o mar do poeta

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terça-feira, julho 13

REVOLUÇÃO FRANCESA

A Alliance Francaise, sediada em Macau deste o ano de 1987, comemora hoje o dia da Revolução francesa, com vários eventos e dança, no Hotel Sofitel.


No programa da Rádio Macau (TDM), A Rua das Mariazinhas assinalou esta data passando algumas músicas e dando informações sobre as causas da revolução.









Revolução Francesa era o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799, alteraram o quadro político e social da França. Ela começa com a convocação dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e se encerra com o golpe de estado do 18 Brumário de Napoleão Bonaparte. Em causa estavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e a autoridade do clero e da nobreza. Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1776). Está entre as maiores revoluções da história da humanidade.



A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea. Aboliu a servidão e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau. Para a França, abriu-se em 1789 o longo período de convulsões políticas do século XIX, fazendo-a passar por várias repúblicas, uma ditadura, uma monarquia constitucional e dois impérios.












Por que uma Revolução?



A França tomada pelo Antigo Regime era um grande edifício construído por cinquenta gerações, por mais de quinhentos anos. As suas fundações mais antigas e mais profundas eram obras da Igreja, estabelecidas durante mil e trezentos anos.



A sociedade francesa do século XVIII mantinha a divisão em três Ordens ou Estamentos típica do Antigo Regime – Clero ou Primeiro Estado, Nobreza ou Segundo Estado, e Povo ou Terceiro Estado – cada qual regendo-se por leis próprias (privilégios), com um Rei absoluto (ou seja, um Rei que detinha um poder supremo independente) no topo da hierarquia dos Estados. O Rei fora antes de tudo o obreiro da unidade nacional através do seu poder independente das Ordens, significando que era ele quem tinha a última palavra sobre a justiça, a economia, a diplomacia, a paz e a guerra, e quem se lhe opusesse teria como destino a prisão da Bastilha. A França sofrera uma evolução assinalável nos últimos anos: não havia censura, a tortura fora proibida em 1788, e a representação do Terceiro Estado nos Estados Gerais acabava de ser duplicada para contrariar a Nobreza e o Clero que não queriam uma reforma dos impostos. Em 14 de Julho de 1789, quando a Bastilha foi tomada pelos revolucionários, albergava oito prisioneiros.



Com a exceção da nobreza rural, a riqueza das restantes classes sociais na França tinha crescido imensamente nas últimas décadas. O crescimento da indústria era notável. No Norte e no Centro, havia uma metalurgia moderna (Le Cresot data de 1781); em Lyon havia sedas; em Rouen e em Mulhouse havia algodão; na Lorraine havia o ferro e o sal; havia lanifícios em Castres, Sedan, Abbeville e Elbeuf; em Marselha havia sabão; em Paris havia mobiliário, tanoaria e as indústrias de luxo, etc..



Existia uma Bolsa de Valores, vários bancos, e uma Caixa de Desconto com um capital de cem milhões que emitia notas. Segundo Jacques Necker, a França detinha, antes da Revolução, metade do numerário existente na Europa. Nobres e burgueses misturavam muitos capitais em investimentos. Antes da Revolução, o maior problema da indústria francesa era a falta de mão de obra.



Desde a morte do rei Luís XIV, o comércio com o exterior tinha mais do que quadruplicado. Em 1788, eram 1,061 milhões de livres, um valor que só se voltará a verificar depois de 1848. Os grandes portos, como Marselha, Bordéus, Nantes, floresciam como grandes centros cosmopolitas. O comércio interior seguia uma ascensão paralela.



Sabendo-se que existia uma burguesia tão enriquecida, muitos historiadores colocaram a hipótese de haver uma massa enorme de camponeses famintos. Na França, o imposto rural por excelência era a "taille", um imposto recolhido com base nos sinais exteriores de riqueza, por colectores escolhidos pelos próprios camponeses. A servidão dos campos, que ainda se mantinha em quase todos os países da Europa, persistia apenas em zonas recônditas da França, e sob forma muito mitigada, no Jura e no Bourbonnais. Em 1779, o Rei tinha apagado os últimos traços de servidão nos seus domínios, tendo sido imitado por muitos senhores.



Ao longo da História, a miséria tem provocado muitos motins, mas em regra não provoca revoluções. A situação da França, antes da Revolução, era a de um Estado pobre num país rico.



A Revolução



A Revolução Francesa pode ser subdividida em quatro períodos: a Assembléia Constituinte, a Assembléia Legislativa, a Convenção e o Diretório.



O período da Assembleia Constituinte decorre de 9 de Julho de 1789 a 30 de Setembro de 1791. As primeiras ações dos revolucionários deram-se quando, em 17 de Junho, a reunião do Terceiro Estado se proclamou "Assembléia Nacional" e, pouco depois, "Assembléia Nacional Constituinte". Em 12 de Julho, começam os motins em Paris, culminando em 14 de Julho com a tomada da prisão da Bastilha, símbolo do poder real e depósito de armas. Sob proposta de dois aristocratas, o visconde de Noailles e do duque de Aiguillon, a Assembleia suprime todos os privilégios das comunidades e das pessoas, as imunidades provinciais e municipais, as banalidades, e os direitos feudais. Pouco depois, aprovava-se a solene "Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão". O lema dos revolucionários era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", mas logo em 14 de Junho de 1791, se aprovou a Lei de Le Chapelier que proibia os sindicatos de trabalhadores e as greves, com penas que podiam ir até à pena de morte. Em 19 de Abril de 1791, o Estado nacionaliza e passa a administrar todos os bens da Igreja Católica, sendo aprovada em Julho a Constituição Civil do Clero, por intermédio da qual os padres católicos passam a ser funcionários públicos.



O período da Assembléia Legislativa decorre de 8 de Outubro de 1791, quando se dá a primeira reunião da Assembléia Legislativa, até aos massacres de 2 a 7 de Setembro do ano seguinte. Sucedem-se os motins de Paris provocados pela fome; a França declara guerra à Áustria; dá-se o ataque ao Palácio das Tulherias; a família real é presa, e começam as revoltas monárquicas na Bretanha, Vendeia e Delfinado.



Entra o período da Convenção Nacional, de 20 de Setembro de 1792 até 26 de Outubro de 1795. A Convenção vem a ficar dominada pelos jacobinos (partido da pequena e média burguesia, liderado por Robespierre), criando-se o Comitê de Salvação Pública e o Comitê de Segurança Geral iniciando-se o reino do Terror. A monarquia é abolida e muitos nobres abandonam o país, vindo a família de Luís XVI a ser guilhotinada em 1793.



Vai seguir-se o período do Diretório até 1799, também conhecido como o período da "Reação Termidoriana". Um golpe de Estado armado desencadeado pela alta burguesia financeira marca o fim de qualquer participação popular no movimento revolucionário. Foi um período autoritário assente no exército (então restabelecido após vitórias realizadas em campanhas externas). Elaborou-se uma nova Constituição, com o propósito de manter a alta burguesia (girondinos) livre de duas grandes ameaças: o jacobinismo e o ancien régime.



O golpe do 18 de Brumário em 9 de Novembro de 1799 põe fim ao Diretório, iniciando-se a Era Napoleônica sob a forma do Consulado, a que se segue a Ditadura e o Império.



A Revolução Francesa semeou uma nova ideologia na Europa, conduziu a guerras, acabando por ser derrotada pela instalação do Império e, depois da derrota de Napoleão Bonaparte, pelo retorno a uma Monarquia na qual o rei Luís XVIII vai outorgar uma Carta Constitucional.



Causas da Revolução






Os sans-culottes eram artesãos, trabalhadores e até pequenos proprietários que viviam nos arredores de Paris. Recebiam esse nome porque não usavam os elegantes calções que a nobreza vestia, mas uma calça de algodão grosseira.







As causas da revolução francesa são remotas e imediatas. Entre as do primeiro grupo, há de considerar que a França passava por um período de crise financeira. A participação francesa na Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, a participação (e derrota) na Guerra dos Sete Anos, os elevados custos da Corte de Luís XVI, tinham deixado as finanças do país em mau estado.



Os votos eram atribuídos por ordem (1- clero, 2- nobreza, 3- Terceiro Estado) e não por cabeça. Havia grandes injustiças entre as antigas ordens e ficava sempre o Terceiro Estado prejudicado com a aprovação das leis.



Os chamados Privilegiados estavam isentos de impostos, e apenas uma ordem sustentava o país, deixando obviamente a balança comercial negativa ante os elevados custos das sucessivas guerras, altos encargos públicos e os supérfluos gastos da corte do rei Luís XVI.



O rei Luís XVI acaba por convidar o Conde Turgot para gerir os destinos do país como ministro e implementar profundas reformas sociais e econômicas.



Sociais






O Terceiro-Estado carregando o Primeiro e o Segundo Estados nas costas.


A sociedade francesa da segunda metade do século XVIII possuía dois grupos muito privilegiados:



- o Clero ou Primeiro Estado, composto pelo Alto Clero, que representava 0,5% da população francesa, era identificado com a nobreza e negava reformas, e pelo Baixo Clero, identificado com o povo, e que as reclamava;



- a Nobreza, ou Segundo Estado, composta por uma camada palaciana ou cortesã, que sobrevivia à custa do Estado, por uma camada provincial, que se mantinha com as rendas dos feudos, e uma camada chamada Nobreza Togada, em que alguns juízes e altos funcionários burgueses adquiriram os seus títulos e cargos, transmissíveis aos herdeiros. Aproximava-se de 1,5% dos habitantes.



Esses dois grupos (ou Estados) oprimiam e exploravam o Terceiro Estado, constituído por burgueses, camponeses sem terra e os "sans-culottes", uma camada heterogênea composta por artesãos, aprendizes e proletários, que tinham este nome graças às calças simples que usavam, diferentes dos tecidos caros utilizados pelos nobres. Os impostos e contribuições para o Estado, o clero e a nobreza incidiam sobre o Terceiro Estado, uma vez que os dois últimos não só tinham isenção tributária como ainda usufruíam do tesouro real por meio de pensões e cargos públicos.



A França ainda tinha grandes características feudais: 80% de sua economia era agrícola. Quando uma grande escassez de alimentos ocorreu devido a uma onda de frio na região, a população foi obrigada a mudar-se para as cidades e lá, nas fábricas, era constantemente explorada e a cada ano tornava-se mais miserável. Vivia à base de pão preto e em casas de péssimas condições, sem saneamento básico e vulneráveis a muitas doenças.



A reavaliação das bases jurídicas do Antigo Regime foi montada à luz do pensamento Iluminista, representado por Voltaire, Diderot, Montesquieu, John Locke, Immanuel Kant etc. Eles forneceram pensamentos para criticar as estruturas políticas e sociais absolutistas e sugeriram a idéia de uma maneira de conduzir liberal burguesa.



Econômicas



A causa mais forte de Revolução foi a econômica, já que as causas sociais, como de costume, não conseguem ser ouvidas por si sós. Os historiadores sugerem o ano de 1789 como o início da Revolução Francesa. Mas esta, por uma das "ironias" da história, começou dois anos antes, com uma reação dos notáveis franceses - clérigos e nobres - contra o absolutismo, que se pretendia reformar e para isso buscava limitar seus privilégios. Luís XVI convocou a nobreza e o clero para contribuírem no pagamento de impostos, na altamente aristocrática Assembleia dos Notáveis (1787).



No meio do caos econômico e do descontentamento geral, Luís XVI da França não conseguiu promover reformas tributárias, impedido pela nobreza e pelo clero, que não "queriam dar os anéis para salvar os dedos". Não percebendo que seus privilégios dependiam do Absolutismo, os notáveis pediram ajuda à burguesia para lutar contra o poder real - era a Revolta da Aristocracia ou dos Notáveis (1787-1789). Eles iniciaram a revolta ao exigir a convocação dos Estados Gerais para votar o projeto de reformas.





Por sugestão do Ministro judeu-suiço de origem prussiana Jacques Necker, o rei Luís XVI convocou a Assembléia dos Estados Gerais, instituição que não era reunida desde 1614. Os Estados Gerais reuniram-se em maio de 1789 no Palácio de Versalhes, com o objetivo de acalmar uma revolução de que já falava a burguesia.



As causas econômicas também eram estruturais. As riquezas eram mal distribuídas; a crise produtiva manufatureira estava ligada ao sistema corporativo, que fixava quantidade e condições de produtividade. Isso descontentou a burguesia.



Outro fator econômico foi a crise agrícola, que ocorreu graças ao aumento populacional. Entre 1715 e 1789, a população francesa cresceu consideravelmente, entre 8 e 9 milhões de habitantes. Como a quantidade de alimentos produzida era insuficiente e as geadas abatiam a produção alimentícia, o fantasma da fome pairou sobre os franceses.



Política



Em Fevereiro de 1787, o ministro das finanças, Loménie de Brienne, submeteu a uma Assembleia de Notáveis, escolhidos de entre a nobreza, clero, burguesia e burocracia, um projeto que incluía o lançamento de um novo imposto sobre a propriedade da nobreza e do clero. Esta Assembleia não aprovou o novo imposto, pedindo que o rei Luís XVI convocasse os Estados-Gerais. Em 8 de Agosto, o rei concordou, convocando os Estados Gerais para Maio de 1789. Fazendo parte dos trabalhos preparatórios da reunião dos Estados Gerais, começaram a ser escritos os tradicionais cahiers de doléances, onde se registraram as queixas das três ordens. O Parlamento de Paris proclama então que os Estados Gerais se deveriam reunir de acordo com as regras observadas na sua última reunião, em 1614. Aproveitando a lembrança, o Clube dos Trinta começa imediatamente a lançar panfletos defendendo o voto individual inorgânico - "um homem, um voto" - e a duplicação dos representantes do Terceiro Estado. Várias reuniões de Assembleias provinciais, como em Grenoble, já o haviam feito. Jacques Necker, de novo ministro das finanças, manifesta a sua concordância com a duplicação dos representantes do Terceiro Estado, deixando para as reuniões dos Estados a decisão quanto ao modo de votação – orgânico (pelas ordens) ou inorgânico (por cabeça). Serão eleitos 291 deputados para a reunião do Primeiro Estado (Clero), 270 para a do Segundo Estado (Nobreza), e 578 deputados para a reunião do Terceiro Estado (burguesia e pequenos proprietários). Entretanto, multiplicam-se os panfletos, surgindo nobres como o conde d'Antraigues, e clérigos como o bispo Sieyès, a defender que o Terceiro estado era todo o Estado. Escrevia o bispo Sieyès, em Janeiro de 1779: “O que é o terceiro estado? Tudo. O que é que tem sido até agora na ordem política? Nada. O que é que pede? Tornar-se alguma coisa”. A reunião dos Estados Gerais, como previsto, vai iniciar-se em Versalhes no dia 5 de Maio de 1789... certamente isso causou um grande estrago.



A Assembleia Constituinte






Sessão inaugural dos Estados Gerais, em Versalhes (1789).


Os deputados dos três estados eram unânimes em um ponto: desejavam limitar o poder real, à semelhança do que se passava na vizinha Inglaterra e que igualmente tinha sido assegurado pelos norte-americanos nas suas constituições. No dia 5 de maio, o rei mandou abrir a sessão inaugural dos Estados Gerais e, em seu discurso, advertiu que não se deveria tratar de política, isto é, da limitação do poder real, mas apenas da reorganização financeira do reino e do sistema tributário.



O clero e a nobreza tentaram diversas manobras para conter o ímpeto reformista do Terceiro Estado, cujos representantes comparecem à Assembléia apresentando as reclamações do povo (materializadas nos "Cahiers de Doléances"). Os deputados da nobreza e do clero queriam que as eleições fossem por estado (clero, um voto; nobreza, um voto; povo, um voto), pois assim, já que clero e a nobreza comungavam os mesmos interesses, garantiriam seus privilégios.



O terceiro estado queria que a votação fosse individual, por deputado, porque, contando com votos do baixo clero e da nobreza liberal, conseguiria reformar o sistema tributário do reino. Ante a impossibilidade de conciliar tais interesses, Luís XVI tentou dissolver os Estados Gerais, impedindo a entrada dos deputados na sala das sessões. Os representantes do Terceiro Estado rebelaram-se e invadiram a sala do jogo da péla (espécie de tênis em quadra coberta), em 15 de junho de 1789, e transformaram-se na Assembléia Nacional, jurando só se separar após a votação de uma constituição para a França (Juramento da Sala do Jogo da Péla). Em 9 de julho de 1789, juntamente com muitos deputados do baixo clero, os Estados Gerais autoproclamaram-se Assembleia Nacional Constituinte.






O Juramento da Péla.


Essa decisão levou o rei a tomar medidas mais drásticas, entre as quais a demissão do ministro Jacques Necker, conhecido por suas posições reformistas. Em razão disso, a população de Paris se mobilizou e tomou as ruas da cidade. Os ânimos mais exaltados conclamavam todos a tomar as armas.



O rei decidiu reagir fechando a Assembléia, mas foi impedido por uma sublevação popular em Paris, reproduzida a seguir em outras cidades e no campo.



O Conde de Artois (futuro Carlos X) e outros dirigentes reacionários, defrontados a tais ameaças, fugiram do país, transformando-se no grupo dos émigrés. A burguesia parisiense, temendo que a população da cidade aproveitasse a queda do antigo sistema de governo para recorrer à ação direta, apressou-se a estabelecer um governo provisório local, a Comuna. Este governo popular, em 13 de julho, organizou a Guarda Nacional, uma milícia burguesa para resistir tanto a um possível retorno do rei, quanto a uma eventual mais violenta da população civil, cujo comando coube ao deputado da Assembléia e herói da independência dos Estados Unidos, Marie Joseph Motier, o Marquês de La Fayette.



A bandeira dos Bourbons foi substituída por uma tricolor (azul, branca e vermelha), que passou a ser a bandeira nacional. E, em toda a França, foram constituídas unidades da milícia e governos provisórios.






A Queda da Bastilha, símbolo mais radical e abrangente das revoluções burguesas.







Sans-culottes.


Enquanto isso, os acontecimentos precipitaram-se e a agitação tomou conta das ruas: em 13 de julho constituíram-se as Milícias de Paris, organizações militares-populares. No dia 14 de julho, populares armados invadiram o Arsenal dos Inválidos, à procura de munições e, em seguida, invadiram a Bastilha, uma fortaleza que fora transformada em prisão política, mas que já não era a terrível prisão de outros tempos. Dentro da prisão, estavam apenas sete condenados: quatro por roubo, dois nobres por comportamento imoral, e um por assassinato. A intenção inicial dos rebeldes ao tomar a Bastilha era se apoderar da pólvora lá armazenada. Caiu assim um dos símbolos do Absolutismo. A Queda da Bastilha causou profunda emoção nas províncias e acelerou a queda dos intendentes. Organizaram-se novas municipalidades e guardas nacionais.



A partir de então, a revolução estendeu-se ao campo, com maior violência: os camponeses saquearam as propriedades feudais, invadiram e queimaram os castelos e cartórios, para destruir os títulos de propriedade das terras (fase do Grande Medo). Temendo o radicalismo, na noite de 4 de agosto, a Assembléia Nacional Constituinte aprovou a abolição dos direitos feudais, gradualmente e mediante amortização, além de as terras da Igreja haverem sido confiscadas. Daí por diante, a igualdade jurídica seria a regra.



A Elaboração de uma Constituição






Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.


A Assembléia Nacional Constituinte aprovou a legislação, pela qual era abolido o regime feudal e senhorial e suprimido o dízimo. Outras leis proibiram a venda de cargos públicos e a isenção tributária das camadas privilegiadas. E, para dar continuidade ao trabalho, decidiu pela elaboração de uma Constituição. Na introdução, que seria denominada Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Déclaration des Droits de l'Homme et du Citoyen), os delegados formularam os ideais da Revolução, sintetizados em três princípios: "Liberdade, Igualdade, Fraternidade " (Liberté, Egalité, Fraternité). Inspirada na Declaração de Independência dos Estados Unidos e divulgada em 26 de agosto, a primeira Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (a que não terá sido estranha a ação do então embaixador dos EUA em Paris, Thomas Jefferson) foi síntese do pensamento iluminista liberal e burguês. Nesse documento, em que se pode ver claramente a influência da Revolução Americana, defendia-se o direito de todos à liberdade, à propriedade, à igualdade - igualdade jurídica, e não social nem econômica - e de resistência à opressão. A desigualdade social e de riqueza continuavam existindo.



O nascimento, a tradição e o sangue já não podiam continuar a ser os únicos critérios utilizados para distinguir socialmente os homens. Na prática, tais critérios foram substituídos pelo dinheiro e pela propriedade, que, a partir daí, passam a garantir a seus detentores prestígio social.






Palácio das Tulherias.


Pressionado pela opinião pública, Luís XVI deixou Versalhes, estabelecendo-se no Palácio das Tulherias, em Paris (outubro de 1789). Ali, o monarca era mais acessível às massas parisienses.



Fervilhavam os clubes: a imprensa tinha papel cada vez maior nos acontecimentos políticos. Jean-Paul Marat e Hébert escreviam artigos incendiários.






Cópia de um dos assignats (bônus do tesouro), que visavam a recuperar as finanças do Estado francês.


A nobreza conservadora e o alto clero abandonaram a França, refugiando-se nos países ainda absolutistas, de onde conspiravam contra a revolução. Numa reação contra os privilégios do clero e buscando recursos para sanar o déficit público, o governo desapropriou os bens da Igreja, colocou-os à venda e, com o produto, emitiu bônus do tesouro, os assignats, que valeram como papel-moeda, logo depreciado. As propriedades da Igreja passaram majoritariamente às mãos da burguesia, restando aos camponeses as propriedades menores, que puderam ser adquiridas mediante facilitações.



Em agosto de 1790, foi votada a Constituição Civil do Clero, separando Igreja e Estado e transformando os clérigos em assalariados do governo, a quem deviam obediência. Determinava também que os bispos e padres de paróquia seriam eleitos por todos os eleitores, independentemente de filiação religiosa. O papa opôs-se a isso. Os clérigos deveriam jurar a nova Constituição. Os que o fizeram ficaram conhecidos como juramentados; os que se recusaram passaram a ser chamados de refratários e engrossaram o campo da contra-revolução.



Procurando frear o movimento popular, a Assembleia Nacional Constituinte, pela Lei de Le Chapelier, proibiu associações e coalizões profissionais (sindicatos), sob pena de morte.






O retorno de Luís XVI a Paris após sua desastrada fuga.


No palácio real, conspirava-se abertamente. O rei, a rainha, seus conselheiros, os embaixadores da Áustria e da Prússia eram os principais nomes de tal conspiração. A Áustria e a Prússia, países absolutistas, invadiram a França, que foi derrotada porque oficiais ligados à nobreza permitiram o malogro do exército francês. Denunciou-se a traição na Assembléia. Em junho de 1791 a família real tentou fugir para a Áustria. O rei foi descoberto na fronteira, em Varennes, e obrigado a voltar. A assembléia Nacional, contudo, acabou por absolver Luís XVI, mantendo a monarquia. Para justificar essa decisão, alegou que o rei, ao invés de fugir, fora seqüestrado. A Guarda Nacional, comandada por La Fayette, reprimiu violentamente a multidão que queria a deposição do rei.



A Constituição de 1791






Proclamação da Constituição francesa de 1791.


Em setembro de 1791, foi promulgada a primeira Constituição da França que resumia as realizações da Revolução.



Foi implantada uma monarquia constitucional, isto é, o rei perdeu seus poderes absolutos e criou-se uma efetiva separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Além disso, foram concedidos direitos civis completos aos cidadãos.



A população foi dividida em cidadãos ativos e passivos. Somente os cidadãos ativos, que pagavam impostos e possuíam dinheiro ou propriedades, participavam da vida política. Era o voto censitário. Os passivos eram os não-votantes, como mulheres, trabalhadores desempregados e outros.



Apesar de ter limitado os poderes do rei, este tinha ainda o direito de designar seus ministros.



De mais, a constituição aboliu o feudalismo, nacionalizava os bens eclesiásticos e reconhecia a igualdade civil e jurídica entre os cidadãos.



Em síntese, a Constituição de 1791 estabeleceu na França as linhas gerais para o surgimento de uma sociedade burguesa e capitalista em lugar da anterior, feudal e aristocrática.



Apesar disso, este projeto não teve muita sustentação. Alguns setores urbanos queriam continuar com o processo revolucionário, enquanto nobres fugiam e se refugiavam no exterior, planejando à distância organizar violentamente uma revanche armada. Os emigrados tinham apoio de Estados Absolutistas como Áustria e Prússia, que viam o resultado do movimento revolucionário francês como perigoso para os seus domínios.



Em agosto de 1791, após a tentativa frustrada de fuga da família real para a Áustria, os países que até então apoiavam a França lançaram a Declaração de Pillnitz, que afirmava (e apoiava) a restauração da monarquia francesa como um projeto de interesse comum a todos os Estados europeus. A população francesa ficou enfurecida, pois enxergava esta ação como uma intromissão direta aos assuntos do país.



A Assembleia Legislativa (1791-1792)



Em 1791, iniciou-se a fase denominada Monarquia Constitucional. Nas eleições de outubro de 1791, as cadeiras da Assembléia Legislativa foram ocupadas predominantemente por elementos da burguesia. A Assembléia Legislativa, que iniciou suas sessões em 1º de outubro, era formada por 750 membros, sem experiência política.



Embora a burguesia tivesse de enfrentar, dentro da Assembléia, a oposição da aristocracia, cujos deputados ocupavam o lado direito de quem entrava no recinto de reuniões, e também dos democratas, que ocupavam o lado esquerdo, as maiores dificuldades estavam fora da Assembléia.



À extrema direita, o rei e a aristocracia se recusavam a aceitar qualquer compromisso. À extrema esquerda, a pequena e média burguesia sentiam-se lesadas e enganadas.



Os camponeses, desesperados, porque tinham de pagar pela extinção dos direitos feudais, retomaram a violência.



O confisco dos bens da Igreja e a Constituição do Clero, que faziam com que os religiosos rompessem com o papado, levaram a maior parte do clero para o campo da Contra-Revolução.



Apesar de todas as dificuldades, a alta burguesia se mantinha no poder.



A Queda da Monarquia



Os emigrados buscavam apoio externo para restaurar o Estado absoluto. As vizinhas potências absolutistas apoiavam esses movimentos, pois temiam a irradiação das idéias revolucionárias francesas para seus países. Os emigrados e as monarquias absolutistas formaram uma aliança destinada a restaurar, na França, os poderes absolutos de Luís XVI. Alegando a necessidade de se restaurar a dignidade real da França, na Declaração de Pillnitz (1791) esses países ameaçaram a França de uma intervenção.



Em 1792, a Assembléia Legislativa aprovou uma declaração de guerra contra a Áustria. É interessante salientar que a burguesia e a aristocracia queriam a guerra por motivos diferentes. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e vitoriosa, para o rei e a aristocracia seria a esperança de retorno ao velho regime. Palavras de Luís XVI: "Em lugar de uma guerra civil, esta será uma guerra política" e da rainha Maria Antonieta: "Os imbecis [referia-se a burguesia]! Não vêem que nos servem". Portanto, o rei e a aristocracia não vacilaram em trair a França revolucionária.



Diante da aproximação dos exércitos coligados estrangeiros, formaram-se por toda a França batalhões de voluntários.



Luís XVI e Maria Antonieta foram presos, acusados de traição ao país por colaborarem com os invasores.






A Batalha de Valmy.


Verdun, última defesa de Paris, foi sitiada pelos prussianos. O povo, chamado a defender a revolução, saiu às ruas e massacrou muitos partidários do Antigo Regime. Sob o comando de Danton, Robespierre e Marat, foram distribuídas armas ao povo e foi organizada a Comuna Insurrecional de Paris. As palavras de Danton ressoaram de forma marcante nos corações dos revolucionários. Disse ele: "Para vencer os inimigos, necessitamos de audácia, cada vez mais audácia, e então a França estará salva".



O povo, entre o pânico e o rancor, responsabiliza os inimigos internos pela situação. Entre 2 e 6 de Setembro de 1792, são massacrados os padres refratários, os suspeitos de atividades contra-revolucionárias e os presos de delito comum das prisões de Paris. A matança dura vários dias sem que as autoridades administrativas ousem intervir. Os chamados “massacres de Setembro”, que chocam a opinião pública, marcam uma página importante da Revolução.



Em 20 de Setembro aconteceu aquilo que parecia impossível: as tropas revolucionárias, famintas, mal vestidas, mas alimentadas por seus ideais, derrotaram, ao som da Marselhesa (o hino da revolução), a coligação antifrancesa na Batalha de Valmy.



A Convenção (1792-1795)






Georges Jacques Danton.






Após o término das deliberações da Assembléia Constituinte em 1791, a burguesia passou a uma posição conservadora, por entender que as principais mudanças já haviam sido implementadas na sociedade francesa. A situação do povo mais pobre, porém, pouco tinha mudado. Os camponeses continuavam sem terra e nas cidades a situação tornava-se cada vez mais desesperadora.



Em agosto de 1792, uma intensa mobilização popular destronou o rei, e depois de elaborar a Carta Magna francesa, a Assembléia Nacional Constituinte dissolveu-se. A Assembléia Legislativa substituiu a Constituinte. Ameaça de intervenção externa, crise econômica e inflação. Abril de 1792: Declaração de guerra à Áustria e à Prússia; exércitos inimigos chegam a ameaçar a cidade de Paris; ala radical proclama a “pátria em perigo” e distribui armas à população parisiense.Comuna de Paris assume o poder e exige da Assembléia o afastamento do rei. 10 de agosto de 1792: Parisienses atacam o palácio real, detêm o soberano e exigem que o Legislativo suspenda-o de suas funções.Esvaziada de seu poder, a Assembléia convoca a eleição de uma Convenção Nacional. A revolução entrou numa fase radical. As primeiras medidas tomadas pela Convenção foram a Proclamação da República e a promulgação de uma nova Constituição (21 de setembro de 1792). Eleita sem a divisão dos eleitores em passivos e ativos, a alta burguesia monarquista foi derrotada. A Convenção contava com o predomínio dos representantes da burguesia.






Maximilien François Marie Isidore de Robespierre.


Entre os revolucionários de 1789, houve divisão. A grande burguesia não queria aprofundar a revolução, temendo o radicalismo popular. Aliada aos setores da nobreza liberal e do baixo clero, formou o Clube dos Girondinos. O nome "girondino" (do francês girondin) deve-se ao fato de Brissot, principal líder dessa facção, representar o departamento da Gironda e de seus principais líderes serem provenientes de lá. Eles ocupavam os bancos inferiores no salão das sessões. Os jacobinos (do francês jacobin) — assim chamados porque se reuniam no convento de Saint Jacques — queriam aprofundar a revolução, aumentando os direitos do povo; eram liderados pela pequena burguesia e apoiados pelos sans-culottes, as massas populares de Paris. Ocupavam os assentos superiores no salão das sessões, recebendo o nome de montanha. Seus principais líderes foram Danton, Marat e Robespierre. Sua facção mais radical era representada pelos raivosos, liderados por Jacques Hébert, que queriam o povo no poder. Havia ainda um grupo de deputados sem opiniões muito firmes, que votavam na proposta que tinha mais chances de vencer. Eram chamados de planície ou pântano. Havia ainda os cordeliers (camadas mais baixas) e os feuillants (a burguesia financeira).






Jean Paul Marat.


As modernas designações políticas de direita, centro e esquerda surgem neste momento: com relação à mesa da presidência identificavam-se à direita os girondinos, que desejavam consolidar as conquistas burguesas, estancar a revolução e evitar a radicalização; ao centro, a Planície ou Pântano, grupo de burgueses sem posição política definida; e à esquerda, a Montanha, composta pela pequena burguesia jacobina que liderava os sans-culottes, e que defendia o aprofundamento da revolução.



Dirigida inicialmente pelos girondinos, a convenção realizava uma política contraditória: era revolucionária na política externa — ao combater os países absolutistas — mas conservadora na interna — ao procurar se acomodar com a nobreza, tentar salvar a vida do rei e combater os revolucionários mais radicais. Nesse primeiro período, foram descobertos documentos secretos de Luís XVI, no Palácio das Tulherias, que provaram o seu comprometimento com o rei da Áustria. O fato acelerou as pressões para que o rei fosse julgado como traidor. Na Convenção, a Gironda dividiu-se: alguns optaram por um indulto, outros pela pena de morte. Os jacobinos, reforçados pelas manifestações populares, exigiam a execução do rei, indicando o fim da supremacia girondina na Revolução.



República Jacobina






A grande guilhotina desce sobre a cabeça de Luís XVI, que é exibida ao povo, como se costumava fazer com todos os executados.


Os jacobinos, com apoio dos sans-culottes e da Comuna de Paris (designação que foi dada ao novo governo local da cidade), assumiram o poder no momento crítico da Revolução.



A Convenção reconheceu a existência do Ser Supremo e da imortalidade da alma. A virtude seria o elemento essencial da República.



Em 21 de janeiro de 1793, Luís XVI e Maria Antonieta , sua esposa foram executados na guilhotina na praça da Revolução. Vários países europeus, como a Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Inglaterra, indignados e temendo que o exemplo francês se refletisse em seus territórios, formaram a Primeira Coligação contra a França. Encabeçando a Coligação, a Inglaterra financiava os grandes exércitos continentais para conter a ascensão burguesa da França, seu potencial concorrente nos negócios europeus.





No departamento de Vendéia, no oeste da França, camponeses contra-revolucionários, instigados pela Igreja, pela nobreza e pelos ingleses, tomaram o poder. Os girondinos tentaram frear a proposta de mobilização geral do povo francês, temendo a perda do poder e a radicalização da revolução, que ameaçaria suas propriedades e bens. Em resposta, em 2 de Junho de 1793, a população de Paris, agitada pelos partidários de Hébert, cercou o prédio da convenção, pedindo a prisão dos deputados girondinos. Os membros da Gironda foram expulsos da convenção deixando uma triste herança: inflação, carestia e avanço da contra-revolução, tudo isso agravado pela guerra no plano externo. Marat, Hébert, Danton, Saint-Just e Robespierre assumiram o poder, dando início ao período da Convenção Montanhesa.





A Contra-Revolução Camponesa da Vendéia e a ameaça externa colocavam a revolução à beira do abismo. Para combater essa situação, os jacobinos organizaram os comitês, cujos objetivos eram controlar o governo, combater os contra-revolucionários e mobilizar a França para uma guerra total em defesa da revolução.



Devido ao predomínio da atuação popular, esse período caracterizou-se por ser o mais radical de toda a Revolução. O governo jacobino dirigia o país por meio do Comitê de Salvação Pública, responsável pela administração e defesa externa do país, de início comandado por Danton, seu criador. Abaixo, vinha o Comité de Segurança Geral, que cuidava da segurança interna, e a seguir o Tribunal Revolucionário, que julgava os opositores da revolução em julgamentos sumários.



Decretada a mobilização geral, criou-se uma economia de guerra, com o racionamento das mercadorias e o combate aos especuladores, que, aproveitando-se da situação, escondiam os produtos para aumentar os preços.






Morte pela guilhotina: entre 35.000 e 40.000 pessoas foram executadas durante o período do "Terror".


Os jornais populares utilizavam-se de linguagem grosseira para caracterizar os aristocratas e inimigos da revolução. Ao mesmo tempo em que pediam que fossem punidos, pregavam as virtudes revolucionárias, o patriotismo e a defesa intransigente da revolução. O mais importante desses jornais era O amigo do povo (L'Ami du Peuple), dirigido pelo jacobino Marat.



Quando, em julho, Marat foi assassinado pela jovem Charlotte Corday, os ânimos se exaltaram. Considerado excessivamente moderado, Danton foi substituído por Robespierre e expulso do partido. O Comitê de Salvação Pública, liderado por Robespierre, assumiu plenos poderes. Tinha início o Grande Terror, Terror Jacobino ou, simplesmente, Terror. Milhares de pessoas — a ex-rainha Maria Antonieta, o químico Antoine Lavoisier (considerado o criador da Química moderna), aristocratas, clérigos, girondinos, especuladores, inimigos reais ou presumidos da revolução — foram detidas, julgadas sumariamente e guilhotinadas. Os direitos individuais foram suspensos e, diariamente, realizavam-se, sob aplausos populares, execuções públicas e em massa. O líder jacobino Robespierre, sancionando as execuções sumárias, anunciara que a França não necessitava de juízes, mas de mais guilhotinas. O resultado foi a condenação à morte de 35 mil a 40 mil pessoas. A Insurreição camponesa da Vendéia foi esmagada. O exército francês começou a ganhar terreno nos campos de batalha em 1794 e a coalizão antifrancesa foi derrotada.






Interior de um comitê revolucionário durante o terror.


Cansada do terror, execuções, congelamento de preços e dos excessos revolucionários, a burguesia queria paz para seus negócios. Essa posição era defendida pelos jacobinos liderados por Danton. Os sans-culottes — que eram a plebe urbana — pretendiam radicalizar mais a revolução, posição defendida pelos raivosos. A falta de habilidade política de Robespierre ficou evidente quando, declarando a "pátria em perigo", tomou uma série de medidas impopulares para evitar as radicalizações — os partidários e políticos mais radicais, como a ala esquerda, dos partidários de Hébert, e da ala direita, que tinha como líder Danton, foram executados. A facção de centro, liderada por Robespierre e Saint-Just, triunfou, porém ficou isolada.



Reação Termidoriana






Os eventos da noite de 9 Termidor.





Prisão de Robespierre.





Execução de Robespierre.


Muitos girondinos que sobreviveram ao Terror, aliados aos deputados da planície, articularam um golpe. Em 27 de Julho (9 Termidor, de acordo com o calendário revolucionário francês) a Convenção, numa rápida manobra, derrubou Robespierre e seus partidários. Robespierre apelou para que as massas populares saíssem em sua defesa. Mas os que podiam mobilizá-las — como os raivosos — estavam mortos, e os sans-culottes não atenderam ao chamado. Robespierre e os dirigentes jacobinos foram guilhotinados sumariamente. A Comuna de Paris e o partido jacobino deixaram de existir. Era o golpe de 9 Termidor, que marcou a queda da pequena burguesia jacobina e a volta da grande burguesia girondina ao poder. O movimento popular entrou em franca decadência.



A Convenção Termidoriana (1794-1795) foi curta, mas permitiu a reativação do projeto político burguês com a anulação de várias decisões montanhesas, como a Lei do Preço Máximo (congelamento da economia) e o encerramento da supremacia da Junta de Salvação Pública. Foram extintas as prisões arbitrárias e os julgamentos sumários. Todos os clubes políticos foram dissolvidos e os jacobinos passaram a ser perseguidos.



Em 1795, a Convenção elaborou uma nova constituição - a Constituição do Ano III -, suprimindo o sufrágio universal e resgatando o voto censitário para as eleições legislativas, marginalizando, assim, grande parcela da população. A carta reservava o poder à burguesia. No final de 1795, de acordo com a nova Constituição, a Convenção cedeu lugar ao Diretório, formado por cinco membros eleitos pelos deputados. Iniciou-se, assim, a República do Diretório.



O Diretório (1795-1799)







O Diretório (1794 a 1799) foi uma fase conservadora, marcada pelo retorno da Alta Burguesia ao poder e pelo aumento do prestígio do Exército apoiado nas vitórias obtidas nas Campanhas externas.



Uma nova constituição entregou o Poder Executivo ao Diretório, uma comissão constituída de cinco diretores eleitos por cinco anos. Esta carta previa o direito de voto masculino aos alfabetizados. O poder legislativo era exercido por duas câmaras, o Conselho dos Anciãos e o Conselho dos Quinhentos.



Era a república dos proprietários que enfrentavam uma grave crise financeira. Registra-se uma oposição interna ao governo devido à crise econômica e à anulação das conquistas sociais jacobinas. Tentativas de golpe à direita (monarquistas ou realistas) e à esquerda (jacobinos) ocorreram neste período.






Graco Babeuf, líder da Conjuração dos Iguais.


As ações contra o novo governo se sucediam. Em 1795, um golpe realista foi abortado em Paris. Aproveitando o descontentamento dos sans-culottes, os remanescentes jacobinos tentaram organizar em 1796 a chamada Conjuração ou Conspiração dos Iguais, liderada por François Noël Babeuf (mais conhecido como Graco Babeuf). Os seguidores desse movimento popular, com algumas pinceladas socialistas, desejavam não apenas igualdades de direitos (igualdade perante a lei), mas também igualdade nas condições de vida. Babeuf achava que a única maneira de alcançar a igualdade era com a abolição da propriedade privada. A insurreição foi denunciada antes mesmo de se iniciar e seus líderes, Graco Babeuf e Buonarroti, foram condenados à guilhotina. As idéias de Babeuf, entretanto, serviram de base para a luta da classe operária no século XIX.



Externamente, entretanto, o exército acumulava vitórias contra as forças absolutistas de Espanha, Holanda, Prússia e reinos da Itália, que, em 1799, formaram a Segunda Coligação contra a França revolucionária.



Napoleão Bonaparte no Poder










Destacando-se no assédio de Toulon, em 1793, Napoleão Bonaparte tornou-se general. Em 1796, Bonaparte esmagou uma insurreição monarquista.


O governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os burgueses mais lúcidos e influentes perceberam que com o Diretório não teriam condição de resistir aos inimigos externos e internos e manter o poder. Eles acreditavam na necessidade de uma ditadura militar, uma espada salvadora, para manter a ordem, a paz, o poder e os lucros.



A figura que sobressai no fim do período é a de Napoleão Bonaparte. Ele era o general francês mais popular e famoso da época. Quando estourou a revolução, era apenas um simples tenente e, como os oficiais oriundos da nobreza abandonaram o exército revolucionário ou dele foram demitidos, fez uma carreira rápida. Aos 24 anos já era general de brigada. Após um breve período de entusiasmo pelos jacobinos, chegando até mesmo a ser amigo dos familiares de Robespierre, afastou-se deles quando estavam sendo depostos. Lutou na Revolução contra os países absolutistas que invadiram a França e foi responsável pelo sufocamento do golpe de 1795.



Enviado ao Egito para tentar interferir nos negócios do império inglês, o exército de Napoleão foi cercado pela marinha britânica nesse país, então sobre tutela inglesa. Napoleão abandonou seus soldados e, com alguns generais fiéis, retornou à França, onde, com apoio de dois diretores e de toda a grande burguesia, suprimiu o Diretório e instaurou o Consulado, dando início ao período napoleônico em 18 de brumário (10 de Novembro de 1799).



O Consulado era representado por três elementos: Napoleão, o abade Sieyès e Roger Ducos. Na realidade o poder concentrou-se nas mãos de Napoleão, que ajudou a consolidar as conquistas burguesas da Revolução.



Datas e Fatos Essenciais





Reações e comentários no estrangeiro



Reino Unido



Entre os britânicos que acolheram (inicialmente) a Revolução Francesa como um acontecimento positivo conta-se Dugald Stewart. Stewart seguiu os acontecimentos em Paris nesse verão dramático de 1789. Ele acreditava nos princípios pelos quais a revolução se batia. Sentiu-se repelido quando leu os comentários de Edmund Burke no seu "Reflections on the Revolution in France". Burke previu acertadamente que a Revolução Francesa acabaria na perdição, terror, morte e ditadura. Um aluno de Stewart, James Mackintosh, escreveu em resposta uma apaixonada defesa da causa francesa. Nos anos seguintes, Stewart defendeu ainda a Revolução, apesar de o terror e o caos serem evidentes. Em Novembro de 1791, Dugald Stewart escreve a um amigo: "As pequenas desordens que podem ocorrer num país onde as coisas em geral correm tão bem são de menor importância".



Já no ano seguinte ver-se-ia que Burke tinha razão. Edmund Burke faleceu em 1797, convicto de que a Revolução Francesa acabaria por terminar na ditadura. Napoleão veio dar-lhe razão. Burke ganhou na sociedade britânica uma reputação de um homem clarividente e perspicaz.



Em forte contraste, Dugald Stewart perdeu o respeito dos seus concidadãos e foi ostracizado em Edimburgo, onde vivia. James Mackintosh pediu desculpas publicamente por criticar Burke e tornou-se um forte crítico do regime francês e das revoluções em geral.



Raymond Aron



O sociólogo do século XX Raymond Aron (19051983) escreve em O ópio dos intelectuais o seguinte, a propósito da revolução francesa, comparando-a com a evolução da Inglaterra:





A passagem do Ancien Régime para a sociedade moderna é consumada na França com uma ruptura e uma brutalidade únicas. Do outro lado do Canal da Mancha, na Inglaterra, o regime constitucional foi instaurado progressivamente, as instituições representativas advêm do parlamento, cujas origens remontam aos costumes medievais. No século XVIII e XIX, a legitimidade democrática se substitui à legitimidade monárquica sem a eliminar totalmente, a igualdade dos cidadãos apagou pouco a pouco a distinção dos "Estados" (Nobreza, clero e povo). As idéias que a revolução francesa lança em tempestade através da Europa: soberania do povo, exercício da autoridade conforme a regras, assembléias eleitas e soberanas, supressão de diferenças de estatutos pessoais, foram realizadas em Inglaterra, por vezes mais cedo do que em França, sem que o povo, em sobressalto de Prometeu, sacudisse as suas correntes. A "democratização" foi ali (em Inglaterra) a obra de partidos rivais.




(...) O Ancien Régime desmoronou-se (na França) a um só golpe, quase sem defesa. E a França precisou de um século para encontrar outro regime que fosse aceito pela grande maioria da nação.

Fonte - Enciclopédia livre

O articulista ainda é descendente do 45o. Primeiro Ministro da França, Léon Gambetta.

domingo, julho 11

FRUTA DRAGÃO - PITAIA

Foto tirada pelo articulista, nas próximidades da povoação de Pac Chong - Tailândia

O articulista junto a uma plantação de Pitaias na província de Chanthaburi - Tailândia.

Na Tailândia culktivam-se algumas variedades, mas a mais comum é a Pitaia vermelha com polpa branca, de grandes dimensões, chamada Hundatus.





A flôr das Pitaias são consideradas as mais belas do mundo.




Várias Pitais cortadas ao meio, podendo ver-se que existem duas especieis bem diferente, uma de cor branca e outra de cor vermelha.

Este delicioso fruto pode ser encontrado nos mercados de Macau, o seu valor, varia entre 5 e 10 patacas,(5 e 10 céntimos do Euro) cada, depende do tamanho e da época do ano.








Uma Pitaia com seus frutos.



Pitaia






Pitai vermelha (Hylocereus)







Pitaia amarela ( Selenicereus megalanthus)





Um exemplar do cacto produtor da Pitai (Hylocereus)




Pitaia (pitaya em PE) é o nome dado ao fruto de várias espécies de cactos epífitos, sobretudo do género Hylocereus mas também Selenicereus, nativas do México e América do Sul e também cultivadas na Tailândia, Malásia, Taiwan, Sri Lanka, Australia, Filipinas, China, Israel e à mais de 100 anos no Vietname. O termo pitaia significa fruta escamosa, também sendo chamada de fruta-dragão em algumas línguas, como o inglês e em chinês conhecida por Fó Long Kó., entre os mexicanos é conhecida por Pitahaya. Como a planta só floresce pela noite (com grandes flores brancas) são também chamadas de Flor-da-Lua ou Dama da Noite.





Clima e solo


Pode ser cultivada de 0 até 1.800 metros acima do nível do mar, desde que as temperaturas sejam em média de 18 a 26°C, com chuvas de 1.200 a 1.500 mm/ano, mas se adapta também a climas mais secos.



Fruta


Existem três variedades, todas com a pele folhosa:



Hylocereus undatus, branca por dentro com pele rosa

Hylocereus polyrhizus, vermelha por dentro com pele rosa

Selenicereus megalanthus, branca por dentro com pele amarela


A fruta pode pesar entre 150-600 gramas e seu interior, que é ingerido cru, é doce e tem baixo nível de calorias. Da fruta se faz suco ou vinho; as flores podem ser ingeridas ou usadas para fazer chá. As sementes se assemelham às do gergelim e se encontram dispersas no fruto cárneo.


A Pitaia tem sido descrita como uma fonte de beta-caroteno, licopeno e vitamina, sendo rica em antioxidantes.


Este exótico fruto possui imenso potencial para uso como fonte de ingredientes funcionais para porprocionar nutrientes que podem prevenir doenças relacionadas à nutrição e melhorar a saúde física e mental e o bem estar de seus consumidores. Os frutos da Pitaia são ricos em vitaminas, fósforo e oligossárideos que auxiliam o processo digestivo e previnem o câncer do cólon e diabetes. Ajuda, igualmente, a neutralizar substâncias tóxicas, reduz os níveis de colesterol e a hipertensão.


Os oligossacáridos da Pitaia apresentam propriedades preblóticas, que inclui a resistência às condições de ácido no estômago humano, a resistência parcial de à amilase presente na saliva humana e a capacidade de estimular o crescimento de lactobacilos e bilidobactérias, bactérias benéficas, que protegem contra o risco de câncer cólon retal e outras doenças. Desta forma a Pitaia, ou fruto dragão, é uma fonte potencial de prebióticos que pode ser utilizada como ingrediente em alimentos funcionais e produtos nutracêuticos.



Utilização



Pode-se consumir a polpa do fruto ao natural ou processado como refresco, geléias ou doces. É também utilizada em medicina caseira, como tônico cardíaco, seu gosto lembra um pouco o melão . Apesar de sua aparencia chamativa, o paladar é suave. As sementes têm efeito laxante. Além do fruto, que tem efeito em grastrites, o talo e as flores são usados para problemas renais.










MOTINS EM HONG-KONG 1967














































sábado, julho 10

1967 - MOTINS EM HONG-KONG





MOTINS em Hong Kong 1967





Os tumultos de 1967 em Hong Kong (chinês tradicional: 六七 暴动; em chinês simplificado: 六七 暴动; pinyin: Genquan Baodong) Começou em Maio de 1967. Foi causado por pro-comunistas esquerdistas em Hong-Kongem, inspirados na Revolução Cultural na República popular da China (PRC) , que virou uma disputa trabalhista em grande escala contra o domínio colonial britânico. Manifestantes enfrentaram-se violentamente com as forças policiais. Instigado pelos acontecimentos na China, organizaram greves e manifestações, enquanto que a polícia invadia muitos dos redutos dos manifestantes e colocou os seus líderes activos sob prisão . Estes distúrbios tornaram-se ainda mais violentos quando os esquerdistas recorreram à violência, colocando bombas falsas e outras reais por toda a cidade, chegando a assassinar alguns membros da imprensa, que expressavam a sua oposição à violência.


Tensões

As manifestações iniciais e motins, começaram em Março de 1967, foram originadas por trabalhistas, fazendo greves nos transportes públicos, táxis, fábricas de texteis, de flores e de cimento. Todas estas empresas tinham um número subtancial de empregados pro-comunistas. A Federação dos Sindicatos com fortes ligações a Pequim, assumiu as responsabilidades.


O clima político era tenso em Hong Kong , na primavera de 1967. Ao norte da fronteira da colónia britânica , a RPC estava em tumulto. Os guardas vermelhos. realizavam expurgações e engajaentos em combate , enquanto em motins patrocinado pela esquerda pró-comunista irrompeu na província de Macau administrada pelos portugueses. Estes acontecimentos ocorreram em Dezembro de 1966. Apesar da intervenção do exército português, a ordem não foi restaurada em Macau, seguindo-se depois uma greve geral em Janeiro de 1967, o Governo Português decidiu reunir-se com os representantes dos manifestantes e aceitar as suas reinvidicações.A tensão em Hong Kong foi agravada devido à Revolução Cultural. Foram realizados cerca de 188 manifestações.





Surto de violência

Em Maio, um conflito começou em uma fábrica de flores artificiais em San Po Kong. Um grupo de trabalhadores entraram em confronto com os gestores da dita fábrica e polícia foi chamada para intervir no dia 6 de Maio. Em confrontos violentos entre a polícia e os trabalhadores 21 deles foram detidos e muitos ficaram feridos. Representantes das Uniões dos Trabalhadores se insurgiram contra esquadras de polícia , mas foram também presos. No dia seguinte, eclodiram manifestações em grande escala nas ruas de Hong Kong. Muitos dos manifestantes pró- comunista empunhando o livro vermelho, com citações de Mao tsé Tung, em sua mão esquerda, gritavam slogans comunistas, incluindo demandas de " sangue por sangue ". As forças policiais de novo se envolveram com os manifestantes tendo sido detidos 127 pessoas. O recolher obrigatório foi imposto e todas as forças policiais foram colacadas em sistema de alerta.


Na China , os jornais elogiavam as actividades dos manifestantes, considerando as acções do governo colonial britânico de atrocidades facistas. Em Pequim, milhares de pessoas manifestaram-se junto da Embaixada inglesa. No centro de Hong Kong Distrito Central, alto-falantes de grande porte foram colocados no topo do prédio do banco da China, transmitindo slogns pró-comunistas, enquanto que alunos iam distribuindo jornais com informações que se estavam a passar com os distúrbios.


Em 16 de Maio , os esquerdistas formaram o Comité de luta Hong-Kong e Kowloon contra a perseguição britânica. (港九 各界 反抗 港 英 迫害 斗争 委员会) tendo sido nomeado Yeung Kwong (杨光) da Federação dos Sindicatos como o presidente da comissão . A comissão organizou e coordenou uma série de grandes manifestações . Centenas de partidários de várias organizações de esquerda demonstraram-se defronte da residência do Governador, entoando slogans comunistas e empunhando cartazes . Ao mesmo tempo, muitos trabalhadores entraram em greve, paralizando os serviços de transportes.


Os mais violêntos acontecimentos eclodiram a 22 de Maio, tendo sido detidas 167 pessoas. Os manifestantes começaram a adotar tácticas mais sofisticadas, como atirar pedras contra a polícia e vituras, refugiando depois em centros comerciais e bancos, quando a polícia os tentava controlar.





A altura da violência

Em 08 de Julho , realizaram-se centenas de manifestações, havendo milícias armadas, que disparam contra as forças policiais, em Hong-Kong - Sha Tau Kok, causando a morte a cinco agentes policiais. O Diário do Povo, publicado em Pequim, os artigos publicados eram de apoio à luta da esquerda em hong-Kong e corriam rumores de que a China se preparava para assumir o controle da colónia de Hong-Kong. Os esquerdistas tentaram em vão organizar uma greve geral, e tentarem, sem êxito convencer os agentes policiais chineses a se juntarem ao seu movimento


O Governo de Hong Kong impôs o estado de emergência, concedendo poderes especiais às forças policias com o fim de terminar a rebelião. Alguns jornais de língua chinesa que estavam a favor dos manifestantes, foram proibidos de publicar, tendo sido encerradas as suas instalações, assim acontecendo com algumas escolas. Muitos lideres esquerditas foram detidos, sendo alguns deles, posteriormente deportados para a China.


Os esquerdistas retaliaram colocando mais bombas por toda a cidade. a vida normal no Território de Hong-Kong ficou fortemente afectada.Uma menina de sete anos de idade e seu irmão de dois anos de idade foram mortos por uma bomba que tinha sido colocada junto à sua residência. Muitas famílias de Hong-Kong, fugiram para os Esatdos Unidos da América.


Segundo a versão de especialista em bombas, conseguiram recolher 8 000 bombas caseiras, informando que muitas dessas bombas eram reais.


Em 19 de Julho , os esquerdistas se alojaram em 20 andares do banco da China, criando à sua volta uma muralha de arame farpado.


Em resposta, os militares iniciaram ataques aos redutos esquerdistas, num dos ataques foi usado o helicóptero HMS Hermes. tendo este desembaracdo agentes policiais no telhado da Kiu Kwan Mansion, os policiais nao entrarem no edificio, depararam com um enorme arsenal bélico, bem como um disoensário hospitalar completo que possuia um centro cirúgico.


O clamor público contra a violência foi amplamente divulgado na mídia, e os esquerdistas novamente mudaram de táctica. Em 24 de Agosto, Lam Bun, um comentarista de rádio popular anti- esquerdista , foi assassinado quanto se dirigia para o trabalho, Lam Bun foi impedido de sair do seu carro e foi queimado vivo . Outras figuras proeminentes dos meios de comunicação que tinha manifestado sua oposição contra os tumultos também foram ameaçados , incluindo Louis Cha, então presidente do Ming Pao News, que foi obrigado a sair de Hong-Kong, regressando ao terrotório um ano depois.


As ondas de ataques não diminuiram até Outubro de 1967. Em Dezembro, o Primeiro Ministro chinês Zhou EnLai, ordenou aos grupos de esquerda em Hong Kong para pararem todos os ataques e as rebeliões em Hong Kong , desta forma os tumultos em Hong-Kong chegaram ao fim.


Os motins tiveram a duração de 18 meses.


Mais tarde veio a saber-se que durante os motins, o comandante da PLA'S da Região Militar Huang Yongsheng, Guanzhou, tinha surgerido secretamente invadir e ocupar Hong-Kong, mas o seu plano foi vetado por Zhou Enlai.


Resultado
Portagens

Os distúrbios terminaram no final do ano, tendo morrido 51 pessoas, incluindo cinco policiais, ficando feridos mais onze agentes da polícia. Um especialista britânico de minas e armadilhas, (Charlie ' Sgt ' Trabalhador da Royal Army Ordnance Corps ), e um bombeiro foram mortos nos distúrbios . Além disso, mais de 800 pessoas sofreram ferimentos , incluindo 200 agentes da lei . 5.000 pessoas foram presas.

Os prejuízos foram avaliados em milhões de dolares. A confiança no futuro da colónia declinou entre os moradores de Hong Kong, tendo muitos deles vendido as suas propriedades e emigrado para o estrangeiro. Cerca de 2.000 pessoas foram condenadas a penas de prisão.





1960 grupos de esquerda


Muitos grupos de esquerda e com laços estreitos com a China foram desmantelados durante os motins de 1967. O apoio do público para com os manifestantes pró-comunista caiu drásticamente, devido ao seu comportamento violento. O assassinato do apresentador de rádio Lam Bun em particular, indignou muitos residentes de Hong Kong. A credibilidade da República Popular da China e seus simpatizantes locais entre os residentes de Hong Kong foram severamente danificadas por mais de uma geração.


Novos grupos de esquerda e legado
Alguns dos membros que participaram do motim 1967 , desde então, recuperam uma posição na política de Hong-Kong durante a década de 1990. Tsang Tak-Sing, um apoiante do partido comunista e participante do motim, mais tarde se tornou o fundador do campo pró-Pequim a Aliança Democrática para o Melhoramento e Progreeso de Hong-Kong. Junto com seu irmão Tsang Yok -Sing.
Em 2001, Yeung Kwong, um activista do partido pró-comunista da década de 1960 foi agraciado com a Grande Medalha de Bauhinia pelo chefe do executivo Tung-Chee hwa. O evento foi um gesto simbólico que levantou controvérsias sobre se o pós -1997.

Outros

O legado dos tumultos de 1967 em Hong Kong se estende até o léxico chinês , em Cantonense uma bomba de fabricação caseira é muitas vezes referida como um Boh Loh (Lit.Ananás). Estes motins obrigaram as autoridade de Hong-Kong em aprovar leis no sentido de proibir a queima de fogos de artifício, sem que tenha sido passada licença para o efeito.

A Royal Police Force foi elogiada pelo Governo britânico, pelo seu comportamento durante os motins. Em 1969 a Rainha Elizabeth, concedeu à Polícia de Hong-Kong um título Real, título este que foi usado até ao ano de 1997, quando o Terrotório de Hong-Kong foi entregue à China. Real título.

O magnata de Hong Kong Li Ka-Shing acumulou sua fortuna através da compra de imóveis a preços super baixos na altura dos motins . O restaurante Hong Kong francê, Amigo, foi inaugurado durante os motins, tendo conseguido sobreviver e porsperado até aos dias de hoje.
Fonte - Recolha de dados históricos na Enciclopédia livre.

1966 MOTINS EM HONG-KONG


MOTINS EM Hong Kong 1966


Os motins em Hong Kong de 1966 foram uma série de disturbios que tiveram lugar durante três noites nas ruas de Kowloon e Hong-Kong em Abril de 1966.


As manifestações começaram pacificamente onde os demontrantes, protestavam contra o governo Colonial Inglês, por ter autorizado o aumento dos preços das tarifas, em 25 centimos, dos Star Ferry, barcos este que fazem a travesia entre Hong-Kong e Kowloon. .


Um dos manifestantes foi morto e dezenas de outros manifestatntes ficaram feridos, tendo sido detidos pelas forças policiais, mais de 1 800 manifestantes.


CAUSAS DIRECTAS





Formulário de petição criado por Elsie Elliot, contra o aumento das tarifas do Star Ferry

Os barcos da companhia Star Ferry eram o principal meio de ligação entre a Peninsula de Kowloon e a Ilha de Hong-Kong, antes de ter sido construído em 1972, o Túnel no Porto, túnel este subaquático. Em Outubro de 1965, um funcionário do governo de Hong-Kong informou, que a companhia de navegação Star Ferry, tinha solicitado autorização para aumentar as tarifas das viagens, entre 50% e 100%, pedido este até então mantido em segredo, os governantes expressaram consternação, por o mesmo ter sido revelado ao público. Foi igualmente revelado que a a companhia Start Ferry havia solicitado o parecer da companhia Hongkong & Yaumati Ferry, sobre o aumento solicitado.


Tudo isto veio despertar, nos cidadãos de Hong-Kong, um enorme receio, visto que, se o Governo autoriza-se o aumento, das tarifas, destas companhias marítimas, os outros meios de transporte públicos lhe seguiriam o exemplo.


O Comité Consultivo de Transportes, do qual Elliot era membra, no mês de Março de 1966, aprovou o pedido de aumento das tarifas que a Star Ferry tinha solicitado. Elsie Elliot, Conselheira urbana e membro dissidente, criou uma petição contra o aumento das tarifas, petição essa que angariou 20 000 assinaturas dos cidadãos. O protesto pacífico e racional foi conduzido por dois participantes. No entanto foi severamente suprimido pelo Governo britânico de Hong-kong. O público ficou indignado.


CAUSA BÁSICA


A década de 1960 foi um periodo de crescente insatisfação contra o domínio colonial britânico.As condições de vida e de trabalho, da população em geral, eram terríveis, onde a corrupção pervalecia Os cidadãos estavam descontentes com a desigualdade como eram tratados e pela corrupção presente nos meios policiais. O descontentamento social tinha atigindo o seu ponto de ebulição, tendo sido habilmente explorado por agitadores, apoiados pelo governo Maoista da China.


Os Protestos


Demonstrações




4 de Abril de 1966




A camisa de So's com slongs anti-governamentais

Na manhã do dia 4 de Abril, So Sau Chung (蘇守忠), um jovem de 27 anos de idade que tinha a profissão de tradutor, passou a ser um manifestante acerrimo, tendo iniciado uma greve de fome no terminal da Star Ferry no Distrito Central em Hong-Kong. Usando uma jaqueta preta, tinha inscritas, nas costas da mesma, as palavras "Hail Elsie", por eles escritas à mão, apelando para ela se juntar à sua greve de fome, para impedir o aumento das tarifas. Esta acção despertou o público que por ali passava, e rapidamente se formara uma multidão de apoiantes.


5 de Abril de 1966


Um outro jovem, Lo Kei (盧麒), juntou-se a So na sua greve de fome. Pelas 16.10 horas agentes da polícia prederam So Sau Chung acusando-o de obstrução da via de acesso. Um grupo de jovens simpatizantes deslocaram-se até à residência governamental, entregrando uma petição ao Governador, David Trench.


Nessa mesma tarde, mais de 1 000 pessoas juntaram-se em Tsim Sha Tsui, desmonstrando-se contra a prisão de So's e contra o governo por ter acedido ao pedido de aumento das tarifas, por parte da compnahia Star Ferry.. Os demonstrantes marcaharam até Mong Kok, tendo regressado, de novo, para Tsim Sha Tsui.


Escalada



6 de Abril de 1966

So foi levado à presenaça do juíz no Western Magistrate' Court, e ali condenado a dois anos de prisão.


Uma enorme multidão se foi juntando perto do tribunal e por volta das 20 horas, os manisfestantes em Kowloon, duas horas depois, desencandearam a violência. Numa das ruas mais movimentadas Nathan Road, os manifestantes começaram a lançar pedras sobre as viaturas que passavam e incendiando algumas delas. O posto de polícia de Yau Ma Tei, foi atacado por cerca de 300 manifestantes enfurecidos. A polícia de choque respondeu com gás lacrimogénio, mas os manifestantes se juntaram de novo em Nathan Road, duplicando o número de manifestantes aos quais se juntaram ainda mais após as casas de cinema terem encerrados as suas portas cerca da meia noite.


Os manifestantes ocuparam lojas, partiam e lançavam fogo sobre todas as facilidades publicas, incluindo bocas de incêndio e postes de transformção electrica. A polícia anti-montins continuo a lançar gás lacrimógenio sobre os manifestantes e disparando com suas carabinas contra eles. Durante essa noite foram lançadas 772 granadas de gás lacrimogenio e dispradas 62 balas de madeira e 62 balas reais.


Os militares forma chamados para ajudar. Os soldados armados e com as baionetas colocadas em suas armas, passaram a patrulhar as ruas de Kowloon e impomdo o recolher obrigatório, por volta das 01.30 horas.




7 de Abril de 1966

No dia seguinte o governo anunciava que o recolher obrigatório tinha começado às 07.00 horas, e avisava que seriam baleados todos aqueles que não acatassem as ordens. Mas, nessa noite os manifestantes se juntaram em Nathan Road, perto de Mong Kok. De novo incendiaram viaturas e partiam as montras das lojas. Centenas de manifestantes tentaram, mas sem sucesso, incendiar as esquadras da polícia de Yau Ma Tei e Mong Kok. Nessa tarde a polícia se viu obrigada a lançar 280 granadas lacrimogenias e abrindo fogo com balas reais 218 vezes. Um dos manifestantes foi morto e quatro ficaram feridos, tendo sido detidos 215 manifestantes.


8 April 1966


No dia seguinte o governo anunciou que o recolher obrigatório começaria às 19.00 horas, e avisou que uma vez mais, que os manifestantes que não acatassem as ordens, corriam o rreisco de ser baleados. O governo providenciou mais carreiras de autocarros, para que os trabalhadorer pudessem regressar as suas casas mais cedo. por esse motivo a cidade paracia uma cidade fastasma, uma hora antes de ser implantado o recolher obrigatório. Cerca de 3 500 policias passaram a patrulhar as ruas. Houve vários incidentes, com lançamento de pedras, por parte dos manifestantes nas residencias Chungking e na Rua Nam Cheong em Sham Shui Po. Os raids policiais culminaram na prisão de 669 agitadores..


RESULTADO


Cerca de 300 pessoas foram presentes a julgamento, e 258 foram condenados a dois anos de prisão. O recolher obrigatório foi suspenso no dia 10 de Abril.


O aumento das tarifas foi aprovado a 26 de Abril.


Os danos causados foram estimados em cerca de 20 milhões de dolares de Hong Kong.


Após os motins, as autoridades criaram uma comissão de inquérito, mas a mesma foi apelidada por Elliot, como sendo uma farsa.


Lo Kei foi preso, alegando as autoridades ser ele um ladrão . No mês de Janeiro de 1967, foi encontrado enforcado em seu apartamento em Ngau Tau Kok. O caso foi considerado pelas autoridades como sendo um suícidio, mas tanto a senhora Elliot bem como o senhor So, dão outra versão do acontecido. So e outros manifestantes que estiveram envolvidos nos motins em Mong Kok até Abril, quando So foi preso, foram enviados para o Hospital Psiquiatrico em Castle Peak, por 14 dias.

O MAR DO POETA EM 132 PAÍSES

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Embora o articulista seja um escritor vulgar, que vai dando conta do meu meio que o rodeia e o que se vai passando pleo mundo, a sua parca escrita já foi lida em 132 países tendo sido visitado por 101 637 vezes, o que o deixa muito honrado.

A todos os leitores o meu muito obrigado.



MONSARAZ MUSEU ABERTO

Exposições e músicas pretendem promover “a pérola turística que é Monsaraz”

O Festival “Monsaraz Museu Aberto” inicia-se hoje, dia 10, nesta vila medieval, decorrendo até ao próximo dia 25 deste mês. Esta edição apresenta um programa cultural diversificado, mostrando várias artes do espectáculo com artistas nacionais e internacionais.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, este evento visa promover o concelho e, em particular, Monsaraz, conjugando o património histórico e arquitectónico com o património imaterial. Durante estas semanas haverá concertos, sempre pelas 22horas, na Praça de Armas do Castelo, bem como exposições que irão estar patentes diariamente entre as 10h e a meia-noite. O autarca anunciou que a ideia é alargar estes eventos culturais ao longo de todo o ano, argumentando que Monsaraz tem visitantes todos os dias que merecem ser recebidos com toda a genuinidade e bem receber dos alentejanos. A cerimónia de abertura do festival acontece, hoje, no Jardim da Casa da Universidade, subordinado ao tema “Gentes” que visa invocar o sentimento de interligação das expressões artísticas de vários continentes.


Inicia-se, hoje, mais um Festival Monsaraz Museu Aberto. O que vai haver de novo este ano?
Este ano, a iniciativa decorrerá durante três semanas. Neste período de tempo iremos ter um conjunto de exposições e de espectáculos que vão ser memoráveis e o festival do cante das terras do grande lago. Destacava ainda os grandes concertos que aqui se vão dar, com a presença de conceituados artistas como Rodrigo Leão, Carminho, Luís Represas e Miguel Gameiro.

O município tem intenção de começar a realizar este evento anualmente?
O festival realiza-se de dois em dois anos, embora já tenha decorrido todos os anos em outros tempos. No entanto, penso que o próximo passo será conseguir afirmar a marca de “Museu Aberto” ao longo de todos os meses do ano. Queremos ter duas galerias de arte, pois a partir do momento em que o Posto de Turismo seja colocado noutro lugar, assim o conseguiremos. A ideia é apresentar exposições permanentes, nomeadamente de escultura e de pintura. No fundo, queremos alterar o figurino cultural de Monsaraz porque esta vila medieval não tem só turistas nestas três semanas, mas o ano todo. É nosso intuito também apostar numa animação de rua, em exposições culturais e espectáculos de uma forma constante ou pelo menos mais constante.



Inicia-se, hoje, mais um Festival Monsaraz Museu Aberto. O que vai haver de novo este ano?
Este ano, a iniciativa decorrerá durante três semanas. Neste período de tempo iremos ter um conjunto de exposições e de espectáculos que vão ser memoráveis e o festival do cante das terras do grande lago. Destacava ainda os grandes concertos que aqui se vão dar, com a presença de conceituados artistas como Rodrigo Leão, Carminho, Luís Represas e Miguel Gameiro.

O município tem intenção de começar a realizar este evento anualmente?
O festival realiza-se de dois em dois anos, embora já tenha decorrido todos os anos em outros tempos. No entanto, penso que o próximo passo será conseguir afirmar a marca de “Museu Aberto” ao longo de todos os meses do ano. Queremos ter duas galerias de arte, pois a partir do momento em que o Posto de Turismo seja colocado noutro lugar, assim o conseguiremos. A ideia é apresentar exposições permanentes, nomeadamente de escultura e de pintura. No fundo, queremos alterar o figurino cultural de Monsaraz porque esta vila medieval não tem só turistas nestas três semanas, mas o ano todo. É nosso intuito também apostar numa animação de rua, em exposições culturais e espectáculos de uma forma constante ou pelo menos mais constante.


Mas voltando a esta iniciativa, quais são os objectivos?
Pretende-se fazer a promoção do concelho e desta pérola turística que é Monsaraz. Pensamos que isto será conseguido por motivos muito bons, nomeadamente o facto de termos neste enquadramento espectáculos memoráveis e termos as casas desta vila como autênticas galerias de arte. Este ano, retomámos um pouco a tradição dos anos em que em Monsaraz se faziam exposições de artesanato, de pintura, de escultura, das artes e ofícios nas próprias casas das pessoas que eram cedidas para o efeito. Isso vai ser recuperado sob o tema que está subjacente a este iniciativa e que se subordina às “Gentes”.

O que é que levou a autarquia a escolher esta temática?
Porque pretendemos realçar a importância das pessoas em qualquer cultura, sobretudo porque o povo português já esteve em todo o mundo, onde foi deixando as suas marcas, como tal, pensamos que é uma temática muito adequada. Gentes de cá, de fora, gentes de três continentes como América Latina, África e Timor Leste que irá estar também presente. Creio que esta é uma forma de juntar, aqui, diferentes experiências artísticas.
Fonte - Jornal Diário do Sul - Évora