Série: VII Série dos Descobrimentos Portugueses - Navegando no mar da China
Ano: 1996
Valor facial: 200 escudos
Metal: cuproníquel 75/25
Acabamento: normal
Diâmetro: 36 mm
Peso: 21 g +/- 1,5%
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 750.000
Escultor: Eloisa Byrne
Legislação: Decreto-Lei n.º 101/96, de 24 de Julho
A/: apresenta, no lado direito do campo, o escudo das armas nacionais, tendo por baixo, à direita, uma representação de edifícios e templos tradicionais siameses das margens do rio Chaophaya, e a era «1996», do lado esquerdo do campo, uma representação de um navio português quinhentista, na orla superior, a legenda «República Portuguesa» e, na orla inferior, o valor facial «200 Escudos».
R/: apresenta, no centro do campo, duas composições heráldicas alegóricas dentro de molduras encordoadas que se cruzam ao centro, à direita, uma representação de símbolos iconográficos e heráldicos siameses e a inscrição do nome do rei «Ramathibodi II» no arco inferior, à esquerda, uma representação da Cruz da Ordem de Cristo sobrepondo-se inferiormente sobre uma esfera armilar de recorte manuelino, tendo no arco inferior o nome do rei «D. Manuel I», na parte inferior do campo, a era «1512», na orla inferior a legenda «Aliança Portugal-Reino do Sião» e, na orla superior, a mesma legenda em tailandês.
Reino do Sião ou Reino Ayutthaya foi um reino siamês fundado em 1351 que perdurou até à invasão birmanesa em 1767. Fundado pelo povo Tai, que expulso do sudoeste da China se instalou na região próxima e adoptou o budismo como religião. Ayutthaya estabeleceu relações amigáveis com negociantes estrangeiros, incluindo os chineses Han, vietnamitas annam, indianos, japoneses e persas e, mais tarde com os portugueses, espanhóis, holandeses e franceses, permitindo-lhes construir povoações no exterior dos muros da cidade.
No século XVI Ayutthaya era descrita por mercadores estrangeiros como uma das maiores e mais ricas cidades do Oriente. A corte do rei Narai (1656-1688) teve um forte ligação com a corte do rei Luís XIV de França, cujos embaixadores a comparavam a Paris pela dimensão e opulência. Antes do domínio birmanês em 1767, os seus estados tributários do Reino do Sião incluíam os estados shan do norte do actual Myanmar, Chiang Mai, Yunnan e Shan Sri na China), Lan Xang de Laos, o reino Champa, e algumas cidades-estado da península da Malásia. Em 1939 trocou de nome e passou a chamar-se Tailândia (ex-Sião).
O estado siamês baseado na cidade de Ayutthaya no vale do rio Chao Phraya cresceu a partir do reino inicial de Lavo, que viria a absorver, continuando a tendência de expansão para sul dos povos siameses (tai). Em 1351 para fugir de uma epidemia, o rei Ramathibodi I mudou a corte para sul, na bacia do rio Chao Phraya. Numa ilha do rio fundou uma nova capital, a cidade Ayutthaya, significando "cidade de reis". Em poucos decénios, o reino de Ayutthaya expandiu-se consideravelmente à custa do decadente império khmer do Camboja e do reino de Sukhotai, que foram absorvidos pelo novo Estado. O império de Ayutthaya empregou novas técnicas de centralização do poder e herdou do Estado Khmer a visão do governante como um rei divinizado.
O reino desenvolveu um extenso aparato burocrático, e a sociedade hierarquizou-se rigidamente. As guerras foram frequentes e o território dominado a partir de Ayutthaya alcançou limites próximos ao da actual Tailândia. No entanto, as fronteiras com os Estados vizinhos, devido às contínuas guerras e aos planos separatistas das províncias distantes, modificaram-se constantemente. Em 1569, os birmaneses transformaram Ayutthaya num Estado dependente.
Quinze anos mais tarde, a independência do Sião foi restabelecida pelo príncipe Naresuan, considerado desde então um herói nacional na
Tailândia. Em 1511 Ayutthaya recebeu uma missão diplomática portuguesa, enviada por Afonso de Albuquerque na sequência da conquista portuguesa de Malaca no início do ano, dado a influência que era então atribuída ao Reino do Sião sobre a península de Malaca.
Duarte Fernandes foi o primeiro enviado à corte de Rama T'ibodi II, regressando com um enviado siamês e ofertas para o Rei de Portugal, seguindo-se-lhe António de Miranda de Azevedo, Duarte Coelho e Manuel Fragoso, que aí permaneceu dois anos preparando um documento sobre o reino do Sião, que enviou directamente para Portugal. Estes terão sido os primeiros europeus a visitar o reino. Cinco anos após os contactos iniciais, Ayutthaya e Portugal estabeleceram um tratado que garantia aos portugueses a permissão para comerciar no reino do Sião.
As relações entre os dois reinos permaneceram informais até que em 1518 o Rei D. Manuel I enviou uma embaixada com ofertas e a proposta de formalização de um tratado de aliança comercial, política e militar, que incluía a possibilidade dos siameses comerciarem em Malaca. Os comerciantes e missionários portugueses não exerceram, no entanto, grande influência sobre o país, situado fora das principais rotas portuguesas do Índico.
A maioria de portugueses na Tailândia eram aventureiros que serviriam os exércitos reais como mercenários e que foram responsáveis pela adopção de algumas técnicas militares ocidentais nas operações militares tailandesas. Mais tarde, em 1592, seria estabelecido um tratado semelhante dando aos holandeses uma posição privilegiada no comércio de arroz. Os estrangeiros eram cordialmente recebidos na corte de Narai (1657-1688), um governante com uma visão cosmopolita, embora reticente à influência externa.
Foram estabelecidas importantes relações comerciais com os japoneses. No século XVII, comerciantes holandeses e britânicos começaram a fundar centros comerciais junto à capital e na península de Malaca. Mais tarde, chegaram os franceses, que se impuseram aos outros europeus e foram enviadas missões diplomáticas siamesas a Paris e a Haia. Ao manter todos estes laços a corte do Sião jogou habilmente com as rivalidades entre holandeses e ingleses e franceses, impedindo a influência excessiva de um único poder.
Contudo em 1664 os holandeses forçam um tratado garantindo direitos territoriais e acesso comercial livre. Exortado pelo ministro externo Constantine Phaulkon, um aventureiro grego, Narai volta-se para a França em busca de auxílio. Engenheiros franceses construíram fortificações e um novo palácio em Lopburi, além disso missionários franceses dedicaram-se à educação e medicina, trazendo para o reino a primeira impressora. O próprio Luís XVI entusiasmou-se com a possibilidade de Narai se poder converter ao cristianismo.
A forte influência francesa despertou desconfianças e a chegada de uma expedição francesa composta de 600 homens armados, em 1687, despertou receios. No ano seguinte, um golpe dado por líderes tais antiocidentais levou à expulsão de todos os franceses. Teve início então uma etapa de relativo isolamento do Sião com relação ao Ocidente, uma política que durou 150 anos.
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