o mar do poeta

o mar do poeta

o mar do poeta

o mar do poeta

sábado, maio 16

BOGARRÉUS - MECA

O AMIGO E AFILHADO ARMÉNIO, DIGNO NATURAL DA POVOAÇÃO DE BOGARRÉUS
BASÍLICA DE MECA

O perímetro florestal da Serra de Ota ocupa cerca de 311 Hectares. Fica situada na extremidade noroeste da freguesia e faz extrema com as freguesias de Abrigada, localidade do Bairro e freguesia de Meca, localidade de Bogarréus.




FREGUESIAS E LUGARES





MECA













  • Foi curato anexo à freguesia de Santa Maria da Várzea de Alenquer, tendo posteriormente passado a paróquia independente, com o título de priorado. Orago, Santa Quitéria. O arquivo paroquial remonta a 1677. Foi-lhe anexada, em 1842, a antiga freguesia de Espiçandeira, orago São Sebastião, cuja criação remontaria a cerca de 1550. Tem uma área de 14,08 km². Confronta a norte com as freguesias de Abrigada e Ota; a sul com as freguesias de Carnota e Santo Estevão; a nascente com as freguesias de Olhalvo, Aldeia Gavinha e Ribafria e a poente com a freguesia de Triana.



  • Meca Espiçandeira Canados Bogarréus Catém Cossoaria Casaisda Marinela Fiandal Carvalhal Meca Compunha-se de 11 fogos, em 1497, número que mais do que triplicará em 30 anos, registando 34 fogos em 1527. Decresceu depois, e em 1712 conta apenas 12 vizinhos e duas quintas. Nunca voltará a conquistar o nível populacional que atingira no século XVI. Em 1911 conta 66 habitantes, distribuídos por 17 casas.



  • Segundo a tradição, no ano de 1238, terá aparecido num espinheiro, no sítio da Quinta de São Brás, uma pequena imagem de Santa Quitéria, advogada contra a hidrofobia (raiva). No mesmo local se terá levantado uma pequena ermida para recolher a imagem. Aumentou a concorrência de devotos, que à intercepção da Santa atribuíam um número crescente de curas milagrosas. Foi necessário edificar ermida maior, o que terá ocorrido já no local da igreja actual.




  • Fundou-se uma confraria que, nas palavras de Guilherme Henriques, “pelo curso dos annos se tornou uma das mais ricas de Portugal”. Já durante o reinado de D. Maria I, e sob protecção desta rainha, decide a confraria construir novo templo, na proporção das suas posses. Esta obra, terminada em 1799, conforme data inscrita sobre uma janela do edifício, é descrita pelos autores d’ O Concelho de Alenquer como “um perfeito modelo e exemplo da arquitectura neo-clássica, com raízes nos trabalhos do convento de Mafra e uma notória aproximação estilística da Basílica da Estrela e da de Santo António da Sé, suas contemporâneas”. Da Pedreira da Santa, a pouca distância saiu o calcário para a sua edificação. Em frente à porta principal da igreja encontra-se, no meio do largo, o trono circular de pedra, a partir do qual é benzido o gado, durante a festa anual, em Maio. A igreja de Santa Quitéria de Meca está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1949.



  • Entre os soldados portugueses que, durante o século XVI, foram prestar serviço na índia, encontra-se o nome de João de Carvalho, de Meca. Há neste lugar uma fonte, construída em 1809, conforme a lápide que ostenta, com as esmolas dos devotos e confrades de Santa Quitéria para serviço dos romeiros. Em 1992 fundou-se o Centro Social Recreativo e Cultural de Meca. A Quinta de Meca, defronte da igreja, pertenceu durante séculos aos Castro do Rio Faria e Meneses. Já por finais do século XIX foi adquirida pelos Lobo Garcez Palha de Almeida.Espiçandeira De várias formas nos aparece grafado o nome deste lugar ao longo dos séculos: Espisandeira (1497, 1527), Espessandeira (1613)... Cresceu bastante, à semelhança de Meca, durante o primeiro quartel do século XVI, passando de 13 fogos, em 1497, para 29, em 1527.



  • Em 1712 conta 32 vizinhos e duas quintas. Em 1911, 198 habitantes em 44 fogos. Foi sede de uma freguesia, instituída em meados do século XVI, altura em que terá sido construída a igreja dedicada a São Sebastião, orago da referida paróquia, extinta na primeira metade do século XIX, primeiramente anexada à de Santo Estevão de Alenquer e mais tarde, em 1842, integrada na de Meca. Da freguesia de São Sebastião da Espiçandeira faziam parte, além do lugar-sede, os lugares de Cossoaria, Bordalia e Puticaria.



  • Temos conhecimento da instituição de duas capelas nesta Igreja de São Sebastião da Espiçandeira: uma em 1595, por Luisa Boto Pimentel, a outra em 1748, por D. Maria Henriques Garcez Palha. Estes Garcez Palha estavam relacionados com a Quinta da Espiçandeira. Nos começos do século XVIII esta propriedade era de José Luís Garcez Palha, passando mais tarde ao ramo Lobo Garcez Palha de Almeida, em cuja posse se encontrava ainda nos primeiros anos do século XX. À família daquela Luisa Boto Pimentel pertenceu sem dúvida João Boto Pimentel, freire da Ordem de São João Baptista (de Malta), comendador de Tabora e Aboim, de Santar, de Nossa Senhora da Portela de Vez e de São João de Valadares, falecido em 8 de Fevereiro de 1613, conforme inscrição na sua sepultura na mesma igreja de São Sebastião.



  • Na Espiçandeira nasceu, por meados do século XIX, filho de um oficial francês radicado no concelho, Paulo Lauret, professor de ginástica e esgrima, proprietário do Ginásio Lauret no Porto, em finais do século XIX. A Quinta de D. Carlos, próxima do lugar, pertenceu a D. Manuel da Cunha, bispo de Elvas e fundador do Convento de Nossa Senhora da Encarnação de Olhalvo. O edifício principal, imponente, na sua fachada de catorze janelas, a capela e o pórtico do pátio, encimado pelas armas dos Cunha, apresentam, no seu conjunto, características arquitectónicas dos séculos XVII e XVIII.



  • Canados Em 1497 aparece como A dos Canados; em 1527 como Canaldos. Pertencia naquelas datas à vintena de Meca, e cresceu de dois para sete fogos entre aqueles anos. Menos de dois séculos depois, em 1712, contava já 26 casas habitadas. Passados mais dois séculos, em 1911, era já de 309 o número de habitantes, distribuídos por 69 fogos. Machados polidos, aqui descobertos por 0Hipólito Cabaço, apontam para uma ocupação no período eneolítico.



  • Nos séculos XVI e XVII existia neste lugar uma quinta pertencente a um ramo da família de Damião de Goes. Antónia de Goes, irmã do cronista, casou com Nuno Álvares, de Canados, onde em 1555 morava Álvaro Nunes, filho de ambos. Pelos anos de 1596-97, eram moradores na sua quinta neste lugar, Heitor de Almeida de Goes e sua mulher Isabel de Freitas Fialho. Heitor de Almeida de Goes foi capitão de Infantaria na vila de Alenquer e obteve foro de fidalgo cavaleiro em 1623. Casou segunda vez com Maria Ribeiro, com quem vendeu, na primeira ou segunda década de seiscentos, umas propriedades rústicas junto às suas casas de Canados.



  • Em 1655 quem morava na quinta era um filho de Heitor de Almeida, Antonio de Goes Sottmayor. Um filho deste, António de Almeida de Goes, passou à Labrugeira, facto que motivará as seguintes palavras de Guilherme Henriques, dois séculos depois, em 1873: “Não me consta que haja ahi recordação de Nuno Alvares, que casou com Antonia de Goes, nem dos seus descendentes”. Pela mesma altura é como “uma pequena aldeia” que Henriques classifica este lugar.



  • Na Quinta de Vale Mourisco, que pertencia à vintena de Canados, existia, em 1801, um forno de cal, de que era proprietário e mestre Manuel da Silva, da mesma quinta. Festeja-se aqui São Sebastião, no último fim-de-semana de Agosto ou no primeiro de Setembro. A organização é do Centro Cultural e Recreativo “Os Camponeses de Canados”, fundado em 1985.



  • Bogarréus Em 1983 entrou no Museu Cabaço um instrumento polido achado durante a abertura de valas para a instalação de condutas de água, entre este lugar e os Casais da Pedreira do Lima. As circunstâncias em que foi encontrado levam a crer não se tratar de um achado isolado, mas fazendo parte de um contexto arqueológico.


  • Este lugar parece ter origem num casal, o Casal dos Bugarréus, que em 1873 pertencia a J. Pereira.Contava 100 habitantes em 1911, distribuídos por 26 fogos. Os festejos anuais são em honra de Nossa Senhora de Fátima, no primeiro fim-de-semana de Julho. A organização é da Associação Recreativa e Cultural de Bogarréus, fundada em 1982.Catém A. H. de Oliveira Marques acha possível que o topónimo Catém derive do árabe, significando, na origem, uma estrutura defensiva, tipo castelo ou torre.



  • Em 1712 contava cinco fogos. Duzentos anos mais tarde eram já 29, ocupados por 138 pessoas. O Clube Cultural de Catém foi fundado em 1986.Cossoaria Dois fogos apenas compunham este lugar em 1497. Trinta anos mais tarde são já oito, e em 1712, 20, exactamente o mesmo número que nos aparece ainda em 1911, quando o número de habitantes era de 94.



  • Em 1497 e 1527 aparece como Coreçaria. Pertencia naquelas datas à vintena da Azedia. Em 1712 como Corçoaria.Casais da Marinela Domingos da Fonseca, que faleceu em 24 de Janeiro de 1616, fez testamento, que foi aprovado a 9 de Janeiro de 1603, e um codicilo com data de 18 de Janeiro de 1606, nos quais instituía vínculo no seu Casal da Marinela e na Quinta do Chantre, próxima de S. Bartolomeu.



  • Domingos da Fonseca era filho de André Álvares da Fonseca, que viveu em Alenquer, e de sua mulher Marta Fernandes, sobrinha de D. Pedro Fernandes, Bispo de Bona, e de Francisco Fernandes, irmão deste, arcediago de Santarém. Em 1821 era possuidor do vínculo Francisco Maria de Vila-Lobos e Vasconcelos Cogominho Salema Barreto, descendente do instituidor e residente em Montemór-o-Novo. Em 1873 o Casal da Marinela pertencia a Pedro Ribeiro. Os festejos anuais são em honra de Nossa Senhora de Fátima, no segundo Domingo de Maio, organizados pelo Centro de Convívio dos Casais da Marinela, fundado em 1981.



  • Fiandal O topónimo, na sua forma primitiva, era Folhandal. Assim a encontramos redigida entre os séculos XV e XVIII. Casal do Folhandal é a forma que nos aparece em 1527. Em 1873 existia um Casal do Fiandal, pertencente a D. Maria do Carmo da Silva Paim. Em 1983 entrou no Museu Municipal uma fivela de bronze, encontrada nas proximidades. Este pequeno lugar cresceu de forma lenta. Contava um fogo apenas em 1497; três em 1527; 12 em 1712; 16 em 1911, e 55 habitantes.




  • São José é aqui festejado no terceiro Domingo de Setembro. A organização cabe ao Rancho Folclórico “Malmequeres do Fiandal”, fundado em 1982.Carvalhal Na Quinta do Carvalhal, então pertencente à freguesia da Espiçandeira, nasceu, em 20 de Julho de 1810, José António Soares Leal, que viria a ser agraciado com os títulos de Barão e Visconde de Santa Quitéria. Fidalgo da Casa Real, ministro plenipotenciário em Viena de Áustria, condecorado com distintas ordens nacionais e estrangeiras, faleceu em 1873, tendo casado com Natália Júlia Alexina, baronesa de Lancken-Wakenitz, filha dos Barões do mesmo título (dinamarqueses).

(EXTRAÍDO DE UM ARTIGO DA CM DE ALENQUER)


=======================================================================


Bogarréus “De Salazar a Otelo”





  • Uma encenação em o sofrimento e a morte estiveram sempre presentes. “É preciso que saibam uma coisa: Deus não existe. Para ter fé é preciso que ela tenha utilidade”.



  • Bogarréus assistiu, no dia 12 de Março, a uma parte da história de Portugal, contada pela Companhia Teatro do Ribatejo, grupo de teatro da Chamusca, na Associação Recreativa e Cultural desta localidade da Freguesia de Meca. “De Salazar a Otelo” é uma peça de teatro que mostra o sofrimento do povo português durante a ditadura salazarista, em que as personagens são homens e mulheres comuns que sentem na pele a dor de um país sufocado pelo regime fascista. No palco, do princípio ao fim, duas cadeiras: numa apoia-se uma cruz branca, ornamentada com dálias e tecido como os véus das noivas, e envolta em correntes, inclinada sobre uma cadeira. A outra está vazia, com a inscrição “Salazar”.“Portugueses quem vive? Portugal, Portugal, Portugal! Portugal.




  • Quem manda? Salazar, Salazar, Salazar, Salazar!”. Esta frase é entoada por um grupo que sobe ao palco em formação militar, representado as organizações promovidas pela ditadura, como a Mocidade Portuguesa.A história é contada por um narrador, que situa as personagens no tempo e vai descrevendo os acontecimentos. O espectáculo inicia-se com uma projecção vídeo, que mostra a inscrição “1926” e imagens da época. Os actores em palco falam sobre a nova constituição de 1932, ano em que a União Nacional ganha todos os lugares da Assembleia, e sobre as organizações que daí advêm para controlar o país.A Guerra Civil espanhola, a que se segue a ditadura de Franco, um dos aliados de Salazar, é também abordada, assim como o fuzilamento de Federico Garcia Lorca: “Assim é a vida F.G. Lorca. Assim é Espanha, assim é o nosso Portugal.Sobe ao palco a governanta de Salazar, Maria de Jesus Caetano Freire, “a mulher mais poderosa do Portugal do séc. XX”, que fala sobre a vida pessoal do ditador: “Há aquele, o Marcelo, que dá sempre a sua opinião.




  • Salazar ouve calado, mas fica magoado, eu sei”.O regime salazarista provocou uma sangria na população, principalmente nos anos 60, década em que milhares de portugueses emigram, essencialmente para o norte da Europa, onde encontram condições deploráveis: “Estou sem raízes, falam-me uma língua estranha, vivo em barracas. Umas vezes querem-me, outras vezes não. Quem sou eu?”Ao longo do espectáculo foram sendo cantadas algumas canções que marcaram a época, canções de revolta e de liberdade contra a mordaça que o regime mantinha na cultura: “Desfolhada”, de Simone de Oliveira e “Quis saber quem sou”, de Paulo de Carvalho são alguns exemplos. “Poeta Castrado, poema de Ary dos Santos, foi também recitado por um dos actores. A P.I.D.E. e os violentos interrogatórios dos seus agentes para com os resistentes foram também representados, numa encenação em o sofrimento e a morte estiveram sempre presentes. “É preciso que saibam uma coisa: Deus não existe. Para ter fé é preciso que ela tenha utilidade”.Outro quadro apresentado foi o dos camponeses famintos, que iam às casas senhoriais e quintas: “Quero pão para os meus filhos e paz”.




  • Eram escorraçados a tiro.A guerra colonial, a morte em combate, o cativeiro prolongado e os traumas da guerra, subiram também ao palco, através do corpo e da alma de quatro actores fardados e de arma em riste. A cruz é levantada, um soldado em tronco nu coloca-se em posição de crucificado, fala sobre a guerra. Uma noiva e uma mãe choram, o noivo e filho morto na guerra e ajoelham-se perante a cruz. Os quatro soldados apontam as armas ao público, viram-se de costas e a cadeira com o nome do ditador inscrito cai: “Uma simples cadeira de lona marcou o destino de Salazar”, ouve-se dizer. “Os soldados, filhos do povo, têm o dever de o libertar da ditadura”; é cantado “Quis saber quem sou”, Otelo e Maia lideram a revolução, “A poesia está na rua”, canta-se “Grândola Vila Morena”. A liberdade deixa de ser segredada e passa a ser vivida.


JA64- 1 de Abril 2005



Por: Mário Rui Freitas


Nenhum comentário: