o mar do poeta

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terça-feira, outubro 16

A CASA DO MANDARIM - VISITA CULTURAL

 
 
O articulista vive em Macau deste setembro de 1964, ou seja, 48 anos, vinte e cinco dos quais passou na Polícia Marítima e Fiscal, cuja sede de comando estava instalada no Quartel dos Mouros, na Calçada da Barra, e bem perto fica a Casa do Mandarim, porém só hoje o articulista a foi visitar.
 
 
 
A Casa do Mandarim tem as características de uma residência tradicional típica da região de Cantão, tendo igualmente incorporado influências arquitectónicas de outras culturas, tal como pode ser observado em alguns dos edifícios que a compõem, que fazem desta casa um bom exemplo da fusão entre as culturas chinesa e ocidental.
 
A Casa do Mandarim representa igualmente valores elevados nas áreas dos estudos humanísticos e da história. Zheng Guanying, um filósofo e personalidade afamada dos finais da Dinastia Qing, concluiu a sua obra-prima, intitulada Shengshi Weiyan (Advertências em Tempos de Prosperidade) nesta casa.
 
 
A construção da Casa do Mandarim foi iniciada por Zheng Wenrui, pai de Zheng Guanying . Segundo uma placa de madeira antiga com inscrições, que se encontra no hall de entrada da Mansão “Yuqing Tang”, estima-se que o complexo foi construído antes de 1869. Mais tarde, Zheng Guanying, e os seus irmãos deram continuidade ao projecto, ampliando a propriedade.
 
No passado, a Casa do Mandarim tinha uma vista completamente desobstruída para a zona do Porto Interior e para as montanhas do outro lado do rio. Todo o movimento de barcos que entravam e saíam do porto fazia parte da panorâmica usufruída pelos habitantes desta casa.
 
A Casa do Mandarim é uma grande propriedade, com uma área total de 4000m2, sendo composta por vários edifícios e espaços abertos, que apresentam diferentes estilos de arquitectura. O complexo tem no total mais de 60 quartos, sendo raro encontrar uma residência privada desta escala em Macau. Entre as décadas de 1950 e 1960, os descendentes da família Zheng mudaram-se e a casa foi arrendada, constando que em determinada altura teria servido de residência simultânea a mais de 300 pessoas.
 
A propriedade esteve sujeita aos seus limites de capacidade, sofrendo ainda os seus edifícios alterações esporádicas, para além do excesso de utentes e uso, que provocaram estragos. Uma vez que o complexo não tinha manutenção apropriada, o mesmo foi por várias vezes consumido por incêndios que danificaram espaços importantes. Quando o Governo tomou posse da propriedade em 2001, mais de 80% da arquitectura do complexo apresentava elevados graus de deterioração o que, em conjunto com as várias alterações já efectuadas, dificultou bastante o processo de restauro e os esforços para recuperar a imagem original do complexo.

Em 2002, o Governo deu início, passo a passo, aos trabalhos de recuperação e restauro arquitectónico da Casa do Mandarim. Foram efectuados estudos de elevada precisão técnica, os quais sustentaram os trabalhos que se seguiram e que contaram com o mais elevado rigor no restauro dos vários elementos. Passados 8 anos de esforços contínuos, os trabalhos de conservação foram concluídos com sucesso, recuperando-se a ambiência original que agora se pode presenciar e apreciar.
 
Vamos conhecer melhor o seu interior, não na sua totalidade, em virtude de andarem a fazer reparações e muitas salas encontram-se fechadas ao público.
 
 
Altar dedicado ao Deus da Terra
 
A instalação deste tipo de santuários dedicados ao Deus da Terra era muito comum nas residências de Macau.
O altar dedicado aos deus da terra da Casa do Mandarim apresenta um desenho simples, que serve de contraste sobre a sofisticação da arquitectura geral do complexo.
Durante o processo de restauro verificou-se que este altar apresentava cerca de dezoito camadas de pintura sobrepostas, revelando pelo menos dezassete diferentes intervenções que foram efectuadas anteriormente.
 
 
 
 
Pavilhão WENCHANG
 
A família Zheng concentrava-se sobretudo para estudos no pavilhão WenChang que dava acesso para o jardim principal através de uma "porta de lua". A ladear esta "porta de lua"encontram-se placas de estuque com inscrições, expressando a aspiração dos proprietários na boa educação dos seus descendentes.
 
 
 
ZHENG GUANYING
 
Zheng Gaunying (1842-1921) nasceu na Vila Yongmo de Xiangshan (actual cidade de Zhongshan) na Província de Cantão. Foi-lhe atribuído o nome de Zhengxiang; usou os pseudónimos Taozhai, Qi You Sheng, Zhi He Shan Ren e Zhi He Lao Ren.
Era um intelectual esclarecido aberto ao liberalismo democrático e à ciência. Foi também um empresário, um literado, um benfeitor e um patriota entusiástico.
Nos cinco anos desde 1886, Zhen terminou a sua grande obra "Advertências em Tempos de Prosperidade". Esta obra era um sumário das suas ideias centrais de "Salvar a Pátria com Riqueza e Força", também uma obra exemplar da filosofia inovativa naquela altura, influenciando profundamente políticos, académicos e grandes homens, nomeadamente o Imperador Guangxu, Sun Yat-sen, Mao Zedong, entre outros.
 
 
Esta fotografia foi tirada na casa do Mandarim, de fachada idêntica aos dias de hoje. O pai de Zheng Guanying não está na foto e a mandame Chen ( a mãe de Zheng Guanying) tinha falecido em 1849 quando Zheng Guanying tinha 7 anos. julga-se que as duas senhoras idosas sentadas ao meio sejam respectivamente a madame Liu (madrasta) e a madame Liang (concubina do pai de Zheng Guanying). Este faleceu em 1893 e a madame Liu em 1906.
A fotografia deve ter sido tirada entre os anos 1893 e 1906
 


 
 

 
 




                                 Sala posterior no 2o. andar da mansão Yu Qing

A área posteior ao salão de Yu-Qing-Tang apresenta um biombo composto por doze telas amovíveis.
O trabalho decorativo em talha de madeira que aqui se encontra é do mais elevado nível de sofisticação que se pode encontrar de entre todos os ornamentos existentes na Casa do Mandarim.











Muito mais haveria para dizer sobre esta maravilhosa casa, onde existem vários pavilhões e várias mansões, mas deixo ao vosso critério virem ver in loco este belo património mudial.


Localiza-se na Travessa de António da Silva mesmo defronte do Lilau, em Macau


 

QUARTEL DOS MOUROS - VISITA 20 ANOS DEPOIS


O Edifício da Capitania dos portos, anteriormente designado por " Quartel dos Mouros", foi construído em 1874. Os mouros eram soldados provenientes de Goa, na Índia. Como o verão em Macau é muito quente, os soldados europeus integrados em patrulhas adoeciam com facilidade devido à inadaptação ao clima tropical.
 
Habituados a trabalhar num clima tropical, os soldados mouros não tinham essa dificuldade.




Face a esse problema, o Governo recrutou, em 1873, os primeiros soldados mouros para se integrarem na polícia local e para eles, foi construído um quartel em estilo arquitectónico árabe. O Quartel dos Mouros então construído confrontava-se para o Porto Interior, com boa ventilação, grande espaço, com capacidade para 200 soldados. Além disso, este edifício tornou-se na época, conhecido pelo seu estilo magnífico e único. Em 9 de agosto de 1874, o Quartel dos Mouros foi inaugurado, tendo-se realizado uma cerimónia bastante solene.
 
Devido à evolução política mundial verificada no século XIX, os assuntos portuários de Macau tornam-se mais volumosos e complexos, em conjugação com as actividades dos piratas na costa da Chi8na e contrabando de armas e de ópio. O Governo de então viu-se obrigado a decretar, pela primeira vez, normas para controlar a entrada/saída dos navios no cais de Macau, bem como o regulamento da Polícia Maríima e Fiscal (constituída em 1868). As primeiras disposições portuárias forma publicxadas em 1872.

De seguida, foram criados dos Serviços de Marinha (actualmente Capitania dos Portos) e a Polícia Marítima e Fiscal foi dotada da competência no âmbito dos assuntos portuários.
 
 
 
O Quartel dos Mouros situa-se na enconsta da Colina da Barra, onde as grandes plataformas de vigia e a vista panorâmica permitiam controlar as actividades marítimas praticadas no porto Interior. Portanto, tendo este local como base, os assuntos portuários tornam-se mais fáceis de gerir e executar, especialmente no que dizia respeito ao patrulhamento marítimo. Face a esta razão, as autoridades de então decidiram mudar os soldados indiaos do Quartel, transformando-o num local para tratar dos assuntos portuários. A partir de 1905, o Quartel dos Mouros passou a albergar oficialmente os serviços dos Serviços de Marinha e as acomodações dos agentes da Polícia Marítima e Fiscal.



A Capitania dos Portos é um dos mais antigos serviços da Administração Pública em Macau. Tradicionalmente, o director da Capitania dos Portos era também responsável pela Polícia Marítima e Fiscal. A partir de 1975, a Polícia Marítima e Fiscal foi integrada nas Forças de Segurança.


 
A fim de atender às necessidades de desenvolvimento, a partir do século XX, foram efectuados vários aterros em Macau, o que fez afastar da margem do rio o Edifício da Capitania dos Portos.


Em 6 de novembro de 2001, depois de passar para os "Serviços de Alfândega", a Polícia Marítima e Fiscal abandonou o edifício, passando este a albergar os serviços da Capitania dos Portos.
 
O interior do edifício foi restaurado em 2004 para atender às necessidades actuais de trabalho. Em 2005, o Quartel dos Mouros foi inscrito na Lista de Património Mundial.

 
 O articulista durante os seus 25 anos ao serviço da Polícia Marítima e Fiscal, passou alguns anos neste Quartel dos Mouros, onde ficava a comando da PMF, hoje volvidos 20 anos de o articulista se ter aposentado, foi com sua esposa almoçar na Messe da Obra Social da Capitania dos Portos, tendo aproveitado para ver as instalações, que achou totalmente diferente de qual por lá andou.


                                   O articulista comendo uma sopa de legumes


  Duas costeletas grelhadas, acompanhadas de arroz branco, batatas fritas  e salada
 

A esposa do articulista perferiu peixe panado acompanhado de arroz de tomate e salada


Além da fruta, uma bica para rematar, se o articulista continuasse a ser sócio da Obra Social só pagaria 38 patacas pela refeição, como não é pagou 52 patacas por refeição, que incluindo uma cerveja e a bica ficou o almoço para dois em 140 patacas.



          Foi tirada no ano de 1969 aquando na inauguração do Parque Desportivo


                O articulista comandando a formatura de revista, no Parque Desportivo


            Foto tirada hoje, dia 16 de outubro, no mesmo local do antigo parque desportivo



Local bem diferente daquele que o articulista conheceu e trabalhou, aqui funcionava o paiol da PMF e escritório do articulista, quando desempenhou as funções de fiel da PMF, ano 1975/1976.
 
 
Antigas instalações da carreira de tiro dos Serviós de Marinha - PMF, sendo hoje usado o local como armazém.
 

 
Corredor oeste do Quartel dos Mouros, onde o articulista aquando da sua entrada para a PMF foi obrigado a marchar, depois era neste local onde se fazia a formatura semanal.
 
 
Capião do Porto passando revista às isntalações, lado esquerdo secretaria dos Serviços de Marinha, secção de contabilidade, onde o articulista trabalhava, à direita, secretaria da Polícia Marítima e Fiscal.
 
 
Recordar é viver, e por mais estranho que pareça foi a primeira vez que a esposa do articulista visitou o Quartel dos Mouros.
 
 
 
 
                   Este beco não existia até 1992,  ano em que o articulista se aposentou.
 

Esta famosa, mas pequena rua sim já existia muito antes de o articulista a ter conhecido.

 


 
 
 
A âncora continua fundeada no mesmo local que o articulista conheceu no ano de 1967
 
 
 
 

PARQUE MUNICIPAL DR. SUN IAT SENG


 
       O Parque Municipal Dr. Sun Iat Seng, situa-se na Avenida Comendador Ho Yin
 
 
 
 
A área onde está instalado este Parque era utilizada, até 1983, para deposição dos lixos da cidade - a Lixeira do Canal dos Patos - sendo hoje difícil imaginar a quem o visita perante os amplos relvados existentes.
 
O articulista conheceu a enorme e pestilenta lixeira, já que quando chegou a Macau a companhia 690 ficou instalada na Ilha verde, não muito longe do local.
 
 

Ocupando uma área de 7 hectares, onde são conjugados elementos dos parques ocidentais com elementos de jardins orientais, podemos encontrar logo é entrada a estátua do Dr. Sun Yat Sen, fundador da República da China e que residiu parte da sua vida em Macau, e cujo nome foi atribuído a este Parque.

 

Atrás depara-se com a Piscina Municipal, atravessando de seguida a ponte das nove curvas entra-se numa zona de caminhos e recantos, onde se encontra integrado um Circuito de Manutenção que envolve todo o Parque, e onde se pode observar outros elementos interessantes como as "janelas de lua", as 3 Gaiolas cónicas para pássaros, e a Estufa circular, de características muito próprias, onde actualmente se instalou um viveiro de Lótus, planta tradicionalmente cultivada em Macau e por todo o continente chinês, pela sua beleza e significado. Na zona envolvente da Estufa pode ainda fazer-se algum exercício de massagens aos pés no "caminho de pedras", que é extremamente utilizado pelos utentes do Parque.
 
 
Ontem, o articulista e sua esposa fizeram uma visita demorada a todo o local, tendo palmilhado o enorme e belo recinto, tendo visto pessoas de todas as idades praticando ginástica.
 

                        Monumento representativo da amizade luso-chinesa
 
 
 
 
 
Praticando Tai chi
 
 
                              Esta senhora de idade, igualmente praticando Tai chi
 
 
Placas informativas
 
 
 

A China fica ali mesmo ao lado
 
 
 
Quem não tiver viatura e desejar passar um dia maravilhoso, cheio de ar puro, dar umas banhocas nas várias piscinas que ocupam este belo parque, ou darem algumas voltas ao circuto e depois descansarem no parque de merenda, nada melhor que usar os transportes públicos e são três as carreiras de autocarros que passam junto ao local.