o mar do poeta

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terça-feira, abril 24

25 ABRIL

  Volvidos 10 anos de estar em Macau, o articulista acompanhado de sua esposa e de seus dois filhos, foram a Portugal no gozo de licença graciosa. Sairam de Macau no dia 1 de abril de 1974, no aerorpo foram recebidos por muitso de seus familiares residentes em Évora, mas a pedido do articulista a sua mãe o não foi receber ao aeroporto.

Como ia, fisicamente, bem diferente de quando tinha saído de Portugal no ano de 1964, dando aso a que uma sua prima lhe ter chamado chinês, ia magro o articulista, e como tal não seguiria para Évoea com sua esposa e filhos, ficando sim em Lisboa em casa de uma sua tia.

Volvidos uns dias e com a mudança de clima e de comidas o articulista já parecia outro. foram então passar uns dias a casa de um primo que viva na Amadora e só depois iriam para Évora.

Na manhã do dia 25 de abri, encontrava-se o articulista, sua esposa e filhos ainda dormindo, quando o articulista ouviu gritos e choros vindos da sala.

Levantou-se para saber o que se passava, foi encontrar na sala a esposa de seu primo, vestia um babydool cor de rosa transparente, a televisão estava ligada, e ela chorava e gritava dizendo "meu querido marido, meu querido marido".

Ao reparar no articulista agarrou-se a ele com todas as forças, com aquele inesperado gesto o articulista perdeu o equilibrio e ambos cairam no chão, ficando o articulista por cima de sua prima.

A esposa do articulista ao ouvir aquele barulho da queda, levantou-se e veio à sala ver o que se passava e nos veio a encontrar naquele estrelaio.

O articulista com a juda de sua esposa lá se levantou e lhe explicou o que se tinha passado, tinha havido uma revolução, e o nosso primo Zé que era funcionário alfandegário, cedo tinha saído de casa para o trabalho, e sua esposa estava apreensiva com a segurança dele, já que ele pertencia à Legião Portuguesa.

Tudo bem, a esposa do articulista ali ficou vendo televisão e tomando conhecimento do acontecido, que para ela nunaca lhe passaria pela cabeça que viria a contecer, visto não estar a par da política portuguesa.

Ali ficamos todo do o dia sem sair de casa acompanhando as notícias,  só dia 30 de abril podemos sair de Lisboa e seguir para Évora, e com receio de mais aocntecimentos, após ter dado a conhecer a sua mãe, sua esposa e filhos, volvidos dois dias seguia para Badajoz, Espanha, onde ficaram dez dias, mas não foi fácil sair de Portugal, o guarda fiscal que se encontrava na fronteira, gare de caminho de ferro em Elvas, solicitou o passaporte do articulista, ao ter conhecimento que o articulista era agente de polícia lhe pediu a devida autorização para sair do país.

A esposa e filhos do articulista já se encontravam no interior do combóio, e este apitava começando a andar, embora lentamente, o articulista sacou o passapaorte das mãos do agente da guarda fiscal e subiu para o combóio, sem para tal ter sido impedido

Já em Évora e como tudo calmo estava por lá ficou uns meses, tendo aproveitado levar a sua mãe a conhecer a Serra da Estrela, ir a Fátima e dar um passeio pelo Algarve.

Durante a sua estada de cinco meses  em Portugal inda teve alguns aborrecimentos, o primeiro foi quando levou a sua esposa e filhos a conhecer o Algarve, tinha comprado bilhetes de 1a. classe no combóio que os levaria até Faro, porém, quando na Casa Branca sairam da automotora e apanharam o combóio para o Algarve, não havia lugares vagos na primeira class, pois esta tinha sido ocupada por passageiros, quem em democracia, segundo diziam não havia classes, e assim em pé se fez a viagem até Faro.

Nessa mesma viagem, dois jovens, ai dos seus 20 e poucos anos, vendo a minha esposa, chinesa, dizia um para o outro, "olha nunca comi uma chinesa, aquela vem mesmo a calhar" o articulista nessa altura tinha 30 anos e era perito em artes marciais, já aborrecido com a situação de ir de pé e com aqueles dois a falarem daquela maneira, o articulista em bom português lhes dizsse que igualmente nunaca tinha comido as mães deles, e perguntou-lhes por onde desejavam sair, pela porta que dava para a outra carruagem ou pelo vidro da janela.

Os tipos ao ouvirem estas ameaças sorrateiramente passaram para outra carruagem, e não mais importunaram o articulista.

Já nas ruas de Extremoz, quando o articulista passeava com sua esposa e filhos, as pessoas indo abrindo as janelas e dizendo uma para as outras olha olha ai vai uma chinesa, o que pareceu muito estranho a minha esposa, mas enfim, só revelaram falta de cultura, nos dias de hoje será bem difeerente, já que em cada esquina existe uma loja de chineses, é assim já.

Em Setembro de 1974 o articulista sua esposa e filhos regressaram a Macau, mas nos anos seguintes voltaram lá de novo e assim o continuaram a fazer até ao ano de 2066, tenho acompanhado as diferenças e os comportamentos das pessoas.

Évora era uma cidade calma, as pessoas cuidadosas, amáveis, hospedeiras, as ruas da cidade eram limpas, havia civismo e educação, mas com a chamada liberdade, tudo mudou para pior, infelizmente.

Pensava o articulista após se ter aposentado passei a viver na sua cidade natal, para tal comprou uma vivenda, terrenos e levou de Macau todo o recheio de sua casa, mas não se conseguindo adaptar, vendeu tudo o que lá tinha e regressou a Macau onde vive, e por cá deixará seus ossos.

Revolução dos Cravos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Revolução dos Cravos
Localização  Portugal
Data 25 de Abril de 1974
Resultado Fim do regime Estado Novo (Portugal)
Instauração da Democracia

Revolução dos Cravos refere-se a um período da história de Portugal resultante de um golpe de Estado militar, ocorrido a 25 de Abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e que iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático, com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de Abril de 1976.

Este golpe, normalmente conhecido pelos portugueses como 25 de Abril, foi conduzido por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto por oficiais intermédios da hierarquia militar, na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra Colonial e que foram apoiados por oficiais milicianos, estudantes recrutados, muitos deles universitários. Este movimento nasceu por volta de 1973, baseado inicialmente em reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas, acabando por se estender ao regime político em vigor. Sem apoios militares, e com a adesão em massa da população ao golpe de estado, a resistência do regime foi praticamente inexistente, registando-se apenas quatro mortos em Lisboa pelas balas da DGS.

Após o golpe foi criada a Junta de Salvação Nacional, responsável pela nomeação do Presidente da República, pelo programa do Governo Provisório e respectiva orgânica. Assim, a 15 de Maio de 1974 o General António de Spínola foi nomeado Presidente da República. O cargo de primeiro-ministro seria atribuido a Adelino da Palma Carlos.

Seguiu-se um período de grande agitação social, política e militar conhecido como o PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações e confrontos militares, apenas terminado com o 25 de Novembro de 1975

Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da Assembleia Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República.

Na sequência destes eventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de Abril, denominado "Dia da Liberdade".

Antecedentes

História de Portugal
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Este artigo faz parte de uma série
Portugal na pré-História
História Antiga
Povos ibéricos pré-romanos
Romanização (Lusitânia e Galécia)
Germânicos (Visigodos e Suevos)
Domínio árabe
Domínio Cristão
Reconquista
Condado Portucalense
Formação do Reino de Portugal (1139-1385)
Independência de Portugal
Dinastia de Borgonha
Crise de 1383-1385
Consolidação e Expansão (1385-1580)
Dinastia de Avis
Descobrimentos
Império Português
Crise sucessória de 1580
União Ibérica (1580-1640)
União Ibérica
Dinastia Filipina
Restauração da Independência
Restauração, Invasões e Liberalismo (1640-1820)
Dinastia de Bragança
Invasões Napoleónicas
Revolução Liberal de 1820
Monarquia Constitucional (1820-1910)
Monarquia Constitucional Portuguesa
Guerras Liberais
Regicídio de 1908
Revolução de 5 de Outubro de 1910
Instauração da República
I República
Revolução de 28 de Maio de 1926
Ditadura (1926-1974)
Ditadura militar e nacional
Estado Novo
Guerra do Ultramar
Revolução dos Cravos
Democracia (1974-)
PREC
III República

Temáticas
Arquitectura | Arte | Militar

Portal Portugal

Na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, foi instaurada em Portugal uma ditadura militar, que culminaria na eleição presidencial de Óscar Carmona, em 1928. No mandato presidencial de Carmona, no que então se designou por "Ditadura Nacional", foi elaborada a Constituição de 1933, instituindo um novo regime autoritário de inspiração fascista, auto-denominando-se Estado Novo. Oliveira Salazar passou a controlar o país através do partido único designado "União Nacional", não mais abandonando o poder até 1968, quando este lhe foi retirado por incapacidade, na sequência de uma queda de uma cadeira em que sofreu lesões cerebrais. Foi substituído por Marcelo Caetano, que dirigiu o país até ser deposto no 25 de Abril de 1974. A chamada Primavera Marcelista seria sinónimo de ditadura branda.

Sob o governo do Estado Novo, Portugal foi sempre considerado um país governado por uma ditadura, quer pela oposição, quer pelos observadores estrangeiros quer mesmo pelos próprios dirigentes do regime. Formalmente, existiam eleições, consideradas fraudulentas pela oposição, desrespeitadas pelo dever de imparcialidade.

O Estado Novo tinha a sua polícia política, a PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), versão renovada da ex-PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), mais tarde reconvertida na DGS (Direcção-Geral de Segurança), que continuaria perseguindo os opositores do regime.

Na visão histórica dos ideólogos do regime, o país teria de manter uma política de defesa, de manutenção do "Ultramar", numa época em que alguns países europeus iniciavam os seus processos de descolonização progressiva. Apesar de séria contestação nos fóruns mundiais, como na ONU, Portugal manteve a sua política de força, endurecendo-a a partir do início dos anos 1960, face ao alastramento dos ataques independentistas em Angola, na Guiné e em Moçambique .

Economicamente, o regime manteve uma política de condicionamento industrial que protegia certos monopólios e certos grupos industriais e financeiros (a acusação de plutocracia é frequente). O país permaneceu pobre até à década de 1960, sendo consequência disso um significativo acréscimo da emigração. É nesta década, contudo, que se notam sinais de desenvolvimento económico..

O mito do "orgulhosamente sós"

A Guerra do Ultramar, um dos precedentes para a revolução.

No início da década de setenta mantinha-se vivo o ideário salazarista. Continuavam os ideólogos do regime a alimentar o mito do «orgulhosamente sós», coisa que todos entendiam, num país periférico e pequenino, marcado pelo isolamento rural: estar ali e ter-se orgulho nisso eram valores, algo merecedor de respeito. Mesmo em plena Primavera Marcelista, Marcelo Caetano, que sucedeu a Salazar no início da década (em 1970, ano da morte do ditador), não destoa. Sentindo o mesmo, age a seu modo, governa em isolamento, faz o que pode, mas um dia virá em que já nada pode fazer.

Qualquer tentativa de reforma política era impedida pela própria inércia do regime e pelo poder da sua polícia política (PIDE). Nos finais de década de 1960, o regime exilava-se, envelhecido, num ocidente de países em plena efervescência social e intelectual. Em Portugal cultiva-se outros ideais: defender o Império pela força das armas. O contexto internacional] era cada vez mais desfavorável ao regime salazarista/marcelista. No auge da Guerra Fria, as nações dos blocos capitalista e comunista começavam a apoiar e financiar as guerrilhas das colónias portuguesas, numa tentativa de as atrair para a influência americana ou soviética. A intransigência do regime e mesmo o desejo de muitos colonos de continuarem sob o domínio português, atrasaram o processo de descolonização: no caso de Angola e Moçambique, um atraso forçado de quase 20 anos.

A guerra colonial

Portugal mantinha laços fortes e duradouros com as suas colónias africanas, quer como mercado para os produtos manufacturados portugueses quer como produtoras de matérias primas para a indústria portuguesa. Muitos portugueses viam a existência de um império colonial como necessária para o país ter poder e influência contínuos. Mas o peso da guerra, o contexto político e os interesses estratégicos de certas potências estrangeiras inviabilizariam essa ideia

Apesar das constantes objecções em fóruns internacionais, como a ONU, Portugal mantinha as colónias considerando-as parte integral de Portugal e defendendo-as militarmente. O problema surge com a ocupação unilateral e forçada dos enclaves portugueses de Goa, Damão e Diu, em 1961.

Em quase todas as colónias portuguesas africanas – Moçambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde – surgiam entretanto movimentos independentistas, que acabariam por se manifestar sob a forma de guerrilhas armadas. Estas guerrilhas não foram facilmente contidas, tendo conseguido controlar uma parte importante do território, apesar da presença de um grande número de tropas portuguesas que, mais tarde, seriam em parte significativa recrutadas nas próprias colónias.

Os vários conflitos forçavam Salazar e o seu sucessor Caetano a gastar uma grande parte do orçamento de Estado na administração colonial e nas despesas militares. A administração das colónias custava a Portugal um pesado aumento percentual anual no seu orçamento e tal contribuiu para o empobrecimento da economia portuguesa: o dinheiro era desviado de investimentos infra-estruturais na metrópole. Até 1960 o país continuou relativamente frágil em termos económicos, o que aumentou a emigração para países em rápido crescimento e de escassa mão-de-obra da Europa Ocidental, como França ou Alemanha. O processo iniciava-se no fim da Segunda Guerra Mundial .

O estado do país

A economia cresceu bastante, em particular no início da década de 1950. Economicamente, o regime mantinha a sua política de Corporativismo, o que resultou na concentração da economia portuguesa nas mãos de uma elite de industriais. A informação circulava e a oposição bulia. A guerra colonial tornava-se tema forte de discussão e era assunto de eleição para as forças anti-regime. Portugal estava muito isolado do resto do Mundo. Muitos estudantes e opositores viam-se forçados a abandonar o país para escapar à guerra, à prisão e à tortura.

Anos setenta

Em Fevereiro de 1974, Marcelo Caetano é forçado pela velha guarda do regime a destituir o general António de Spínola e os seus apoiantes. Tentava este, com ideias algo federalistas, modificar o curso da política colonial portuguesa, que se revelava demasiado dispendiosa.

Conhecidas as divisões existentes no seio da elite do regime, o MFA decide levar adiante um golpe de estado. O movimento nasce secretamente em 1973. Nele estão envolvidos certos oficiais do exército que já conspiravam, descontentes por motivos de carreira militar.

Preparação do golpe

Monumento em Grândola.

A primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em Bissau, em 21 de Agosto de 1973. Uma nova reunião, em 9 de Setembro de 1973 no Monte Sobral (Alcáçovas) dá origem ao Movimento das Forças Armadas. No dia 5 de Março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: Os Militares, as Forças Armadas e a Nação. Este documento é posto a circular clandestinamente. No dia 14 de Março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente por estes se terem recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime. No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto do primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, Portugal e o Futuro, no qual, pela primeira vez uma alta patente advogava a necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar.

No dia 24 de Março, a última reunião clandestina dos capitães revoltosos decide o derrube do regime pela força. Prossegue a movimentação secreta dos capitães até ao dia 25 de abril. A mudança de regime acaba por ser feita por acção armada.

Movimentações militares no 25 de abril

Viva a Liberdade, pintura mural.

No dia 24 de Abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instala secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa.

Às 22h 55m é transmitida a canção E depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por João Paulo Diniz. Este é um dos sinais previamente combinados pelos golpistas, que desencadeia a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado.

O segundo sinal é dado às 0h20 m, quando a canção Grândola, Vila Morena de José Afonso é transmitida pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirma o golpe e marca o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão é Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano. Ao contrário de E Depois do Adeus, que era muito popular por ter vencido o Festival RTP da Canção, Grândola, Vila Morena fora ilegalizada, pois, segundo o governo, fazia alusão ao comunismo.

O golpe militar do dia 25 de Abril tem a colaboração de vários regimentos militares que desenvolvem uma acção concertada. No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos de Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. Forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reage, e o ministro da Defesa ordena a forças sediadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não é obedecido, dado que estas já tinham aderido ao golpe.

À Escola Prática de Cavalaria, que parte de Santarém, cabe o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria são comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço é ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia move, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontra o chefe do governo, Marcelo Caetano, que ao final do dia se rende, exigindo, contudo, que o poder seja entregue ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua". Marcelo Caetano parte, depois, para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil.

No rescaldo dos confrontos morrem quatro pessoas, quando elementos da polícia política (DGS) disparam sobre um grupo que se manifesta à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa.

A DGS e a CIA na Revolução dos Cravos

Consequências

Mural na Chamusca, com uma dedicatória ao 25 de Abril.

No dia 26 de Abril, forma-se a Junta de Salvação Nacional, constituída por militares, que dará início a um governo de transição. O essencial do programa do MFA é, em síntese, resumido no programa dos três D: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.

Entre as medidas imediatas da revolução conta-se a extinção da polícia política (PIDE/DGS) e da Censura. Os sindicatos livres e os partidos são legalizados. No dia seguinte, a 26 de abril, são libertados os presos políticos da Prisão de Caxias e de Peniche. Os líderes políticos da oposição no exílio voltam ao país nos dias seguintes. Passada uma semana, o 1.º de Maio é celebrado em plena liberdade nas ruas, pela primeira vez em muitos anos. Em Lisboa junta-se cerca de um milhão de pessoas.

Manifestação do 25 de Abril de 1983 na cidade do Porto.

Portugal passará por um período conturbado de cerca de dois anos, comummente designado por PREC (Processo Revolucionário Em Curso), em que se confrontam facções de esquerda e direita, por vezes com alguma violência, sobretudo em acções organizadas no Norte. São nacionalizadas grandes empresas, "saneados" quadros importantes e levadas ao exílio personalidades identificadas com o Estado Novo, gente que não partilha da visão política que a revolução prescreve. Consumam-se várias conquistas da revolução". Acabada a guerra colonial e durante o PREC, as colónias africanas e de Timor-Leste tornam-se independentes.

Finalmente, no dia 25 de Abril de 1975, têm lugar as primeiras eleições livres para a Assembleia Constituinte, ganhas pelo PS. Na sequência dos trabalhos desta assembleia é elaborada uma nova Constituição, de forte pendor socialista, e estabelecida uma democracia parlamentar de tipo ocidental A constituição é aprovada em 1976 pela maioria dos deputados, abstendo-se apenas o CDS .

Forma-se o I Governo Constitucional de Portugal, chefiado por Mário Soares (23 de Setembro de 1976). Ramalho Eanes, militar em Angola no 25 de abril, o sisudo oficial que adere ao MFA fora de horas, o extemporâneo general que na televisão se esconde por trás de uns óculos de sol, ganha as presidenciais de 27 de Junho de 1976. Segue-se o fim do PREC e um período de estabilização política. Eanes impõe-se como chefe militar e Mário Soares, desvinculado dos fundamentos marxistas do ideário socialista, proclama as virtudes do pluralismo, a inevitabilidade do liberalismo, e lidera, dominando o partido e o país. Com o seu talento, ergue a voz e faz-se ouvir: com ele, a democracia em Portugal está garantida e o país livre da "ameaça comunista". Com a sua habitual persistência, mantendo durante anos o mesmo discurso sempre que fala, acaba por ganhar terreno e isolar a esquerda.

O 25 de Abril visto mais tarde

Em 25 de Abril de 1999, 25 anos após o 25 de Abril de 1974 é inaugurada a praça 25 de Abril em Lisboa
 
 
Pintura mural, onde se lê É preciso salvar Abril.
 
 
Monumento em Sesimbra

A Revolução dos Cravos continua a dividir a sociedade portuguesa, sobretudo nos estratos mais velhos da população que viveram os acontecimentos, nas facções extremas do espectro político e nas pessoas politicamente mais empenhadas. A análise que se segue refere-se apenas às divisões entre estes estratos sociais.

Extremam-se entre eles os pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa em relação ao 25 de abril. Quase todos reconhecem, de uma forma ou de outra, que a revolução de abril representou um grande salto no desenvolvimento político-social do país.

À esquerda, pensa-se que o espírito inicial da revolução se perdeu. O PCP lamenta que não se tenha ido mais longe e que muitas das chamadas "conquistas da revolução" se tenham perdido. Os sectores mais conservadores de direita tedem a lamentar o que se passou. De uma forma geral, uns e outros lamentam a forma como a descolonização foi feita. A direita lamenta as nacionalizações  no período imediato ao 25 de abril de 1974, afirmando que a revolução agravou o crescimento de uma economia já então fraca. A esquerda defende que a o agravamento da situação económica do país é consequnte de medidas então programadas que não foram aplicadas ou que foram desfeitas pelos governos posteriores a 1975, desfeitas as utopias da construção de um socialismo democrático.

Cravo

O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi uma florista de Lisboa que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os ofereceram aos soldados. Estes colocaram-nos nos canos das espingardas. Por isso se chama ao 25 de Abril de 74 a "Revolução dos Cravos".

4 comentários:

Graça Sampaio disse...

Isso é que foram aventuras em cima de aventuras nesse Abril!

AC disse...

Meu caro Amigo António Cambeta,

É verdade... as aventuras nesse mês de Abril, vindo passar férias com a família à metrópole, aterra no meio de uma revolução, mas com uma grande calma e sabedoria dá a volta à situação, cai em cima da prima..., esteve à beira de aplicar as artes marciais em dois rufias que viajavam no mesmo comboio, sem lugares sentados, e estavam incomodando a família... e, por último, força a sua entrada em Espanha, marimbando-se para o guarda fiscal que lhe tentava pôr entraves,retendo-lhe o passaporte, pois sendo polícia não podia sair do país.
Gostei... gosto do modo simples e extremamente descritivo como nos transporta a esse mês de Abril, porque tudo aqui se passou então com essa simplicidade quase familiar.

Como está a correr a estadia em Macau?
Vi no blog a sua partida pelas fotografias que publicou, apercebendo-me que ia com alguma tristeza..., mas um mês passa rápido.
Em Évora o tempo está instável mas a cidade continua bela como sempre foi... e muito limpa nos últimos anos.
Assino um blog como AC: www.oraculodasabedoria.blogspot.com, não escrevendo com regularidade. As histórias e fotografias são minhas,salvo umas pequenas excepções assinaladas.
Quando estiver com a sua cunhada Idília vou falar-lhe do nosso encontro pela NET.
Desejo-lhe saúde e a graça dos Deuses orientais para toda a família.
Um abraço para si do amigo,
Luis Galhardas

Prof.Ms. João Paulo de Oliveira disse...

Estimado confrade e amigo António Cambeta!
Apreciei sobremaneira seu relato da viagem que fez ao reino distante além-mar em 1974 num momento crucial na vida do país que o viu chegar à luz!!!
Aproveito o ensejo para informá-lo que apesar de reiteradas tentativas não consigo descobrir o impedimento para postar comentários no livro de bordo do meu vagão do Expresso do Oriente...
Tudo começou depois que o visual dos recursos existentes foram modificados...
Caloroso abraço! Saudações desconfiadas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP

Anônimo disse...

Gambetamigo


Estou de volta e maluco como sempre. Carregado de saudades de Goa e da sua excelente gente. E agoniado com o que encontro por cá: tristeza, desânimo, desgraça. E, pelos vistos, o que está para vir será pior. Amanhã é dia de homenagem aos Capitães de Abril; mas também de luto por esta enorme maldade que os criados nacionais (???) da troika nos estão a fazer. Portugal, infelizmente, é assim…

Espero por ti – como sempre.

Abçs