Os partidários da proposta sustentam que a economia americana, com sua taxa de desemprego em 9,1%, sofre com a desvalorização da moeda chinesa
A China mantém sua moeda artificialmente baixa frente ao dólar, e assim garante a seus produtos uma margem de 30% em relação aos dos EUA (Petar Kujundzic/Reuters)
Câmara dos Representantes, porém, temendo uma guerra comercial que pode potencializar a crise econômica, deve vetar o projeto
O Senado americano aprovou nesta terça-feira um projeto de lei que busca penalizar a China, acusada de manipular sua moeda para inflar suas exportações, apesar da hesitação da Casa Branca, da Câmara dos Representantes e das críticas de Pequim.
Os senadores, de maioria democrata, aprovaram este texto por 63 votos contra 35. A Câmara dos Representantes, porém, não pretende se pronunciar sobre a medida, porque os chefes da maioria republicana nessa câmara temem uma guerra comercial com Pequim.
Ao se aproximarem das eleições presidenciais de novembro de 2012, os partidários do texto sustentam que a economia americana, com sua taxa de desemprego em 9,1%, sofre com a desvalorização da moeda chinesa. Com esse projeto de lei, os senadores buscam levar o Tesouro a acusar formalmente Pequim de manipular sua moeda, e prevêem sanções.
O presidente Barack Obama não apoia a iniciativa dos senadores de seu partido. A Casa Branca está preocupada com as "obrigações internacionais" dos Estados Unidos na Organização Mundial de Comércio (OMC).
Na semana passada, no entanto, o presidente acusou a China de "falsear" as trocas comerciais mundiais ao intervir para fazer o valor do yuan baixar. A esse respeito, Pequim se declarou "firmemente oposto" à proposta de lei americana.
O mecanismo permitirá retalhar as exportações chinesas se for descoberto que o valor do yuan foi manipulado. "O tempo de pedir à China amavelmente (que deixe sua moeda se valorizar) terminou", disse o senador democrata Chuck Schumer, um dos autores do projeto.
Agora que foi aprovado no Senado, as atenções estarão voltadas para a Câmara dos Deputados, em que o líder da maioria republicana da oposição, John Boehner, rejeita a legislação "perigosa". "Isso pode desatar uma guerra comercial. E uma guerra comercial, dada à incerteza econômica daqui e do mundo, é simplesmente muito perigosa", disse recentemente Boehner.
Em Washington, poucos duvidam que a China mantenha sua moeda artificialmente baixa frente ao dólar, atitude que dá a seus bens uma margem de 30% em relação aos produtos dos EUA equivalentes, aprofundando o déficit comercial dos EUA e corroendo a criação de empregos no país.
Contudo, os que se opõem as sanções contra a China argumentam que existe o risco de declarar uma guerra comercial ao país asiático, e advertem que uma eventual apreciação do yuan impulsionará o setor manufatureiro, o que criaria empregos em países como Vietnã e Malásia, mas não nos Estados Unidos.
Além disso, os opositores dizem que as penalidades aumentariam o custo das matérias-primas e produtos industriais da China, o que traria mais danos do que benefícios para as empresas e famílias americanas.
Quem apóia o projeto argumenta que é hora de Washington enfrentar Pequim, e que a valorização do yuan faria trabalhadores chineses terem maior poder aquisitivo para comprar produtos americanos, o que criaria mais empregos nos Estados Unidos e reduziria o déficit comercial.
Eles apontam que as leis e mecanismos de comércio internacional não conseguiram frear o que chamam de práticas desleais de Pequim, entre elas o subsídio fornecido para produtores chineses e para a pirataria intelectual.
No domingo, em um comunicado, o ministério chinês das Relações Exteriores repetiu sua "firme oposição" a este projeto de lei. Pequim "insiste que os Estados Unidos abandonem o protecionismo e pare de pressionar a China mediante sua legislação interna", declarou.
Agence France-Presse
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