o mar do poeta

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quinta-feira, dezembro 29

OS TREMOÇOS



Os melhores tremoços

Já gostávamos dele quando era o ‘marisco do povo’, mas agora a ciência apoia a sua elevação ao estatuto de alimento saudável dando-nos boas razões para exigir a sua inclusão na nova roda dos alimentos.

O seu nome vem do árabe “al-turmus”, e é da família das favas e ervilhas. Fiel companheiro da cerveja, o tremoço é um verdadeiro petisco tradicional injustamente votado a alguma indiferença perante o carisma de uns pistácios ou até de uns amendoins.

Servido gratuitamente nas tascas e cervejarias - um pires por cada cerveja -, não é fácil encontrar nos cafés e esplanadas mais recentes, mas começa a ser reabilitado nalguns restaurantes que recuperam acepipes tradicionais e onde é possível degustá-lo condimentado das mais variadas várias formas: com salsa, vinagre e alho (na Taberna Ideal), marinados à moda da Madeira com pimentos, coentros e alho (o Madeirense no Parque das Nações) ou conjugados com azeitonas pretas e pickles (no Noobai).

A verdade é que o debicámos durante anos de forma displicente, pouco sabendo da sua história. Suspeitássemos nós que as propriedades nutricionais desta leguminosa (por que é de uma leguminosa que se trata) justificavam a sua inclusão na classe dos alimentos salvíficos e teríamos dado ao acto maior solenidade.

Assim, permaneceu com o encanto das coisas simples.

É que nutricionalmente este modesto bago amarelo está quase ao nível de um bife. Tem três vezes mais proteínas e duas vezes mais fósforo do que o leite de vaca. E mais: é rico em fibras, vitaminas do complexo B, cálcio, potássio, ferro, vitamina E e ómega 3. E ainda mais: o seu reduzido teor em amido converte-o num aliado nada desprezível no controlo dos níveis de açúcar no sangue e um óptimo companheiro das dietas. As suas propriedades cicatrizantes estimulam  a renovação das células da pele...

Um verdadeiro elixir, em suma. Os egípcios deviam sabê-lo, consumiam a semente do tremoceiro há pelo menos três mil anos. Actualmente a Austrália é o maior produtor mundial. Além de Portugal, são também são apreciados na América latina e nalguns países da bacia do Mediterrâneo.

Em busca dos tremoços perdidos

Já se sabe que descobrir esse lugar mítico com a melhor cerveja e os melhores tremoços é tarefa de uma vida. Há quem nunca o encontre mas a busca em si já vale a pena. Além dos novos locais trendy que recuperam este acepipe, só mesmo as tascas e cervejarias mais underground é que mantêm a tradição. Nas petisqueiras da Morais Soares ou nas tascas do Cais do Sodré, em Lisboa, é certo que não lhe negarão um pires.

A Portugália e a Trindade são clássicos quase infalíveis, assim como o Eduardo das Conquilhas, na Parede, o Pinóquio, nos Restauradores, ou o Sem Palavras, na zona de Alvalade. Não descure a pesquisa em locais mais anónimos.

Se nem tudo o que luz é tremoço, às vezes os mais frescos e estaladiços podem ser os que se ocultam em pires mais modestos.

De aperitivo a fertilizante

Para ser comestível, o tremoço tem de ser cozido e demolhado em água salgada já que o grão seco é tóxico e contém vários alcalóides que lhe conferem um sabor amargo, como a lupanina, a anagirina ou a espartaína.

Menos conhecidas são suas propriedades como fertilizante. Recentemente uma equipa de investigadores do Instituto Superior de Agronomia desenvolveu um fungicida natural a partir de uma proteína da flor do tremoço que pode ser usado em vinhas, por exemplo. Um autêntico adubo verde.

A maldição do tremoço

Da próxima vez que der por si a comer compulsivamente tremoços não culpe o seu temperamento aditivo. Há aqui mão da Nossa Senhora. Reza a lenda que o tremoço é culpado de boicotar a fuga da Sagrada Família, que não conseguiu disfarçar a sua passagem por um campo de tremoceiros maduros devido ao barulho que os ramos faziam ao serem pisados.

Que nunca matassem a fome a quem os comesse terá decretado a santa irritada. E talvez tenha resultado a maldição, para gáudio dos proprietários das tascas que os distribuem à meia dúzia em pires minúsculos, mas tal só contribui para elevar o mito.

De resto, em 2009 já teve honras de estrela na VI Feira do Tremoço, em Cantanhede. No Peru existe até uma associação internacional que se dedica, desde 1980,a representar os interesses do tremoço.

Por cá, fazemos a nossa parte: é mais um pires para esta mesa sff!

Fonte - Vilar Formoso



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Com a crise que se está vivendo em Portugal é uma boa razão para se voltar a comer estes apetitosos e baratos camarões do Eusébio.


E esta bela lagosta que o amigo Henriques me enviou também já marchava.

 

3 comentários:

Catarina disse...

Sabia que o tremoço tinha alto valor nutricional mas desconhecia a sua história tal como aqui é relatada. A partir de hoje vai haver tremoços aqui em casa todos os dias.

Carlota Pires Dacosta disse...

O que sabe bem uns tremoços e uma saborosa imperial ao fim da tarde, num quente dia de verão, eheheheh
beijo

Jose Martins disse...

Dos "tramoços" não sabia...mas tinha conhecimento dos mendoins....que dão cá uma tusa (claro a quem ainda a tem) quando ao comê-los....
.
Bem a coisa é assim: dos mendoins cai a casca... e esta em cima da braguilha das calças... e quando se limpa, por uma questão de sensibilidade do "caralho" este levanta-se...
.
E foi assim que levei um estalo na cara quando comia mendoins e pedi a uma minha namorada que le limpasse as cascas dos mendoins em cima da braguilha das calças!.