Como referi no episódio anterior deixei a secção de frete corrido e passei a trabalhar como dactilógrafo na Secção de Contabilidade dos Serviços de Marinha.
Ali trabalhavam outros quatros funcionários, a Chefa, uma primeira oficial, dois escriturários encarregados do processamento dos vencimentos e um agente de primeira classe da PMF que desempenhava as funções de contabilista.
Como se poderá deduzir era uma secção com imensa responsabilidade, pois ali se processava toda a contabilidade dos Serviços de Marinha, incluindo o pagamento de vencimentos.
Nesse imenso salão, sem divisórias, ficava a secretaria da PMF, Defesa Marítima, Capitania dos Portos e igualmente o Fiel dos Serviços de Marinha, o espaço era enorme como referi, porém a ventilazação era escassa, e eram as ventoinhas que iam que ajudavam a manter o hambiente um pouco mais fresco, mas mesmo assim a papelada ficava coloca aos braços tal era a humidade existente.
( instalações dos serviços de secretaria, à esquerda e no meio dos oficiais pode ver-se o articulista lá ao fundo, lado direito a secretaria da PMF)
Estavamos ainda longe da era dos computadores e nessa altura todo o serviço era processado manualmente.
O pessoal ganhava pouco, e para poderem sustentar a família pediam empréstimos ao Montepio Geral ou à Caixa Económica, bem como adquiriam géneros alimentícios na cantina da Obra Social dos Serviços de Marinha, e depois os vendiam a um esperto comerciante que enriqueceu à custa desses funcinários.
Mensalmente ia ao Banco Nacional Ultramarino levantar uma volumosa quantia em dinheiro, para depois colocar nos respectivos envelopes de cada funcionário o seu vencimento, o que dava um trabalhão dos diabos.
Os vencimentos de todo o pessoal dos Serviços de Marinha, onde a PMF estava incluinda, eram processados na secção de contabilidade onde trabalhava.
No dia do pagamento aumentava a azáfama, seprando-se o pessoal dos Serviços de Marinha do pessoal da PMF, que ainda se subdividiam em filas conforme o seu vínculo na administração, do quadro, contratado ou assalariado.
Nos dias seguintes aom pagamento dos vencimentos tinha que processar numerosas guias de entrega, acompanhadas das respecticas listas de descontos. Umas seguiam para os Serviços de Finanças, outras para a Caixa Económica e Postal ou Montepio, e muitas outras para o Tribunal de Macau.
Nessas guias constavam os empréstimos aos funcionários, pois por essa altura, e como já referi, os funcionários para poderem suportar o alto custo de vida, a esmagodora maioria dos funcionários tinha que contrír empréstimos.
As listas de pagamento eram de um tamanho descomunal, e para as preencher era necessário utilizar um carreto maior da máquina de dactilografar, tinham que ser feitas em sete vias, o que implicava ainda mais tempo e trabalho.
Além destas listas tinha que fazer outras para enviar para Portugal e para o tribunal, bem como propostas e demais expediente que necessitava ser dactilografado.
O governo português criou nessa altura um novo sistema de pensão, chamado de sobrevivência, embora não fosse obrigatória podia contudo ser requerida por todos os aposentados.
Choveram logo na secção, imensos pedidos de contagem dos descontos efectuados para a reforma, por parte de muitos reformados, na sua maioria já residentes em Portugal.
Coube-me a mim essa tarefa, que deu um imenso trabalhão, visto que tinha ir aos arquivos e vasculhar nos velhos livros, impregnados de formiga branca, os respectivos descontos mensais feitos por cada agente que requeria este serviço!...
Depois de compilada toda a informação fazia-se o respectivo cálculo, envoando os dados e resultado aos Serviços de Finanças.
Foi quando trabalha nesta secção que contraí matrimónio,pedindo como era lógico uns dias de licença para o efeito, porém essa licença me foi negada. Casei num domingo, concederam-me por especial favor o dia de segunda-feira e na terça-feira lá estava eu de novo a trabalhar e a dactilografar a papelada...
Serviu de padrinho de casamento o tal agente de primeira classe que fazia de contabilista cuja secretária era comum aos dois.
Foi por essa altura, dia 11 de maio de 1969, que foi inaugurado o Campo Desportivo dos Serviços de Marinha, tendo-se efecatuado um torneio de voleibol no qual participei na equipa dos serviços administrativos, tendo saindo vencedores desse troneio.
Acabei por ficar por ali tempo demais, visto não me deixarem exercer as minhas funções como agente de polícia, embora andasse fardado nada tinha em ligação com a PMF, o que me veio a prejudicar imenso na minha futura carreira policial.
Para se poder concorrer ao posto superior, no meu caso a agente de primeira classe, necessário seria ter três anos no posto de agente de segunda classe e um ano de embarque nas vedetas de fiscalização, ainda andei embarcado por alguns meses, tendo sido de njovo requisitado para trabalhar na secção de contabilidade.
Foi assim que não pude concorrer ao primeiro concurso para agente de primeira classe por falta de tempo de embarque. Enfim, outros tempos onde a justiça era aplicada como se queria...
Volvidos anos um agente concorreu ao psoto de Subchefe e depois ao de Chefe sem nunca ter embarcado, e pela única razão trabalhava na messe das Forças de Segurança e fazia falta ao serviço, pelo que ficou dispensado de cumprir o regulamento que era ter um ano de embarque em cada posto.
Gostei no entanto do serviço desempenhado na secção de contabilidade, aprendendo bastante, criando novas amizades e tomando nota das vigarices processadas pelo fiel dos Serviços de Marinha.
A chefa da secção, uma senhora natural de Macau que pouco ou nada sabia, lá estava somente para efeitar tal jarra em cima de uma mesa. Fui louvado pelo comandante dos Serviços de Abastecimetos e Contabilidade dos Serviços de Marinha, o que teve o condão de irritar a chefa e criar uma praga de ciúmes.
A vida é feita destas coisas, quando dedicamos ao serviços todo o nosso esforço e inteligência, ao contrário dos outros, e somos depois reconhecidos desse mesmo trabalho cria sempre uma atmosfera pesada cheia de ciúmes e invejas.
A meu pedido sai da secção visto a estar ser prejudicado n a minha carreira policial, tendo então terminado o tempo de embarque sendo depois destacado para o posto 5 sito na Ponte Cais da Ilha da Taipa.
Nesse imenso salão, sem divisórias, ficava a secretaria da PMF, Defesa Marítima, Capitania dos Portos e igualmente o Fiel dos Serviços de Marinha, o espaço era enorme como referi, porém a ventilazação era escassa, e eram as ventoinhas que iam que ajudavam a manter o hambiente um pouco mais fresco, mas mesmo assim a papelada ficava coloca aos braços tal era a humidade existente.
( instalações dos serviços de secretaria, à esquerda e no meio dos oficiais pode ver-se o articulista lá ao fundo, lado direito a secretaria da PMF)
Estavamos ainda longe da era dos computadores e nessa altura todo o serviço era processado manualmente.
O pessoal ganhava pouco, e para poderem sustentar a família pediam empréstimos ao Montepio Geral ou à Caixa Económica, bem como adquiriam géneros alimentícios na cantina da Obra Social dos Serviços de Marinha, e depois os vendiam a um esperto comerciante que enriqueceu à custa desses funcinários.
Mensalmente ia ao Banco Nacional Ultramarino levantar uma volumosa quantia em dinheiro, para depois colocar nos respectivos envelopes de cada funcionário o seu vencimento, o que dava um trabalhão dos diabos.
Os vencimentos de todo o pessoal dos Serviços de Marinha, onde a PMF estava incluinda, eram processados na secção de contabilidade onde trabalhava.
No dia do pagamento aumentava a azáfama, seprando-se o pessoal dos Serviços de Marinha do pessoal da PMF, que ainda se subdividiam em filas conforme o seu vínculo na administração, do quadro, contratado ou assalariado.
Nos dias seguintes aom pagamento dos vencimentos tinha que processar numerosas guias de entrega, acompanhadas das respecticas listas de descontos. Umas seguiam para os Serviços de Finanças, outras para a Caixa Económica e Postal ou Montepio, e muitas outras para o Tribunal de Macau.
Nessas guias constavam os empréstimos aos funcionários, pois por essa altura, e como já referi, os funcionários para poderem suportar o alto custo de vida, a esmagodora maioria dos funcionários tinha que contrír empréstimos.
As listas de pagamento eram de um tamanho descomunal, e para as preencher era necessário utilizar um carreto maior da máquina de dactilografar, tinham que ser feitas em sete vias, o que implicava ainda mais tempo e trabalho.
Além destas listas tinha que fazer outras para enviar para Portugal e para o tribunal, bem como propostas e demais expediente que necessitava ser dactilografado.
O governo português criou nessa altura um novo sistema de pensão, chamado de sobrevivência, embora não fosse obrigatória podia contudo ser requerida por todos os aposentados.
Choveram logo na secção, imensos pedidos de contagem dos descontos efectuados para a reforma, por parte de muitos reformados, na sua maioria já residentes em Portugal.
Coube-me a mim essa tarefa, que deu um imenso trabalhão, visto que tinha ir aos arquivos e vasculhar nos velhos livros, impregnados de formiga branca, os respectivos descontos mensais feitos por cada agente que requeria este serviço!...
Depois de compilada toda a informação fazia-se o respectivo cálculo, envoando os dados e resultado aos Serviços de Finanças.
Foi quando trabalha nesta secção que contraí matrimónio,pedindo como era lógico uns dias de licença para o efeito, porém essa licença me foi negada. Casei num domingo, concederam-me por especial favor o dia de segunda-feira e na terça-feira lá estava eu de novo a trabalhar e a dactilografar a papelada...
Serviu de padrinho de casamento o tal agente de primeira classe que fazia de contabilista cuja secretária era comum aos dois.
Foi por essa altura, dia 11 de maio de 1969, que foi inaugurado o Campo Desportivo dos Serviços de Marinha, tendo-se efecatuado um torneio de voleibol no qual participei na equipa dos serviços administrativos, tendo saindo vencedores desse troneio.
Acabei por ficar por ali tempo demais, visto não me deixarem exercer as minhas funções como agente de polícia, embora andasse fardado nada tinha em ligação com a PMF, o que me veio a prejudicar imenso na minha futura carreira policial.
Para se poder concorrer ao posto superior, no meu caso a agente de primeira classe, necessário seria ter três anos no posto de agente de segunda classe e um ano de embarque nas vedetas de fiscalização, ainda andei embarcado por alguns meses, tendo sido de njovo requisitado para trabalhar na secção de contabilidade.
Foi assim que não pude concorrer ao primeiro concurso para agente de primeira classe por falta de tempo de embarque. Enfim, outros tempos onde a justiça era aplicada como se queria...
Volvidos anos um agente concorreu ao psoto de Subchefe e depois ao de Chefe sem nunca ter embarcado, e pela única razão trabalhava na messe das Forças de Segurança e fazia falta ao serviço, pelo que ficou dispensado de cumprir o regulamento que era ter um ano de embarque em cada posto.
Gostei no entanto do serviço desempenhado na secção de contabilidade, aprendendo bastante, criando novas amizades e tomando nota das vigarices processadas pelo fiel dos Serviços de Marinha.
A chefa da secção, uma senhora natural de Macau que pouco ou nada sabia, lá estava somente para efeitar tal jarra em cima de uma mesa. Fui louvado pelo comandante dos Serviços de Abastecimetos e Contabilidade dos Serviços de Marinha, o que teve o condão de irritar a chefa e criar uma praga de ciúmes.
A vida é feita destas coisas, quando dedicamos ao serviços todo o nosso esforço e inteligência, ao contrário dos outros, e somos depois reconhecidos desse mesmo trabalho cria sempre uma atmosfera pesada cheia de ciúmes e invejas.
A meu pedido sai da secção visto a estar ser prejudicado n a minha carreira policial, tendo então terminado o tempo de embarque sendo depois destacado para o posto 5 sito na Ponte Cais da Ilha da Taipa.
6 comentários:
Amigo Cambeta,
Isso é uma bíblia!!!! Conte,conte que é histórico!
Abração
A coisa está a ficar interessante... Espero pelo próximo capítulo.
Valdemar Alves
Ponte cais onde ficam agora as instalações dos Serviços de Alfândega.
A minha casa é logo ali ao pé (Estrada de Lou Lim Ieok).
Continue a desfiar as suas memórias, Amigo Cambeta.
Aquele abraço e votos de bom fim-de-semana
Estimado Amigo José Martins,
Uma bíblia verdadeira que vai ainda no seu primeiro capítulo, irei narrar até ao dia em que me aposentei, e nela poderemos encontar salmos do João, do lucas e de outros corruptos que por lá andaram....
Abraço amigo
Estimado Amigo Valdemar,
A vida de um agente de polícia nunca é fácil, e quanto esse mesmo agente deste o priemiro dia é tomado de ponta, por ter sido Sargento do exército e possuir mais habilitações leterárias a inveja é muita e tudo fazem para dificultar a vida desse agente.
O próximo capítulo deu brando em Macau e os jornais de língua chinesa, sobre o assunto se debruçaram durante uma semana.
Abraço amigo
Estimado Amigo Pedro Coimbra
Os Serviços de Alfândega ficam situados onde era a Doca D. Carlos Ie as Oficinas Navais.
Não sei onde fica a Estrada de Lou Lim Ieok, o jardim sim, mas penso que não existe nenhum cais ai por perto.
Irei continuar a desfiar as minhas memórias, memórias essas que deram muito que falar na PMF e não só, já que eu não aceitava de mão dada as viagarices que me queriam impingir ou pagar para poder prestar serviços em locais onde a roubalheira era feita a olhos vistos.
Sempre fui um polícia muito carismático seguindo à letra as leis que tinha que cumprir, por isso foi sempre perseguido...
Óptimo fim de semana, abraço amigo
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