o mar do poeta

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quarta-feira, maio 6

ESTERILIZAÇÃO DE CÃES E GATOS










QUAIS OS BENIFÍCIOS DA ESTERILIZAÇÃO?








Após a esterilização os animais tornam-se mais mansos, ao mesmo tempo que são diminuidos os comportamentos de demarcação do território, que leva aos cães e gatos (machos) a urinar em vários locais. Os machos tornam-se também menos agressivos e deixam de sentir a necessidade de procurarem as fêmeas do cio, alturas em que frequentemente se perdem dos donos. E, relativamente às gatas, a esterilização diminui o miar e a tensão que sentem quando estão com o cio.




Da mesma forma, nas cadelas, evita a ocorrência de hermorragias vaginais durante o cio, que, muitas vezes, acabam por sujar a casa.








DESMISTIFICAR MAL ENTENDIDOS SOBRE A OPERAÇÃO DE ESTERILIZAÇÃO?








As cadelas e as gatas esterilizadas não só conseguem viver felizes, como também sofrem menos riscos de aparecimento de tumores nos ovários, útero e nas glândulas mamárias. No caso dos cães e gatos, a esterilização reduz a possibilidade do aparecimento de tumores na próstata e nos testículos.








PORQUE SE DEVE FAZER A ESTERILIZAÇÃO?








Não devemos menosprezar a capacidade reprodutiva dos animais, sabido que uma cadela ou gata adulta consegue dar à luz, por ano, até 20 crias. Imaginando que os seus descendentes também terão a mesma capacidade reprodutiva, o cenário torna-se assustador!








A reprodução dos animais de estimação deve ser controlada. A maior parte das famílias que já possui animais de estimação em casa, já não tem capacidade ou disposição para ter mais animais. Portanto, quando o dono não consegue encontrar alguém adequado a quem doar as crias, estas acabam simplesmente por ser abandonadas!








Para evitar esta triste e cruel realidade, o melhor é optar pela esterilização dos seus cães e gatos de estimação.








(Recomendações do Instituto Para os Assuntos Civícos e Municipais de Macau)

terça-feira, maio 5

RELIGIÕES DA CHINA

O ARTICULISTA JUNTO A TEMPLO CHINÊS, EM BANGKOK

MONGES BUDISTA NA CHINA




UM NOVO PAGODE BUDISTA NA CHINA






O Confucionismo e o Taoísmo são consideradas religiões chinesas, mas ambas começaram como filosofias.

Confúcio, do mesmo modo que seus sucessores, não deu importância aos deuses e se voltou para a ação. Por sua vez, os taoístas apropriaram-se das crenças populares chinesas e da estrutura do budismo. Como conseqüência, surgiu uma corrente separada do "taoísmo religioso", diferente do "taoísmo filosófico" que se associava aos antigos pensadores chineses Lao-Tsé e Zuang-Zi.

O budismo chegou à China pela primeira vez durante o final da dinastia Han, arraigou-se rapidamente e templos como o da fotografia foram construídos. Os comunistas eliminaram a religião organizada ao tomarem o poder em 1949 e a maior parte dos templos foi reorganizada para usos seculares. A Constituição de 1978 restaurou algumas liberdades religiosas e, atualmente, existem grupos budistas e cristãos ativos na China.

História Desde tempos remotos, a religião chinesa consistia na veneração aos deuses liderados por Shang Di ("O Senhor das Alturas"), além de venerações aos antepassados. Entre as famílias importantes da dinastia Chou, este culto era composto de sacrifícios em locais fechados. Durante o período dos Estados Desunidos (entre 403 e 221 a.C.), os estados feudais suspenderam os sacrifícios. Na dinastia Tsin, e no início da Han, os problemas religiosos estavam concentrados nos "Mandamentos do Céu".

Existiam, também, seguidores do taoísmo-místico-filosófico que se desenvolvia em regiões separadas, misturando-se aos xamãs e médiuns. No final da dinastia Han, surgiram grandes movimentos religiosos. Zhang Daoling, declarou haver recebido uma revelação de Lao-Tsé e fundou o movimento Tianshidao (O Caminho dos Mestres Celestiais). Esta revelação pretendia substituir os cultos populares corrompidos. A doutrina transformou-se no credo oficial da dinastia Wei (386-534), sucessora da Han, inaugurando, assim, o "taoísmo religioso" que se espalhou pelo norte da China.

A queda da dinastia oriental Jin (265-316) fez com que muitos refugiados se deslocassem para o sul, levando o Tianshidao. Entre 346 e 370, o profeta Yang Xi ditou revelações outorgadas pelos seres imortais do céu. Seu culto, o Mao Shan, combinava o Tianshidao com as crenças do sul. Outros grupos de aristocratas do sul desenvolveram um sistema que personificava os conceitos taoístas, transformando-os em deuses. No início do século V, este sistema passou a dominar a religião taoísta. Durante o século VI, com a reunificação da China nas dinastias Sui e Tang, o taoísmo se expandiu por todo o império e passou a conviver com outras religiões, como o budismo e o nestorianismo.

O Taoísmo continuou a se desenvolver na dinastia Song, expulsa em 1126. Sob o domínio de dinastias posteriores, a religião taoísta desenvolveu a Doutrina das Três Religiões (Confucionismo, Taoísmo e Budismo). Com o advento do comunismo na China, o Taoísmo religioso foi vítima de perseguições. Todavia, as tradições foram mantidas na China continental e estão conseguindo ressurgir. Práticas O taoísmo religioso considera três categorias de espíritos: deuses, fantasmas e antepassados. Na veneração aos deuses, incluem-se orações e oferendas. Muitas destas práticas originaram-se dos rituais do Tianshidao.

O sacerdócio celebrava cerimônias de veneração às divindades locais e aos deuses mais importantes e populares, como Fushoulu e Zao Shen. As cerimônias mais importantes eram celebradas pelos sacerdotes, já os rituais menores eram entregues a cantores locais. O exorcismo e o culto aos antepassados constituíam práticas freqüentes na religião chinesa. O taoísmo religioso tem sua própria tradição de misticismo contemplativo, parte da qual deriva-se das próprias idéias filosóficas.

DEUSES E DEUSAS


BUDA SAKYAMUNI


BUDA AMITABHA
KWAN TAI



UM PEQUENO ALTAR NUMA CASA









OS TRÊS DEUSES - FOK - LUK - SAO




O ARTICULISTA NUM MOSTEIRO BUDISTA DEDICADO À DEUSA KUN IAN EM BANGKOK.





A figura central do budismo é Sakyamuni que atingiu o nirvana através da meditação. É frequentemente venerado como um dos Três Budas Preciosos, juntamente com Amitabha, Senhor do Paraíso Ocidental e o Buda que Cura. Outras dinvidades são Bodhisatva ou Pusa que alcançou a nirvana mas optou por servir a humanidade. A mais reverenciada é a Deusa da Misericórdia, Kun Iam.

O Taoísmo tem deuses para todas as ocasiões e necessidades possíveis. A maioria foi deificada pelas suas grandes virtudes ou poderes milagreiros enquanto viveram na terra. Em Macau, a Deusa dos Navegantes, Tin Hau ou A-Ma, como também é chamada, é a mais popular.

Conta-se que ela era uma rapariga pobre de Fukien com poder para salvar pescadores de tempestades.

Outro deus favorito é Kwan Tai, também conhecido por Kwan Kung ou Mo, um erudito e guerreiro que se tornou Deus da Riqueza, da Literatura, da Guerra e dos Penhoristas. Em muitas esquadras policiais há um altar dedicado a este deus. Outras divindades são veneradas por raparigas em busca de marido, mulheres que desejam ter filhos, estudantes em época de exames, jogadores, inválidos, etc.

Em muitos templos há duas grandes estátuas de cada lado do altar principal. São os guardas lendário: um, transportando um machado, que consegue ver até ao infinito (Olhar de Lince), o outro empunhando uma maçã, que consegue ouvir tudo ( Ouvido do vento Favorável). Muitos templos têm também prateleiras com os 60 "Tai Soi", deuses têm a seu cargo cada ano do calendário chinês. O devoto faz ofertas ao deuses do ano que nasceu.

Espalhados por Macau há altares pequenos com caracteres do nome do deus em casas, restaurantes e lojas, havendo nas esquinas de muitas ruas pedras com inscrições a deuses locais.

TEMPLO SAM KAI VUI KUN









O Templo de Sam Kai Vui Kun (Macau) é um templo situado próximo da antiga zona do Bazar Chinês, onde se encontra actualmente o Mercado de S. Domingos, mantendo ainda a essência da função original daquele espaço. A data da sua construção é desconhecida, embora tenham sido recuperadas no local placas com inscrições que assinalam a data do restauro, efectuado em 1792.A localização desta construção tipicamente chinesa no coração da principal praça da cidade, num contexto urbano predominantemente ocidental, ilustra bem a coexistência harmoniosa entre as duas culturas.O templo está directamente associado à primeira Câmara de Comércio Chinesa da cidade, com ligações comerciais de longa data.



Os éditos oficiais das autoridades chinesas do continente eram anunciados publicamente em frente a este templo. O seu testemunho histórico demonstra claramente o respeito que sempre houve em Macau entre as comunidades chinesa e portuguesa, com as respectivas representações cívicas coexistindo lado a lado. Neste contexto, Sam Kai Vui Kun representa a voz do sector comercial chinês local, tendo encontrado um importante papel activo nos assuntos cívicos e políticos da cidade.Construído por comerciantes chineses locais, Sam Kai Vui Kun é uma edificação modesta.


Porém, na sua simplicidade, alberga elementos típicos da arquitetura tradicional chinesa, tais como telhas verdes vidradas, ao estilo yingshan, o portão da entrada recuada, típico da corrente de arquitectura Lingnan e a fachada em tijolo cinzento. Os frisos que se podem observar por debaixo dos beirais suspensos encontram-se decorados com ornamentos e figuras policromadas, ilustrando cenas de contos lendários. Os beirais de pontas levantadas do telhado contribuem para realçar a imagem tipicamente chinesa do conjunto.

TEMPLO LIN KAI MIU



Lin Kai Miu

(Templo do Regato Plangente)(Travessa da Corda)Datando do séc. XVII, este templo ocupa uma praça ao lado da Estrada do Repouso na zona do Patane, em que se realiza regularmente uma feira da ladra. O templo tem uma fachada com belos trabalhos em granito nas paredes e no pórtico e grandes estátuas de leões chineses no telhado. O pavilhão central é dedicado a "Ua Kuong", o deus de cara preta que protege do fogo e que está assistido por Olho de Mil Li e Ouvido do Vento Favorável. Num pavilhão anexo há deusas ligadas ao nascimento e educação de crianças.


Ao longo das paredes há 18 estátuas de deusas com crianças, figuras de barro expressivas e de cores claras que são excelentes exemplos de arte popular. Na capela em frente há mais exemplares das figuras, em forma de boneca, dos deuses dos 60 anos.


Noutro pavilhão há uma fila de seis "pusas" budistas. Kun Iam, com o toucado de véu com franja, é venerada num dos pavilhões, partilhando um altar com a estátua de Kwan Tai. Um outro pavilhão é dedicado ao Deus Macaco, uma figura popular na mitologia taoísta e herói do poema épico "Macaco". O templo de Lin Kai presta auxílio a um hospital e a um asilo da terceira idade. A festa de "Ua Kuong" celebra-se no 28º dia do nono mês lunar.

TEMPLO HONG KUNG








Templo Hong Kung

(Rua das Estalagens)Este Templo situa-se na movimentada praça do mercado entre a Rua das Estalagens e a Rua Cinco de Outubro. Foi construído em 1750, tendo já sido restaurado várias vezes. Está dedicado ao Deus da Guerra e da Riqueza, Kwan Tai, sentado no altar e flanqueado por imagens do filho e do porta-estandarte. Há dois altares laterais e uma área ampla usada como habitação pelo guarda do templo e família. A mesa das oferendas tem o frontal delicadamente trabalhado. A festa de Kwan Tai é celebrada no 13º dia do 5º mês lunar (em Maio) e no 24º dia do 6º mês lunar (em Junho)

TEMPLO TAI SOI



Templo Tai Soi

Construído há 200 anos, este Templo situa-se na antiga zona comercial atrás do Jardim de Camões perto do Hospital Kiang Vu na Rua Coelho do Amaral.Este Templo é muito popular entre as mulheres que o visitam com oferendas à Deusa da Fertilidade e Filho, que ocupam um lado do altar.


Pode observar-se uma bela colecção de Deuses do Ano e locais de oração dedicados a Pao Kung, Deus Taoísta da Justiça e a Kun Iam. No topo das escadas e passada a porta redonda encontra-se o altar principal com a imagem do Buda Adormecido, uma figura dourada deitada com o queixo apoiado na mão. Mais alguns degraus levam-nos ao altar de Chung Kwai, controlador dos demónios.

TEMPLO A-MA


DEUSA A-MA - IMAGEM QUE SE ENCONTRA NUMA MONTANHA NA ILHA DE COLOANE




O Templo de A-Má, que se localiza à entrada do Porto Interior (no extremo-sul da Península de Macau), a meio da encosta poente da Colina da Barra, já existia antes da própria Cidade de Macau ter nascido. Especula-se que o templo foi construído pelos pescadores chineses residentes de Macau no séc. XV, para homenagear e adorar a Deusa A-Má (Deusa do Céu), chamada também de Tin Hau, Mazu ou Matsu. Esta divindade taoísta é muito venerada em todo o Sul da China e em várias partes do Sudeste Asiático e é considerada como a protectora dos pescadores e marinheiros.




Crê-se que os portugueses desembarcaram pela primeira vez em Macau, possivelmente no ano de 1554 ou 1557, precisamente à entrada do Porto Interior, também chamada pelos pescadores chineses de "Baía de A-Má". Segundo as lendas do séc. XVI, o nome da Cidade deriva precisamente da palavra em cantonense "A-Má-Gau", que significa literalmente Baía de A-Má.










O Templo de A-Má está incluído na Lista dos monumentos históricos do "Centro Histórico de Macau", por sua vez incluído na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Pode-se considerar que este templo é o símbolo máximo da cultura chinesa em Macau.






É composto pelo Pavilhão do Pórtico, o Arco Memorial, o Pavilhão de Orações, o Pavilhão da Benevolência, o Pavilhão de Guanyin e o Pavilhão Budista Zhengjiao Chanlin, cada um disposto harmoniosamente com o ambiente natural circundante e contribuindo para a beleza do conjunto. Cada pavilhão é dedicado ao culto de uma divindade chinesa, algo que torna o templo um exemplo singular das diversas influências da cultura chinesa, passando pelo taoísmo, confucionismo, budismo e pelas diversas crenças populares. Os pavilhões datam de épocas diferentes, sendo a configuração actual datada de 1828.



O Pavilhão das Orações, também conhecido por "Primeiro Palácio da Montanha Sagrada", foi construído em granito no ano de
1605 e restaurado no ano de 1828, como indica uma placa de madeira na sua entrada. Este pavilhão, com telhado verde de beirais decorativos de pontas levantadas e janelas com grades, é dedicado à deusa dos navegantes, Tian Hou.



O Pavilhão da Benevolência, de telhado verde semelhante ao do Pavilhão das Orações, data de
1488, pensando-se que pertence à estrutura original do templo. Durante a sua construção, para além de usar granito, foi usado também tijolos. É um pavilhão de menores dimensões, tirando proveito do declive natural da Colina da Barra.



Um pouco acima, na mesma colina, encontra-se o Pavilhão de
Guanyin, construído em tijolo. A data da construção deste pavilhão é desconhecida, mas conhece-se a data da sua restauração que foi realizada no ano de 1828, como indica uma placa de madeira na zona da sua entrada.



O Pavilhão Budista foi também restaurado no ano de
1828. É de maior dimensão e mais refinado em termos dos pormenores arquitectónicos. Possui um santuário dedicado à deusa dos navegantes, com uma estrutura de quatro pilares, assim como uma área de retiro. A fachada é ornamentada com uma porta em forma de lua, com esculturas de várias cores a decorá-la.



O Pavilhão do Pórtico foi construído em
granito, com cerca de quatro metros e meio de altura. Possui decorações representando animais em cerâmica nos beirais do telhado de pontas levantadas e noutras secções. Perto da sua porta principal, guardado por um par de leões em pedra, encontra-se o Arco Memorial que conduz os crentes ao Pavilhão de Orações, que se encontra em frente ao Pavilhão da Benevolência. O Arco e estes 3 pavilhões encontram-se alinhados no mesmo eixo.




UMA PINTURA EM RELEVO, NUMA PEDRA, À ENTRADA DO TEMPLO.






TEMPLO DE KUN IAM


O Templo de Kun Iam Tong é um dos três maiores e mais ricos templos budistas de Macau e, originalmente, era chamado de “Pou Chai Sim Un” (Templo de Pou Chai). É considerado como um dos templos mais antigos de Macau e foi fundado no séc. XIII para venerar a Kun Iam, a Deusa chinesa da Misericórdia ou da Compaixão. Os edifícos actuais do templo foram construídos em 1627, facto comprovado por uma laje do pátio onde está escrito, em chinês: “Construído no sétimo mês do sétimo ano do reinado do Imperador Tian Qi”. O Templo localiza-se na Avenida do Coronel Mesquita, na Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, perto de Mong-Há e dos Templos de Kun Iam Tchai e de Seng Wong






O templo possui um grande portão de entrada e telhados adornados com figuras de porcelana. Dentro do templo, existem 3 pavilhões principais ricamente decorados que são separados por 2 pátios. Estes pavilhões são dedicados, respectivamente, aos Três Budas Preciosos, ao Buda da Longevidade e a Kun Iam. No terceiro pavilhão, a estátua de Kun Iam está vestida de seda bordada e decorada com uma coroa em franja, que é substituída anualmente.


É acompanhada por 18 Budas de cada lado do altar. Atrás destes pavilhões existem jardins com terraços, e um deles contém um arco comemorativo. Para além do valor arquitectónico e artístico do templo, dada à sua rica decoração, ele guarda uma grande quantidade de documentos importantes e rolos de caligrafia e pintura chinesas de autores famosos como, por exemplo, Qu Dajun. Durante a Segunda Guerra Mundial, o pintor chinês Gao Jianfu viveu e ensinou no templo.


Foi precisamente numa mesa de pedra localizado num dos jardins do templo que foi assinado o primeiro tratado sinoamericano em 3 de Julho de 1844 pelo Vice-Rei de Cantão, Ki Jing, e o ministro Caleb Cushing dos E.U.A.. Este tratado é conhecido como o "Tratado Sino-Americano de Mong-Há". Perto da mesa, existem 4 árvores de idade avançada com ramos entrelaçados, mais conhecidas de "árvores dos amantes" e que simbolizam a fidelidade conjugal. Noutras partes do jardim existem um pequeno pavilhão que contém uma estátua de mármore de um monge, várias fontes com a forma de paisagens chinesas em miniatura, tufos de bambú e pequenos nichos em honra de monges falecidos.


A festa de Kun Iam é celebrada no 19º dia do segundo, sexto, nono e décimo primeiro meses lunares.

DEUSA KUN IAM







KUN IAM

A misericódia em diferentes culturas



No budismo chinês, Kuan Yin, Guan Yin ou Guānyīn 觀音representa a compaixão ou misericórdia de todos os Buddhas e tem sua simbologia advinda do Bodhisattva Avalokiteshvara, em sânscrito Avalokiteśvara अवलोकितेश्वर, divindade do budismo indiano, que dá origem a várias representações asiáticas, e que chega à China com o budismo no ano de 67, sincretizando-se com divindades femininas locais.

Kuan Yin está associada às características femininas da maternidade e proteção, na China ligadas milenarmente de modo bastante forte à misericórdia.

Também no Japão a representação budista da misericórdia tem características femininas predominantes, sendo conhecida como Kannon Bosatsu観音菩薩.
No budismo tibetano recebe o nome Chenrezig, e, assim como Avalokiteśvara na Índia, tem características masculinas predominantes.


A dança da Deusa da Misericórdia



O coreógrafo chinês Zhang Jigang criou uma apresentação de dança para permitir ao público contemplar a "Kuan Yin de Mil Braços". O canal de televisão "China Central" apresentou este espetáculo ao vivo como comemoração do Ano Novo Chinês.

A dança foi apresentada por 21 dançarinas surdas integrantes da "Companhia de Arte Performática Chinesa de Deficientes Físicos." Posicionadas numa longa fila, as bailarinas conseguem dar aos espectadores a ilusão de que os movimentos de seus múltiplos braços e pernas pertencem à figura de uma única deusa.

Nu-Kua ou Kuan yin

Há cerca de seis ou sete mil anos havia um mito universal de que todos os seres eram provenientes do útero de uma Mãe Cósmica; tal mito da criação universal teve lugar durante uma fase informe do mundo, aonde nada podia ainda ser identificado. Inicialmente cultuada na Índia, como Kali, a Mãe Informe, recebeu depois o nome de Tiamat (Babilônia), Nu Kua (China), Temut (Egito), Têmis (Grécia pré-helênica) e Tehom (Síria e Canaã) --este último foi o termo usado mais tarde pelos escritores bíblicos para Abismo.

As mais antigas noções de criação se originavam da idéia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole. Acreditava-se que a partir do sangue divino do útero e através de um movimento, dança ou ritmo cardíaco, que agitasse este sangue, surgissem os "frutos", a própria maternidade.

Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso" organizou, separou e definou os elementos que compõem e produzem o cosmos; a esta energia organizadora os gregos deram o nome de Diakosmos, a Determinação da Deusa. Os egípcios, nos hieroglifos, chamaram este coração de ab e os hebreus foram os primeiros a chamar de pai (ainda que masculinizassem, a idéia fundamental de família e continuidade da vida não era patriarcal).

O coração e o sangue definem um elo imanente a todos os seres que dele nasceram e uma idéia de coração oculto do universo que pulsa e mantém o ritmo de ciclos das estações, dos nascimentos, mortes, destinos. Este é o significado que está no Livro dos Mortos ou das mutações. No mesmo sentido o livro chinês é denominado Livro das Mutações.

O nome chinês dado à Mãe Primordial e informe é Nu Kua, nome referido também entre os egípcios, gregos, mesopotâmicos e hindus. As referências a ela remontam há 2.500 a.C. e a imagem permanece venerada nas regiões setentrionais. Kuan Yin ou A Mulher é uma deusa dos casamentos e das mulheres em geral. O corpo original do I Ching chama-se (Oito Trigramas) e os sessenta e quatro hexagramas são denominados por kua, derivado linguísitico de Mãe Primordial ou Nu Kua.




MOSTEIRO DE SHAOLIN

O FAMOSO TEMPLO DE SHAOLIN
UM MONGE PRATICANDO KUNG FU

MOSTEIRO DE SHAOLIN






OS MONGES DANÇANDO NO ESPECTÁCULO APRESENTADO EM MACAU


O mosterio de Shaolin (chinês: 少林寺, pinyin: Shàolínsì; cantonês: Siulam; significa "O mosterio do bosque jovem e novo") é um budista, situado na provincia chinesa de Henan e famoso por sua relação com o budismo Chán (zen) e a suposta conexão com as artes marciais. É provavelmente, um dos mosteiros budistas mais conhecido no Ocidente.


Mitos


Existem numerosos estilos de Wushu, mas o mais importante em termos de organização, métodos de entretimento e moralidade foram abertos no mosteiro budista de Shaolin. Estas características fundamentais que se aprendem no Templo de Shaolin se convertem num símbolo de respeito e de dignidade.

Diz-se que Bodhidharma deu início a mais de 100 movimentos de artes marciais Shaolin, como antídoto para a letargia que se produzia nos monges em sua metidações.

Ao longo dos séculos se abriram escolas de artes marciais, mais requintadas. A primeira, a escola do norte, dá mais importância aos pés, e enquanto a outra no sul, se concentra no movimento das mãos.

O termo Kung Fu significa prática e habilidade, que se adquir com o tempo, e tem os seus principais expoentes no templo de Shaolin, na província de Honan, na parte norte da China central. No ano de 519 d.C., O Maestro Ta Mo, proveniente do estado de Liang, ensinou aos sacertodes a arte de defesa pessoal. O treinamento no templo era duro e foram adaptadas regras para assegurar que as praticas não seriam para usar de qualquer forma. Como tal foram criadas regras para todos os praticantes. A desobediência era era castigada com a expulsão do templo, a vida era dura para fortalecer o corpo e também o espírito, os graduados deviam deviam ajudar as pessoas, não podendo transgredir a lei, entre outras.

As artes marciais chinesas tem um passado muito rico, porém em muitos casos mal entendidas talvez por desconhecimento de suas verdadeiras raízes ou como consequência de uma visão errada da verdadeira evolução histórica das técnicas para assim poder atraír a atenção.




Practica Marcial



Existem numerosas referências que demonstram a existência da prática de artes marcias na China, antes da fundação do mosteiro Shaolin (495 d.C) entre elas estão: A História de Wei, "Wei Shou". A qual menciona que durante incursões realizadas pelo Imperador Wei do Norte no ano de 446 dC, nos mosteiros dos arredores de Changan (Xian), foram descobertas e confiscadas uma grande número de armas, o que indica que a pratica de artes marciais era algo comum na época.
“O Templo Shaolin foi construído em 495 d. C. pelo Imperador Xiao Wen, que o ofertou ao monge Chan, Ba Tuo de Tian Zhu, este monges diz-se que praticavam Jiao Li como entretimento, o que contardiz a crença popular que dizia que os monges da época não eram conhecedores das artes de luta e que não praticavam nenhuma actividade física até que Bodhidharma lhes ensinou. Jiao Li foi considerado como uma antecessor do que é hoje em dia se conhece por Shuai Jiao.

A conexão entre Bodhidharma e as artes marciais chinesas provêm da novela Viagens de Lao Tsan publicada em 1907. As circunstâncias que ajudaram a criar a fama do Templo Shaolin são entre outras: o monte Song, considerado como um dos cinco montes sagradas da China; a próximidade do Templo com a cidade de Luoyang a qual serviu como capital em várias dinastias chinesas; a ajuda de alguns membros do templo que tomaram parte no início da Dinastia Tang, Li Shimin (Imperador Taizong), e a participação das milícias durante a campanha na dinastia Ming contra os piratas chineses e japoneses da época. A inscrição que aparece em Estela de Shaolin, menciona a participação dde 13 monges ne campanha militar que deu início à Dinastia Tang.

Uma das razões da partcicipação dos monges na campanha militar na Dinastia Tang, fui um resentimento dos mesmo contra Wang Schichong que se havia apropriado de algumas de suas terras, mas havia igualmente uma razão política, os monges apoiaram e consideravam que não tinham possibilidades para ganhar a guerra, e neste caso Li Shimin, esta informação foi estudada e analizada pelo Professor Meir Shahar que estudou exaustivamente Shaolin Si bei, entre outras fontes.Esta decisão garantiu a prosperidade do templo nos séculos seguintes. Logo após a vitória de Li Shimin, o Templo vivia uma época de segurançae esplendor devido às suas actividades na campanha contra Wang, apesar da perseguição que lhes era feita por Li Shimin que chegou a encerrar alguns templos budistas, decretando até que todas as cerimónias religiosas deviam ser realizadas por monges Taoistas, a única excepção a estas lei foi o templo Shaolin.



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Monges do templo Shaolin unem kunfu à dança


Criado pelo famoso coreógrafo Sidi Larbi Cherkaoui, o espectáculo de dança contemporânea "Sutra" procura oferecer ao espectador um pouco de experiência espiritual que o artista viveu durante vários meses no Templo budista de Shaolin, na China.

Estas danças tiveram a participação de 17 monges budista do Templo de Shaolin, com idades comprendidas entre os 12 e os 26 anos. dos monges se realizaram em Macau nos dias 2 e 3 de Maio de 2009, no grande auditório do Centro Cultural de Macau, tendo tido um enorme sucesso.


















CHUNAMBEIRO - MACAU


A zona da Praia Grande, em Macau, onde o articulista reside.





O edifíco da Escola Ricci, podendo-se ver a casa do articulista, lado direito da foto.





Escola Ricci podendo-se ver nesta foto a casa do articulista, à esqueda.


A Escola Ricci ocupa um espaço que vai da Rua da Praia do Bom Parto, Praça de Lobo de Ávila, onde seride o articulista, Rua do Chunambeiro e ainda uma outra artéria nas traseiras.









Em 1625, Manuel Tavares Bocarro chegou a Macau, vindo de Goa, onde aprendera a arte com o pai, para reformular e dirigir a fundição. A fábrica ficou localizada numa zona designada por Chunambeiro, junto à Fortaleza do Bom Parto e no sopé da colina da Penha. O encontro das técnicas metalúrgicas ocidentais e orientais tornou famosa a oficina tendo produzido inúmeros canhões, sinos e estátuas.
Nas faldas da Guia construíam-se novas mansões em terrenos até então inexplorados.Os Senna Fernandes e os Nolasco. Estas famílias anteriormente habitantes do Chunambeiro, lá em baixo junto à Praia Grande, mudavam-se para cima deixando a Praia Grande aos ingleses e americanos. Silva Mendes e Vicente Jorge aderiam ao êxodo e construíam as suas casas também nas faldas da Guia. Depois de quatrocentos anos de vivência nas faldas do Monte e na Praia Grande, a Guia tornava-se o bairro novo dos ricos. Até mesmo Venceslau de Morais, capitão dos Portos fazia questão de reabitar nova casa nesses sítios (hoje chama-se, Calçada do Gaio).

Em Julho de 1623, D. Francisco de Mascarenhas tomava posse do governo de Macau e, segundo rezam testemunhos históricos, terá mandado instalar uma fundição de artilharia, próximo da Fortaleza do Bom Porto, no local ainda hoje conhecido por Chunambeiro.Esta fundição, especializada em peças de bronze e ferro, foi estabelecida por Pedro Dias Bocarro.
O seu apelido incluía-se, então, no leque das grandes dinastias de fundidores portugueses. Pedro Dias Bocarro, que deixara Goa, temporariamente, para dinamizar em Macau a arte da fundição, terá entregue, em 1625, os destinos da indústria ao filho Manuel Tavares Bocarro.Um dos primeiros canhões construídos na fundição do Chunambeiro foi uma peça de calibre 36 que, durante séculos, defendeu a Fortaleza do Monte.Este canhão ficou, mais tarde, conhecido pelo nome de “Peça do Mandarim”, já que consta que foi sentado nele que o mandarim de Macau Tso Tang tomou posse das suas funções.
O ritual passou, de resto, a ser seguido pelos seus sucessores.Nas instalações do Chunambeiro foram fundidas muitas peças de grande porte, algumas das quais com capacidade de disparar balas de pedra com 50 libras de peso, e todas designadas com os nomes de vários santos, que por muitos anos guardaram as fortalezas de Macau.Algumas das inúmeras peças que foram fundidas em Macau ainda hoje podem ser apreciadas em locais muito visitados à escala mundial. É o caso da Torre de Londres, onde figuram dois canhões que possuem gravadas as armas de Portugal e o brasão de armas de Macau, e do Museu de Woolwich, que tem na sua posse outros dois exemplares.





Zona do Chunambeiro antigamente, podendo-se ver a Escola Ricci






A zona do Chunambeiro actualmente e a Avenida da Praia Grande.
A designação Rua do Chunambeiro, situada a Sul da Praia Grande, tem origem na palavra "chunambo" - cal obtida a partir de conchas de mariscos utilizada outrora como material de construção. "Outrora, para vir da Barra à Praia Grande, era necessário atravessar a colina, pois a via marginal terminava no Chunambeiro".







segunda-feira, maio 4

ANANASEIRO























O ananaseiro (Ananas commosus L.) é uma Bromeliácea de origem americana que cedo chamou a atenção dos europeus pela excelência dos frutos e pelo aspecto destes.

Dentro do grande continente centro-sul americano, Cavalcante considera-o oriundo de Ibinapitanga e afirma que ainda hoje, no nordeste brasileiro, aparecem formas selvagens e se encontra no estado silvestre nas “capoeiras”ou vegetação aberta na Amazónia. Daqui teria irradiado, desde tempos muito antigos, para diversos territórios tropicais das Américas, onde estava já muito difundido quando Colombo o encontrou pela primeira vez, no dia 4 de Novembro de 1493, numa ilha das pequenas Antilhas a que deu o nome de Guadalupe, conforme o Diário de Colombo escrito por Pedro Martin D’Anghara.

A mesma planta e o mesmo fruto de “grande flavor e fragância” forma encontrados nos anos seguintes em vários territórios da América Central, na continuação dos contactos dos espanhois com a América.

Os portugueses também encontraram o ananás quando chegram ao Brasil.
Laufer diz que a primeira referência ao ananaseiro no Brasil é a da Pigaffeta, em 1519.

A primeira descrição conhecida da planta é feita por Fernandez de Oviedo y Valdez na célebre História de la India publicada em Sevilha em 1535, que inclui uma curiosa ilustração do fruto.

As características de aroma e sabor que o fruto exibia, a estima que as populações nativas lhe davam e as diversas utilizações em que o empregavam, nomeadamente como fruto seco, como fruto produtor de sumo para fermentar e como medicinal, devem ter dado ao ananás, desde logo, uma importância muito grande entre as novas plantas encontradas pelos europeus na América.

Não admira assim, que Pio Correia defenda a opinião de que, logo após o descobrimento da América, esta planta terá sido das primeiras a ser levada para a Europa, África e Ásia, onde se propagou tão rapidamente “como não há outro exemplo na história de qualquer outra planta frutífera.

A exaltação do ananás como “reis dos frutos”, como “presente dos deuses”, aparece desenvolvida por diversos autores, tendo em conta as razões expressas.

Duterte, ao chamar-lhe o “rei dos frutos”, considera-o “o mais belo fruto e o melhor de todos os que existem sobre a terra. É, sem dúvida, por essa razão que o Rei dos Reis lhe colocou uma coroa na cabeça, que é como uma marca essencial da sua realeza, pois que do Pai ele produz um jovem rei que lhe sucede em todas as admiráveis qualidades”.

Gandavo informa que “Hua fruita se dá nesta prouíncia do Brasil muito saborosa e mais pesada que quantas ha na terra. Cria se nua pranta humilde junto ao chão, a qual tem huas pencas como cardo, a fruita della nace como alcachofras e parece naturalmente pinhas e são do mesmo tamanho, chamão lhe Ananâzes e de pois de maduras tem hu cheiro muito excellente, colhem nos como sao de vez e com hua faca tirão-les aquella casca e fazem nos em talhadas e desta maneira se come. Excedem no gosto a quantas há no Reino, e fazem todos tanto por esta fruita que mandão pratar Roças delles como de cardais. A este nosso Reino trazem muitos deste ananázes em conserua”.


Piso também se impressionou com o nanás, considerando-o “uma espécie mui galante e causa louvar o autor da natureza é a que chamam ananás; seu fructo é a modo de pinha de Portugal; o gosto, o cheiro a modo de maracotão o mais fino , suas folhas são semelhantes a herva babosa (Alloes vera L.). A cabeça do fructo galanteou a natureza com um penacho, ou grinaldas de cores aprazíveis esta separada e entregue a terra é príncipio de outro ananás semelhante”, “Suas bondades servem para o gosto e medicina; come-se em fruita e faz-se conserva durável. Do succo d’este fructo misturado com água fazem os índios medicina”.

Frei Cristovão de Lisboa, pelos princípios do século XVII, referia-se ao ananás em termos igualmente elogiosos: - “O ananás he a milhor fruita desta terra quaando esta maduro e / xeira de muito longue e he amarelo como cera e tem hu olho em riba dele que em o botando no xão loguo apega e ce quome todo papelia”.

Sebastião da Rocha Pitta, em 1730, também se impressionou muito come ste fruto, dele dizendo que “Das naturais (frutas) cultas há infinitas, ( no Brasil) sendo primeira o ananaz, que, como o Rey de todas, a coroou a natureza com diadema das suas mesma folhas, as quais em circulo lhe cigem a cabeça e o rodeou de espinhos, que como archeiros o guardão”.

Muitas outras descrições, todas no mesmo sentido de exaltação do fruto do ananaseiro, podiam aqui ser referidas, mas estas consideramo-las suficientes para mostrar o interesse que o ananás deve ter merecido aos europeus quando chegaram à América.

A difusão do ananaseiro que os espanhóis conheceram na América central e os portugueses no Brasil, deve ter-se dado simultaneamente por estes dois povos peninsulares, utilizando os portugueses fundamentalmente a rota do Atlântico e Oceano Índico e os espanhóis as ligações que estabeleceram entre Acapulco e Manila. Para além da excelência dos frutos, que certamente foi factor de muita importância para justificar a difusão, nuito deve ter contribuído para o sucesso desta actividade o facto de o ananaseiro resistir muito bem a períodos de seca relativamente longos, o que seria de grande importância nas travessias marítimas demoradas.

Collins, refere a introdução do ananaseiro na Ilha de Santa Helena pelos portugueses em 1505 e, em 1549, é referido em Madagáscar, possívelmente utilizando a ilha como ponto de passagem entre o Brasil e a Índia. Outras introduções posteriores referidas no Oriente poderão ser obra dos espanhóis e dos portugueses.

Cristovão da Costa também considera o ananaseiro originário do Brasil e dái difundido pelas Índias ocidentais e orientais “nas quais ha delles agora em grande quantidade e por todas as mais partes dellas”e assinala-o como muito frequente na Índia, Malaca e ilhas da Oceânia em pleno século XVII. Rego refere uma transcrição importante, de cerca de 1552, segundo a qual “passado o inverno se fez D. Luis Fernandes de Vasconcelos a vela para India e dizem que levou do Brasil os primeiros ananazes”.

Não se conhecem contestações à afirmação de que foram os portugueses que introduziram o ananaseiro nas ilhas e costa ocidental da África, possivelmente logo nos princípios do século XVI, como defende Laufer. É também de referir que no Atlas de Fernão Vaz Dourado, de 1575, já aparecem frutos de ananás sobre o território africano, o que significa que seria aí uma fruta muito divulgada.

Porém, certos investigadores orientais e outros, têm vindo a colocar em causa não só a origem amaricana do ananaseiro, mas também, no caso de ser assim, terem sido os portugueses a levar a planta da América para os territórios asiáticos com os quais contactavam. Até ao momento, ainda não foram apresentadas provas indiscutíveis dos pontos de vista que vêm defendendo. Também Singh e Col consideram que o ananás foi trazido do Brasil e fixam mesmo a data de 1518.

Outro grupo de investigadores, aceitando muito embora uma origem americana, defende que o ananaseiro terá chegado à India muito antes dos portugueses, passando de ilha para ilha e de terra para terra, desde a América até à Ásia, e apoiando-se na Polinésia. Tal afirmação pelo menos como hipótese de trabalho, é perfeitamente possível e não é mais que a confirmação de pontos de vista comuns a migrações de outras plantas que teriam decorrido entre a Ásia e a América e vice-versa, muito embora ainda não se tenha encontrado uma explicação indiscutível.

Mesmo que fosse provado não ter sido introduzido o ananaseiro na Índia pelos portugueses, é indiscutível que seriam possivelmente portadores de melhores variedades e, sobretudo, de o cultivar e consumir, no que os investigadores estão geralmente de acordo.

É curioso reter a informação de que “a este nosso Reino trazem muitos destes ananazes em conserva “, o que demonstra a dificuldade, já conhecida no período a seguir aos Descobrimentos, de transportar os ananases frescos a grandes distâncias e, por isso. Faziam com ele “conserva durável”, que tanto veio a condicionar o desenvolvimento da cultura do ananaseiro e a orientação da sua produção.

Bem se confirma hoje que o fruto do ananaseiro tem condições de conservação difíceis que lhe foram atribuídas depois de atingir a maturação apropriada à expressão das suas reais qualidades de aroma, sabor e abundância de sumo.

Por isso, a fruta era fundamentalmente utilizada para consumo local e só era possível exporta-la, em tempos de navegação demoradas, quando o fruto era utilizado em indústrias caseiras que permitiam obter produtos estáveis.

Em periodos relativamente recentes, os mercados dos países situados a apreciável distância das regiões produtoras, avaliadas em dias de viagem, começaram a ser abastecidas com ananases frescos, quando os transportes se tornaram mais rápidos.

Há cerca de meio século, tinha-se como norma ser muito difícil colocar o ananás nos mercados das zonas temperadas, quando a demora do transporte fosse superior a 5 dias. Este conceito estava relacionado com os altos índices de qualidade que o mercado exigia a um produto considerado de alto nível.

Para superar essa dificuldade, alguns territórios mais próximos do mercado e com condições mínimas de cultura, decidiram orientar a sua actividade para a produção de ananás em fresco.

Encontram-se nessas condições a ilha de S. Miguel, nos Açores, onde a cultura do ananás foi introduzida em 1864. Executando essa actividade em estufa de vidro, conseguiu ultrapassar algumnas dificuldades do clima e produzir um fruto de alta qualidade, de colocação garantida nos mercados europeus. O excelente ananás “Azores”é bem conhecido. As altas cotações que conseguia, pagavam o artificialismo do meio em que a cultura é efectuada.

Outros países ou regiões, porque na altura com dificuldades de abastecer os mercados das zonas temperadas com ananás fresco, enverdaram pelo abastecimento de grandes unidades para a industrialização do ananás, que se tornou, em poucos anos, uma das maiores actividades de industrialização frutícola nos trópicos.

Com o tempo, os dados têm-se modificado um tanto.
Primeiro, veio o efeito do transporte aéreo, que permitiu colocar nos países europeus e norte-americanos os frutos em perfeitas condições e as cotações eram suficientes para suportar os encargos.

Com o tempo, o conceito do consumidor das zonas temperadas mudou muito e tem deixado de associar a alta qualidade à aparência do fruto: passou a aceitar com facilidade um produto que era possível fazer chegar por via marítima de alguns países tropicais com condições favoráveis para cultura ao ar livre e com custos de produção relativamente baixos.

Nesta condições, a oferta aumentou substancialmente e, como consequência, o preço baixou a tais níveis que, hoje, não se afasta muito do das tradicionais frutas das zonas temperadas, como é o caso da maçã, da pêra ou do pêssego.

Com este comportamento do mercado, aquelas regiões que haviam apostado na qualidade atravessam hoje situações difícies, por não estarem em condições de competir em preço com o ananás produzido nos trópicos e transportado por via marítima.

Em todo o caso, a industrialização, cujos núcleos principais se localizam no Hawai, África do Su, Vietname, Formosa, Tailândia e Filipinas, ainda hoje é o principal utilizador do ananás.

Em termos muito globais, a indústria transforma 60% da produção do ananás, o que é notável; cerca de 10% são exportados em fresco e os restantes 30% são consumidos nos países produtores.

A produção mundial situa-se em 9 652 mil toneladas (valores de 1990). Os grandes produtores mundiais são, actualmente, a Guiné e a África do Sul, em África, Os Estados Unidos (principalmente o Hawai), México e o Brasil, na América, a China, Indonésia, Tailândia, Malásia e Filipinas na Ásia.

A cultura do ananaseiro (abacaxi, como era chamado) teve um grande desenvolvimento em Angola a partir da década de cinquenta. Chegaram a constituir-se muitas empresas agrícolas quase exclusivamente baseadas na cultura do ananaseiro, devendo salientar-se os núcleos de da Quimbala-Caluto, cela, Balombo-Bocoio e Ganda-Cubal. A maior parte da produção era utilizada localmente para o fabrico do “vinho do ananás”, além do consumo interno que, na altura, era grande. Uma parte considerável da produção dos agricultores tecnicamente mais evoluídos era enviada para Lisboa, onde se chegaram a receber mais de 5 000 toneladas de ananás angolano.
(ARTIGO EXTRAÍDO DO LIVRO - A AVENTURA DAS PLANTAS e os Descobrimentos Portugueses - de José E. Mendes Ferrão