Mianmar liberta da prisão domiciliar a Nobel da Paz de 1991
Prisão domiciliar da ativista pró-democracia terminou neste sábado (13).
13/11/2010 - 08h:43
As autoridades de Mianmar libertaram neste sábado (13) a líder opositora Aung San Suu Kyi, símbolo da dissidência à junta militar, poucos dias depois de eleições parlamentares muito criticadas pelos países ocidentais.
A condenação de 18 meses de prisão domiciliar, que a vencedora do Nobel da Paz em 1991 cumpre atualmente, a última de uma longa série de punições, chegou ao fim.
O governo já havia adiantado que iria libertar Suu Kyi, que há mais de 20 anos simboliza a resistência democrática pacífica em Mianmar.
Sua libertação era aguardada por cerca de mil pessoas que faziam vigília próximo à sua casa e à sede de seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND). Forças de segurança retiraram as barricadas que cercavam sua casa, e os policiais que guardavam a casa deixaram o local.
Testemunhas disseram que, logo após a retirada, Suu Kyi recebeu a visita de seu advogado e de um médico dentro de sua casa. Ela chegou ao portão da casa e acenou para a multidão.
Eleições
A libertação da opositora acontece poucos dias depois das primeiras eleições no país em 20 anos, celebradas no último domingo.
Os países ocidentais e a oposição criticaram o processo e denunciaram fraudes. Mas o partido ligado à junta militar que governa o país ignorou a censura internacional e alegou ter recebido 80% dos votos para as futuras assembleias nacionais e regionais.
Há alguns meses, analistas previram que o regime comandado pelo generalíssimo Than Shwe terminaria libertando Suu Kyi, que foi mantida afastada das eleições.
Mas também lembram que o homem forte da junta, que detesta a dissidente, a libertou duas vezes antes de determinar sua prisão novamente.
Em maio de 2009, Suu Kyi estava prestes a ser libertada quando um americano conseguiu nadar até sua casa em Yangun, às margens de um lago. Em agosto do mesmo ano, ela foi condenada a mais 18 meses de prisão domiciliar.
Apesar dos pedidos da ONU, a junta militar que controla o país recusava-se a se reunir com secretário-geral Ban Ki-moon, que, na ocasião, visitou especialmente Mianmar para isso.
Suu Kyi sempre clamou inocência, denunciando o caráter parcial das acusações atribuídas a ela pelo governo birmanês.
Ela é filha do herói da independência do país, o general Aung San, que foi assassinado, é vista como poderosa ameaça pela ditadura militar.
Nascida em 19 de junho de 1945, Aung San Suu Kyi iniciou seus estudos em Yangun e os continuou na Índia, onde sua mãe foi nomeada embaixadora em 1960. Depois, estudou em Oxford.
Assistente da Escola de Estudos Orientais em Londres, ela se casou em 1972 com o acadêmico britânico Michael Aris, com quem teve dois filhos.
Retornou a Mianmar em abril de 1988. Sua volta ao país coincidiu com o início de uma revolta popular contra a repressão política, marcada pelo declínio econômico.
"É um ícone que inspira as pessoas", sempre sujeitas ao reino do medo, dizia Sunai Phasuk, da Human Rights Watch.
Isolamento
Mesmo com a libertação, Suu Kyi está politicamente mais isolada do que nunca. A vitória eleitoral de 1990 de seu partido parece cada vez mais longe.
O resultado da votação de 20 anos atrás nunca foi reconhecido pelo regime ditatorial, e a líder opositora passou 15 dos últimos 20 anos privada da liberdade.
Mas a vitória deu legitimidade a Suu Kyi em Mianmar e no exterior. O principal objetivo da junta militar nas eleições de domingo era tentar reduzir esta legitimidade.
Suu Kyi boicotou as eleições, assim como a LND, que foi oficialmente dissolvida. Em tais condições, o futuro político da dissidente é incerto.
Em outro problema para o governo, a junta militar acusou de "terroristas", que cometeram "atos subversivos para perturbar a estabilidade do Estado", os rebeldes da etnia Karen que enfrentaram o Exército no leste do país.
Os combates provocaram a fuga para a Tailândia de 20 mil pessoas. Quase todas já retornaram, mas a tensão persiste em um país onde muitas minorias étnicas não têm uma relação pacífica com o governo central.
Fonte: g1
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Burma’s junta releases Aung San Suu Kyi
By Deustche Presse-Agentur
Rangoon
Burma's military junta released opposition leader Aung San Suu Kyi from house arrest Saturday to the cheers of thousands of her supporters gathered outside her compound.
Police cars arrived at Suu Kyi's compound about 5:30 pm and sent officials in to deliver her release papers.
"She is free now," announced Suu Kyi's lawyer, Nyan Win, to the cheering crowd. He asked her followers to be disciplined.
Thousands of Suu Kyi supporters, members of the opposition National League for Democracy (NLD) party and reporters waited outsid eher residence in Yangon since Friday in anticipation.
Supporters also gathered at the NLD headquarters in Yangon, where Suu Kyi, 65, was expected to go after her release.
Fonte - The Nation - Bangkok
Aung San Suu Kyi, em birmanês , (Rangum, 19 de Junho de 1945) é líder política e ativista birmanesa, premiada com o Nobel da Paz em 1991, líder da oposição ao regime ditatorial do país, activista dos direitos humanos.
É filha de Aung San, o herói nacional da independência da Birmânia, que foi assassinado quando Suu Kyi tinha apenas dois anos de idade.
Depois de ter vivido em Londres, regressou ao seu país em 1988, por altura da morte da mãe. O seu retorno à Birmânia coincidiu com a eclosão de uma revolta popular espontânea contra vinte e seis anos de repressão política e de declínio económico no país. Em pouco tempo, Suu Kyi tornou-se a líder do movimento de contestação ao regime militar.
Manifestação pela liberação de Aung San Suu Kyi, 2005.
Nesse ano de 1988, morreram dez mil pessoas em consequência das medidas de repressão adoptadas pelo regime. Após o seu partido (a Liga Nacional para a Democracia) ter obtido uma vitória esmagadora nas eleições de 1990, Suu Kyi viu-se remetida a prisão domiciliária pela junta militar que governa o seu país. A Birmânia - denominada Myanmar, a partir de 18 de junho de 1989 - continuou a ser dirigida pelo general Ne Win num regime ditatorial, mas a luta pela democracia ganhava crescente visibilidade e apoio internacional.
Manifestação pela liberação de Aung San Suu Kyi, em Nova York, 2003.Em 1990, Aung San Suu Kyi ganhou o prémio Sakharov de liberdade de pensamento, e em 1991 foi galardoada com o Nobel da Paz.
Em 1995, o regime militar decidiu levantar a pena de prisão domiciliária imposta à Prémio Nobel, como sinal de abertura democrática dirigido à comunidade internacional. Mas sua liberdade durou pouco. Dos últimos 19 anos, ela passou 13 em prisão domiciliar.
Em 2000, o grupo U2 fez uma canção em sua homenagem chamada "Walk On". Em 2005, Damien Rice e Lisa Hannigan escreveram a canção "Unplayed Piano em sua honra e tocaram-na ao vivo no "Nobel Peace Prize Concert (Nobels fredspriskonsert)" em Oslo, Noruega.
Em 2008, Suu Kyi foi classificada como a 71ª mulher mais poderosa do mundo, pela revista Forbes. Em setembro do mesmo ano, seu estado de saúde suscitou preocupação. Ela estaria recusando a comida que lhe era fornecida pela junta militar.
Prisão e julgamento
A duas semanas do fim de sua mais recente pena de prisão domiciliar, Aung San Suu Kyi foi enviada para a prisão de Insein, nos arredores de Rangum. Ela e seu médico particular estão detidos desde 7 de maio de 2009. As autoridades acusaram formalmente Suu Kyi de descumprir os termos de sua detenção quando permitiu que um americano dormisse em sua casa, no início de maio.
Seu estado de saúde é delicado. "Ela não pode mais comer. Sua pressão é baixa e ela sofre de desidratação", segundo seu médico.
Nove ganhadores do Nobel manifestaram apoio a Aung San Suu Kyi, que atualmente está sendo julgada. Segundo a Secretária de Estado para os Direitos Humanos da França, Rama Yade, a detenção de Suu Kyi, a poucos dias de sua liberação, visa afastá-la do processo eleitoral.
O objetivo do regime é chegar às eleições legislativas de 2010 sem entraves. "Trata-se de um estado que vive sob o terror há vinte anos," Suu Kyi, mantendo-se em seu país, marca resistência pacífica mas firme ao regime autoritário.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, qualificou de escandaloso o processo contra Aung San Suu Kyi. "É escandaloso que ela seja julgada e continue a ser detida em razão de sua popularidade", declarou Clinton em Washington.
Em 30 de maio, os dois juízes militares que julgam a principal opositora birmanesa, adiaram a data de apresentação das razões finais no processo contra ela, de 1º para 5 de junho. "O tribunal pronunciará a sentença depois das razões finais" − disse Kyi Win, da equipe de três advogados que defendem Aung San Suu Kyi.
Em 19 de Junho de 2010 Aung San Suu Kyi completou 65 anos ainda em prisão domiciliar, e nesta ocasião o presidente americano Barack Obama fez um apelo ao governo de Myanmar para que a liberte, assim como aos demais presos políticos
Fonte - Enciclopédia livre