Trigo
Classificação científica
Reino: Plantae
Superdivisão: Spermatophyta
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Poales
Família: Poaceae
Género: Triticum, L.
Espécies
T. aestivum
T. aethiopicum
T. araraticum
T. boeoticum
T. carthlicum
T. compactum
T. dicoccon
T. durum
T. ispahanicum
T. karamyschevii
T. militinae
T. monococcum
T. polonicum
T. spelta
T. timopheevii
T. trunciale
T. turanicum
T. turgidum
T. urartu
T. vavilovii
T. zhukovskyi
O trigo (Triticum spp.) é uma gramínea que é cultivada em todo mundo. Globalmente, é a segunda-maior cultura de cereais, a seguir ao milho; o terceiro é o arroz. O grão de trigo é um alimento básico usado para fazer farinha e, com esta, o pão, na alimentação dos animais domésticos e como um ingrediente na fabricação de cerveja. O trigo é plantado também estritamente como uma forragem para animais domésticos, como o feno.
História
O trigo foi primeiramente cultivado no Crescente Fértil, no Médio Oriente. Os arqueólogos demonstraram que o cultivo do trigo é originário da Síria, Jordânia, Turquia e Iraque. Há cerca de 8.000 anos, uma mutação ou hibridização ocorreu, resultando em uma planta com sementes grandes, porém que não podiam espalhar-se pelo vento. Esta planta não poderia vingar como silvestre, porém, poderia produzir mais comida para os humanos e, de facto, ela teve maior sucesso que outras plantas com sementes menores e tornou-se o ancestral do trigo moderno.
Produção e consumo
De acordo com a Informa Economics relatório divulgado recentemente mostra que o ano de 2009/10 (Abril a Março do próximo ano) produção mundial de trigo está projetada em 666,8 milhões de toneladas, ante uma previsão anterior de 662,4 milhões de toneladas Em contrapartida, no ano passado a produção mundial de 682,1 milhões de toneladas de trigo.
Entre eles, a produção de trigo E.U. foi de 60,4 milhões de toneladas, acima das previsões anteriores 59,4 milhões de toneladas, no ano passado os E.U. produzidos 68 milhões de toneladas de trigo.
Produção de trigo do Canadá foi de 24,6 milhões de toneladas, acima das previsões anteriores 23,6 milhões de toneladas, no ano passado, produziu 28,6 milhões de toneladas de trigo.
Rússia produção de trigo para os 56,5 milhões de toneladas, acima das previsões anteriores 55,5 milhões de toneladas, no ano passado, produziu 63,7 milhões de toneladas de trigo.
Ucrânia produção de trigo para os 20 milhões de toneladas, acima dos 19,5 milhões de toneladas previsão anterior, no ano passado, produziu 25,9 milhões de toneladas de trigo.
Cazaquistão produção de trigo é estimada em 14,5 milhões de toneladas, superior à previsão anterior de 13,5 milhões de toneladas, no ano passado, produziu 12,6 milhões de toneladas de trigo.
Produção de trigo da Índia foi de 80,6 milhões de toneladas, superior à produção anual de 78,6 milhões de toneladas.
Produção de trigo da UE manteve-se em 139 milhões de toneladas, no ano passado produziu 151,3 milhões de toneladas de trigo.
Produção de trigo chinês estáveis em 114,5 milhões de toneladas, no ano passado produziu 112,5 milhões de toneladas de trigo.
Produção de trigo da Austrália também é estável em 24,5 milhões de toneladas, superior à produção do ano anterior de 21,4 milhões de toneladas de trigo.
Produção de trigo no Brasil desde a mais 5,5 milhões de toneladas até 450 milhões de toneladas, a produção de trigo no ano passado para 600 milhões de toneladas.
Espécies mais comuns
Trigo Comum - (T. aestivum) Uma espécie hexaplóide que é a mais cultivada no mundo.
Triticum monococcum - Uma espécie diplóide com variedades selvagens e domesticadas. Foi uma das primeiras espécies cultivadas, mas raramente utilizada atualmente.
Farro - (T. turgidum var. dicoccum) Uma espécie tetraplóide com variedades selvagens e domesticadas. Cultivada em tempos antigos, mas pouco atualmente. É de farro que vem a palavra farinha.
Os cultivares de trigo são classificados segundo a estação do ano em que crescem (trigo de inverno ou trigo da primavera) e pelo conteúdo em gluten (trigo duro (elevado conteúdo em glúten ) ou trigo macio (elevado conteúdo em amido).
Alentejo - Celeiro de Portugal?
Na primeira metade do século passado, a imagem (mito) do Alentejo como celeiro do país consolida-se, justificando o crescimento populacional e o progressivo avanço dos campos cultivados sobre a charneca. Inspirado noutros exemplos europeus (caso de Itália), o Estado Novo retomará o mesmo rumo, lançando a partir de 1929, a Campanha do Trigo.
Embora breve – em 1937 o esforço está já terminado, sucumbindo às dificuldades de colocação externa do produto e ao rápido esgotamento dos solos mais pobres -, a Campanha do Trigo resultará num aumento ainda mais significativo das áreas cultivadas, ao mesmo tempo que revela a prazo, os limites (esgotamento) da imagem da superabundância que servia secularmente para caracterizar a região.
Invadidos pelo trigo, as regiões de solos delgados e xistosos depressa mostraram que a sua vocação não era cerealífera (vejam-se as terras da “região” campaniça). À Campanha do Trigo sucedeu, nos anos 60, outra tentativa política para, de novo, salvar, de fora, o Alentejo. Pretendia-se, como antes, reforçar a sua produção agrícola. Desta vez já não se tratava de estender a cultura tradicional do trigo, mas de substituir a cultura extensiva de sequeiro pela intensiva de regadio, ou seja, de implantar no Alentejo formas de produção que lhe eram quase completamente alheias (digo alheias, porque não houve desgraçadamente qualquer plano de formação ou de ajudas/financiamentos). Não através de obras pequenas, ao alcance de todos os agricultores, mas através de grandes empreendimentos financiados e executados pelos organismos estatais, o que implicava a sua utilização sobretudo por grandes empresas e escassas cooperativas.
Contudo, as barragens destinadas a regar os vales largos que enquadravam o Alentejo a norte e a nordeste, o Sorraia e o Baixo Sado, deram resultados apreciáveis, mas não se podia dizer o mesmo das que se construíram no Baixo-Alentejo, no Roxo, no Alto Sado e no Mira. A Revolução Regional com que os seus promotores sonharam não se deu. E que dizer da grande “miragem” do Alqueva, sempre adiada {os primeiros planos de construção de uma grande barragem no Guadiana, datam do último quartel do século XIX; veja-se O Projecto de Fomento Rural, apresentado ao Parlamento, por Oliveira Martins, em 1887, ou ainda, os textos desse grande reformista (esquecido pela historiografia) que foi Ezequiel de Campos}, mas nunca (definitivamente) esquecida e finalmente construída. Qual será o destino da água que se imagina poder armazenar nos anos mais chuvosos? Pensou-se primeiro que iria alimentar as indústrias de Sines. Gorado o projecto, atribuiu-se-lhe o destino de regar, a grandes custos, os campos que dominam o Médio vale do Guadiana. Não se disse a que preço, com que mão-de-obra, nem para que mercado. Chegou-se a projectar resolver com a água do Alqueva a penúria do Algarve turístico e hortícola. Talvez acabe por irregar os morangos e laranjais de Lepe e Huelva.
Uma vez mais o Alentejo (será) seria o fornecedor explorado e não o beneficiário. O fim da Campanha do Trigo e as tentativas de regadio foram, aliás, suficientes para desmentir a vocação essencialmente cerealífera da economia Alentejana, mantida pelo Estado Novo e, até depois do 25 de Abril, tentada de certa forma, pela Reforma Agrária. Tivemos que esperar pela integração no espaço económico comunitário para se assistir à crise/falência total e aberta do sistema.
Que Futuro?
In: albardeiro.blogs.sapo.pt/arquivo/2004_06.html
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As políticas e o clima tudo mudam, as mondas que eram feitas por ranchos de moçoilas, que cantando iam retirando as ervas daninhas do meio dos trigueirais, deu lugar à monda química, na altura da ceifa, o azafama era enorme, no Alentejo, minha província natal, o pessoal para a ceifa não era suficiente, e então, muitos trabalhadores do Norte vinham para o Alentejo trabalhar, eram apelidados de ratinhos!...
Hoje em dia a ceifa é feita mecânicamente, os enormes ranchos de pessoal para a ceifa deixaram de existir, perdendo-se desta forma uma antiga tradição, a sua cultura e foclore.
Recordo-me de ir passear para o campo, correr por entre os imensos trigueirais, colher papoilas e comer alguns bagos de trigo.
Ir com meu tio José, apanhar feno, carradas enormes, que até a velha mula tinha, por vezes, dificuldades em andar.
Minha extremosa mãe no campo trabalhou como ceifeira, minha avó tinha um forno onde cozia o belo pão alentejano, que era confecionado segundo a tradição e não com aditivos como é presentemente.
Belas merenderas ela me fazia, nas quais, algumas vezes, colocava em naco de chouriço, como era delicioso, mas tudo passou, tal como o vento tudo levou assim as tradições e o viver puro e simples, dos tempos de outrora, onde não ouvia falar de poluição, onde a energia eléctrica era escassa, dando-se uso aos candeeiros de pretóleo, as viaturas automóveis igualmente eram poucas e só os ricalhaços esses senhores eram possuidores delas.
Tudo mudo é bem verdade, e por isso o aparecimento de tantas doenças e tantas pragas, pagamos o custo desta tecnologia que nos vai levando para destruição.
Enfim!...
António Cambeta
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Espigas desta terra
Vocação de pão
Searas de vento
Ventos de paixão
Juntam-te fermento
Do meu coração
Espigas desta terra
Celeiros de amor
És calma de estio
Amas o calor
Mãos em desvario
Ceifadas na dor
Espigas desta terra
Rude gente a tua
Que sofre e não cai
Nas pedras da rua
Mas em ti se esvai
Ruas d'amargura
Espigas desta terra
Mulheres te serviram
Feitas fundas mágoas
Não sei se elas riram
Seus olhos mares d’águas
Flores que não floriram
*Alentejo, a maior província de Portugal, foi em tempos o seu orgulhoso celeiro mas o seu pão era feito de sangue, suor e lágrimas. Agora é umas das áreas europeias mais despovoadas, onde vagueiam velhos e animais nas profundezas do esquecimento humano. Alemães e ingleses vão-lhe comprando as entranhas, que mais ninguém quer. Sei o que foi aquilo; o inferno ao calor do sul, a fome ao frio da indiferença. Hoje; é o abandono, ao estigma do despovoamento.
Eugénio de Sá
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