o mar do poeta

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domingo, março 23

HOMENAGEM AO GRANDE ADÉ








José Inocêncio dos Santos Ferreira Cav IH (Macau, 28 de Julho de 1919 - Hong Kong, 24 de Março de 1993), mais conhecido por Adé, foi um poeta de Macau e grande defensor do patuá macaense, língua crioula da região.

 


Biografia

Nasceu em 28 de Julho de 1919 e viveu em Macau durante grande parte da sua vida. O seu pai, Francisco dos Santos Ferreira, era um português oriundo de Portugal e a sua mãe, Florentina Maria dos Passos, era uma macaense.
 
Além de poeta e defensor do patuá, José dos Santos Ferreira foi um funcionário público, tendo desempenhado nessa qualidade as funções de chefe da secretaria do Liceu Nacional Infante D. Henrique.
 
Depois de aposentado, foi secretário-geral da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) e professor de português a alunos chineses. Foi também um colaborador assíduo do "China Mail" de Hong Kong, da agência de notícias norte-americana "Associated Press" e ainda de muitos jornais portugueses editados em Macau, como o semanário "O Clarim".
 
Sendo um grande amante do desporto, foi também fundador e dirigente de várias associações, organismos e clubes desportivos de Macau, como a Associação de Futebol de Macau, o Hóquei Clube de Macau e o Conselho Provincial de Educação Física, a que presidiu. Na sua qualidade de dirigente desportivo, ele organizou e dirigiu vários campeonatos e torneios de diferentes modalidades.
 
Além do desporto, ele dedicou-se também ao associativismo e à filantropia, sendo presidente do Rotary Club e membro da Mesa Directora da Santa Casa da Misericórdia e da Direcção do Clube de Macau.
 
Em grande parte da sua vida, Adé dedicou-se à divulgação do patuá macaense, sendo o último poeta popular macaense que deixou uma vasta obra composta de poemas, recitas, peças de teatro, livros, programas radiofónicos e operetas em patuá macaense. Foi também o fundador da Tuna Macaense.


 
 
Em 1979, ele foi agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique. O Governador de Macau atribuiu-lhe, em 1984, a Medalha de Mérito Cultural.
 
O Governo de Macau prestou-lhe também homenagem ao mandar erguer uma estátua no Jardim das Artes.
 
Morreu em Hong Kong, no dia 24 de Março de 1993, com 73 anos de idade, deixando para trás a sua mulher Alba Bárbara Boyol (casados desde 1943) e os seus filhos Rita Boyol dos Santos Ferreira e José Boyol dos Santos Ferreira.

Obras

  • Escandinávia, Região de Encantos Mil (1960)
  • Macau sa Assi (em patuá) (1968)
  • Qui Nova, Chencho (em patuá) (1974)
  • Papiá Cristâm di Macau: Epitome de gramática comparada e vocabulário : dialecto macaense. Macau: [s.n.] (1978)
  • Bilhar e Caridade (poesias) (1982)
  • Camões, Grándi na Naçám (em patuá) (1982)
  • Poéma di Macau (poesias, em patuá)(1983)
  • Macau di tempo antigo: Poesia e prosa: dialecto macaense. Macau: edição do autor (1985).
  • Nhum Vêlo (em patuá) (1986)
  • Poéma na língu maquista (Poesia em papel-de-arroz). Macau: Livros do Oriente (1992). ISBN 9729418101

 

O articulista conheceu este saudoso e ilustre poeta, quando estudava no Liceu Infante D. Henrique em Macau, no ano de 1966. E teve o privilégio de com ele conviver imensas vezes e bater um belo papo. Adé era uma pessoa super simpática, um Senhor que amava a sua terra, Macau, um amante da língua Pátua, que até aos dias de hoje sobrevive em terras macaenses.
 
 
 
O Governo de Macau mandou erguer uma Estátua num dos jardins da cidade, defronte do Hotel Casino Wynn.
 



Um local tranquilo onde o Grande Poeta repousa, no caminho com o seu nome, bela e bem merecida homenagem a este Ilustre Poeta que tanto amou a sua terra, Macau Sã assim!...
 
Faz hoje 21 anos que partiu, mas sempre estará no coração de todos nós e na bela obra e testemunho da língua macaense que nos deixou.

Que a sua alma e sua poesia se encontrem junto de Deus, lá nos Reinos dos Céus.
 
Masqui ramendá unga tosco bote,
Largado na mar co ónda picánte,
Quim pôde isquecê acunga dote
Qui já dá vôs grandura di gigánte!
Pa quim buscá luz, vôs sandê candia;
Quim passá fome, vêm aqui têm pám;
Pa quim ta fuzi, susto ventania,
Vôs dá teto co paz na coraçám.



Poema no dialecto Pátua

As gerações vindouras dos bons Macaenses que, a exemplo dos seus antepassados, saberão certamente, guardar Macau fundo no coração e tudo fazer por honrar o nome desta terra de sonhos, por Deus sempre abençoada.

JOSÉ DOS SANTOS FERREIRA - ( extraído do livro Doci Papiaçám di Macau)
 
 

 
 
Fontes - Enciclopédia livre - fotos do autor e outras extraídas do blogo crónicas macaenses.
 

Um comentário:

Pedro Coimbra disse...

O poeta do patuá.
Aquele abraço e votos de boa semana!!