o mar do poeta

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segunda-feira, setembro 13

PAPA JOÃO XXI - PEDRO HISPANO





Pedro Hispano (Papa João XXI)




Único papa de origem portuguesa, nascido entre 1210 e 1220, em Lisboa, e falecido em 1277, em Viterbo. Pedro Julião (ou Pedro Hispano) era médico de formação (escreveu obras científicas como o Tesouro dos Pobres e O Olho). Foi este o cargo que desempenhou na corte papal de Gregório X, tendo sido seu médico particular.

Tornou-se também, em 1272, arcebispo de Braga, e no ano seguinte cardeal de Tusculum. Grande erudito, estudou Filosofia, Medicina, Teologia e Matemática em Paris.

Depois da sua nomeação decidiu estabelecer-se em Viterbo, tendo mandado construir as instalações necessárias no palácio pontifical para o prosseguimento das suas investigações no campo da medicina.

Adoptou o nome de João XXI por lapso, uma vez que não existiu papa algum com o nome de João XX.

Tendo a sua eleição sido propiciada por Giovanni Gaetano Orsini, um poderoso cardeal da cúria (futuro papa Nicolau III), com o intuito de governar através de Pedro Julião, foi efectivamente o que acabou por acontecer, dada a absorção do pontífice nos assuntos da medicina.

João XXI confirmou a anulação que o seu antecessor, Adriano V, tinha feito do decreto relativo às eleições papais. Em Portugal, o papa advogou também a imunidade eclesiástica, contra o desejo dos senhores temporais.

Neste papado sobressaíram as medidas que visavam a implantação da autoridade do sucessor de São Pedro por toda a Cristandade e a instigação de uma nova cruzada. Assim, foi efectuada uma tentativa de continuar as negociações que Gregório X entabulara com o imperador bizantino Miguel VIII e com o clero oriental.

Contudo, a posição flexível de Gregório X não tinha sido tomada pelos pontífices que o sucederam, tendo os ultimatos feitos a Bizâncio antes do papado de João XXI criado uma atmosfera de reticência e frieza.

Pedro Hispano mandou, em 1277, fazer um levantamento da matéria ensinada na Universidade de Paris que poderia ser considerada materialista, uma vez que o estudo de Aristóteles, levado ao extremo, poderia transmitir esta noção. O resultado foi desanimador, uma vez que ascendia ao número de duzentas e dezanove as teses com este cariz.

Este papa foi sepultado em Viterbo, onde faleceu.

Da sua vasta obra escrita merece ser destacado o livro Summulae Logicales (Súmulas de Lógica), uma sistematização da lógica clássica.









Historial pessoal

Pedro Julião, ou Pedro Hispano, nasce em Lisboa, no então Reino de Portugal, provavelmente na que é a actual freguesia de São Julião, em data não conhecida, mas seguramente antes de 1226, filho de Julião Rebelo, médico, cuja profissão segue e, de Teresa Gil (embora Luís Ribeiro Soares defenda que possa ter sido filho do chanceler de D. Sancho I, Mestre Julião Pais).



Começou os seus estudos na escola episcopal da catedral de Lisboa, tendo mais tarde estudado na Universidade de Paris (alguns historiadores afirmam que terá sido na Universidade de Montpellier) com mestres notáveis, como São Alberto Magno, e tendo por condiscípulos São Tomás de Aquino e São Boaventura, grandes nomes do cristianismo. Lá estuda medicina e teologia, dedicando especial atenção a palestras de dialética, lógica e sobretudo a física e metafísica de Aristóteles.



Entre 1246 e 1252 ensinou medicina na Universidade de Siena, onde escreveu algumas obras, de entre as quais se destaca o Tratado Summulæ Logicales que foi o manual de referência sobre lógica aristotélica durante mais de trezentos anos, nas universidades europeias, com 260 edições em toda a Europa, traduzido para grego e hebraico.



Prova da sua vastíssima cultura científica encontra-se na obra De oculo, um tratado de Oftalmologia, que conhece ampla difusão nas universidades europeias. Quando Miguel Ângelo adoece gravemente dos olhos, devido ao árduo labor consumido na decoração da Capela Sistina, encontra remédio numa receita de Pedro Julião. De sua autoria, o ‘Thesaurus Pauperum’ (Tesouro dos pobres), em que trata de várias doenças e suas curas, com cerca de uma centena de edições e traduzido para 12 línguas.



Já no domínio da Teologia, é autor de Comentários ao pseudo-Dionísio e Scientia libri de anima. Encontra-se por publicar a obra De tuenda valetudine, manuscrita em Paris, dedicada a Branca de Castela, esposa do rei Luís VIII de França, filha de Afonso IX de Castela.



Antes de 1261, ano em que é eleito decano da Sé de Lisboa, Pedro Julião ingressa no sacerdócio. O rei Afonso III de Portugal confia-lhe o priorado da Igreja de Santo André (Mafra) em 1263, posto o que é elevado a cónego e deão da Sé de Lisboa, Tesoureiro-mor na Sé do Porto e Dom Prior na Colegiada Real de Santa Maria de Guimarães.



Após a morte de Dom Martinho Geraldes, Pedro Julião é nomeado Arcebispo de Braga pelo Papa Gregório X, em 1273. Um ano depois, participa no XIV Concílio Ecuménico de Lião, altura em que Gregório X o eleva a Cardeal-bispo com o título de Tusculum-Frascati, da Diocese suburbicária de Frascati, o que permite ao pontífice poder contar com os serviços médicos do sábio português. Regressa ao Arcebispado de Braga, até ser nomeado o sucessor, Dom Sancho. De volta à corte pontifícia, Gregório X nomeia-o seu médico principal (arquiathros) em 1275.



A eleição de Pedro Julião, em conclave realizado em Viterbo, após a morte do Papa Adriano V, a 18 de Agosto de 1276, decorre num período muito perturbado por tensões políticas e religiosas e com alguns cardeais a sofrer violências físicas. É eleito Papa a 13 de Setembro e coroado a 20 de Setembro de 1276, e ado(p)ta o nome de João XXI.



Pontificado

João XXI irá marcar o seu breve pontificado (de pouco mais de 8 meses) pela fidelidade ao XIV Concílio Ecuménico de Lião. Apressa-se a mandar castigar, em tribunal criado para o efeito, os que haviam molestado os cardeais presentes no conclave que o elegera.



Embora sem grande sucesso, leva por diante a missão encetada por Gregório X de reunir a Igreja Grega à Igreja do Ocidente. Esforça-se por libertar a Terra Santa em poder dos turcos.



Tenta reconciliar grandes nações europeias, como França, Alemanha e Castela, dentro do espírito da unidade cristã. Neste sentido, envia legados a Rodolfo de Habsburgo e a Carlos de Anjou, sem sucesso.



Pontífice dotado de rara simplicidade, recebe em audiência tanto os ricos como os pobres. Dante Alighieri, poeta italiano (1265-1321), na sua famosa ‘Divina Comédia’, coloca a alma de João XXI no Paraíso, entre as almas que rodeiam a alma de São Boaventura, apelidando-o de "aquele que brilha em doze livros", menção clara a doze tratados escritos pelo erudito pontífice português.

O rei aragonês Afonso X de Leão e Castela, o Sábio, avô de D. Dinis de Portugal, elogia-o em forma de canção no "Paraíso", canto XII. Mecenas de artistas e estudantes, é tido na sua época por 'egrégio varão de letras', 'grande filósofo', 'clérigo universal' e 'completo cientista físico e naturalista'.



Mais dado ao estudo que às tarefas pontifícias, João XXI delega no Cardeal Orsini, o futuro Papa Nicolau III, os assuntos correntes da Sé Apostólica. Ao sentir-se doente, retira-se para a cidade de Viterbo, onde morre a 20 de Maio de 1277, com 51 anos, vitimado pelo desmoronamento das paredes do seu aposento, estando o palácio apostólico em obras. É sepultado junto do altar-mor da Catedral de São Lourenço, naquela cidade.

No século XVI, durante os trabalhos de reconstrução do templo, os seus restos mortais são trasladados para modesto e ignorado túmulo, mas nem aqui encontraram repouso definitivo. Através do contributo da Câmara Municipal de Lisboa, por João Soares então seu presidente, o mausoléu é colocado, a título definitivo, ao lado do Evangelho de Catedral de Viterbo, a 28 de Março de 2000.

Fonte - Enciclopédia livre

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