o mar do poeta

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quinta-feira, maio 7

A FLOTILHA

Não sei a razão, mas quando ando embarcado o meu organismo fica abalado e de que maneira!... Vou-me sempre abaixo das canetas. Não é medo da água, isso não, pois até a bebo e tomo banho nela e, por tanto dela gostar, ingressei nesta Briosa, seguindo o espírito aventureiro dos meus conterrâneos.
Bem, deixemos de más disposições, senão começo a chamar o Gregório e vamos à história:
Houve uma época em que estive dispensado pelo médico do servió embarcado, por 30 dias, ficando na situação de reserva à Capitania.
Foi durante este período, que ao entrar de serviço, se me deparou um movimento desusado no gabinete do chefe de dia. O chefe não tinha mãos a medir, andando numa azáfama, do telefone para a fonia e desta para um superir seu, recebendo ordens. Perante todo aquele alvoroço, procurei pôr cobo à minha curiosidade, qté que fiquei a saber que S. Exa. o Governador regressava naquela manhã, após uma ausência na Metrópole.
À última da hora mobiliza-se a Vedeta C-4, completando-se assim a flotilha que iria dar as boas vindas. Aj, já me ia a esquecer, completou-se a flotilha, mas faltava um patrão ou sota para pilotar a C-4 e então, estando eu de reserva e sendo na altura agente de primeira classe, lá fui escalado, mas, como estava dispensado de embarque, tiveram que arranjar outro à pressão e recaíu a escolha no graduado do Posto da Guia, também agente de primeira classe, indo eu para o ponto mais lato cá da urbe.
Era a primeira vez que ia para aquelas bandas. Assim, não só tive a oportunidade de conhecer in loco as atribuições daquele posto, bem como apreciar as belas paisagens que de lá do alto se descortinam.
Nestas andanças, avistei as garbosas vedetas desta Briosa, navegando rumo ao canal de acesso ao Porto Exterior.
Por nosso lado, preparámos as bandeiras do C.I.S., indicativas de boas vindas.
Após este trabalho, fiquei atento ao movimento dos navios, como também à fonia. Através desta, pude apreciar as ordens dadas pelo chefe da escotilha, para todas as vedetas, ficando em pouco tempo, todas elas, por ordem, bem alinhadas. Esperava-se pois, a chegada do hidroplanador que transportaria S. Exa.. O tempo de espera irritava, mas por fim lá se avista ao longe a espera embarcação. As guarnições das vedetas dirigem-se para a proa onde aprumadamente forma.
Passa por elas o hidroplnador com o galhardete indicativo da entidade que transportava. O pessoal perfiladamente faz a respectiva continência. No posto da Guia flutuam ao vento, no alto do mastro, as bandeiras de boas vindas.
Na ponte Shun Tak, começaram a estalar os primeiros panchões, da longa fita ali dependurada.
No mar, a vaga produzida pela passagem do hidroplanador faz balançar, com violência, as vedetas, como que deste modo fosse retribuído o cumprimento, fazendo com que a escotilha da casa do leme, de uma delas, fosse parar ao mar. Pronta e habilmente, como é óbvio entre nós, foi pelo pessoal recolhida e colocada no respectivo lugar.
Na ponte, S. Exa. dava os primeiros apertos de mão às distintas individualidades que o aguardavam.
No mar os agentes desta Briosa apertavam com força os elos das amarras levantando ferro.
Era um elevo ver a gaciosidade das vedetas no seu, agora, suave bailar, em andamento de slow encaminhando-se para seus destinos cientes de que os marinheiros de águas barrentes, uma vez mais, não só prestigiaram a Briosa de Macau, como também gratos estavam de terminarem mais uma digna missão.
Por meu lado, daquele posto altaneiro que rasga a escuridão da noite com a sua luz, despedia-me daquele serviço ali também terminado, indo passar o resto do dia no psoto de Coloane.
- Artigo este publicado no Jornal Manobra no mês de Setembro de 1976


















































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