o mar do poeta

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terça-feira, julho 3

TUFÃO HELLEN E A DOCA DO LAMAU

                          Posto da Polícia Marítima e Fiscal - Doca do Lamau

 http://cambetabangkokmacau.blogspot.com/2009/05/fai-chi-kei-lamau-ontem-e-hoje.html

As zonas do Fai Chi Kei, Doca do Lamau e Ilha Verde eram as áreas eram as mais pobres de Macau até  ao principio dos anos 90'. No Lamau existiam os estaleiros chineses para a construção de juncos de pescas, tudo em seu redor era constituído por parafitas, no Bairro de Fai Chi Kei, havia somente dois prédios do Estado, o resto, junto ao mar era constituídos por barracas.


                        Doca do Lamau anos de 1972 - Foto de Carlos A. Dias

O articulista foi promovido a Chefe da Polícia Marítima e Fiscal no dia 19 de fevereiro de 1983, deixando de prestar serviço no Terminal Marítimo do Porto Exterior, e como o Imediato da PMF não simpatizava com o articulista nem este com ele, foi nomeado Chefe do Sector 3, que tinha por missão fiscalizar toda a orla marítima desde a Doca do Lamau, onde se encontrava o Posto de Comando, o Bairro do Fai Chi Kei e Ilha Verde, para tal tinha sob suas ordens dois subchefes e 8 agentes.

O Posto Fronteiro das Portas do Cerco estava igualmente englobado nesta vastissíma aérea, mas deixou de o ser, no mesmo dia em que o articulista tomou posse, a razão para tal era sabido de todos!...

Na zona da Doca do Lamau o unico edifício que havia cosntruído em betão era o posto da PMF, tudo o resto era composto de barracas, muitas delas parafitas, já na zona do Fai Chi Kei, havia o Bairro 28 de maio, tendo uma única rua a Comandatente João Belo, a qual tinha um edífico dos serviços de assistência , todo resto eram igualmente constituido por barracas.

 Cada Chefe da PMF tinha uma zona de barracas a responsabilidade de vigiar e contabilizar os moradores, não permintido o aumento das mesmas, as Obras Públicas nada faziam naqueles locais.

                                                 Foto de Carlos A. Dias

Em toda a zona do Lamau havia estaleiros chineses que construiam juncos de pesca, bem como ao fundo do Fai Chi Kei, para o efeito necessitavam de madeira, madeira essa que vinha que era transportandada em batelões vindos de Hong Kong e lançados na doca do Lamau, como se pode ver pela foto apresentada.

O Posto 3 da PMF no Lamau era um pequeno edifício sem condições algumas, as barracas, por mais fiscalização que tivessemos sobre elas, nasciam da noite para o dia, tal cogumelos, é certo que muita gente meteu dinheiro ao bolso para fechar os olhos, e tanto o Lamau e o Fat Chi Kei, a maioria dos seus habitantes nessas barracas ou parafitas eram chineses que tinham entrado clandestinamente em Macau.

O articulista nada podia fazer para travar o aumento diário dessas mesmas barracas, cujos moradores só durante a noite lá se encontravam.

Um Comissário que não simpatizava com o articulista, devido a este não lhe untar as mãos, um dia apareceu no posto, e deu ordem para eu o articulista mandasse retirar todos os troncos de madeira que se encontravam no mar e num terreno junto ao mesmo, e mais, que fosse fiscalizar todos os estaleiros e conferir se estavam todos legalizados, bem como as medidas dos mesmso, se não obedesse às suas ordens seria o articulista fortemente punido,

O articulista ainda retorquio ao dito Comissário, dizendo-lhe que os toros de madeira já ali se encontravam à dezenas de anos e que os estaleiros eram da competência da Capitania dos Portos, mas nada feito.

                                                   Foto de Lei Iok Tin

O articulista nos dias seguintes lá foi saber a quem pertenciam os toros e se tinham licença para ali os depositarem, os proprietários responderam que não havia outro local para depositar os toros de madeira e dali os não retirariam, para tal iriam terem uma reuniãos com os Kai Fongs, sobre o assunto.

Sobre os estaleiros, o articulista na companhia de agente de primeira classe, os passou a pente fim, sem porém ter passado por imensas dificuldades para entrar neles já que não havia vias de acesso por terra.

Foram verificadas todas as licenças dos estaleiros, passadas pela Capitania dos Portos, e nenhuma delas conrrespondia ao actual proprietário. Foram igualmente medidas as áreas dos mesmos, e todos eles estavam ocupando aéreas muito superiores à que constava na licença.

Todo esse mega trabalho levou alguns meses a ser feito, entretanto no dia 8 de setembro de 1983, Macau foi assolado por um super tufão o Hellen, e o articulista, conforme mandavam as regras nos posto se encontrava desde que o sinal 3 foi içado, isso lá para os finais de agosto , ao qual regressaram igualmente os patrulhas da zona, que eram num total de 18.

Com as portas e janelas fechadas o ar no interior do posto era pesado, não havendo igualmente espaço para nos movimentar-mos, foi então que o articulista decidiu ir rondar a zona, para tal acompanhado de um condor saimos do Lamau num jeep, tendo usado uma velha e pequena  estrada de terra  batida para entramos na avenida, chovia torrencialmente e o vento atingia já valores elevados.

Circundamos a Ilha Verde, até essa altura nada de grave vimos, porém e quando já estavamos perto da avenida, um portão de ferro passou voando defronte do jeep, por sorte não nos atingiu, paramos a viatura e olhamos para dentro de uma pequena fábrica, que tinha ficado sem o portão, mas não vimos ninguém, seguimos o caminho, chegados defronte do Canidromo, as rajadas de vento eram intensas, e postes electricos caiam bem perto de nós, com os fios partidos provocando imensas chamas, de tudo o que iamos vendo relatavamos, atarvés de aparelho de fonia para o Comando.

Com muita precaução fomos seguindo, tendo percorrido a zona do Fat Chi Kei, e visto algumas embarcações irem ao fundo, mais tarde viemos a saber que tinham morrido 12 dos seus ocupantes, e nós sem nada podermos fazer.

Regressamos ao posto, mas o não conseguimos fazer, devido às únicas duas entradas que davam para o posto, estarem obstruídas por enormes árvores, relatmos o acontecido ao Comando que em resposta nos disse para não informamos mais nada e que  fossemos para o Comando, sito no Quartel dos Mouros na zona da Barra.

Durante o percurso vimos imensas árvores derrubadas, postes elctricos, tabuletas de anúncios, enfim de tudo um pouco. Quando no encontravamos no Largo da Barra para entramos na Calçada do Peixe Salgado que ia dar ao Comando, eis que uma velha e enorme arvore cai sobre o muro do Pagode da Barra destruindo-o, isto a cerca de alguns metros do local onde nos encontravamos.

Chegados ao Comando relatamos os factos e fomos descansar, e por lá ficamos 4 dias até o tufão Hellen ter entrado no continente chinês onde fez enormes estragos destruindo 40 mil casas e causado a morte a número indeterminado de pessoas.

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A fúria de Ellen 

Um tufão que ainda está bem vivo na memória de muitos residentes é o Ellen. Na madrugada de 9 de Setembro de 1983, vindo de sudeste, o olho do tufão espreitou Macau, passando junto à zona oriental da península de Macau. Ellen deixou um rasto de destruição e morte como há vários anos já não se via. Na Doca de Lam Mau dez pescadores morreram em resultado do afundamento de vários juncos.

Nos últimos vinte anos, o sinal n° 10 só voltou a ser içado por duas vezes. Em 1991, o Becky assustou, mas com ventos inferiores a 110 quilómetros por hora acabou por não causar mortes nem feridos, provocando inundações nas zonas ribeirinhas e desalojando centenas de pessoas.
A última vez que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos hastearam o sinal 10 foi em 16 de Setembro de 1999. Nesse dia, o olho do York passou pela ilha de Lantau desviando-se para oeste, mas sem chegar a visitar Macau. Na região administrativa especial vizinha, este tufão deixou má memória causando uma morte e 300 feridos. Em Macau as chuvas torrenciais causaram inundações nas zonas baixas da cidade e vários placards e árvores foram arrancados. 

Num ano em que as tempestades tropicais estiveram particularmente activas nesta zona do mundo - chegaram ao Mar do Sul da China dezasseis tufões - o York transportou ventos cuja rajada máxima atingiu os 150 quilómetros por hora. 

Fonte - Revista Macau

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In 1983, Typhoon Ellen came to Hong Kong and caused extensive damage, forcing the hoisting of Hurricane Signal No. 10.

Typhoon Ellen was the worst typhoon to strike Hong Kong since Typhoon Hope in 1979. It passed about 7 nautical miles southwest of Fan Lau, the southwestern tip of Lantau lsland. 10 people were killed and 12 were missing. The Hurricane Signal, No. 10, was hoisted for a duration of 8 hours, which was the same as during Typhoon Wanda in 1962. Hurricane force winds lasted for 5 hours at Cheung Chau. This was a longer duration than in Typhoon Wanda in 1962, Typhoon Hope in 1979 or Typhoon Rose in 1971 as a result of Ellen's track and its relatively slow movement. The highest gust over Hong Kong, 134 knots, was recorded at Stanley. A maximum gust of 128 knots was recorded at Cheung Chau, which was the highest gust there since 1953. At Waglan lsland, the maximum gust of 122 knots was the highest since Typhoon Ruby of 1964.

Fonte - Royal Obervatory

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 Muitas das barracas da Doca do Lamau e do Fai Chi Kei ficaram bastante danificadas, tendo a comissão de moradores solicitado ao articulista para que autorizasse a reparação das mesmas, não tendo esse poder, comunicou ao Comando, que acedeu a esse pedido, mas na condição de eu estar presente nessas reparações e fazer um relatório completo das obras feitas, número da barraca e sua localização, e assim foi.

Na companhia de três membros da comissão de moradres, passamos o dia verificando barraca por barraca, comida nada, a única coisa que foi ofertada foi um sumo de laranja, numa das barracas visitadas.

Feito o extenso relatório o articulista seguiu para o Comando onde dele fez entrega a um Comissário, que o foi entregar ao Comandante da PMF.

No dia seguinte esse mesmo Comissáriofoi informar o Comandante que eu, tinha recebido avultada quantia em dinheiro por ter autorizado a reparação de algumas barracas, em face dessa informação fui chamado à presença do Comandante, estando presente esse tal Comissário, mas para me percaver levei comigo os três membros da Associação de Moradores, pois temia que o Comandante da PMF, uma vez mais emprenha-se pelos ouvidos.

Levava comigo uma cópia do tal relatório e mais um relatório feito pela Comissão de Moradores do Lamau e Fai Chi Kei, tinha igualmente já terminado a vistoria dos estaleiros e feito o extenso relatório com mais de 200 páginas.

Ponto a ponto foi esclarecido o que tinha sido reparado, mencionando as zonas, que eram da responsabilidade de alguns Chefes,  através de um tradutor foi lido o relatório da Comissão de Moradres, que tal como o meu relatório era bem claro, mas este fazia um elogio à minha pessoa pela ajuda prestada, e agradecidos estavam os moradores que viram em mim uma pessoa de bem, compreensiva e que sem pedir nada, andou horas debaixo de água, para auxiliar os moradores.

O Comandante aceitou os relatórios, agora seria a vez dos Chefes encarregados das zonas das barracas irem ao local e verificarem se tinham havido alterações e fazerem os respectivos relatórios, e a reunião ficou por ali naquela tarde.

Volvida uma semana, de novo o Comandante da PMF solicitou a minha presença no Comando, tinha já recebido os relatórios dos Chefes das zonas de barracas, que eram ainda uns seis, e tudo estava em conformidade com o relatório que eu e a Associação de Moradores tinha entregue. Os jornais de língua chinesa elogiaram o trabalho do articulista, e o Comandante em face de tudo isto, nada comentou.

O tal Comissário, que era uma víbora, informou o Comandante que me tinha dado uma ordem para mandar remover os toros de madeira e vistorial os estaleiros, fazia já meses e ainda não tinha sido cumprida a sua ordem.

Sabendo como as coisas se processavam, solicitei ao Comandante para que na presença do Capitão dos Portos fizesse a entrega desse vasto relatório, que tinha guardado num cacife no Comando, pedido este que foi aceite.

Começada a reunião, estando presentes o articulista, o Capitão dos Portos, Comandante da PMF e o tal Comissário, comecei por fazer um historial sobre a Doca do Lamau, seus estaleiros e sobre os toros de madeira que se encontravam no mar e margem do mesmo, informando que era da competência dos Serviços de Marinha, Capitania dos Portos todo aquele trabalho, já que era a Capitania dos Portos que passava as respectivas licenças, disse que tudo estava ilegal, nenhum proprietário dos estaleiros era aquele a quem foi passada licença e que os estaleiros tinham ocupado uma aérea muito superior à permitida, e ai ataquei o Comissário dizendo ao Capitão dos Portos que tinha sido nomeado Chefe do Sector só em Fevereiro, e que o Comissário me tinha ameaçado em me punir.

O mal já vinha fazia muitos anos, e muitos enriqueceram com essas tramóias, disse, e mais, que tinha ficado com uma cópia desse mesmo relatório e que o entregaria a um jornal de língua chinesa, caso o comando não acredita-se no relatório e nas minhas palavras.

O Comandate pouco sabia a meu respeito e mando chamar o Imediato, tendo-lhe perguntado porque razão me tinha nomeado para a pior zona, sendo o articulista o Chefe mais antigo? o Imediato ficou calado bem como o Comissário, tendo sido ambos nomeados para tomarem posse como Comandate da Sector Mar e adjunto, respectivamente, e eu sendo substituído do Sector 3 indo chefiar o Sector das Ilhas.

Mas por mal dos meus pecados volvido um ano fui destacado para o Sector Mar, indo comandar a vedeta Bravo 1 e ser perseguido tanto pelo Comandate e pelo seu adjunto, mas felizmente não conseguiram concretizar as suas acções em me punirem, antes pelo contrário.

                                     Foto de Cheong Io Tong

A zona do Fat Chi Kei, no ano de 1991 ficou totalmente destrúída por enorme incêndio o mesmo tendo acontecido meses antes na zona da Doca do Lamau, tendo os estalerios sido encerrados e alguns mudado para a Ilha de Coloane, tendo-se a partir dessa data sido construídos modernos edifícios sociais e muitos prédios, sendo essas zonas  nos dias de hoje, zonas modernas e super habitadas.

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Habitações sociais vão custar mais de 470 milhões


O Governo vai desembolsar entre 472,7 milhões e 555 milhões de patacas na construção de 737 novas casas sociais na zona do Fai Chi Kei. Depois da demolição dos edifícios, o Executivo pretende “acelerar a concretização do projecto de reconstrução de habitação pública” e aceitou na sexta-feira as propostas de 18 concorrentes à construção de 737 novas fracções distribuídas por dois edifícios de 29 andares, refere uma nota oficial do Executivo de Fernando Chui Sai On.

O custo dos projectos ficará entre os 472,7 milhões e os 555 milhões de patacas, valor mais baixo e mais alto apresentado pelos 18 concorrentes aceites no concurso. Os dois novos edifícios estarão concluídos em menos de dois anos.

A demolição do antigo bairro social do Fai Chi Kei, uma obra premiada do arquitecto Manuel Vicente, foi decidida no final de 2009 e gerou uma reacção social em defesa do bairro de seis prédios e inclusivamente uma petição on-line que reclamava a defesa do património do século XX. A obra, desenhada em 1979 e construída em 1981, foi encomendada pelo Governo de Macau durante a administração portuguesa, tendo recebido, em 1995, a Medalha de Ouro da ARCASIA (Architects Regional Council of Asia) e, em 2007, foi exposta na Trienal de Lisboa.

A intenção de demolir aquela que foi reconhecida pelos arquitectos de Macau como “a mais importante obra de habitação social do território” e uma das mais emblemáticas do século XX no Sudeste Asiático, levou a críticas e a petição na Internet recolheu centenas de assinaturas de Macau a Portugal, Chile, Estados Unidos, Espanha, Itália, entre outros países e regiões.

A construção dos dois novos edifícios deverá criar 370 postos de trabalho no território. O Governo prometeu criar, até ao final de 2012, um total de 19 mil habitações sociais, uma meta ambiciosa que poderá não ser concretizada.
Fonte - Jornal Hoje Macau



3 comentários:

Catarina disse...

Muito interessante e dramatico.
Tb gostei muito das fotos do Carlos.
Abraco

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimada Amiga Catarina,
E tudo isto se passou durante a asdministração portuguesa.
O Carlos era um famoso fotografo macaense.
Abraço amigo

Prof.Ms. João Paulo de Oliveira disse...

Estimado confrade e amigo António Cambeta!
Como é alvissareiro conhecer Macau através do seu viés tarimbado!!!!!
Caloroso abraço! Saudações atentas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP