Formação e Estudos
Recebeu a sua primeira formação na sua cidade natal de Maceratta. Em 1568 partiu para Roma para estudar Direito na Universidade La Sapienza, dado que seu pai ambicionava para si a ascensão na administração Pontifícia. Para além de Direito, estudou também Humanidades e Ciências.
Foi em Roma que começou a frequentar as reuniões da Annunciata, uma associão Cristã de jovens ligada à Companhia de Jesus que promovia a oração e os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola.
Um ano depois ingressou no Colégio Romano, onde estudou Retórica, Filosofia, Matemática, Astronomia, Geografia e, como não podia deixar de ser, Teologia.
Aconselhado pelo padre Alexandre Valignano, visitador da Companhia nas missões da Índia e do Japão, em 1577 partiu para Portugal, onde terminou os estudos de Teologia na Universidade de Coimbra. Aqui aproveitou para aprender também o Português.
A 24 de Março de 1578, partiu da capital portuguesa para Goa, na nau São Luís. Ordenou-se sacerdote a 26 de Julho de 1580 enquanto trabalhava como professor de Latim e Grego em Cochim e só depois regressou a Goa onde terminou os estudos de Teologia.A 7 de Agosto de 1582, entrou no porto da colónia portuguesa de Macau com o fim de estudar a língua Chinesa para poder missionar na China sob a dinastia Ming. A entrada neste país por um Ocidental não era muito facilitada, pois eram tomados como feiticeiros e intrusos de índole perigosa
Ricci na China
No Verão de 1583, juntamente com o padre Miguel Ruggieri, penetrou no Império Celeste. Dirigiram-se à residência do vice-rei de Kuangtong e Kuangsi, onde o padre Ruggieri já havia estado em 1581 e 1582. A 14 de Setembro recebe as devidas autorizações para permanecer naquele território. Catorze meses mais tarde, inauguraram a primeira casa da missão portuguesa na China, com a assistência do padre Francisco Cabral, reitor do Colégio de Macau. Em 1589, foram despojados da residência pelo novo vice-rei português da Índia. Mas receando algumas complicações com os missionários portugueses que se encontravam em Macau, o vice-rei autorizou os missionários a residirem em Siu-chau.
Ao longo dos tempos, fez algumas modificações na apresentação de indumentária e atitudes dos missionários, com o fim de melhorar as relações com os chineses e de melhorar os resultados das missões. Vestia-se à chinês, observando os ritos e costumes chineses que não colidiam com o dogma católico. Depois de assegurar a eficácia do seu apostolado, decidiu atingir Pequim, para poder irradiar o Cristianismo a partir desta grande cidade. A 7 de Setembro de 1595 alcançou a cidade.
Três anos depois foi para Nanquim, onde foi tratado com grande cortesia pelo vice-rei. Aí instaurou uma nova comunidade cristã. De Nanquim saíram grandes mandarins cristãos como Paulo Siu, Inácio Keui-taisou, Paulo-Chiu, entre outros. De Macau saíram novos reforços para a missão de Ricci, com presentes para o imperador. Os fiéis de Nanquim ficaram entregues ao padre João Rocha. Pela terceira vez, Ricci partiu para Pequim, agora com o padre Diogo de Pantoja.
Deram entrada na corte imperial chinesa a 24 de Janeiro de 1601. O Imperador Manlik ficou maravilhado com os presentes que os missionários levaram. Concedeu permissão para fundarem uma missão em Pequim, tal como já tinha sido feito em Cantão e Chincheu. Matteo Ricci captou a simpatia do Imperador com os seus livros, Livro de 25 Palavras e Tien-Chush'ei (obra prima da Metafísica). Ricci morreu com 58 anos incompletos, corria o ano de 1610. Depois de fundar cinco residências, baptizou mais de 700 fiéis e encarnou a metodologia jesuítica de missionação tendo em conta os costumes, a língua e os preceitos religiosos dos lugares onde actuavam. Conseguiu, para além de todo esse labor missionar, arranjar ainda tempo para escrever e viajar no Império do Meio.
Referência: "Portrait of a Jesuit - Matteo Ricci", Macau Ricci Institute, 2010
Obras
Para além das obras supracitadas, Matteo Ricci escreveu ainda: Explicação dos dez mandamentos, Shiuhing, 1584; Verdadeira Noção de Deus, Nam-cheung, 1595, reimpresso em Macau e traduzido para coreano, japonês, francês, e introduzido em Tonquim (Norte do Vietnam); Tratado sobre Amizade, Nam-cheung, 1595, que traduziu em italiano e foi publicado em Macerata, 1885; Vinte e cinco sentenças que contêm a essência moral cristã, Pequim, 1604; Tetrabiblion Sinense de moribus; Dez sentenças paradoxais, Pequim, 1608; Disputas contra seitas da idolatria, Pequim, 1609; Vantagens do jejum e Nove virtudes necessárias aos sacerdotes que querem, dois opúsculos em um volume; Mapa Mundi, 1584, depois impresso em Pequim; Método de aprender de cor, Nanquim, 1595; Comentário sobre os quatro elementos do Mundo, 6 vols., 1598, Pequim; Desenvolvimento da esfera celeste, 2 vols., Pequim, 1607; uma carta de Shiuhing, 1586; Annuae literae a Sinisannis, 1591, 1605 e 1607, e 1611.
No Largo de S. Domingos, em Macau, encontra-se patente uma exposição Comemorativa dos 400 anos da Morte de Matteo Ricci.
Será inaugurada no dia 8 do corrente mês, pelas 14.45 horas e estará patente ao público, até 31 de Outubro de 2010, no Museu de Arte de Macau, uma Exposição "O MESTRE DO OCIDENTE" exposição esta Comemorativa dos 400 anos da Morte de Matteo Ricci.
Estarão patentes relíquias contemporâneas da passagem de Matteo Ricci por Macau e pela China, como pinturas, diversos artefactos, livros e instrumentos musicais provenientes de Itália, China, Taiwan e Macau.
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O articulista conhece parte da obra deste genial sacerdote, e tem a sorte de morar, em Macau, mesmo junto da Escola Matteo Ricci, e como tal, dia 8, irá ver a Exposição do Grande Mestre do Ocidente, ficando desta forma mais bem informado sobre o seu vasto trabalhao por terras de Macau e da China.