o mar do poeta

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quarta-feira, maio 6

JORNAL MANOBRA


O número 1 doJornal Manobra, editado pela Polícia Marítima e Fisca, saiu no mês de Abril de 1976, por iniciativa do Comandante, Capitão-Tenente, José Faustino Ferreira Júmior, que no dia 7 de Julho de 1975 tinha vindo ocupar o cargo, devido à expulsão do antigo títular, o Capitão-Tenente, Augusto António Catarino Salgado.




Viviam-se ainda em Macau momentos complicados originados por alguns oficiais do MFA, que prenderam um Oficial de Marinha por ter tirados umas fotos, quando estes se encontravam num clube nocturno, acusando-o de pertencer ao MRPP e lhe retirando a máquina fotográfica. O Comandate da PMF, na altura desempenhando também as funções de Capitão dos Portos, não gostou do modo como trataram o seu inferior e não quis acatar a ordem do senhor Governado, na altura o Major Gracia Leandro, e como tal foi igualmente detido e enviado para Portugal bem como o seu superior que era o chefe dos Serviços Adminsitrativos.




Este novo Comandante tinha uma visão das coisas bem diferentes, dizia ele que teria que ser o Comandante a adaptar-se à Corporação e não a Corporação a ele.



E foi por sua iniciativa que se criou o Jornal Manobra, do qual o articulista foi seu fundador.







Era um jornal muito simples, que era escrito em folha de stêncio e depois tirado numa obsulenta máquina, inicialmente o articula tinha como missão dactilografar o Jornal e imprimi-lo, depois o enviando para todos os departamentos oficias de Macau e algumas entidades civis.




No seu primeiro número, cujo redactor era o Senhor Adjunto do Comando, Armando Coelho saíu com 4 páginas tipo A4, da seguinte forma:




ABERTURA




Olá, amigos!... Cá estamos a saudar-vos, ao romper da nossa aurora, iniciando este nosso Boletim Informativo da P.M.F., graças à boa vontade e esforço de todos.




Dêmo-nos as mãos, entreajudando-nos, a fim de podermos prosseguir harmoniosamente na senda da vida que escolhemos e de tantas vezes nos temos orgulhado.




Os percalços têm sido muitos e tudo faz prever que aumentarão mas, se tornarmos numa equipa coesa, venveremos todos os obstáculos que possam surgir.




Recursos, para o preenchimento do espaço de que se dispõe, não faltam. Há que aproveitar indivídualmente e colectivamente, para o desenvolvimento progressivo deste nosso jornalzinho que promete estar à disposição de todos, com um único fim de contribuir para o estreitamento de relações fomento de conhecimentos em geral, onde não faltará uma secção humorística.




Contamos com o apoio que cada qual nos possa dispensar, enviando-nos artigos e toda a espécie de críticas que visem contribuir para o aperfeiçoamento deste Boletim Informativo que é de nós todos, sem qualquer distinção.


A. Coelho




Na mesma folha, tipo A4 segue-se:




ACTIVIDADES DA C.B. E ( Comissão de Bem Estar)



PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS DURANTE OS PRIMEIROS 6 MESES



Conseguiu uam melhor participação activa e voluntária dos agentes nos assuntos da Corporação;



Procurou de muitas formas, melhorar as condições de vida e bem estar dos agentes;



Fizeram-se muitas propostas, que foram aceites pelo Comando, para melhorara eficácia da PMF;



Apresentaram-se sugestões relativas ao moral profissional dos agentes;



Nomeou-se um representante da PMF para o grupo de trabalho para a reestruturação e unificação das categorias funcionais dos trabalhadores da função pública;



Traduziu-se parte do RDM, para chinês;



Elaborou-se o projecto do novo Estatuto da PMF;



Está em elaboração adiantada o regulamento da PMF;



Colaborou activamente com o Comando, como orgão de consulta, nas ocorrências disciplinares;



Projectou-se um Boletim Informativo;



Exposição, no COMFOS, das actividades desenvolvidas pela PMF;



Elaboração dum manual de agente da PMF.



No verso da primeira página segue-se:



A nossa vida está ligada ao mar, tal como a amarra liga o navio ao fundo. Fazemos parte desta velha embarcação que, embora cansada, continua a navegar sem rumo certo, nesta águas que nos rodeiam, por vezes calmas mas sempre à espreita de nos tragar.



Um novo patrão comanda agora, tentando levar-nos a um porto seguro. Para tal e aproveitando o casco ainda em bom estado, mandou tapar os furos dos rombos sofridos.



Tirou as côcas à amarra, para que possamos fundear por momentos, a fim de podermos trabalhar mais calmamente. Novas peças foram adquiridas para substituirem as já gastas, cujo rendimento era duvidoso. Os hélices estão sendo desempenados, o lastro está sendo compensado, nova calafetagem está sendo feita.



Novos instrumentos, tais como o radar, estão sendo introduzidos, para que possamos ver com mais nitidez o campo que nos rodeia e detectar, com a necessária rapidez, os perigos que possam surgir.



Enfim, não haverá mais o perigo de adornarmos, a estabilidade voltou. Com os rombos tapados, as obras vivas voltaram ao seu nível. Com os hélices desempenados, poderemos imprimir maior velocidade, encurtando assim o tempo no rumo a percorrer. Com o novo calafeto, a impermeabilidade é quase total.



Com as benificiações introduzidas, a habitabilidade está garantida e com o novo lastro a estabilidade é mais segura, sendo os balanços mais suaves.



Sabemos já qual o rumo verdadeiro aq ue nos dirigimos, graças aos ensinamentos adquiridos, não confundindo o norte magnético com o verdadeiro, dando-lhes o respectivo desvio.



Para tirarmos proveito desta nova embarcação é necessário:



1 - Conhecer a profundidade e os fundos que se se navega;



2 - Distinguir, entre outras, a verdadeira luz do farol;



3 - Tirar proveito dos ensinamentos daqueles que, sem recursos, conseguiram navegar por águas revoltosas e, com imensos sacrifícios, levaram à salvação a embarcação que hoje nos conduz;



4 - Levar para bordo toda a bagagem indespensável à viagem;



5 - Ter fé e confiança no piloto que nos guia;



6 - Nunca esquecermos os velhos ditados que dizem "Quem vai para o mar avia-se em terra" e "Gaivotas em terra é sinal de vendaval".



Assim, poderemos ficar cientes que não há mares desconhecidos e que poderemos traçar tantos rumos quantos desejarmos. Desta forma, podem vir tempestades pois, apetrechados como estamos, não seremos abalados na sua passagem impiedosa.



A seguir à tempestade vem sempre a bonanza.



A. Cambeta



Seguem-se na mesma páginas mais três artigos, sendo A CHALUPA FRIA da autoria de F.Lameiras, um pequeno poema RECORDANDO



Olhando os teus olhos,



de um encanto sem fim.



Nasce no meu coração,



um sentimento de meditação.



Quão feliz não seria



estar eternamente junto de ti



J.C.Almeida



Um pequeno provébio:



Em terra todos são lobos do mar. Porém, no mar todos são cordeirinhos.



A.Cambeta



As duas páginas seguintes são composta de poemas da autoria de J.C.Almeida e R.Monteiro respctivamente.



A terceira página abordam-se várias notícias do mundo e no verso da folhaa página humorística.



Na página final, face, apresenta os desenhos acima reproduzidos e no verso da folha, dois artigos, um a IDEIA de Costa Goodolfhin e o APOIO À IDEIA que se passa a copilar:



Há longo tempo alguém teve a ideia de lançar entre nós um jornal caseiro, para que os elos, ora dipersos, se unissem e pudessem formar uma amarra sólida que suportasse o peso que a liga. Porém, e por motivos alheios a esse alguém, não foi possível realizar esse ideal. Embora esse tempo volvido não tenha feito perder a esperança, hoje, com correntes de ideias livres, foi possível, graças ao carinho e apoio de quem nos comanda, podermos lançar a semente à terra e aqui está patente entre nós este pequeno e singelo jornal ao nosso inteiro dispôr.



A semente está lançada, os alicerces estão construídos e a raíz engrossará.



Que esta semente caía em terra produtiva. Nós somos a terra que pode dar essa produtividade.



Os alicerces estão feitos, cabe-nos construir o edifício com os andares necessários, com vista a poder satisfazer os nossos ideiais.



A raíz fixa-se, a árvore quer começar a desenvolver-se, compete-nos pois fortificá-la, regando-a com a nossa boa vontade e sabedoria, aceitando-a no nosso quintal, para que possamos colher dela os saboros frutos que possam dar e nos refresque com a sua sombra em taddes calmosas.



A. Cambeta



Para terminar segue-se



Diálogo entre Sócrates e Polemarco a respeito da justiça:



"Se alguém diz que a justiça consiste em restituir a cada um o que lhe deve, e se entende por isso que o homem justo só deve mal aos seus inimigos, como deve bem aos amigos, essa linguagem não é a de um sábio, porque não é conforme à verdade e acabamos de ver que nunca é justo prejudicar ninguém".





Desta forma se descreve, parcialmente,como foi a primeira edição do Jornal Manobra, por muitos desconhecidos. Era um jornal de publicação mensal.



Teve o seu início, como referi no mês de Abril de 1976, e, no ano de 1979, antes do Comandante ter regressado a Portugal a 4 de Agosto de 1979, terminou por pressões vindas do Palácio do Governo.








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