Embora estive-se içdo o sinal 1 de tempestades tropicais o dia estava lindo e convidando a um passeio, como o articulista ontem referiu, hoje sábado, iria visitar a exposição de orquídeas de outono que se encontram expostas no jardim Lou Lim Ioc, e se assim o pensou assim o fez.
Porém, ao sair do autocarro na Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida, vendo o Casa Cultural de Chá de Macau aberta, resolveu entrar e ficar a conhecer mais este belo espaço, que se encontra integrado com o mais belo jardim de Macau o Lou Lim Ioc.
Historicamente, a origem do chá como erva medicinal útil para se manter desperto não é clara. O uso do chá, enquanto bebida social data, pelo menos, da época da dinastia Tang.
Os primeiros europeus a contactar com o chá foram os portugueses que chegaram ao Japão em 1543.
Ana Maria Ströbele
O chá teve maior difusão na Europa a partir
do séc. XVII, quando os Portugueses e Holandeses desenvolveram o comércio de
produtos vindos do Oriente.
Por onde passaram os portugueses,
encontram-se vestígios da sua estada, o que veio a acontecer na Inglaterra no
século XVII, aquando do matrimónio do rei Carlos II com a princesa Catarina de
Bragança, em1662. Para a concretização dessa aliança, foi assinado um contrato
que cedeu à Inglaterra Tânger e Bombaim, como também a autorização de navegar no
ultramar português. Foi o começo da expansão do império britânico por todo o
mundo.
Além deste dote, Catarina de Bragança
trouxe consigo uma arca de chá da China que naquela altura valia uma fortuna. O
chá era parte essencial dos costumes da corte portuguesa, e a futura rainha de
Inglaterra, tendo uma grande admiração por esta bebida, imediatamente a
introduziu na corte inglesa.
O consumo de chá e a cerimónia à sua volta
passaram a ser costumes que mais identificariam o povo inglês, o que levaria
Afonso Lopes Vieira (Leiria 1878-Lisboa 1946) a escrever:
Se um
inglês ao passar me olhar com desdém,
Num sorriso de dó eu pensarei:- Pois bem!
Se tens agora o mar e a tua esquadra ingente,
Fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente.
Se nas índias flutua essa bandeira inglesa,
Fui eu que t´as cedi num dote de princesa.
E para te ensinar a ser correcto já,
Coloquei-te na mão a xícara de chá.
Se tens agora o mar e a tua esquadra ingente,
Fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente.
Se nas índias flutua essa bandeira inglesa,
Fui eu que t´as cedi num dote de princesa.
E para te ensinar a ser correcto já,
Coloquei-te na mão a xícara de chá.
Ao primeiro chá que foi introduzido na
Inglaterra deu-se o nome de Gunpowder, por
ter a forma de balas de pólvora para as armas daquela altura. Por cada 500
gramas (uma libra), pagavam-se na altura 16-60 Schillings o que era inacessível
para um salário normal de trabalhador e até aos finais do século XVIII, o chá
era uma bebida que só se encontrava no seio aristocrático inglês.
Com o aparecimento dos veleiros rápidos, os
clippers, o preço do chá tornou-se mais acessível, aumentando assim o seu
interesse e consumo. No ano 1701 registou-se um consumo de 67.000 libras,
aumentando para 15 milhões de libras em1791. Em 1901 registou-se um consumo de
258 milhões de libras.
Dum dote vindo de Portugal, revolucionou-se
com o chá a cultura inglesa.
Ana Maria Ströbele
O chá era bebido em cafés e seu consumo foi crescendo desde o final do século XVII, sendo que era bebido a qualquer hora do dia até o início do século XIX, quando a tradição chá da tarde ("five o'clock tea") foi instituída pela sétima Duquesa de Bedford em Londres.
Nas calmas, visto ser ainda muito cedo, o articulista e sua esposa precorreram todo o belo espaço ficando a saber a história do uso do chá em Macau e igualmente conhecer os hábitos antigos do povo de Macau no que respeita ao rito e cerimonial de beber esta tradicional bebida.
Com a expansão do comércio do chá, a bebida tornou-se cada vez mais popular na Europa, dando origem a uma variedade de pinturas temáticas. Muitas delas eram obras de pintores estrangeiros e outras fruto da colaboração entre pintores ocidentais e pintores chineses. Em regra eram exportadas para venda ou vendidas nos diversos portos abertos da China, sobretudo a comeriantes estrangeiros. Sendo um produto de exportação da maior importância, o chá tornou-se um tema favorito das "pinturas de exportação". Naquele tempo, as "pinturas de exportação" eram geralmente feitas sobre papel de arroz. Na medida em que este tipo de papel para a ter dimensões reduzidas, em regra 30 x 20 cm, e se torna quebradiço com o tempo, apenas servia para desenhar temas e imagens simples.
No século XIX, as "pinturas de exportação" eram largamente usadas em papel de arroz. O papel de arroz rasga-se com facilidade e, medindo apenas 30 x 20 cm, não era , por isso, adequado a padrões ou temas complicados.
Algumas dessas pinturas podem ser vistas na Casa Cultural de Chá de Macau e que abaixo se representam.
Beber chá é tido como um evento social. O chá também pode ser bebido durante o dia e principalmente pela manhã, a fim de aumentar o estado de alerta, já que contem teofilina e cafeína.
Na China, no mínimo a partir da Dinastia Song, ano de 960 a 1279, o chá foi objeto de festas de degustação e de grande estudo, comparável ao que se faz hoje com o vinho. Assim como a enologia hoje em dia, o recipiente próprio para se beber é importante; o chá branco era bebido em uma tigela escura onde as folhas de chá e a água quente eram misturados com um batedor.
O melhor destas tigelas, cobertas com um verniz especial à base de casca de tartaruga, pintadas com pincel de pelo de lebre são muito valiosas hoje em dia. Os rituais e a tradicional cerâmica escura foram adotadas no Japão, no início do século XII, e gerou a cerimônia do chá japonesa, que tomou sua forma final no século XVI.
- Chá branco: folhas jovens (novos botões que cresceram) que não sofreram efeitos de oxidação; os botões podem estar escudados da luz do sol para prevenir a formação de clorofila.
- Chá verde: a oxidação é parada pela aplicação de calor, que através de vapor, um método tradicional japonês, ou em bandejas quentes — o método tradicional chinês).
- Oolong (烏龍茶): cuja oxidação é parada algures entre o chá verde e o chá preto.
- Chá preto: oxidação substancial. A tradução literal da palavra chinesa é chá vermelho, o que pode ser usado entre os fãs de chá.
- Pu-erh (普洱茶): erroneamente considerado como uma subclasse de chá preto, pu-erh é um produto muito invulgar. O Pu-erh é um chá fermentado e envelhecido (pode ter mais de 50 anos), por vezes, descrito como duplamente fermentado, sendo a segunda "fermentação" resultado da ação de bactérias. Existe um método moderno de acelerar o envelhecimento natural que produz pu-erh de menor qualidade, chamado pu-erh cozinhado, que é vendido frequentemente em saquinhos. O pu-erh tradicional é conservado em forma de "tijolo" ou outras formas (as folhas de chá depois de tratadas são prensadas em moldes). Este é o mais apreciado de todos os chás na China, sendo catalogado em função da qualidade das folhas e do ano de produção, tal como um bom vinho no ocidente, e é o chá normalmente utilizado para a cerimônia de chá chinesa (Kung Fu Cha). Para preparar a infusão usa-se água muito quente ou até mesmo a ferver (os tibetanos são conhecidos por deixá-los a ferver durante a noite). O Pu-erh é considerado como um chá medicinal na China.
- Chá amarelo: é usado como um nome de chá de alta qualidade servido na corte imperial, ou de um chá especial processado similarmente ao chá verde, mas com uma fase de secagem mais demorada.
- Chong Cha (虫茶): literalmente "chá quente", esta espécie é feita a partir de sementes de botões de chá em vez de folhas. É usado na medicina chinesa para lidar com o calor do verão bem como para tratar sintomas de gripe.
- Kukicha ou chá de inverno: feita de galhos e folhas velhas podadas da planta de chá durante a época dormente e tostado a seco sob o fogo. É popular na medicina tradicional japonesa e na dieta macrobiótica.
- Lapsang souchong (正山小种 ou 烟小种) de Fujian, China, é um chá preto fumado, isto é, secado usando fogueiras de pinho.
- Chá Rize: chá preto forte, produzido na Turquia, com um sabor distinto e preparação específica, incluindo pré-aquecimento, servido com açúcar.
Terminava assim esta visita à Casa Cultural de Chá de Macau, enriquecendo ainda mais a cultura do articulista, que bem jovem começou a lidar e a comercializar chás, e muito tem aprendido com seus amigos chineses.
COPOS DE CHÁ
O primeiro copo umedece meus lábios e garganta,
A segunda taça quebra minha solidão,
A terceira xícara procura minha entranha estéril
mas para encontrar neles alguma cinco mil
volumes de ideogramas ímpares.
O quarto copo levanta uma ligeira transpiração, -
Todo o mal da vida passa pela minha
pores.
Na quinta taça Eu sou purificado; [...]
A segunda taça quebra minha solidão,
A terceira xícara procura minha entranha estéril
mas para encontrar neles alguma cinco mil
volumes de ideogramas ímpares.
O quarto copo levanta uma ligeira transpiração, -
Todo o mal da vida passa pela minha
pores.
Na quinta taça Eu sou purificado; [...]
Poema de Lo Tung - disnatia Tang
6 comentários:
Estimado amigo António Cambeta!
Adorei conhecer mais este encantador local!!!!
Caloroso abraço! Saudações florais!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
PS - A copeira Hermenegilda (claro bem longe do bombeiro Godofredo) começou a suspirar ao vê-lo todo garboso de cabelo bem curto...
Encantadoras as imagens! Que linda entrada esta sobre a Casa do Chá. Adorei! (Pode pôr mais como esta...)
Beijinho
Amigo António Cambeta
Bela a visita
que fez à CASA DO CHÁ em MACAU.
Gostei de aprender um pouco mais.
Fiz um post novo sobre a minha visita à Tailândia e,
gostaria que me ajudasse a explicar o porquê
daquele género de cobras que se vendem em sacos plásticos fechados,
nos festejos do ANO NOVO.
Por favor!
Um abraço.
Estimado Confrade e Ilustre Prof. João Paulo,
Meu sincero ovbrigado por seu gentil comentário, cá o Pardal está em todas, mas chá não bebeu...
A minha amada Hermenegilda como não gostará de fazer ondas, mas só rosquinhas, pode passar a mão por esta louca cabecinha rsrsr.
Cortei o cabelo desta forma para não levantar muito cabelo e por causa do calor.
Abraço amigo
Estimada Amiga Graça Sampaio,
O local onde é a Casa de Chá era uma residência como muitas nesta bela avenida, casas tipicamente luso-chinesas e com jardins.
Postei à dias a casa do famoso militar chinês que viveu em Macau.
Abraço amigo e óptimo fim de semana, com o corredores da volta em Leiria.
Estimada Amiga e Ilustre Fotografa Ester Afonso,
A Casa de Chá em Macau era uma residência de uma pessoa ilustre, a qual foi comprada pelo governo de Macau, bem o jardim Lou Lim Ioc que fica anexo à casa.
Quanto aos répteis nesses saquinhos, para lhe ser sincero nunca tinha visto, como tal não lhe sei explicar.
Na Tailândia as bizarrias se encontram por todo o lado.
Abraço amigo
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