o mar do poeta

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sábado, junho 6

VIVÊNCIAS DO ARTICULISTA - PARTE II

QUARTEL DO CISMI (CURSO DE SARGENTOS MILICIANOS DE INFANTARIA)
  • Quando o Kam acordou, virou-se para o lado esquerdo e ia a levantar-se, quando a enfermeira, de nome Balbina, tal como o de sua mãe, o segurou, tendo então o Kam ficado a saber a doença que tinha contraído, uma Hepatite B, e que tinha ficado em estado de coma durante 15 dias.
  • A minha mãe teve conhecimento que eu me encontrava hospitalizado, porém, não me foi visitar por não ter dinheiro para as passagens.
  • A única visita que teve foi do Furriel Miliciano, Jorge Tempe, que era seu instrutor, e conhecido fazia já uns anos, visto ele, quando frequentava o Curso de Regentes Agricolas, em Évora, ter ficado hospedado na casa de uma tia do Kam.
  • Foi ele que me presenteou com um bolo rei e uma garrafa de vinho do Porto, no hospital passou o Kam o Natal e a passagem de ano, só tendo tido alta do hospital civil de Tavira, 20 dias depois de ter dado entrada.
  • A mãe de um colega meu era meu companheiro de quarto e tinha baixado com a mesma efermidade.
  • No CISMI o curso tinha terminado, mas através da mãe do meu colega soube que tinhamos passado no curso, e como tal me ofertou as divisas de Cabo Miliciano.
  • Quando tive alta do hospital, lá me fardei, embora ainda bem fraco, lá segui para o quartel, arrastando as pesadas botas.
  • Apresentando-me ao Primeiro Sargento da Companhia a que pertencia, este ficou incredolo com a minha presença, só depois de ter vasculhado os calhamaços lá encontrou o meu nome, dando ordem para fazer o espólio de todo o material que ali tinha recebido, quando assentei praça.
  • Foi com a preciosa ajuda do Jorge Tempe que consegui reunir todo o material, que ele Jorge, me tinha feito o favor de guardar.
  • Voltei à secretaria e entreguei tudo ao Primeiro Sargento, que após conferir me disse que faltavam dois francaletes e como tal teria de os pagar, só o pude efectuar após ter recebido pré que fui de 7$50 escudos, pagando de seguinte 2$50 pelos francaletes, e recebido uma guia de marcha para me apresentar no dia seguinte no Regimento de Infantaria 10 em Aveiro. Aqui receberia nova farda e todo o restante material, até lá tinha só a farda que levava vestida e sem emblema algum indicatvo ao quartel onde pretencia!...
  • Não tive direito a férias, como estavamos em Janeiro e fazia frio, lá fui equipado com o capote, assim evitava que fosse visto o cordel que me servia de cinto das calças.
  • Dali segui para a estação de caminho de ferro e embarquei numa velha carruagem para Aveiro.
  • Em 1964 as carruagens não tinham conforto algum, e nada havia para comer. Aproveitei a comprar uma sande quando o combóio parou no Entrocamento, volvidas que tinham sido umas boas 10 horas de viagem.
  • Ali tive que apanhar outro combóio que me levaria até Aveiro, nessa estação, entraram dois colegas meus que pertenciam à mesma Companhia em Tavira e seguiam igualmente para o RI 10.
  • Eles tal como eu nada tinham para comer, mas não tinham fome, visto terem jantado em casa antes de embarcarem em Lisboa.
  • Chegamos a Aveiro ainda o dia não tinha despontado, fazia um frio dos diabos, que o capote mesmo com a gola levantada não impedia que o intenso frio penetrasse no corpo.
  • Um dos meus colegas o 1030, Ribeiro, era natural de uma vila perto de Aveiro e tinha um dia que o veio receber, transportando uma velha camioneta, e como era ainda muito cedo para ir-mos para o quartel, convidou-nos a ir até sua casa, o outro meu colega, que era Cabo Verdiano e muito acanhado, pediu a minha opinião, e foi assim que eu e ele, lá nos arranjamos na traseira da camioneta, já que o Ribeiro seguia com o seu tio na cabine.
  • A viagem ainda foi longa, as nossas mãos começavam já a ficar azuladas com o imenso, por fim chegamos a Verde Milho, desembarcamos e entramos para o primeiro andar da casa onde havia uma lareira acessa e ali nos aquecemos.
  • Os familiares do Ribeiro iam chegando e a conversa dele com as tias e tios nos deixaram preplexos, pois não estavamos habituados aqueles tratamentos. Uma das suas tias estava grávida e o cumprimento do Ribeiro foi "grande filha da puta, está prencha tal bode, gozaste agora fodes de outra maneira."
  • Bem as conversas eram quase todas assim usando muitos termos aos quais não estavamos habituados.
  • Uns dos tios do Ribeiro que tinha chegado da estrebaria trazia consigo um tamboe cheio de leite que foi colocar ao lume, pouco depois o Ribeiro foi buscar um garrafão de aguardente e nos preguntou se desejamos uma malga.
  • Tanto eu co o meu colega Vitória, declinamos a oferta, por desconhecer-mos o que era uma malga, só depois de ele ter dito à tia para encher uma malga de leite com aguardente é que ficamos a saber e então pedidos também uma, que acompanhamos com uma enorme fatia de broa.
  • Quando raiou o sol, lá voltamos para a camioneta que nos levou até ao quartel, o Ribeiro e o Vitória ficaram a pertencer à mesma companhia, sendo eu o único Cabo Miliciano da companhia para que fui nomeado.
  • Àli permaneci desde o dia 6 de Janeiro até 21 de Março ministrando uma recruta.



Nesta foto encontrava-se de Sargento de ronda.



Aqui o articulista ministrando uma instrução


  • Foto tirada a 4 de Fevereiro, na Gafanha, Ilhavo, almoçando uma boa bacalhuazada, após a instrução na carreira de tiro.

    Durante o tempo que o Kam permaceu por Aveiro e podendo usuferir dos fins de semana, nunca foi a Évora, pois dois não davam ir e voltar, por essa altura recebi de pré 95$00 escudos.
  • No dia 22 de Março o Kam e seu colega Vitória recebem guias de marcha para se apresentarem no Regimento de Infantaria 16 em Évora, visto termos sido mobilizados para o ultramar.





O ARTICULISTA NO TEMPLO DIANA EM ÉVORA
  • Em Évora foram formadas as companhias de Caçadores 689, 690 e 691, o meu colega Vitória ficou a pretencer à 691 e o articulista `690.
  • Depois de formadas as companhias a 690 segui para Extremoz, tendo ficada adida ao Regimento de Cavalaria 3, tendo ficado em Évora no Regimento de Artilharia 1 as restantes companhias.
  • A companhia 689 foi a primeira a embarcar tendo seguido para a Guiné, as restantes iriam administrar um IAO, e só depois se saberia qual o seu destino.
  • Os Sargentos e Oficiais da companhia 690 ficaram alojados num velho convento perto do quartel, mas desde Março a Agosto, ficou a campanhia acampada no mato perto de Évora-Monte.





Aqui o articulista encontrava-se de Sargento de Ronda, com aquela espada que embainada, ao andar arrojava no chão.









  • Um dia antes de embarcar para o ultramar foi o articulista promovido a Furriel Miliciano, tinha na altura 19 anos.
  • No próximo artigo irá ser marrada a sua despedida de Extremoz, a sua passagem por Évora, o seu embarque no navio India no cais de Alcantra e a sua viagem até Macau.















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