lhe o nome "Península Dourada".
O Príncipe UTong é descendente directo do Rei Chiang Saen e, com sentido expansionista, fundou a nova capital dos tailandeses, Ayuthaya e entroniza-se o Rei Ramada Thibordi I. Como antes o afirmamos, não se conhecem as verdadeiras razões porque teria sido que o Príncipe UTong transferira a capital dos tais de Sukhotai para Ayuthaya, se pelo facto das suas terras não serem, por aí além, muito produtivas se pelos ataques constantes e quezílias de pequenos reis déspotas, seus vizinhos ou pelo seu sentido de alargar o território, mais para o sul e encontrar outras terras para que seu povo vivesse com mais prosperidade.
Nós inclinamo-nos pela esterilidade das terras de Sukhothai de quando sujeitas a graves secas. Ayuthaya oferece aos tailandeses todos os requisitos para ali inciarem nova vida. Situada numa ilha e de área suficiente para albergar toda a população que não deveria, ser na época, mais de umas cinco mil pessoas. A ilha tem à sua volta três rios, o Menam (Chao Prya), o Lop Buri e Pa Sak. O Chao Prya é a via marítima que irá ser, no futuro, o meio de comunicação, para escoar as riquesas de reino extremamente rico e virgem. Ayuthaya, antes da fixação dos tais era totalmente desconhecida do mundo exterior. Rodeada de densas matas de árvores tamarindeiras, coqueiros e outros arbustos, pastagem de elefantes e animais selvagens onde predominada o tigre. Este o animal temível para os soldados portugueses e marinheiros estrangeiros, de quando já "pingados" regressavam, de uma sortida nocturna, às embarcações ou ao forte de Pom Phet, que alguns (segundo já lemos numa publicação), foram atacados, perderam a vida, vítimas de suas mandímbulas. Ayuthaya, dado à excelente posição geográfica, o seu crescimente é, praticamente, espontâneo e os juncos chineses descobrem-na.
A fácil navegabilidade e a curta distância da Golfo do Sião, a juntar as "fartas" riquezas que existiam em Ayuthya volta em lugar apetecível para a permuta de produtos, quais estes, na altura, pertenciam aos chineses. O dinheiro siamês, em Ayuthya limitava-se a conchas (que mais tarde nos vamos referir) e a primeira cunhagem de moeda verificar-se ía já era de Banguecoque e no tempo do Rei Mongkut, Rama IV. Rei UTong era um administrador e ordenador nato do seu povo impondo regras governativas e cria o sistema de Justiça. Extende Ayuthaya a Sukhotai e outros territórios que pertencia ao Cambodja e anexa Chainat e Lopburi. Consolidou a autonomia do Reino do Sião. Sucede o Rei UTong seu filho Phra Ramesuen e reina apenas um ano. Abdicou a favor de seu tio, Rei Borom raja Thiraj. O Rei foi viver para Lopburi (a 60 quilómetros de Ayuyhaya. O monarca Borom Rajathiraj reina por cerca de 10 anos. Comanda o seu exército a Chiang Mai, no norte do Siam, para retomar a cidade aos peguanos que se tinham apossado. Faleceu quando regressava a Ayuthaya. Seu filho o príncipe Thong Lun, é entronizado Rei com apenas 15 anos e reina por 7 anos. Seu primo o ex-Rei Ramasuen de Lopburi, onde se tinha fixado, regressa a Ayuthaya e, dada à pouca idade do Rai Thong Lun, assume as rédeas da monarquia e senta-se na cadeira do trono pela segunda vez, porque o jovem monarca não conseguiu vencer as rivalidades, entre os príncipes, existentes na sua corte, onde imperava a intriga vinda, desde a morte Borom Rajathiraj, em procura de um deles ostentar a coroa do Reino do Sião.
Porém Ayuthaya não pára de crescer durante os 150 anos do estabelecimento da segunda capital dos tais. Não houveram guerras significativas durante esse perído que colocasse em perigo a soberania do Sião. A descoberta do Caminho Marítimo para a Índia, por Vasco da Gama, em 1498 viria a transformar a vida da sociedade siamesa, como de toda a Ásia e Oriente. Como já em partes anteriores foi explicado, depois dos portugueses já serem senhores dos mares da Índia, do Mar Vermelho e do Golfo Pérsico e com Afonso de Albuquerque a controlar toda a navegação vinda do empório comercial de Malaca, para que a missão fosse completa, haveria a imperiosa necessidade de chamar a Portugal a administração da praça de Malaca. Albuquerque durante os cinco anos que navegou pelos mare da Índia, obteve as informações necessárias sobre Malaca e, tem conhecimento que o empório, pertencia ao Reino do Sião e, o Sultão, muçulmano, que a governava, entrou em desobediência e recusou-se enviar o tributo anual ao Rei em Ayuthaya. Albuquerque já não lhe é desconhecido as riquezas do Reino do Sião e que parte das mercadorias que os barcos dos árabes transportavam e já sob o seu controlo eram provenientes do Ayuthaya. António Mirande de Azevedo foi o enviado especial de Albuquerque a Ayuthaya a dar-lhe conta ao Rei Rama thibodi II, que a Malaca tinha sido conquistada e se o monarca assim o desejasse lhe seria restituída a praça.
Alguns historiadores afirmam que o Rei Rama Thibodi II, embora se tenha mostrado satisfeito com conquista, não teve interesse de que Malaca voltasse à administração de Ayuthaya. Ora Albuquerque tinha vencido um sultão rebelde e não só, o factor da religião teria sido importante, para o monarca do Sião dado que considerou uma vitória do budismo sobre a muçulmana. Na continuação da história de Ayuthaya, os siameses, na nova terra é de facto a considerada da promissão desenvolve-se comercialmente, dado às vias marítimas de escoamento dos produtos e da tanta abundância que havia no Reino. O comércio externo está nas mãos dos chineses e há um vai-e-vem de juncos chineses rio abaixo e acima no Chao Prya (Chao Praiá) entre o Porto de Pom Phet e a barra do Sião. O siameses por séculos estão afastados do mundo exterior, vão vivendo com a fartura produzidas nas terras, férteis do reino, adorando os seus ídolos e vivendo sob a paz dos desígnios do Lorde Buda. O Rei Nakorn Intra viria, no princípio do século XV (1409-1424) a mudar o curso da vida dos siameses. Efectuou uma visita à China e lá observa as maravilhas da arte chineses cujo estas eram ignoradas pelos siameses. Abriu a emigração em massa aos chineses e uma numerosa comunidade instala-se em Ayuthaya. (Comunidade que se instalou um século antes dos portugueses se fixarem em Ayuthaya).
Entre a comunidade chineses estão integrados, artesões, escultores, engenheiros, soldados e funcionários que viriam a ser integrados nos serviços administrativos da corte. A face da cidade de Ayuthaya é totalmente transformada. São construídos palácios para o Rei habitar, outros para os numerosos príncipes e princesas e os nobres ligados à casa real. Edificam-se sumptuosos templos budista junto aos palácios da realeza; aberto um canal desde o porto internacional de Pom Phet que liga o rio Chao Prya ao palácio do Rei. Por este canal e em procissão, naval, real de grande pompa foi António Miranda de Azevedo transportado até ao palácio do Rei Rama Thibodi II. Teriam sido os chineses os primeiros a introduzir no Sião uma nova arte de guerra, de defesa e até as bocas de fogo de calibre grosso, que nunca viriam a funcionar com eficácia. Ayuthaya com uma nova face, depois da chegada da emigração chinesa; o desenvolvimento, crescente, o Reino do Sião é cobiçado pelo Reino do Pegú (Birmânia). O exército peguano e vai fazendo investidas aos territórios no norte do Sião e um forte exército toma Chiang Mai. Inícia-se o começo das guerras entre o Reino do Sião e o do Pegú, que se irão prolongar por mais de 200 anos e de que, por tal facto, Ayuthaya viria a cair no princípio de Abril do ano de 1767. Pelo ano de 1548 e já os portugueses arreigados em Ayuthaya e com uma comunidade, significativa, a residir no ban Portuguete (Aldeia dos Portugueses), os peguanos continuam a expandir-se pelas terras do norte do Sião.Chiang Mai está nas mãos deles e vexados os os nobres,representantes, da corte siamese prostarem-se a seus pés. Chiang Mai, dista a 600 quilómetros de Ayuthaya e não seria fácil, dada a distância, expulsar os intrusos, na cidade, peguanos.
O Rei do Sião nunca haja descurado que os exércitos do Pegú poderiam atacar Ayuthaya de surpresa e tomar posse da cidade. Porém o progresso de Ayuthaya desde a fundação, em 1350, até 1548 nunca tinha experimentado guerras sérias com o Rei do Pegú e o seu, feudal, inimigo. Sião, possui a soberania sobre os territórios: Luang Prabang, no norte (hoje Laos) Mergui, Tenassarin, no oeste, no este Chantaboon e no sul, Malaca, Jhoore Baru e Pattani, que como já foi escrito regularmente enviavam emissários a Ayuthaya,com a tenção em ouro e parta ao Rei de Ayuthaya. Era com isto a prova de lealdade ao monarca siamês e sua posse sobre essas terras.José Martins (continua)

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