o mar do poeta

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sexta-feira, agosto 27

CERVEJA SAGRES NA CHINA


Segundo relata a imprensa de Macau, a cerveja Sagres, a partir do próximo mês (Setembro) fará a sua estreia no mecado chinês. Esta bebida é comercializada em Macau à mais de 40 anos, porém, só nos dias de hoje, e não por companhias portuguesas,mas sim através do senhor Simon Pendergast, australiano, vai estar nas parteleiras da Dxcel Partners, uma cadeia de distribuição que opera com o empresário australiano, ajudando-o a colocar diferentes marcas de cerveja no mercado chinês.
Macau esteve sob administração portuguesa mais de 400 anos, mas em termos de lançamento de produtos portugueses na Ásia, pouco ou nada fizeram, ao contrário dos franceses, italianos e espanhois. E isto é triste, o que só vem demonstrar o desinteresse dos comerciantes portugueses, por esta áerea do globo.
Em países como a Tailândia, Singapura, Malásia e outros, o único produto português que poderá ser eencontrado é o vinho do Porto, em contrapartida, vemos nas parteleiras dos garndes centros comerciais a mais variada gama de produtos oriundos da Europa, tais como azeite, azeitonas, vinhos e muito mais, até o Chile está representado com seus vinhos.
Haverá algum problema no lançamento de produtos portugueses nestes países?
Nestes últimos tempos, parece que os comerciantes portugueses acordaram, e, através de Hong-Kong tem realizado eventos para dar a conhecer os vinhosn portugueses, mas nunca é tarde, veremos os resultados.
Uma vez mais ficou provada a negligência dos comerciantes portugueses e má compreensão dos costumes e vivênvias dos povos asiáticos.
Felizmente Portugal tem produtos de alta qualidade, e pena é que não sejam dado a conhecer ou a comercializar como deve ser, os comerciantes portugueses, querem colher a sombra sem plantarem as árvores, e sãos os outros,infelizmente, estrangeiros, que fazem esse trabalho.

Temos mais um exemplo bem patente em Macau, foi através do farmaceutico inglês, Andrew Stow, que os pasteis de nata ficaram famosos, e são hoje uma referência, bem ao gosto dos asiáticos.



quinta-feira, agosto 26

O BATH ESTÁ FORTE



O Comite Político do Banco Monetário, decidiu, ontem, aumentar a taxa chave da política de 1,50 por cento para 1,75 por cento.

O Ministro das Finanças, senhor Korn, admitiu que o aumento da taxa chave da política resultaria em nova apreciação do baht , mas disse que o valor actual da moeda tailandesa está em conformidade com as divisas de outros países asiáticos.

O ministro está confiante de que um baht forte não irá prejudicar a competitividade comercial dos fabricantes tailandês.
O mesmo não pensam os empresários do sector turístico, já que este sector ainda não se recompos dos trágicos incidentes que ocorreram no país.
A valorização do bath leva a que os turistas procurem outros locais de interesse e bem mais em conta.
USD$ = 31.03 baths
Euro = 39.36 "
HK$ - 3,94 "
Com estas cotações e o aumento dos produtos e serviços na Tailândia, em vez de cativarem os turistas os afastam ainda mais, já que em termos de segurança a situação ainda não está 100% estável.





EMBRAER ERJ-145 ATERRA DE BARRIGA


Jacto pressurizado para transporte regional fabricado pela Embraer, o ERJ-145 tem como principais características o alto desempenho e os baixos custos de operação. Disponível nas versões Enhanced Range (ER), Long Range (LR) e Extra Long Range (XR), o ERJ-145 é equipado com eficientes motores turbofan de baixos nível de ruído e consumo de combustível. O ERJ-145 possui cabine com diferencial de pressurização máximo de 7.8 psi, o que permite um voo suave e tranquilo acima do mau tempo, para maior conforto dos passageiros.



Operador Brasileiro
O Embraer ERJ 145 no Brasil é utilizado pela
Passaredo Transportes Aéreos, possuindo 9 unidades.

Curiosidades: No dia 14 de Novembro de 2006 - A Embraer anuncia que a plataforma ERJ 145 alcançou o marco histórico de dez milhões de horas de voo, após uma década em serviço e um total de cerca de 8,5 milhões de ciclos (operações de pouso e descolagem).





quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Avião da Passaredo caiu e pegou fogo no aeroporto de Vitória da Conquista

Por volta das 14h40 de hoje, uma aeronave da empresa Passaredo Linhas Aéreas caiu no aeroporto Pedro Otacílio de Figueiredo de Vitória da Conquista, região Sudoeste da Bahia, a 509 km de Salvador.
Em entrevista a Rádio Uesb, o presidente do Movimento Conquista Pode Voar Mais Alto, José Maria Caires, informou que dois, dos 30 passageiros, em sua maioria idosos, que estavam no avião Embraer ARJ 145 sofreram escoriações e receberam os primeiros socorros no local pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).



De acordo com as primeiras informações, o trem de pouso da aeronave não abriu obrigando a aeronave fazer um pouso de barriga, após a aterrissagem, as turbinas pegaram fogo. Por conta do acidente, a pista está interditada.



A aeronave da Passaredo é a mesma que faz linha São Paulo/Conquista/Salvador/Barreiras/Brasília/São José do Rio Preto.



Esse é o segundo avião da Embraer que cai em menos de dois dias. O outro acidente ocorreu com uma aeronave Embraer E190 da empresa Henan, com 96 pessoas a bordo, que caiu durante o pouso perto do aeroporto de Lindu, em Yichun, Província de Heilongjiang, na China. Quarenta e três pessoas morreram na queda.



Recentemente representantes da imprensa barreirense e proprietários de agência de viagem de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, foram convidados pela empresa Passaredo para conhecer a nova aeronave e participar de um voo inaugural até Salvador.



Fonte - jornal nova fronteira

POVO CIGANO


A história do povo cigano ou rom é ainda hoje objeto de controvérsia. Existem várias razões que explicam a obscuridade que envolve a esse assunto. Em primeiro lugar, a cultura cigana é fundamentalmente ágrafa e despreocupada por sua história, de maneira que não foram conservados por escrito sua procedência. Sua história foi estudada sempre pelos não ciganos, com frequência através de um cariz fortemente etnocentrista. Os primeiros movimentos migratórios datam do século X, de sorte que muita informação se perdeu, se é que alguma vez existiu.
É importante assinalar também que os primeiros grupos de ciganos chegados a Europa ocidental fantasiavam acerca de suas origens, atribuindo-se uma procedência misteriosa e lendária, em parte como estratégia de proteção frente a uma população em que eram minoria, em parte como posta em cena de seus espetáculos e atividades.
Outro problema que se deve ter em conta é que a inserção (ou não) na comunidade cigana é uma questão disputada. Não existe uma delimitação clara dentro da própria comunidade (nem fora) acerca de quem é cigano e quem não o é.
As principais
fontes de informação são os testemunhos escritos, as análises lingüísticas e a genética populacional



O termo cigano e a questão de sua origem geográfica


O termo em português "cigano" (assim como o espanhol gitano e em inglês gypsy) é uma corruptela de egípcio, aplicado a esse povo pela crença errônea de que seriam provenientes do Egito. No século XVIII, o estudo da língua romani, própria dos ciganos, confirmou que se tratava de uma língua indo-ariana, muito similar ao panjabi o ao hindi ocidental. Isso demonstrou que a origem do povo rom está no noroeste do Subcontinente Indiano, na zona em que atualmente fica a fronteira entre os estados modernos de Índia e Paquistão. Esse descobrimento lingüístico acabou sendo também respaldado por estudos genéticos. É provável que os ciganos originaram-se de uma casta inferior do noroeste da Índia, que, por causas desconhecidas foi obrigada a abandonar o país no primeiro milênio d.C..

Origens lendárias

A procedência dos roma foi objeto de todo tipo de fantasias. Foram considerados descendentes de Caim, ou relacionados com a estirpe de Cam. Algumas tradições os identificam com magos caldeus da Síria, ou com uma tribo de Israel fugida do Egito faraônico. Uma antiga lenda balcânica os faz forjadores (ou ladrões) dos pregos da cruz de Cristo, motivo pelo qual teriam sido condenados a errar pelo mundo, se bem que não há qualquer evidência que situe aos ciganos no Oriente Médio nessa época.




Primeiro movimento migratório do século X


Os estudos genéticos e lingüísticos parecem confirmar que os roma são originários do subcontinente Indiano, possivelmente da região do Punjab. A causa da sua diáspora continua sendo um mistério. Algumas teorias sugerem que foram originalmente indivíduos pertencentes a uma casta inferior recrutados e enviados a lutar ao oeste contra a invasão muçulmana. Ou talvez os próprios muçulmanos conquistaram os roma, escravizando-os e trazendo-os para o oeste, onde formaram uma comunidade separada.

Esta última hipótese baseia-se no relato de Mahmud de Ghazni, que informa sobre 50 mil prisioneiros durante a invasão turco-persa do Sindh e do Punjab. Por que os roma escolheram viajar para o oeste em vez de regressar para a sua terra é outro mistério, se bem que a explicação pode ser o serviço militar sob o domínio muçulmano.

O que é aceite pela maioria dos investigadores é que os ciganos poderiam abandonar a Índia em torno do ano 1000, e atravessar o que agora é o Afeganistão, Irã, Armênia e Turquia. Vários povos similares aos ciganos vivem hoje em dia na Índia, aparentemente originários do estado desértico de Rajastão, e à sua vez, povoações ciganas reconhecidas como tais pelos próprios roma vivem, todavia, no Irã, com o nome de lúrios.


Partiram em direção à
Pérsia onde se dividiram em dois ramos: o primeiro, que tomou rumo oeste, atingiu a Europa através da Grécia; o segundo partiu para o sul, chegando à Síria, Egito e Palestina. No século XII, os ciganos enfrentaram o avanço dos muçulmanos, que tentaram impor sua religião na Índia, e lutaram contra os Sarracenos por muitos séculos, inclusive durante a Idade Média.

Apesar de que as provas documentais começam a ser fiáveis só a partir do século XIV, alguns autores contemporâneos rebaixaram a data do ano 1000 e inclusive antes. Certas referências sugerem que as primeiras referências escritas da existência do povo rom são anteriores: um texto que relata como Santa Atanásia de Egina repartiu comida em Trácia a uns "estrangeiros chamados atsinagi" (do grego Ατσίνγανος') durante a escassez do século IX, em plena época bizantina.
Inclusive antes, nos primórdios do mesmo século, no ano
803, Teófanes o Confessor escreve que o imperador Nicéforo I usa mão de obra de certos atsigani, que com a sua magia, ajudariam-no a conter uma revolta popular.

"Atsinganoi" foi um termo usado também para referir-se a adivinhadores ambulantes e ventríloquos e feiticeiros que visitaram ao imperador Constantino em 1054. Um texto hagiográfico ("Vida de São Jorge anacoreta") refere como os "atsigani" foram chamados por Constantino para ajudá-lo a limpar as fragas de feras.

Mais tarde, seriam descritos como feiticeiros e malfeitores e acusados de intentar envenenar o galgo favorito do imperador. A extensão desse termo geraria os modernos substantivos tzigane, Zigeuner, zingari e zíngaros.
Um relato histórico-lendário do
século X titulado Crônica Persa, de Hazma de Ispaham, menciona a certos músicos solicitados ao rei da Índia, aos que chamou zott. O Livro dos Reis (ou Shahnameh, datado de 1010), do poeta Ferdusi conta uma história similar: vários milhares de Zott, Rom ou Dom ("homens") partiriam do atual Sindh (pode ser do rio Indo) com objetivo de entreter o rei da Pérsia com os seus espetáculos.
A partir daí, depois de uma longa estância nessa região, e já descritos como um povo que rejeitava viver da agricultura, espalhariam-se em dois grupos migratórios: o primeiro, que tomou rumo oeste, atingiu a
Europa através da Grécia; o segundo partiu para o sul, chegando à Síria, Egito e Palestina.




Evidências linguísticas da origem asiática dos ciganos



Desde a sua chegada a terras européias, uma das faces da comunidade cigana que mais chamou a atenção dos demais povos era a sua estranha língua, muito diferente das faladas na Europa. A primeira reprodução escrita do romani remonta a uma enciclopédia de título: First Book of the Introduction of Knowledge. (Primeiro livro de introdução ao saber) escrito por Andrew Boorde. Esta obra, completada em 1542 e publicada em 1547, recolhia exemplos de frases do que o autor chamava Egipt speche (Fala egípcia), dando por válida a crença popular de que os ciganos procediam do Egito.

Durante os dois séculos seguintes aparecem mais menções escritas da língua romani. Na Espanha, o marquês de Sentmenat publicou em 1750 um pequeno vocabulário do romani falado na Península Ibérica.

Um dos primeiros ou o primeiro documento em que se propõe identificar a língua romani como uma língua indiana é um trabalho de Szekely de Doba na Gazeta de Viena em 1763. Neste artigo, comentou que o predicador Vali, que na Universidade de Leiden estudou o idioma de uns estudantes de Malabar do distrito de Zigânia, nome que lhe recordou o dos zíngaros e que posteriormente expôs o vocabulário a ciganos de Almasch (Komora, Eslováquia), comprovando que estes entendiam as palavras.

Em nível acadêmico, o descobrimento da origem indiana do romani corresponde ao alemão Johann Rüdiger, catedrático da Universidade de Halle-Wittenberg, que em 1782 publicou um artigo de investigação lingüística, no que analisava a fala de uma mulher cigana, Barbara Makelin, e a comparava com a língua recolhida numa gramática alemã do hindustani (o nome pelo que se conhecia antigamente os atuais hindi e urdu). No seu artigo, Rüdiger reconhecia a influência nas suas investigações do dicionário de romani de Hartwig Bacmeister, de 1755, a quem já em 1777 comunicara as suas idéias, assim como a sua dívida com seu professor Christian Büttner, que anos antes aventurara a possibilidade duma origem indiana ou acaso afegã dos ciganos. Entretanto, foi Rüdiger que estabeleceu, mediante a sua comparação entre a descrição gramatical do hindustani e a fala de Barbara Makelin, que as similitudes entre ambas variedades lingüísticas evidenciavam uma origem comum.

Estudos subsequentes da língua romani mostraram um estreito parentesco com o punjabi e o hindi ocidental, tanto no seu vocabulário fundamental como nas suas estruturas gramaticais e nas mudanças fonéticas. As investigações de Alexandre Paspati (Études sur les Tchinghianés, publicado em Constantinopla em 1870), de John Sampson (The dialect of the gypsies of Wales, 1926) e dos suecos Gjerdman e Ljungberg (A língua do cigano sueco trabalhador do cobre Dimitri Taikon, publicado em 1963) evidenciam que existe uma unidade dentro do romani que se estende por toda Europa. Os estudos citados recolhiam mostras do romani grego, galês e sueco, respectivamente. Fica demostrado assim que o vocabulário básico coincide de modo relevante (nota: não se transcreve a grafia original):

Português: grande. Sânscrito: vadra; hindi: bara; greco-romani: bara; romani galês: baro; romani kalderash (sueco): baró.


Português: cabelo. Sânscrito: vála; hindi: bal; greco-romani: bal; romani galés: bal; romani kalderash (sueco): bal.

Determinadas características gramaticais indianas mantém-se no romani contemporâneo (e algumas inclusive no
caló espanhol atual):
o final em -e para o masculino e em -i para o feminino.
a formação de abstratos por junção de -ben ou -pen: taco (certo) converte-se em taciben (verdade).
substituição do genitivo por um final adjetivado: dadésko gras (o cavalo do pai onde dad é pai e gras cavalo).



Anúncio de uma venda de escravos ciganos, 8 de Maio de 1852: 18 homens, 10 meninos, 7 mulheres e 3 meninas.
O século XVI e o começo da perseguição

O século XVI pode ser considerado como a idade de ouro dos ciganos na Europa. Vagavam de cidade em cidade, e se bem é certo que foram expulsos com frequência, haveria que esperar ao século XVI para que se desatasse uma onda de perseguição só comparável ao anti-judaísmo secular dos europeus. No século XV os estereótipos negativos ainda não estavam enraizados, e entre a hostilidade e a fascinação, a cultura cigana dispersou-se pelo continente, misturando-se com as culturas e línguas locais. Lentamente, foi-se convertendo em um desafio para os poderes estabelecidos, para a população sedentária e para a religião dominante.


Quando teve lugar o descobrimento da América, em 1492, os ciganos já estavam espalhados por toda a Europa, onde apesar de uma boa acolhida inicial começaram a ser perseguidos, marginalizados, expulsos, severamente castigados, escravizados (como na Romênia, onde a escravidão cigana não foi abolida até 1864) ou simplesmente exterminados. O desencontro entre os ciganos e os não ciganos perduraria desde o século XVI até a atualidade.

Assim, na Espanha, a pragmática de Medina do Campo do ano 1499 obrigou-os a abandonar a vida nômade. Em 1500, o mesmo ano em que entraram na Polônia e Rússia, a Dieta de Augsburgo expulsou-os da Alemanha. Em 1505 Jaime IV da Escócia concedeu-lhes um salvo-conduto e saltaram à Dinamarca. Chegaram à Suécia em 1512, e em 1514 a Inglaterra, de onde seriam expulsos, sob pena de morte, em 1563. Antes disso, na Espanha foi-lhes dado a "escolher", em 1539, entre a sedentarização ou seis anos de galeras e, em 1540, os bispos da Bélgica ordenaram a sua expulsão sob pena de morte.

A partir do final do século XVI, sucederam-se em toda a Europa autorizações, leis e decretos contra o modo de vida dos ciganos. A dinâmica dessas disposições será contraditória (são obrigados a sedentarizar-se ao tempo que se lhes impede a entrada em muitas cidades; são obrigados a assimilarem a cultura local ao tempo que se são concentrados em determinados bairros; são obrigados a trabalhar em ofícios reconhecidos ao tempo que são impedidos de entrar nos grêmios…).
A tenacidade dos ciganos, as suas estratégias de ocultamento, de multi-ocupacionalidade (como a chama Teresa San Román), de semi-nomadismo ou itinerância circunscrita, de adaptação às circunstâncias instáveis da legislação, a capacidade para cruzar fronteiras ou para aliar-se em determinadas ocasiões com a população autóctone realizando trabalhos imprescindíveis, faz que os ciganos de toda Europa resistam à assimilação e conservem as suas próprias características culturais mais ou menos intactos até a atualidade.

Ante a ausência de testemunhas escritas próprias e a visão negativa dos outros, resultam valiosas as referências de uma personagem peculiar que se acercou do mundo cigano com interesse e curiosidade romântica na primeira metade do século XIX: George Borrow. Nas suas viagens por boa parte da Europa, como pregador protestante, teve oportunidade de contatar com grupos ciganos, aprendendo a sua língua e traduzindo e inclusive publicando o Evangelho em caló (entre a sua produção literária encontra-se La Bíblia en España, interessante livro de viagens estudado por Manuel Azaña).





A ida para a América, o século XIX e a segunda grande diáspora

Imagem idealizada de uma cigana e o seu filho, pintada por William-Adolphe Bouguereau no século XIX.

A ida dos ciganos para a América correu paralelo à própria diáspora dos europeus. O incansável povo cigano empreendeu então uma nova migração. Sabe-se que Cristóvão Colombo, na sua terceira viagem, em 1498, introduziu os primeiros três ciganos que pisavam o Novo Mundo. É sabido também que a Inglaterra e a Escócia enviaram remessas de ciganos às suas colônias americanas da Virgínia, no século XVII e Luisiana.

A prática da deportação à América foi seguida nesse mesmo século por Portugal. Segundo este autor, os ciganos espanhóis só podiam viajar à América com permissão expressa do rei. Filipe I decretou em 1570 uma proibição de entrada dos ciganos na América, e ordenou o regresso dos já enviados. É conhecido o caso de um ferreiro cigano (Jorge Leal) que conseguiu autorização para viajar à Cuba em 1602. Teria que esperar à autorização de 1783 para que os ciganos tivessem permissão de residência em qualquer parte do reino.

Entre final do XVII e meados do XIX produziu-se outro movimento em direção ao oeste de uma numerosa população cigana, fugindo da escravidão ou aproveitando a sua abolição na Moldávia e Valáquia em 1860, ou como consequência do recrudescimento da perseguição na Europa ocidental (especialmente na França e Alemanha).

Os ciganos emigraram à América Latina num número que, como sempre, segue sendo um mistério. Segundo Koen Peeters, a independência da Sérvia em 1878 acelerou essa saída, e as causas que explicam o novo êxodo massivo podem ser várias: "Em primeiro lugar, à pressão de assimilação de costumes; em segundo lugar, às novas possibilidades nas suas atividades laborais; e, em terceiro lugar, a motivos comuns a outros emigrantes da Sérvia, como podem ser, por um lado, a idéia de que no Novo Mundo tinham muitas possibilidades de conseguir grandes fortunas, as leis que favoreceram a imigração ou também a aparição de novas possibilidades no que diz respeito a meios de transporte".Também em torno de 1860, registra-se a saída de ciganos britânicos ("romnichels") e no início do século XX houve uma nova partida em massa de ciganos valáquios.

A onda migratória diminuiu com o começo da Primeira Guerra Mundial, e não voltou a reiniciar até 1989, ano em que começou a terceira grande diáspora, ainda em curso.




Campo de concentração de ciganos em Belzec, 1940.

Século XX, perseguição e extermínio

A detenção do fluxo migratório no início do século XX não significou uma melhora das condições de vida dos ciganos. As disposições legais continuaram sendo inúteis (como já o foram antes) na hora de assimilá-los.
Na França, por exemplo, uma "lei sobre o exercício das profissões ambulantes e sobre a circulação de nômades" obrigava em 1912 a serem providos de um "carnê antropométrico de identidade" que deveria ser selado em cada final de prazo.


A medida que se aproxima a Segunda Guerra Mundial, a perseguição fica mais dura. O governo prussiano, por exemplo, decidiu acabar com a "moléstia cigana" mediante um acordo internacional desenhado para acabar com a sua forma de vida. Na Baviera, foi elaborado em 1905 um "Livro cigano", com um censo inicial de 3 mil indivíduos que logo aumentaria com a colaboração de outros estados germânicos. O estado da Baviera autorizou o castigo a trabalhos forçados a todo cigano que não pudesse demonstrar ter um trabalho estável, e a República de Weimar estendeu essa medida à toda Alemanha.

Os censos de ciganos multiplicaram-se em toda a Europa (França, Inglaterra) e na Suíça, em 1926, começou o costume de sequestrar meninos ciganos para serem educados entre não ciganos, prática que só seria abandonada em 1973.
O auge do nazismo e os excessos da
Segunda Guerra Mundial fartaram-se com a crueldade com os ciganos. Tomando como base os censos anteriores, o Centro de Investigação para Higiene Racial e Biologia Populacional do Reich começou a analisar a questão cigana. Depois de uns momentos de dúvida, nos que se esteve perto de classificar aos ciganos dentro da raça ariana, Himmler ordenou a sua internação, e finalmente a sua execução em massa. Em língua cigana, chama-se a esse processo de extermínio "o porraimos", ou "porajmos", a destruição. Como sempre, é desconhecido o número exato de vítimas. As estimativas vão desde 50 mil a 80 mil (Denis Peschanski, La France des camps, l'internement 1938-46, Gallimard, 2002, p. 379) até 500 mil a 1 milhão e meio.

Só em Auschwitz-Birkenau morreram mais de vinte mil ciganos. E num só dia, em 3 de agosto de 1944, os últimos 2.897 habitantes das barracas ciganas de Auschwitz, incluindo mulheres e crianças, deixaram para sempre de cantar e dar-se ao entusiasmo.


O genocídio cigano é um fenômeno relativamente desconhecido, no que colaboraram com mais ou menos interesse (igual ao ocorrido no genocídio judeu) às populações autóctones.
Na Europa central e do leste, sob regimes
comunistas, os ciganos sofreram políticas de assimilação e restrições da liberdade cultural. Na Bulgária, proibiu-se o uso da língua romani e a representação de música rom em atos públicos.
Na antiga Checoslováquia, dezenas de milhares de ciganos da Eslováquia, Hungria e Romênia foram reassentados em regiões fronteiriças da Morávia, e foi proibido o estilo de vida nômade. Na Checoslováquia, onde foram classificados como "estrato social degradado", mulheres ciganas foram submetidas a esterilizações como parte da política do Estado para reduzir o seu crescimento demográfico. Essa política foi posta em prática mediante incentivos financeiros, ameaças de retirada de subsídios sociais, desinformação e esterilização involuntária.

No início da década de 1990, a Alemanha deportou a dezenas de milhares de imigrantes à Europa Central e Oriental. Cerca de 60% de uma população de 100 mil cidadãos romenos deportados, de acordo com um tratado de 1992, eram ciganos.
No terceiro quarto do século XX começou também um importante movimento associativo cigano, em especial, a partir do
Primeiro Congresso Cigano de Londres, de 1971.





Povoado cigano na Eslováquia

Século XX, a terceira grande diáspora


Com a queda do muro de Berlim em 1989, o desmantelamento dos estados autoritários da Europa Central e do leste e a crise econômica e, especialmente, por causa da guerra da Iugoslávia, começa a terceira grande diáspora cigana. Esse movimento migratório (que novamente passa desapercebido para a opinião pública), realiza-se, como é habitual, do leste para o oeste. As estimativas são de 200 a 280 mil ciganos desprezados do leste ao oeste europeu desde 1960 a 1997.

Com a deterioração política da antiga
Iugoslávia, 40 mil ciganos chegaram à Itália e outros 30 mil à Áustria.. A crise econômica gerou, também, uma intensa rota migratória desde a Romênia aos países da Europa próspera numa quantidade ainda por calcular. As leis de cidadania discriminatórias na república Checa, por exemplo, são um expoente de velhas e novas formas de discriminação.

Segundo informações do
Banco Mundial na Europa há uma população entre 7 e 9 milhões de ciganos, dos que ao redor de 568mil (2002) vivem na Romênia, ainda que percentualmente a presença maior do povo cigano é a da República da Macedônia, onde representa 11% da população. A maior parte da população cigana da Europa central na zona balcânica vive com menos de 3 euros por dia per capita e 89% dos ciganos búlgaros não podem cursar estudos primários.
No
Brasil, estima-se que tenham entre 678 mil (estimativas do governo) e 1 milhão de ciganos. Já em Portugal, são estimados em cerca de 40 mil indivíduos.



Evidências lingüísticas da migração cigana

De acordo com os estudos de Terrence Kaufman (1973), a origem da língua romani, baseado nos dialetos europeus, pode localizar-se na Índia central e posteriormente, podem documentar-se empréstimos lingüísticos que foi adquirindo nos territórios por onde migrava, que iriam desde o século II a.C. ao XIV d.C: assim tem empréstimos do persa da sua passagem pela Pérsia, mas não da língua árabe, o que demostra que a sua passagem pela Pérsia foi anterior à sua islamização, no ano 900. Dos séculos XI - XII, tem empréstimos de línguas do Cáucaso (osseto, georgiano e armênio). Logo, detecta-se a migração em direção à atual Turquia, onde recebe empréstimos do grego, mas não do turco, o que indica que a sua passagem foi anterior à invasão turca. No ano 1300, procederia a entrada nos Balcãs, onde adquiriu palavras das línguas eslavas. Posteriormente, os dialetos europeus do romani dividem-se, ainda que Kaufmann indica uma distinção entre os que tem influência léxica do romani e os que não, que seriam os ciganos da Bulgária e os da Espanha.
Evidências genéticas da origem asiática dos ciganos

Os estudos genéticos corroboram a evidência lingüística que situa a origem do povo cigano no subcontinente indiano.
Estudos genéticos realizados em ciganos
búlgaros, bálticos e valacos sugerem que cerca do 50% dos cromossomos Y e do ADN mitocondrial pertencem ao haplogrupo homem H e ao haplogrupo mulher M, amplamente estendidos na Ásia meridional e Ásia Central.
Os homens correspondem maioritariamente com os haplogrupos H (50%), I (22%), J2 (14%) e Rlb (7%) ; as mulheres com H (35%), M (26%), U3 (10%), X (7%), e outros (20%). Tais haplogrupos são raros nos não ciganos, e o resto encontram espalhados por toda Europa. Os haplogrupos femininos U2i e U7 praticamente não existem nas mulheres ciganas, mas estão presentes na Ásia meridional (entre 11 e 35%).

Pode-se calcular que aproximadamente a metade do patrimônio genético cigano é parecido ao dos grupos europeus circundantes. Mas os homens ciganos do grupo sinti da Europa Central são H (20%), J2 (20%) com uma frequência elevada de R2 (50%), frequência que se encontra também na Índia, concretamente na Bengala Ocidental e entre os cingaleses do Sri Lanka. O marcador M217, presente em 1,6% dos homens ciganos, encontra-se também em Bengala Ocidental (Kivisild et alter, 2003). Os haplogrupos L, que se encontram nos 10% dos indianos e paquistaneses, não são registrados entre os ciganos (a equipe de Greshman não parece ter investigado o haplogrupo L), assim como tampouco nos originários de Bengala Ocidental. A partir da base de dados YHRD (Y Chromosome Haplotype Reference Database), pode-se comprovar que algumas populações ciganas européias possuem uma grande porcentagem de haplogrupos masculinos R1A1.

Os dados de YHRD informam poucas correspondências, em geral, com a população do subcontinente, mas uma alta correlação no haplogrupo H com a comunidade de origem sul-asiática de Londres, na que há uma porcentagem muito alta de indivíduos procedentes de Bengala Ocidental e do Sri Lanka.
As investigações genéticas de Luba Kalaydjieva mostram que o grupo original apareceu há umas 32 a 40 gerações, e que esse grupo era pequeno, de apenas uns 1.000 indivíduos.

A atitude tomada pelo presidente francês, Sarkozy, é intolerável e até levou a que um padre católico, sair em defesa da comunidade cigana, rezando e pedindo a Deus, para que Sarkozy tenha uma crise cardíaca.
Oxalá que a prece do reverendo se concretize.

DESASTRE AÉREO NO CONGO


Um avião DC-9








Acidente aéreo no Congo faz dezenas de mortos
2008-04-15





Um avião DC-9 com 85 passageiros a bordo despenhou-se hoje num bairro residencial da cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo, informaram as autoridades, que confirmaram o resgate de seis pessoas com vida.
Julien Mpaluku, governador da província, informou que havia 79 passageiros e seis tripulantes a bordo e adiantou que o local do impacto está envolto em chamas, pelo que é para já impossível determinar se os sobreviventes resgatados seguiam no avião ou são residentes do bairro onde o aparelho se despenhou.





Outras fontes aeroportuárias, tanto de Kinshasa como de Goma, indicaram haver "dezenas de mortos" e explicaram que o acidente se deu no final da pista, junto do populoso bairro de Birere.
Segundo a rádio Okapi, administrada pela ONU, o piloto perdeu o controlo do avião durante a descolagem e tentou parar o aparelho, que saiu da pista e caiu sobre o bairro.





O DC-9, que deveria fazer a ligação Goma-Kinshasa, pertence à companhia privada Hewa Bora, cujo nome foi incluído sexta-feira passada na lista de companhias aéreas proibidas de operar no espaço europeu.





Um porta-voz europeu, Michele Cercone, disse hoje não estar a par das razões concretas da inclusão da Hewa Bora na lista, mas adiantou que as companhias aéreas da RDCongo estão na lista devido "a uma ausência generalizada de controlo dos padrões técnicos mínimos pelas autoridades da aviação civil".




Fonte - DN

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão


Inspirada na Revolução Americana (1776) e nas idéias filosóficas do Iluminismo, a Assembléia Nacional Constituinte da França revolucionária aprovou em 26 de agosto de 1789 e votou definitivamente a 2 de outubro a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, sintetizando em dezessete artigos e um preâmbulo dos ideais libertários e liberais da primeira fase da Revolução Francesa. Pela primeira vez são proclamados as liberdades e os direitos fundamentais do Homem (ou do homem moderno, o homem segundo a burguesia) de forma ecumênica, visando abarcar toda a humanidade. Ela foi reformulada no contexto do processo revolucionário numa segunda versão, de 1793. Serviu de inspiração para as constituições francesas de 1848 (Segunda República Francesa) e para a atual. Também foi a base da Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada pela ONU.


História



Revolução Francesa Inspirada na Revolução Americana (1776) e nas idéias filosóficas do Iluminismo, a Assembléia Nacional Constituinte da França revolucionária aprovou em 26 de agosto de 1789 e votou definitivamente a 2 de outubro a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, sintetizando em dezessete artigos e um preâmbulo dos ideais libertários e liberais da primeira fase da Revolução Francesa.


Pela primeira vez são proclamados as liberdades e os direitos fundamentais do Homem (ou do homem moderno, o homem segundo a burguesia) de forma ecumênica, visando abarcar toda a humanidade. Ela foi reformulada no contexto do processo revolucionário numa segunda versão, de 1793. Serviu de inspiração para as constituições francesas de 1848 (Segunda República Francesa) e para a atual. Também foi a base da Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada pela ONU.


Dia Nacional dos Direitos Humanos em Portugal



A Assembleia da República Portuguesa, reconhecendo a importância da Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovou em 1998 uma Resolução na qual institui que o dia 10 de Dezembro passa a ser considerado o Dia Nacional dos Direitos Humanos.


A Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão



Art.1.º Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.



Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.



Art. 3.º O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.



Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei.



Art. 5.º A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.



Art. 6.º A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.



Art. 7.º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.



Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.



Art. 9.º Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.



Art. 10.º Ninguém pode ser molestado por suas opiniões , incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.



Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.



Art. 12.º A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.



Art. 13.º Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.



Art. 14.º Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração.



Art. 15.º A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração.



Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.



Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização.

terça-feira, agosto 24

ÁRBITRO MATA JOGADOR À FACADA


Violência

Juiz mata jogador de futebol amador que reclamou durante partida no Ceará
Publicada em 23/08/2010 às 15h42m
Portal Verdes Mares


FORTALEZA - Um juiz de futebol amador é acusado de matar um jogador a facadas e ferir outro durante uma partida no município de Barreira, no Maciço de Baturité, no Ceará.
O crime aconteceu neste domingo em Cajueiro, zona rural de Barreira, durante a partida entre os times de Barreira e Redenção. De acordo com informações da polícia, ao fim da partida o juiz Francisco Édio Gregório Chaves apitou um lance que desagradou os jogadores do time de Redenção. Houve confusão.


O juiz estava armado com uma faca e atingiu dois irmãos, jogadores do Redenção. Francisco José Ramos da Silva, de 26 anos, foi atingido no peito. Ele chegou a ser socorrido para o hospital municipal, mas não resistiu aos ferimentos. O irmão dele, Francisco das Chagas Lopes da Silva, de 24 anos, também ferido, foi transferido para o Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza.



Fonte - O Globo
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Felizmente que em Portugal o Apito continua ser Dourado!...

segunda-feira, agosto 23

MINDULLE E O SEK PAK SEK VU





  • Estáva-mos no mês de Julho do ano de 1991, o dia está lindo e o mar calmo e sereno mais parecia um espelho, o que em termos náuticos lhe chama-mos mar de patas. O dia se foi passando calmamente sem trabalho algum.Tinha-mos feito uma longa ronda a todo o exterior da costa de Macau e como nada de anormal tivesse sido detectado fomos fundear a vedeta perto da ponte da central eléctrica de Coloane, em Ká Hó.




  • O dia ia caminhando calmamente para o seu crepúsculo, e tinha sido um dia bastante calmo sem terem sido detectadas algumas embarcações de refugiados vietnamitas, como tal desloquei-me para o meu alojamento, sito na parte na parte baixa da vedeta afim de fazer alguns relatórios e descansar um pouco pois o dia ainda ia longo e durante a noite não sabia o que ainda haveria de acontecer.Estava eu concentrado e calmamente sentado junto à minha secretária quando senti a vedeta balancer violentamente, levando a que o cadeirão de rodas onde me encontrava sentado rola-se indo embater violentamente no meu beliche.




  • Nesse momento pensei que tivesse sido alguma embarcação de maiores dimensões que tivesse passado perto de nós e sua ondulação nos tivesse feito balancear daquela forma, mas pensando bem não podia ter sucedido pois encontravamos fundeados num local onde não havia local para a passagem de embarcações.O balanço se repetiu por várias vezes e desejando indagar a razão daquele violento balance me dirigi à ponte de comando, onde encontrei o meu imediato e toda a guarnição.




  • Olhei para o mar e então fiquei pasmado com o que olhos poderem ver, nunca tinha algo algo semelhante e então indaguei junto do meu imediato a razão porque não me tinha chamado devido à gravidade da situação, ele me respondeu que não me desejava incomodar, pois segundo a sua versão era somente um Sek Pak Sek Vu, o que quer dizer, um tufão ali formado e ainda não detectado pelos serviços de metereologia e como tal na sua opinião não haveria perigo algum.Os motores da vedeta estavam ligados e o pessoal estava todo a postos para o que desse e viesse.A vedeta balançava fortemente, tanto que as balustradas de ambos os bordos rasavam as altaneiras ondas, quando o vento mudava pois estava em constante mutação era a proa que afocinhava violentamente nas águas mais parecendo um submarino, de outras vezes era a popa.




  • Nas minhas lides no mar durante anos nunca tinha passado por situações daquelas, pelo que dei ordem para que todo o pessoal envergasse colete de salvação, já que dali não podiamos sair visto que para se poder levantar ferro necessário seria ter que um agente dr desloca-se até à proa e ali sim carregar no botão do motor eléctrico, mas naquele momento era impossivel fazê-lo.Começou a chover torrencialmente, os estrondosos som dos trovões se faziam ouvir e os relampagos eram uma constante cujos raios caiam bem perto da vedeta.Por essa altura vimos uma embarcação de pesca de dimensões razoáveis, desgovernada, e que rumava em nossa direcção. O meu coração quase deixou de bater, pois estava vendo que o fim estava perto.Liguei o projector e autofalante, fazendo sinais e chamando à atenção aos pescadores, mas não tinha resposta alguma e a embarcação continuava rumando em nossa direcção.




  • Justamente nessa altura, através da radio recebia uma comunicação do comando informando que junto da praia de Hac Sá havia uma embarcação com refugiados vietnamitas e era urgente seguir para lá afim de dar apoio e evitar que os refugiados desembarcassem.Em Macau desconheciam a situação por que estavamos a passar e então eu, informei que estávamos debaixo de uma tempestade e que também estavamos necessitados de auxilio, o oficial de dia ao Comando repetiu de novo a ordem, intimando-me para que seguisse para o local indicado imediatamente.Eu fiquei aborrecido e tão zangado fiquei que através da fonia, mandei para o caralho o oficial.Os raios dos relampagos não paravam de cair, embatiam nas águas e serpenteavam pela superficie bem perto da nossa vedeta.




  • O que tornava o espectáculo impressionante.Não parava-mos de fazer sinais e emitindo mensagens para a embarcação de pesca que perigosamente se ia aproximando de nós, mas sem obter-mos resposta alguma.Miraculosamente a embarcação de pesca guinou um pouco e passou arrasando a balustrada de bombordo provocando ainda alguns estragos de monta, mas sem por em perigo a vedeta ou a tripulação, mas a embarcação de pesca foi embater com imensa violência nos molhes junto à ponte da CEM e vimos depois alguns tripulantes saltarem para terra firme, ficando a embarcação abandonada e devido a tantos abalroamentos nos molhes que lhe causou profundos rombos que a levou a afundar-se, e nós sem nada poder-mos fazer.




  • O tempo ainda continuou assim por cerca de mais meia hora, quando as vagas abrandam dei ordem para que fosse amarrado um cabo ao corpo de um agente e que ele ratejando fosse até à proa afim de levantar ferro.Felizmente conseguiu e eu nem deixei que o ferro fosse completamente içado, dei toda a força a vante aos motores e rápidamente dali saimos, indo fundear num local seguro junto à ponte que ligava Macau à ilha da Taipa e ali permanecemos toda a noite.Quando o tempo o permitiu dali saimos e fomos lá para a praia de Hac Sá que ficava ainda bem longe e então recolhemos os tripulantes da embarcação vietnamita, eram num total de 138, entre mulheres crianças e homens, que se encontravam todos bem, pois o Sek Pak Sek Vu não tinha passado por aquele local.Rebocada a embarcação para a ponte de Coloane dela fizémos entrega ao pessoal do Posto informando-os quando o tempo permitisse ali regressariamos para levar a embarcação e os refugiados para fora das águas de Macau, isto é levá-los até bem perto de Hong-Kong.




  • O que só veio a acontecer na manhã do dia seguinte.Nas lides do mar os perigos são uma constante, e desta vez não ganha-mos para o susto, mas casos idênticos se repetiram no mesmo local ainda mais algumas vezes.Tufões com ventos superiores a 200 quilometros também os passei embarcado naquela casca de nóz que comandava, felizmente que só por lá andei uns meses mais tenho desembarcado e ido assumir as funções de Comandante de Divisão Policial e Fiscal até Agosto de 1992 data em que me reformei, mas nunca esquecerei os perigos por que passei ao longo dos vinte anos que andei nos mares da China e pelo Oceano Pacifico que de calmo só tem o nome.




  • Macau é assim, todos os anos passa pela época das monções e muitos tufões tem que aguentar mas hoje em dia as coisas estão bem melhores pois quando os mesmos entram dentro de um raio de 200 quilometros os serviços de metereologia dá o aviso e são tomadas todas as percauções ao contrário de antigamente, onde muitas das vedetas nem radar tinham.Agora em terra olhando para o mar, pois vivo defronte dele, grato lhe fico por ter sido tão benevolente para comigo e o respeito e o adoro.







Os Serviços de Meteorologia e Geofisico de Macau, nos dá o aviso da Tempestade MINDULLE, que não virá a afectar Macau.


As previsões para o dia de hoje, tempo quente, atingindo a temperatura máxima os 30 graus Celsius, vento moderado a fresco de Leste, por vezes com rajadas, aguaceiros e trovoadas ocasionais. A humidade relativa é de 60% a 95%, o mar apresenta pouco ondulado.


O que não nos informa os Serviços de Meteorologia é sobre os SEK PAK SEK VUS,


O articulista chegou a casa eram 14.10 horas, o dia estava lindo, solarengo, abriu as janelas em todos os quatros e sentiu um vento forte e fresco, invadir-lhe a casa.

Volvidos 10 minutos, o céu ficou todo negro e as rajadas de ventos passaram a ser fortissimas, tão fortes que foi dificil fechar as janelas.


Da varanda, mesmo com as vidraças fechadas, o som do vento, parecia a de várias ambulâncias a apitarem.


Tudo isto começou pelas 14.20 e terminou às 14.30 horas, o sol voltou a brilhar de novo, provavelmente, muitas pessoas, nem deram por este fenónemo.


A este fenónemo, os antigos chineses, e assim eu aprendi, se chamava Sek Pak Sek Vu, quando andava embarcado passei duas vezes por estas situações, bem perigosas, que quase causaram o afundamento da vedeta que comandava, porém em Macau ninguém se apercebeu do acontecimento.