Os 
povos indígenas no Brasil incluem um grande número de diferentes 
grupos étnicos que habitam ou habitaram o território 
brasileiro, e cujas raízes remontam às 
Américas desde antes da chegada dos 
europeus a este continente, em torno de 
1500.
Estes povos compreendem uma grande variedade de 
tribos e 
nações, muitos deles com laços culturais e territórios históricos que atravessam as fronteiras políticas atuais e adentram os países vizinhos.
Embora sua organização social tenha sido geralmente igualitária e baseada em tribos pequenas, semi-nômades e independentes, houve exemplos de nações super-tribais envolvendo milhares de indivíduos e ocupando extensos territórios. 
Os indígenas do Brasil falavam e falam centenas de 
línguas diferentes, cujas origens e conexões ainda são pouco conhecidas. Sua cultura material e espiritual também é bastante diversificada, apesar de um fundo comum devido ao estilo de vida.
Muitas das tribos que existiam no país à época de 
Cabral desapareceram, quer absorvidas na sociedade dos 
colonizadores, quer dizimadas pela violência a que os índios em geral foram submetidos durante os últimos cinco séculos. 
Nesse período, nações inteiras foram 
massacradas ou 
escravizadas, explícita ou disfarçadamente, ou morreram de doenças e fome depois que suas terras foram tomadas e seus meios de sobrevivência foram destruídos. 
A 
catequização por missionários europeus levou ao desaparecimento de suas 
crenças religiosas e outras tradições culturais; e a relocação forçada provocou enorme mistura de 
povos. Muitas das comunidades indígenas que ainda sobrevivem enfrentam miséria, doenças, descaso das autoridades e discriminação pelo resto da sociedade.
Origens e história
A maioria dos pesquisadores acreditam que o povoamento da 
América do Sul deu-se a partir de 20 mil 
a.C.
Indícios arqueológicos no Brasil apontam para a presença humana em achados datados de 16 mil a.C., de 14.200 a.C. e de 12.770 a.C. em 
Lagoa Santa (MG), 
Rio Claro (SP) e 
Ibicuí (RS). 
Em 
Lapa Vermelha, (
Minas Gerais), foi encontrado um verdadeiro 
cemitério com ossos datados em 12 mil anos, o primeiro dos quais encontrado por 
Annette Laming-Emperaire na 
década de 1970 e que foi "batizado" de 
Luzia e que parecia mais aparentada com os 
aborígines da 
Austrália ou com 
negrito das 
Ilhas Andaman.
Extermínio
Estimativas da população indígena na época do descobrimento apontam que existiam no território Brasileiro, mais de mil povos, sendo cinco milhões de indígenas. Hoje em dia, são 227 povos, e sua população está em torno de 400 mil. As razões para isso são muitas, desde agressão direta de colonizadores a epidemias de doenças para as quais os índios não tinham imunidade ou cura conhecidas.
Durante o 
século XIX, com os avanços em epidemiologia, casos documentados começaram a aparecer, de brasileiros usando epidemias de 
varíola como arma biológica contra os índios. Um caso "clássico", segundo antropólogo Mércio Pereira Gomes, é o da vila de Caxias, no Sul do Maranhão, por volta de 
1816. 
Fazendeiros, para conseguir mais terras, resolveram "presentear" os índios timbira com roupas de pessoas infectadas pela doença (que normalmente são queimadas para evitar contaminação). Os índios levaram as roupas para as aldeias e logo os fazendeiros tinham muito mais terra livre para a criação de gado. Casos similares ocorreram por toda América do Sul.
As "doenças do homem branco" ainda afetam tribos indígenas no Amazonas.
Povos indígenas emergentes
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Da esquerda para a direita: Dona Tereza Kariri, Bida Jenipapo-Kanindé, Cacique Pequena Jenipapo-Kanindé, Fernando Tremembé e Jamille Kariri. Participantes do II Encontro do Povo Kariri, realizado em Crateús - Ceará, em junho de 2007.
 
 
 
A partir das últimas décadas do 
século XX, aparecem novas etnias quando populações miscigenadas reivindicam a condição de povo indígena. Isto ocorre principalmente no nordeste brasileiro. São exemplos desse processo:
- Náua, no Parque Nacional da Serra do Divisor (Acre)
- Tupinambá, Maitapu, Apium e um grupo Munduruku desconhecido, na região do Alto Rio Tapajós (Pará)
- Kaxixó, na região de Martinho Campos e Pompeu, e Aranã, no Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais)
- Kariri, Kalabaça, Tabajara, Tapeba, Pitaguary, Tremembé, Kanindé no Ceará.
- Tupinambá, em Olivença, e Tumbalalá, em Abaré e Curaçá (Bahia)
- Kalankó, em Pariconha, e Karuazu, em Água Branca (Alagoas)
- Pipipã, em Ibimirim (Pernambuco)
Cultura
Há grande 
diversidade cultural entre os povos indígenas no Brasil, mas há também características comuns:
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A  habitação coletiva- , com as casas dispostas em relação a um espaço cerimonial que pode ser no centro ou não; 
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A vida cerimonial é a base da cultura de cada grupo, com as festas que reúnem pessoas de outras aldeias, os  ritos de passagem-  dos adolescentes de ambos os sexos, os rituais de cura e outros; 
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A arte faz parte da vida diária, e é encontrada nos potes, nas redes e esteiras, nos bancos para homens e mulheres, e na pintura corporal, sempre presente nos homens; 
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A educação das crianças se faz por todos os habitantes da aldeia, desde cedo aprendem a realizar as tarefas necessárias à sobrevivência, tornando-se independentes. 
A família podia ser monogâmica ou poligâmica. 
Deixaram forte 
herança cultural nos alimentos, tendo ensinado o europeu a comer 
mandioca, 
milho, 
guaraná, 
palmito, 
pamonha, 
canjica; nos objetos, suas redes e 
jangadas, 
canoa, armadilhas de 
caça e 
pesca; no 
vocabulário: em 
topônimos como 
Curitiba, 
Piauí, etc; em nomes de 
frutas nativas ou de animais: 
caju, 
jacaré, 
abacaxi, 
tatu. 
Ensinaram algumas técnicas como o trabalho em cerâmica e o preparo da 
farinha. 
E deixaram no brasileiro hábitos como o uso do 
tabaco e o costume do banho diário.
No 
Brasil colonial os portugueses tiveram como aliados os índios aldeados, os quais se tornaram súditos da Coroa.
Estatuto do Índio e legislação
O 
Serviço de Proteção ao Índio (SPI) foi criado em 
1910. O 
Estatuto do Índio ainda determina que "os índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional ficam sujeitos ao regime tutelar".
Apesar dos diversos decretos, o índio brasileiro tem que se integrar na 
cultura brasileira para requerer 
emancipação.
Dia do Índio
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Eles haviam 
boicotado os dias iniciais do evento, temendo que suas reivindicações não fossem ouvidas pelos "homens brancos". Durante este congresso foi criado o 
Instituto Indigenista Interamericano, também sediado no México, que tem como função zelar pelos direitos dos indígenas na América. O Brasil não aderiu imediatamente ao instituto, mas após a intervenção do 
Marechal Rondon apresentou sua adesão e instituiu o Dia do Índio no dia 19 de abril.
Organizações e associações indígenas
As associações e organizações indígenas surgiram, no Brasil, ainda durante o século XX, nos anos 80. Entre os organismos e associações nativas que têm como objetivo estatutário a defesa dos direitos humanos dos povos indígenas incluem-se o Warã Instituto Indígena Brasileiro e o GRUMIN.
Com o objetivo de preservar e difundir a cultura indígena e facilitar o acesso à informação e comunicação entre as diferentes nações indígenas foi fundado o Índios online.
Os povos indígenas do Brasil
A denominação mais conhecida das várias 
etnias não é quase nunca a forma como seus membros se referem a si mesmos, e sim o nome dado a ela pelos brancos ou por outras etnias, muitas vezes inimigas, que os chamavam de forma depreciativa, como é o caso dos 
caiapós.
Reservas indígenas
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A definição de áreas de proteção às comunidades indígenas foram lideradas por 
Orlando Villas Bôas que em 
1941 lançou a expedição chamada Roncador-Xingu. 
O modelo de criação das reservas indígenas mostrou-se como um dos únicos meios para que a cultura, os povos pré-coloniais remanescentes e mesmo a natureza sejam preservados nessas reservas. 
Em 
1967 foi criada a 
Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que passou a definir políticas de proteção às comunidades indígenas brasileiras.
A demarcação de reservas indígenas é muitas vezes cercada de críticas favoráveis e desfavoráveis por vários setores da mídia e pela população afetada. 
O modelo das reservas indígenas demarcadas pela FUNAI difere no modelo norte-americano onde as terras passam a pertencer aos povos indígenas. 
No Brasil as reservas indígenas demarcadas pela 
FUNAI pertencem ao governo brasileiro para usufruto vitalício dos índios, não havendo portanto como associá-las a uma perda de soberania. 
Uma crítica comum sobre as reservas indígenas brasileiras considera a atuação de 
ONGs nacionais e internacionais junto às comunidades indígenas sem que se tenha o conhecimento preciso da natureza da atuação dessas organizações. Nesse sentido controles mais rígidos sobre a atuação das ONGs junto às comunidades indígenas estão sendo estudados.
Dez municípios brasileiros com maior população indígena
Segundo dados do recenseamento de 2000, feito pelo 
IBGE, dos dez municípios brasileiros com maior população autodeclarada indígena, cinco estavam na 
Região Norte e dois na 
Região Sul. 
- 1) São Gabriel da Cachoeira (AM) – 76,31%
- 2) Uiramutã (RR) – 74,41%
- 3) Normandia (RR) – 57,21%
- 4) Santa Rosa do Purus (AC) – 48,29%
- 5) Ipuaçu (SC) – 47,87%
- 6) Baía da Traição (PB) – 47,70%
- 7) Pacaraima (RR) – 47,36%
- 8) Benjamin Constant do Sul (RS) – 40,73%
- 9) São João das Missões (MG) – 40,21%
- 10) Japorã (MS) – 39,24%
Fonte - enciclopédia livre