VOLVIDOS DOIS MESES E 4 DIAS APÓS TER SIDO SUBMETIDO À OPERAÇÃO
A enfermidade de Dupuytren seria uma doença fibroproliferativa de causa desconhecida, de origem genética com um componente mendeliano dominante, ocorrendo primariamente em povos bárbaros originários do Norte da Europa, mais precisamente os celtas. Pelo processo de imigração, chegaram ao Sul da Europa,
Arq. Neuro-Psiquiatr. vol.57 n.3B São Paulo Sept. 1999
doi: 10.1590/S0004-282X1999000500020
DOENÇAS DE DUPUYTREN E DE LEDDERHOSE ASSOCIADAS AO USO CRÔNICO DE ANTICONVULSIVANTES
RELATO DE CASO
PATRÍCIA CORAL*, ALESSANDRA ZANATTA*, HÉLIO A. G. TEIVE***, YLMAR CORREA NETO**, EDISON MATOS NÓVAK****, LINEU CÉSAR WERNECK*****
RESUMO ¾ Relatamos o caso de um paciente que após uso crônico de anticonvulsivantes, sem epilepsia definida, desenvolveu contraturas das aponeuroses palmar (doença de Dupuytren) e plantar (doença de Ledderhose). Discutimos as principais dessas complicações, os fatores predisponentes e sua estreita relação com o uso de anticonvulsivantes, particularmente de fenobarbital.
PALAVRAS-CHAVE: doença de Dupuytren, doença de Ledderhose, anticonvulsivantes.
A contratura palmar foi inicialmente descrita por Cooper na Inglaterra e Boyer na França por volta de 1823. Entretanto coube ao Barão Guillaume de Dupuytren, ao descrever em 1832 os resultados da fasciotomia palmar, a honra do epônimo1. A contratura ou doença de Dupuytren é caracterizada pela degeneração de fibras elásticas, espessamento e hialinização do feixe de fibras de colágeno da fáscia palmar, com formação de nódulos e contração da fáscia1. Em pacientes com doença de Dupuytren, lesões semelhantes na fáscia plantar medial (doença de Ledderhose) ocorrem em 5 a 10% dos casos e na fáscia profunda do pênis (doença de Peyronie) em 1 a 3%. A doença de Dupuytren incide mais frequentemente em homens entre a 5 ª e 7ª décadas de idade, principalmente de origem escandinava ou celta, sendo rara em negros e asiáticos.
Descrevemos o caso de um paciente que fez uso prolongado de anticonvulsivantes, sem epilepsia definida, e que desenvolveu as doenças de Dupuytren e de Ledderhose de forma intensa e simétrica.
RELATO DO CASO
JR, masculino, branco, 44 anos, pedreiro, refere episódio único de crise convulsiva generalizada tônico-clônica aos 19 anos, após ingestão excessiva de álcool etílico. Desde então vem fazendo uso diário de 100 mg de fenobarbital, 100 mg de fenitoína e 10 mg de diazepan. Há 23 anos começou a observar contratura da região palmar e plantar bilateralmente, que vem progressivamente se intensificando. Nega história familiar. O exame físico revelou contratura importante de ambas as fáscias palmares e plantares .
DISCUSSÃO
A etiologia das doenças de Dupuytren e Ledderhose permanece incerta. Diversos estudos têm mostrado associação com doença hepática alcoólica, drogas anticonvulsivantes, trauma, diabetes melitus, além de uma forma familiar autossômica dominante.
Mattson e colaboradores em 1989 demonstraram o desenvolvimento da doença de Dupuytren em 7 de 10 pacientes epilépticos no primeiro ano de tratamento com anticonvulsivantes, sugerindo que o efeito não requer décadas do uso de drogas. Quando analisamos as diferentes combinações de anticonvulsivantes temos alta incidência da doença se nos restringimos ao uso de fenobarbital, fenitoína e primidona. Entretanto se o fenobarbital for excluído, o risco de adquirir a doença cai dramaticamente.
Diversos estudos têm indicado que o processo da doença pode ser revertido se a terapia é descontinuada3,9,12. Blanquart e colaboradores observaram que 11 de 16 pacientes melhoraram dentro de 1 a 4 meses após a terapia com fenobarbital ter sido suspensa e os outros melhoraram mais tarde12. O grande aumento de relatos desta doença após 1940, entre pacientes epilépticos, demonstra que a gênese da contratura seja relacionada com a introdução no mercado dos medicamentos anticonvulsivantes.
Neste relato, o paciente fez uso indevido por 25 anos de fenobarbital, fenitoína e diazepam e desenvolveu contraturas palmares e plantares de forma acentuada, sugerindo a associação com os anticonvulsivantes utilizados cronicamente.
FONTE - Associação dos Arquivos Neuroticos, com a devida vénia.
Título: Contratura de Dupuytren: tratamento cirurgico pela tecnica "open palm". / Dupuytren's contracture: surgical treatment by the open palm technique
Fonte: Ceará méd;3(1):13-7, 1981.
Resumo: Na contratura de Dupuytren ocorre, alem do comprometimento da aponeurose palmar, com retracao de um ou mais dedos, um encurtamento da pele suprajacente. O autor cita varias tecnicas cirurgicas propostas para correção da retração digital, a compensação do encurtamento cutaneo. Com maiores detalhes e comentada a tecnica "open palm", descrita por McCash, a qual resolve o problema cutaneo deixando aberta a ferida ao nivel da prega palmar distal, que cicatriza por epitelização a partir dos bordos.