Malaca (em malaio, Melaka) é o terceiro menor estado da Malásia, após Perlis e Penang. Encontra-se na porção meridional da Península Malaia, à beira do estreito de Malaca. Limita com Negeri Sembilan ao norte e com Johor a leste. Sua capital é a cidade de Malaca.
Embora Malaca já tenha sido um dos mais antigos sultanatos malaios, o estado atualmente não é governado por um sultão e sim por um governador (Yang di-Pertua Negeri).
Em 2008 foi declarada Património Mundial pela UNESCO. Da presença portuguesa na cidade sobrevivem a Igreja de São Paulo e a Porta de Santiago da Fortaleza de Malaca, conhecida como "A Famosa".
Etimologia e uso
Segundo J.P. Machado, a etimologia do topônimo português Malaca é controversa, embora seja provável uma origem malaia; João de Barros registra que o termo na língua local significaria "homem desterrado".
Alternativamente, outros autores apontam um termo sânscrito (malaca) para a árvore Phyllantus emblica, abundante na região, como a origem do topônimo. O primeiro registro da forma "Malaca" em português parece ser em Gil Vicente, datado de 1562; fontes escritas anteriores adotavam as grafias "Melequa" e "Melaca". O gentílico "malaquês", formado com base no topônimo, é encontrado em português a partir de 1552.
História
Sultanato de Malaca
As origens precisas de Malaca são controversas. Ao que parece, foi fundada por Parameswara, um príncipe proveniente de Palimbão, em Srivijaya (um reino malaio em Sumatra), que fugiu de Sumatra em seguida a um ataque majapahita em 1377. Ao chegar a Malaca em cerca de 1400, encontrou um bom porto, acessível em todas as estações e, do ponto de vista estratégico, num dos pontos mais estreitos do Estreito de Malaca. Segundo uma lenda popular, Parameswara descansava sob uma árvore próximo a um rio, durante uma caçada, quando um cervo-rato empurrou um de seus cães de caça rio adentro. Impressionado com a coragem do animal e com o que considerou um bom presságio. Parameswara converteu-se ao Islã em 1414 e passou a chamar-se 'Sultão Iskandar Xá'.a teria decidido fundar ali um império, chamando-o Melaka, nome da árvore sob a qual ele se havia abrigado.
Com a colaboração dos povos do mar (orang laut) - corsários proto-malaios dos Estreitos, Parameswara fez de Malaca um grande porto internacional, ao compelir os navios de passagem a aportar ali e ao estabelecer instalações confiáveis e justas para depósito e comércio. O Sultão Iskandar Xá faleceu em 1424, sucedendo-o seu filho.
A prosperidade de Malaca atraiu a invasão dos siameses. Entretanto, os ataques de 1446 e 1456 foram repelidas por Tun Perak. O desenvolvimento de relações entre Malaca e a China foi uma decisão estratégica para prevenir outros ataques siameses.
Devido a sua localização estratégica, Malaca foi um posto avançado importante da frota de Jeng He. Levou consigo Hang Li Po, alegadamente uma princesa chinesa do imperador Ming, para casar-se com o Sultão Mansur Xá. Os 500 serviçais que a acompanharam casaram-se com os habitantes locais e assentaram-se em Bukit Cina.
No seu auge, Malaca era um sultanato poderoso que controlava o sul da Península Malaia e grande parte de Sumatra. Sua presença impediu o avanço dos siameses na direção sul e possivelmente acelerou o declínio de seu rival, o Império Majapahita de Java. Malaca também desenpenhou um papel-chave na disseminação do Islã no Arquipélago Malaio
Colonização européia
Em abril de 1511, Afonso de Albuquerque zarpou de Goa para Malaca com uma força de cerca de 1 200 homens e 17 ou 18 navios. Malaca tornou-se uma base estratégica para a expansão portuguesa nas Índias Orientais, subordinada ao Estado Português da Índia. Mahmud Xá, último sultão de Malaca, refugiou-se no interior, de onde empreendia ataques intermitentes por terra e mar. Entrementes, para defender a cidade, os portugueses ergueram um forte (cuja porta, chamada "A Famosa", ainda existe). Em 1526, uma grande força de navios portugueses comandada por Pedro Mascarenhas foi enviada para destruir Bintan, onde estava Mahmud. O sultão fugiu com sua família para Sumatra, do outro lado do estreito, onde veio a falecer dois anos depois.
Logo ficou claro que o controle português de Malaca não significava o controle do comércio asiático que por ali passava. Seu domínio sobre o local sofria com dificuldades administrativas e econômicas. Em vez de concretizar sua ambição de controlar o comércio asiático, o que os portugueses haviam logrado fora desorganizar a rede mercantil da região. Desaparecera o porto centralizador do comércio e, com ele, o Estado que policiava o estreito de Malaca. O comércio espalhou-se por diversos portos em meio a embates militares no estreito.
O missionário jesuíta Francisco Xavier passou vários meses em Malaca em 1545, 1546 e 1549. Em 1641, os neerlandeses bateram os portugueses e capturaram Malaca com o apoio do sultão de Johore. Os neerlandeses governaram Malaca de 1641 a 1795, mas não se interessaram em desenvolvê-la um centro comercial, preferindo enfatizar o papel de Batávia (actual Jacarta).
Malaca foi cedida aos britânicos pelo tratado Anglo-Neerlandês de 1824, em troca de Bencoolen, em Sumatra. Entre 1826 e 1946, Malaca foi governada pela Companhia Britânica das Índias Orientais e, em seguida, como uma colônia da Coroa. Integrava os chamados Straits Settlements, juntamente com Singapura e Penang. Com a dissolução desta colônia, Malaca e Penang tornaram-se parte da União Malaia (actual Malásia).
O estado de Malaca ocupa uma área de 1 650 kmª, equivalente a 1,3% da superfície da Malásia. Divide-se em três distritos: Malaca Central (Melaka Tengah, com 314 km²), Alor Gajah (660 km²) e Jasin (676 km²).
Malaca encontra-se no litoral sul-ocidental da Península Malaia, defronte a ilha de Sumatra, com o estado de Negeri Sembilan ao norte e Johor a leste. Dista 148 km ao sul da capital Kuala Lumpur, e 245 km ao norte de Singapura. A capital do estado, a cidade de Malaca, está localizada estrategicamente entre as duas capitais nacionais (Kuala Lumpur e Cingapura) e conta com excelentes ligações rodoviárias. Embora não possua uma estação ferroviária, Malaca é servida por um aeroporto doméstico, localizado na cidade de Batu Berendam.
Comunidade Cristang
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A comunidade cristang é uma pequena comunidade de Malaca, na Malásia com origem em antepassados portugueses que remonta aos descobrimentos. A comunidade cristang fala a língua cristang, um crioulo de base portuguesa, sendo que "cristang" significa "cristão" nesta língua. A comunidade é conhecida entre si como "gente cristang"; outros sinónimos para esta comunidade são "Serani" (do malaio "Nasrani", significando seguidores de Jesus de Nazaré) e "gragok" (termo calão para "geragau" ou camarão, referindo o facto de esta comunidade ser tradicionalmente de pescadores de camarão). O nome "cristang" é por vezes utilizado incorrectamente para nomear outras populações eurasiáticas da Malásia e de Singapura, incluindo povos de descendência holandesa e britânica.
História A primeira expedição portuguesa chegou a Malaca em 1507. Este contacto está registado no Sejarah Melayu (Anais Malaios). Malaca tornou-se uma base estratégica para a expansão portuguesa nas Índias Orientais, subordinada ao Estado Português da Índia desde Abril de 1511. Nessa data Afonso de Albuquerque zarpou de Goa para Malaca com uma força de cerca de 1 200 homens e 17 ou 18 navios.
A partir de então os casamentos entre portugueses e locais foram encorajados por Afonso de Albuquerque, cumprindo o seu designio como vice-rei da índia. Uma carta do rei de Portugal assegurava a alforria e isenção de impostos aos portugueses "casados", que aventurando-se além mar casassem em Malaca. Os casamentos mistos prosperaram sob este estímulo, registando-se cerca de 200 em 1604. O missionário jesuíta Francisco Xavier passou vários meses em Malaca em 1545, 1546 e 1549.
O contacto com Portugal terminou em 1641 quando os neerlandeses bateram os portugueses e capturaram Malaca. Malaca foi depois cedida aos britânicos pelo tratado Anglo-Neerlandês de 1824, em troca de Bencoolen, em Sumatra. Contudo as relações comerciais permaneceram com o entreposto de Macau, perdurando até à actualidade.
A cultura cristang Mesmo depois de os contactos com Portugal cessarem em 1641, a comunidade cristang preservou as suas tradições, religião e língua, mantendo surpreendentes semelhanças culturais e linguísticas com o portugal actual, especialmente da região do Minho. Maioritariamente católicos praticantes, Alguns serviços religiosos são ainda celebrados em português e a comunidade é sempre referida como portuguesa pelos malaios. Contudo a língua cristang, não ensinada nas escolas, está em vias extinção, com excepção da comunidade portuguesa em Ujong Pasir Malacca.
O Natal é uma ocasião festiva, quando muitas famílias cristang se juntam. Realizam-se também diversas festividades como o dia de São João (San Juang) a 24 de Junho, hoje uma das maiores atracções turísticas de Malaca, ao São Pedro (San Pedro), patrono dos pescadores, em 29 de Junho. A musica e dança cristang, é conhecida como branyok. A melodia branyok mais popular, a "Jingkli Nona", é vista como um hino não oficial da comunidade eurasiática de origem portuguesa.
Apelidos de origem portuguesa, como o de Jeremy Monteiro, um conhecido músico, revelam a origem portuguesa. Além dos nomes, cerca de 300 palavras portuguesas permanecem na língua malaia. Estas incluiem kereta (de carreta, "carro"); sekolah (deescola); bendera (de bandeira); mentega (demanteiga); keju (de queijo); meja (de mesa); and nenas (de ananás).
A dinâmica Comunidade Portuguesa em Malaca, estabelecida desde 1933 mantém o objectivo de reunir a comunidade cristang dispersa, preservando a sua cultura.
O ARTICULISTA FALANDO COM O PRESIDENTE DA COMUNIDADE PORTUGUESA, QUE SE LAMENTOU, DEVIDO AO FACTO DO GOVERNO PORTUGUÊS DELES SE TER ESQUECUIDO.