Eurotúnel
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Mapa do trajeto do Eurotúnel.
Os britânicos também o chamam coloquialmente de The Chunnel.
Tentativas anteriores
Uma ligação entre a França e a Inglaterra já havia sido proposta em diversas ocasiões:
Em
1802, o engenheiro francês Matthieu Favier fez uma proposta para a construção de um túnel: os passageiros atravessariam o túnel em carruagens puxadas por
cavalos; o caminho seria iluminado por lanternas de óleo e uma ilha a meio do túnel forneceria ar fresco para os cavalos. O custo, mesmo nessa altura, seria de um milhão de libras.
Em
1875, Peter Barlow, construtor do primeiro caminho de ferro subterrâneo, sugeriu que se colocasse um tubo de aço gigantesco flutuando sobre o canal. A ideia foi rejeitada.
Em
1876 são levados a cabo extensos estudos geológicos.
Em
1880 a companhia
South Eastern Railway faz perfurações experimentais do lado inglês.
Em
1881 uma máquina de perfurações
Beaumont escava um túnel de 820 metros ao longo dos penhascos do lado inglês.
Em
1922 começam novamente escavações do lado inglês, mas após estarem feitos 128 metros de túnel, foram lançadas objeções políticas e as obras pararam mais uma vez.
Foi só após o fim da
Segunda Guerra Mundial que os técnicos acreditaram que o conhecimento tecnológico existente era o suficiente para a construção do túnel e começaram a dar-lhe a devida atenção.
O túnel atual
Estudo
Em
1957, foi formado o
Grupo de Estudo para o Túnel do Canal (
Channel Tunnel Study Group). No seu relatório, publicado em
1960, recomendava-se a construção de dois túneis ferroviários principais e um de serviço, menor.
O projeto foi iniciado em
1973 mas, devido a problemas de financiamento, foi interrompido em
1975 quando já estavam construídos 250 metros de um túnel de teste.
Em
1984, a ideia foi relançada com uma proposta conjunta dos governos britânico e francês para a construção do túnel com fundos privados.
Das quatro propostas apresentadas, foi escolhida a que mais se assemelhava ao anterior projeto de
1973 e foi anunciada ao público em
20 de Janeiro de
1986.
O percurso planejado ligava
Calais, na França, a
Folkestone, na Inglaterra. Na maior parte do seu percurso, o túnel encontra-se a 40 metros abaixo do fundo do mar, sendo a seção sul mais funda do que a secção norte.
Construção
A escavação do túnel demorou sete anos e empregou 15 000 trabalhadores, sendo as operações conduzidas simultaneamente dos dois lados.
O empreiteiro principal foi a TransManche Link, um consórcio que englobava 15 empresas e 5 bancos de ambos os países.
Foram usadas grandes máquinas,
tunnel boring machine (
TBM). Estas máquinas eram autênticas fábricas móveis que abriam o túnel, retiravam a terra e escoravam as paredes com
concreto.
Quase 4 milhões de metros cúbicos de cal foram escavados só do lado inglês; a maior parte foi deitada ao mar em Shakespeare Cliff, perto de Folkestone tendo com isso, roubado ao mar cerca de 360 000 m².
Secção-tipo do Túnel da Mancha
O Túnel da Mancha é constituído por 3 túneis paralelos, dois principais ferroviários e um menor, de acesso. Este túnel de acesso, que é servido por veículos pequenos, é ligado aos outros através de passagens transversais em intervalos regulares para permitir que os trabalhadores da manutenção tenham acesso aos túneis principais e para fornecer uma saída de emergência em caso de acidente.
Os passageiros e os veículos automóveis (ligeiros e pesados) são transportados por um serviço de comboios, ou trens, geridos pela companhia eurotúnel. O trajeto dura apenas 35 minutos. Houve um acidente no Eurotúnel no dia 18 de Novembro de 1996 às 20h45 num dos vagões finais.
Detalhes Finais
O encontro dos dois túneis 40 metros abaixo do solo do Canal da Mancha em
1 de dezembro de
1990, num
crossover (passagens que permitem trens passar de um túnel a outro), tornou possível caminhar em terra seca da Inglaterra à Europa pela primeira vez desde o fim da última glaciação, mais de 13 mil anos atrás. Os britânicos e franceses, usando métodos de cálculo e pesquisa a
laser, encontraram-se com menos de 2 cm de erro.
Estatísticas
O túnel possui 50,450 Km de comprimento, sendo que 37,9 deles estão debaixo do mar. A profundidade média é 45,7 metros abaixo do solo do mar, e a máxima profundidade é de 60 metros.
Foi aberto para uso comercial ainda em
1994, oferecendo três serviços principais: o
Le Shuttle, um trem que carrega veículos; o
Eurostar, para passageiros, conectando estações em
Londres a
Paris e
Bruxelas; e trens de carga.
Quase 7 milhões de passageiros fazem a travessia de 35 minutos todo ano.
Incêndio
O único sério incidente no Eurotúnel aconteceu em
18 de novembro de
1996, quando fogo se alastrou em um trem transportando caminhões. Ninguém morreu.O túnel foi reaberto para uso limitado em
21 de novembro do mesmo ano, mas o transporte de passageiros ficou paralisado até
4 de dezembro.
Ocorreu mais um incidente em 11 de setembro de 2008,
O incidente ocorreu do lado francês do túnel, mas equipes inglesas saíram da cidade de Kent, no sudoeste da Inglaterra, para auxiliar nas operações.
Pelo menos 32 pessoas foram retiradas do túnel, a maioria motoristas de caminhões que eram transportados em vagões no momento do acidente. Não houve vítimas.
Operação
Estação ferroviária de Waterloo
O túnel é operado por
Eurotunnel plc. Existem quatro distintos tipos de serviço:
Eurostar: um trem de passageiros de alta velocidade. Conecta a estação
londrina de trem
Saint-Pancras com a Estação do Norte (
Gare du Nord) em
Paris, e a estação
Midi/Zuid, em
Bruxelas, com paradas em
Ashford,
Calais e
Lille. No dia 14 de outubro de 2007 o servico passou da estação de waterloo para a renovada estação de St Pancras internacional com a abertura de uma nova linha, hi-speed 2 que reduz o tempo de percurso entre
Londres e
Paris para 2 horas, cerca de menos 30 minutos a mais que antigamente.
Le Shuttle: transporta
carros,
ônibus e vans através do túnel (como se fosse um
ferry-boat, balsa), serviço entre Calais (França) e Folkestone (Inglaterra).
Transporte de caminhões: Carrega caminhões no trem (que viajam em vagões abertos), motoristas viajam em um ônibus, separados de seus veículos.
Europorte: Serviço de transporte de carga convencional.
Apesar dos trens do
Eurostar viajarem em alta velocidade na França (onde trilhos são modernos e especialmente feitos para os trens
TGV (Train de Grande Vitesse) que viajam a uma velocidade de 320 km/h), a velocidade em terras inglesas, especialmente nos arredores de Londres, é limitada pelos trilhos de baixa velocidade usados pelos trens domésticos.
O governo britânico instituiu um projeto (
Channel Tunnel Rail Link, Conexão de Trilho ao Túnel do Canal, em
português), com parte de suas verbas vindo do governo, cujo objetivo é construir uma linha de trem de Londres à entrada do túnel, especialmente dedicada aos trens de alta velocidade do
Eurostar.
No final de
2003, aproximadamente metade da linha estava completa (secção de Ebbsfleet a Cheriton). Quando o projeto foi finalizado, o terminal foi transferido de Waterloo para a estação de St. Pancras, ao norte.
Busca por asilo
O túnel tornou-se um meio popular em pessoas que buscam
asilo, com a esperança que as chances de receberem asilo sejam maiores no
Reino Unido do que na
França, e entrando ilegalmente no
Reino Unido. Houve algumas tentativas de tais pessoas que tentaram caminhar ao longo do túnel ou entrar nos trens (de passageiros) ilegalmente, mas a maioria prefere tentar esconder-se em vagões de carga ou em caminhões usando o túnel.
Em
2002, autoridades britânicas adicionaram um sistema sofisticado de microfonia em
Kent, esperando ouvir os batimentos cardíacos ou a respiração de tais pessoas.
No começo de
2003, o governo britânico pressionou autoridades francesas a fecharem o centro para pessoas que buscam asilo em
Sangatte, que incentiva tais pessoas a entrarem ilegalmente no
Reino Unido, na opinião dos britânicos.
O Eurotúnel em filmes
O clímax do filme
Missão Impossível, onde
Tom Cruise, acima de um vagão de um trem em alta velocidade, é caçado por um
helicóptero, ocorre dentro do que é supostamente o Eurotúnel. Tal cena (gerada com a ajuda de
computadores) contém muitos erros (além da clara impossibilidade de tal vôo).
Dois dos mais significativos erros são a utilização do
TGV (
Train de Grande Vitesse, em francês) dentro do "Eurotúnel" — onde tais trens não operam — e mostrando um único túnel retangular com duas linhas de trem. Em realidade, o Eurotúnel usa dois túneis fisicamente separados, para ambas direções de viagem.