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Imigração portuguesa no Brasil, ou emigração portuguesa para o Brasil, é o movimento populacional de Portugal para o Brasil. Os portugueses constituíram o segundo grupo que mais povoou o Brasil, atrás apenas dos negros africanos.
Durante mais de três séculos de colonização, somada à imigração pós-independência, os portugueses deixaram profundas heranças para a cultura do Brasil e também para a etnicidade do povo brasileiro. Hoje, a maioria dos brasileiros têm alguma ancestralidade portuguesa.
Histórico
Seguido ao descobrimento do Brasil, em 1500, começaram a aportar na região os primeiros colonos portugueses. Porém, foi só no século XVII que a emigração para o Brasil se tornou significativa.
Acompanhando a decadência do comércio na Ásia, as atenções da Coroa Portuguesa se voltaram para o Brasil. No século XVIII, com o desenvolvimento da mineração na economia colonial, chegaram à colônia centenas de milhares de colonos. Após a independência, na primeira metade do século XIX, a emigração portuguesa ficou estagnada.
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Cresceu na segunda metade do século, alcançando seu ápice na primeira metade do século XX, quando chegavam ao Brasil, anualmente, 25 mil portugueses.
Imigração restrita (1500-1700)
O Brasil foi descoberto pelos portugueses em 22 de abril de 1500. Logo após o fato, os colonos passaram a se estabelecer na colônia, porém, de forma pouco significativa. De início, aqui foram deixados degredados (pessoas indesejáveis em Portugal, como ladrões e traidores, que tinham como pena o degredo no Brasil).
Esses primeiros colonos foram abandonados à própria sorte e acabaram sendo acolhidos pelos grupos indígenas que viviam no litoral. Os degredados chegaram a compor de 10 a 20% da população da Bahia e Pernambuco (áreas mais ricas). Em contrapartida, nas regiões periféricas, como o Maranhão, os degredados eram entre 80 e 90%.
Durante os séculos XVI e XVII, a imigração de portugueses para o Brasil foi pouco significativa. A Coroa Portuguesa preferia investir na sua expansão comercial no continente asiático e pouco valorizava as suas possessões nas Américas. Porém, durante o século XVI, piratas franceses e de outras nacionalidades começaram a rondar o território brasileiro e a fazer tráfico de pau-brasil dentro das terras lusitanas. Essa situação obrigou a Coroa Portuguesa a começar efetivamente a colonização do Brasil.
Os primeiros colonos portugueses começaram a chegar ao Brasil em maior número após 1530. A colônia foi dividida em capitanias hereditárias e as terras foram divididas entre nobres lusitanos. Para promover a colonização desses grandes lotes de terra, a Coroa Portuguesa passou a incentivar a ida de colonos para o Brasil, que recebiam sesmarias e tinham um prazo de tempo para desenvolver a produção.
Nesse período, vieram para o Brasil portugueses de todos os tipos: ricos fazendeiros, aventureiros, mulheres órfãs, degredados, empresários falidos e membros do clero. O foco da imigração foi a Região Nordeste do Brasil, já que as plantações de cana-de-açúcar estavam em pleno desenvolvimento.
Essa imigração colonizadora ficou marcada pela masculinidade da população: as mulheres portuguesas raramente imigravam, pois na Europa o Brasil possuía a imagem de uma terra selvagem e perigosa, onde apenas os homens poderiam sobreviver.
No Nordeste brasileiro nasceu uma sociedade açucareira rígida, formada pelo colono português e seus escravos africanos. Para suprir a falta de mulheres portuguesas, a Coroa Portuguesa passou a enviar para o Brasil mulheres órfãs que, ao invés de seguirem o caminho religioso, iam se casar no Brasil. Todavia, os esforços não foram suficientes e a miscigenação ocorreu em larga escala: as mulheres indígenas e africanas acabaram por substituir a falta das mulheres portuguesas.
Surge, então, o "branco da terra": filho do colono português com as índias locais. Mais tarde, surge a figura do mulato: filho do europeu com as africanas.[4] Desembarcaram também na colônia judeus, muitos cristãos-novos e ciganos. Sob o domínio holandês centenas de judeus de Portugal e Espanha se instalaram, sobretudo, em Pernambuco, acrescentando à diversidade étnica do Brasil colonial.
Imigração de transição (1700-1850)
A partir do século XVIII, a imigração portuguesa no Brasil alcança cifras jamais vistas. Os fatores para esse crescimento imigratório foram: a descoberta de ouro nas Minas Gerais, e o aprimoramento dos meios de transporte aquáticos. No início do século XVIII, as minas de ouro tornaram-se a principal economia da colônia.
O desenvolvimento e riqueza trazidos pelo ouro atraiu para o Brasil um grande contingente de colonos portugueses em busca de riqueza. Nessa época, surge o mineiro, que era o colono português que enriqueceu no Brasil graças ao ouro e as pedras preciosas.
O surto urbano que se deu na colônia graças à mineração fez crescer as ofertas de emprego para os portugueses. Antes, os colonos eram quase que exclusivamente rurais, dedicando-se ao cultivo da cana-de-açúcar, mas agora surgiriam profissões como de pequenos comerciantes.
O português pobre, ao desembarcar nos portos brasileiros, veste polaina de saragoça, (…) e calção, colete de baetão encarnado com seus corações e meia (…) geralmente desembarca dos navios com um pau às costas, duas réstias de cebolas, e outras tantas de alhos… e … uma trouxinha de pano de linho debaixo do braço. Eram minhotos que, para sobreviver, dormiam na rua e procuravam ajuda de instituições de caridade.
— Raimundo da Cunha Mattos, escritor. 1820
A maior parte da imigração foi de pessoas originárias do Minho. De início, a Coroa Portuguesa incentivou a ida de minhotos pobres para o Brasil, onde se fixaram principalmente na região de Minas Gerais e na Região Centro-Oeste do Brasil, onde foram encontradas minas de ouro. Porém, a imigração tomou proporções altíssimas, e a Coroa passou a controlar a ida de portugueses para o Brasil. Pela vinda em larga escala de colonos, a língua portuguesa tornou-se dominante no Brasil em meados do século XVIII, em substituição ao tupi-guarani, ou língua geral.
Outro fator importante na imigração portuguesa durante o século XVIII foi a imigração açoriana para a Região Sul do Brasil. Essa colonização açoriana tornou-se o único foco de colonização de povoamento
durante o Brasil colônia, já que para o resto do país chegavam colonos em busca de enriquecimento, e não de uma vida melhor, como foi o caso dos açorianos. Santa Catarina recebeu 4.612 pessoas em 1748, 1.666 em 1749, 860 em 1750 e 679 em 1753.
Outros tantos rumaram para o Rio Grande do Sul. Esses colonos portugueses se fixaram ao longo do litoral, onde fundaram pequenas vilas e lugarejos, vivendo da produção de trigo e da pesca.
No início do século XIX, fugiram para o Brasil a Família Real Portuguesa e toda a corte, fixando-se no Rio de Janeiro, em 1808, após a invasão de Napoleão. Chegaram ao Brasil 15 mil nobres e pessoas da alta-sociedade portuguesa naquele ano.
Imigração de massa (1850-1960)
Com a decadência da mineração, no final do século XVIII, a imigração portuguesa teve uma queda, mas voltou a crescer no início do século XIX com a vinda da monarquia portuguesa. Após a Independência do Brasil, em 1822, criou-se no país uma certa xenofobia contra os portugueses, ficando a imigração decaída.
Mas, com o passar do tempo, o fluxo de imigrantes portugueses para o Brasil, ao invés de diminuir, cresceu drasticamente. Em grande parte, isto se deve ao fim do tráfico de escravos africanos em 1850. Com o fim do tráfico, adveio uma carência de mão-de-obra no Brasil, e ao mesmo tempo ocorreu a expansão das plantações de café no país, necessitadas de trabalhadores. O governo brasileiro começou um processo de substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho assalariado de imigrantes europeus.
A partir da metade do século XIX, a imigração portuguesa no Brasil tomou caráter quase que exclusivamente urbano. O perfil do imigrante português também se alterou: antes, a maioria era composta por homens solteiros. A partir do final do século XIX, as mulheres portuguesas também chegaram ao Brasil em grande número.
As crianças menores de 14 anos eram 20% dos imigrantes. A situação econômica também se alterou. Na época colonial, muitos portugueses ricos e até nobres migraram ao Brasil. No final do século XIX, os que chegaram eram extremamente pobres e sem escolaridade, vindos de aldeias do interior de Portugal.
As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo receberam a maioria desses imigrantes de Portugal. Uma expressiva parcela dessa população era oriunda de regiões interioranas do norte de Portugal, notadamente entre Beira Alta e Alto Trás-os-Montes e eram, em sua maioria, extremamente pobres, vindos em família, com grande número de mulheres e crianças.
Ao chegarem ao Brasil, procuravam parentes ou se instalavam em pequenos cortiços. A maior parte desses imigrantes se dedicou ao comércio: pequenas vendas e padarias, chegando ao ponto de dominarem essas duas atividades em várias regiões do Brasil. Outros, tornaram-se operários nas nascentes indústrias brasileiras.
Imigração de declínio (1960-2000)
A partir década de 1930, não apenas a imigração portuguesa no Brasil, mas todas de uma maneira geral caíram, e isso se deve ao Brasil já não mais precisar de imigrantes para abraçarem a agricultura e as fábricas, pois os nacionais já supriam a demanda. Nesta década, o presidente brasileiro Getúlio Vargas criou uma lei que controlava a entrada de imigrantes no Brasil ("Lei de Cotas de Imigração"), à qual apenas os portugueses não estavam sujeitos.
As várias décadas que durou o salazarismo contribuíram para uma grande vinda de portugueses para o Brasil. Essa imigração durou até meados da década de 1960.
Após a II Guerra Mundial, os portugueses foram os únicos que continuaram a chegar em grande número ao Brasil. Entre 1945 e 1959 ainda chegaram ao Brasil, cerca de 250 mil portugueses.
A imigração portuguesa em números
Imigração portuguesa para o Brasil (1500-1991) Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) | ||||||||
Décadas | Número de imigrantes | |||||||
1500-1700 | 100.000 | |||||||
1701-1760 | 600.000 | |||||||
1808-1817 | 24.000 | |||||||
1827-1829 | 2.004 | |||||||
1837-1841 | 629 | |||||||
1856-1857 | 16.108 | |||||||
1881-1900 | 316.204 | |||||||
1901-1930 | 754.147 | |||||||
1931-1950 | 148.699 | |||||||
1951-1960 | 235.635 | |||||||
1961-1967 | 54.767 | |||||||
1981-1991 | 4.605 | |||||||
TOTAL | 2.256.798 |
Identidade luso-brasileira
Os portugueses constituíram a população mais significativa na criação do Brasil. No entanto, a proximidade entre ambas as culturas torna relativamente fácil a integração de portugueses no Brasil.
Somando-se a isto o corte, a nível cultural, efectuado com a ex-metrópole após a Independência do Brasil (a cultura portuguesa seria diminuída em prol do nascimento e desenvolvimento da cultura brasileira), muitos descendentes de portugueses no Brasil, ou luso-brasileiros não têm grande contacto com a cultura de Portugal, porque a cultura brasileira é uma continuidade da portugalidade nos trópicos ao contrário do que se sucede com outros grupos, como os nipo-brasileiros ou ítalo-brasileiros, que sentem ainda grande ligação com a terra de origem.
Devido à falta de organização das organizações luso-brasileiros, não há estimativas sobre o número de descendentes de imigrantes portugueses no Brasil disponíveis. Porém, se se embazar no número de descendentes de imigrantes italianos, que chegaram ao Brasil em número quase igual aos portugueses, chega-se a 25 milhões.
É notório, porém, que há 25 milhões de luso-brasileiros descendentes dos cerca de 1,5 milhão de portugueses que chegaram ao Brasil após 1850. Muitos outros milhões de brasileiros possuem origens portuguesas que remontam aos centenas de milhares de colonos vindos de Portugal que se fixaram no País desde o século XVI.
Estes últimos, em sua grande maioria, sabem muito pouco sobre suas origens.
Moram no Brasil aproximadamente 700.000 pessoas com nacionalidade portuguesa. Esta população imigrou para o Brasil, na sua maioria, entre 1930 e 1960. Hoje em dia, e cada vez mais, se nota um aumento significativo de portugueses que compram propriedades no Brasil, sobretudo no Nordeste. Estes portugueses dedicam-se sobretudo ao turismo.
Quantos brasileiros possuem ascendência portuguesa?
Não existem números concretos sobre o número de brasileiros com ascendência portuguesa. Dada a antiga imigração lusitana ao Brasil, remontando ao século XVI, seria impossível obter um número exato. Muitos brasileiros de origem portuguesa desconhecem suas origens ou, pelo fato de estarem enraizados no Brasil há gerações, se consideram apenas como sendo brasileiros.
Em 1872, havia no Brasil 3,7 milhões de pessoas brancas. Por fatores históricos, quase a totalidade dessa população era de origem portuguesa, tendo em vista que a imigração maciça de outros cidadãos europeus para o Brasil (italianos, principalmente) só começou após o ano de 1875. A população parda (ou seja, mestiça de português com africano e índio) era de 4,1 milhões de pessoas e os negros totalizavam 1,9 milhões. Desta forma, viviam no Brasil, na década de 1870, 80% de pessoas com alguma ascendência portuguesa, entre portugueses, luso-brasileiros e mestiços.
No século XIX e por grande parte do século XX, uma nova onda de imigrantes portugueses chegou ao Brasil.
Entre 1881 e 1991, mais de 1,5 milhão de pessoas imigraram de Portugal para o Brasil.
Em 1906, por exemplo, viviam 133.393 portugueses na cidade do Rio de Janeiro, compondo 16% da população. O Rio é, ainda hoje, considerada a "maior cidade portuguesa" fora de Portugal.
Fonte - Pesquisa na net, enciclopédia livre e alguns artigos.
Crescimento do país irmão atrai muitos portugueses, mas há dificuldades. Ordem dos Engenheiros, por exemplo, tenta aligeirar exigências à contratação.
Os tempos são outros, ainda à poucos anos eram os irmãos brasileiros que procuram melhor vida em terras lusas, e, todos nós sabemos o tratamento que tiveram , muitos deles regressaram ao Brasil, pior do que quando de lá sairam.
Em Portugal existe falta de emprego, a económia está arruinada, e os portugueses, recomeçaram a sua rota de migração para países europeus e agora de novo o país irmão e Angola.
Os novos navegadore, portugueses, se aventuram de novo, não na descoberta de novos mundos, mas sim em busca de uma vida melhor.
O país irmão Brasil, sempre recebeu de braços abertos os imigrantes portugueses, o mesmo não acontecendo no jardim à beira mar plantado.
2 comentários:
Estimado confrade e amigo António Cambeta!
Apreciei sobremaneira a retrospectiva que você fez sobre o papel preponderante que o habitantes do reino distante além-mar têm na formação do povo brasileiro. Você também encerrou-se brilhantemente a retrospectiva ao afirmar que sempre recebemos de braços abertos os imigrantes, o que é um fato! Infelizmente a recíproca não é verdadeira, porque quando meus patrícios migram para o reino distante além-mar são discriminados, porque as mulheres são consideradas rameiras e os homens meliantes, além é claro o constrangimento que passam nossos dentistas ao tentarem exercer seu nobre ofício no reino distante além-mar.
Caloroso abraço! Saudações fraternais e transparentes!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Brasil
O que afirmo sobre o tratamento que é dado aos irmãos brasileiros é uma realidade, que pude constactar, aquando das minhas idas a Portugal.
Na cidade de Évora havia muitos irmãos brasileiros, angolanos e de outros países falantes da língua portuguesa, e o tratamento que lhe era dado não era de modo algum, nem de longe o melhor.
Puro racismo, e que dã origem a discussões e a vias defato.
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