De acordo com a tradição Hindu, Krishna (कृष्ण em Devanagari) é o oitavo avatar de Vishnu.
É citado no Mahabharata, mais exatamente no Bhagavad Gita, e é considerado, segundo o Movimento Hare Krishna (ISKCON), a Suprema Personalidade (Deus), sendo assim, a origem de todas as encarnações seguintes.
Krishna e as histórias aparecem nas diversas tradições filosóficas e teológicas hindu. Embora, algumas vezes diferentes nos detalhes, ou até mesmo contradizendo as características de uma tradição particular, alguns aspectos básicos são compartilhados por todas elas. Estes incluem uma encarnação divina, uma infância e uma juventude pastoral e a vida como um guerreiro e professor. A imensa popularidade de Krishna fez com que várias religiões não-hindus que se originaram na Índia tivessem as próprias versões dele.
O Nome
Krishna e Radha O nome em sânscrito é escrito kṛṣṇa
O Mahabharata (Udyogaparva 71.4), analisa a palavra 'Krishna' da seguinte maneira
krishir bhu-vacakah sabdo nas ca nirvriti-vacakah
tayor aikyam param brahma krishna ity abhidhiyate
(Tradução) - A palavra 'krish' é a característica atrativa da existência divina, e 'na' significa 'prazer espiritual.' Quando o verbo 'krish' é adicionado ao 'na', ele se torna 'krishna', que significa Verdade Absoluta.
De acordo com a maioria dos dicionários, a palavra Krishna significa 'negro' ou 'escuro' em sânscrito. Relaciona-se com palavras parecidas em outros idiomas indo-europeus. Às vezes se traduz como 'O Senhor Escuro' ou 'o de pele escura'. Pode significar também 'Todo atrativo'.
Ele é conhecido por vários outros nomes e títulos e a tradição Gaudiya tem uma lista com 108 nomes. Os mais usados incluem:
Adidev: O Senhor dos senhores.
Balgopal: O “Todo Atrativo”; o menino Krishna.
Chaturbhuj: O Senhor dos quatro braços.
Dayalu: Depósito de toda a compaixão.
Govinda: Aquele que agrada as vacas, a Terra e a natureza inteira.
Gyaneshwar: Senhor do Conhecimento.
Hari: O Senhor da Natureza.
Jagadishare: O Protetor de todos.
Kamalnayan: O Senhor que tem os olhos como o lótus.
Manohar: Senhor da beleza.
Murali: Senhor de toda a doçura; Senhor da flauta.
Narayana: O refúgio de todos.
Prabrahmana: A Suprema e Absoluta Verdade.
Ravilochana: Aquele cujos olhos são o Sol.
Trivikrama: Vencedor de todos os três mundos.
Upendra: Irmão de Indra.
Vishwatma: Alma do universo.
Yogi: O Mestre Supremo.
Keshava: controlador dos sentidos.
A História de Krishna
Este resumo se baseia no Mahabharata, o Harivamsa, o Bhagavata Purana e o Vishnu Purana . Os fatos narrados ocorreram no norte da Índia, na maior parte nos estados atuais de Uttar Pradesh, Bihar, Haryana, Deli e Gujarat.
Nascimento e infância
Krishna e Yashoda - a mãe adotiva.Krishna era da família real de Mathura - capital de um conjunto de três clãs: Vrishni, Andhaka e Bhoja - e o oitavo filho da princesa Devaki e o marido Vasudeva, um nobre da corte. No dia do casamento, como é de costume na tradição védica, o primo mais velho, Kamsa, ficou encarregado de conduzir Devaki e o esposo até a nova casa do jovem casal.
O rei Kamsa subiu ao trono após mandar prender o próprio pai, Ugrasena (rei da dinastia Bhoja). Kamsa é tido como um grande demônio, que pertencia à classe dos Kshatriyas (guerreiros), mas que, de algum modo, havia se desviado do Dharma universal.
No caminho que conduzia os noivos até a nova casa, Kamsa escutou uma voz que dizia que o oitavo filho de Devaki iria levá-lo à morte. Imediatamente fez menção de matar Devaki, mas Vasudeva implorou pela vida da esposa, prometendo que cada filho que nascesse, seria levado à presença de Kamsa.
Receoso, mandou prender Vasudeva e a esposa no porão do castelo, sendo vigiados dia e noite por guardas. Cada filho do casal que nascia era morto por Kamsa, que mesmo sabendo que a profecia se cumpriria apenas no oitavo filho, não tinha piedade de nenhum e matava a todos.
Kamsa havia sido alertado por Narada Muni que em breve Vishnu nasceria na família de Vasudeva. Soube também, através deste sábio, que em uma encarnação anterior, Kamsa havia sido um demônio chamado Kalanemi que tinha sido morto por Vishnu.
Conta a tradição védica que Kamsa, temendo que Vishnu nascesse em qualquer uma das famílias do reino, mandou matar todos os meninos com até dois anos de idade, a fim de evitar o cumprimento da profecia.
E foi então que o oitavo filho de Devaki nasceu - Bhagavan Sri Krishna. O local do nascimento é conhecido atualmente como Krishnajanmabhoomi, onde um templo foi erguido em honra. Como a vida corria risco na prisão, foi tirado da prisão e entregue aos pais adotivos Yashoda e Nanda em Gokula.
Juventude
Krishna e Gopis na floresta
Nanda, pai adotivo de Krishna, era o líder de uma comunidade de pastores de gado. As histórias da infância e juventude contam a vida e relação com as pessoas da região. Uma dessas histórias conta que Kamsa, descobrindo que ele havia sido libertado da prisão, enviou vários demônios para impedir que isso acontecesse.
Todos falharam. São muitas as façanhas de Krishna e as aventuras com as Gopis da vila, incluindo Radha, que se tornou mais tarde conhecida como o Rasa lila.
Krishna, o Príncipe
Krishna, então um jovem homem, retorna para Mathura, acaba com o governo de Kamsa, e institui o pai, Vasudeva, que havia sido aprisionado por Kamsa, como rei de Yadavas. Em seguida declarou a si mesmo príncipe da corte. Neste período iniciou a amizade com Arjuna e outros príncipes de Pandava do reino de Kuru. Casou-se com Rukmini, filha do rei Bishmaka de Vidarbha. Ele também teve outras sete esposas, incluindo Satyabhama e Jambavati.
A guerra de Kurukshetra
Krishna possuía primos em ambos os lados na guerra entre os Pandavas e os Kauravas, porém ele tomou o lado dos Pandavas e concordou em ser o cocheiro da carruagem de Arjuna - o primo e grande amigo - na batalha decisiva. O Bhagavad Gita consiste nos conselhos dados por Krishna a Arjuna, antes do início do combate.
Últimos dias
Krishna havia se retirado para a floresta e estava em meditação embaixo de uma árvore, quando um caçador, na penumbra da floresta, o confunde com um antílope e o fere na planta do pé. Mesmo ferido de morte, aceita-a com grande serenidade.
No Bhagavad Gita ele diz:
jatasya hi dhruvo mrtyur
dhruvam janma mrtasya ca
tasmad apariharye 'rthe
na tvam socitum arhasi
(Tradução) - Inevitável é a morte para os que nascem; todo o morrer é um nascer – pelo que, não deves entristecer-te por causa do inevitável.
Similares, Krishna é certas vezes apresentado como a Suprema Personalidade de deus e certas vezes o mencionam como encarnação de Vishnu, outros acreditam que ele tenha sido uma das encarnações de jesus cristo, visto que seus ensinamentos no livro sagrado hindu(Bhagavad Gita)são muito semelhantes aos de Jesus nascido séculos e séculos depois.
Esse é um dos motivos de alguns historiadores crerem na possibilidade de Jesus ter conhecido os ensinamentos hindus durante a sua juventude, já que ela não é citada na bíblia e tornou-se uma icógnita.
No Srimad-Bhagavatam de Srila Prabhupada, Prabhupada explica que Krishna fora de Vrindavana é Vishnu expandido, e Krishna residindo em Vrindavana seria a personalidade de deus em pessoa, uma vez que a Vrindavana terrestre seria, em certo aspecto, especial e uma expansão direta da Vrindavana original (Goloka Vrindavana).
Embora haja discordância neste tópico entre os diversos Sampradayas (Escolas filosóficas), esta é a explicação de Prabhupada. Krishna é um avatar,que significa ava =antiga e tora=lei , então seria um representante da antiga lei, a lei divina, sendo Vishnu um aspecto da divindade, como o Filho do Homem na tradição cristã, Krishna é um avatar da lei, a divindade encarnada na face da terra, um estado de ser vibrando em alta consciência no aspecto divino, segundo a tradição hindu, como Brahma(Pai), Vishnu (Espírito Santo) e Shiva (Filho).
Devoção a Krishna na atualidade
O crescimento de Bhakti, principalmente no final do governo inglês por sobre a Índia, foi fonte de inspiração para a independência definitiva daquele país, ocorrida em 1947. Mahatma Gandhi utilizou-se das instruções do B hagavad-gita como instrumento legítimo de fé e contou com o forte apoio popular. Sua visão e prática da "resistência pacífica" e não-violência, trouxe ao povo indiano não somente a liberdade de expressão da sua fé e religião, como também a liberdade da opressão inglesa no seu território.
As instruções de Sri Krishna para Arjuna, no campo de batalhas de Kuruksetra, dizendo, por exemplo: "levanta-te e luta!", foram fortes estímulos ao povo oprimido. Seguindo o clima de liberdade política, bem como religiosa da Índia, aproveitando-se do clima de democracia instalado no país, a.C.Bhaktivedanta Swami Prabhupada vem ao Ocidente, E.U.A, em 1966, e funda uma Sociedade Internacional da Consciência de Krishna.
O Maabárata conhecido também como Mahabarata ou Mahabharata (devanágari: महाभारत, transl. Mahābhārata), é um dos dois maiores épicos clássicos da Índia, juntamente com o Ramáiana. Sua autoria é atribuída a Krishna Dvapayana Vyasa. O texto é monumental, com mais de 74.000 versos em sânscrito, e mais de 1,8 milhões de palavras; se o Harivamsa for incluído como sendo anexo e parte da obra, chega-se a um total de 90.000 versos, compondo o maior volume de texto numa única obra humana.
O Maabárata é sem dúvida o texto sagrado de maior importância no hinduísmo, e pode ser considerado um verdadeiro manual de psicologia-evolutiva de um ser humano. A obra discute o tri-varga ou as três metas da vida humana: kama ou desfrute sensorial, artha ou desenvolvimento econômico e dharma a religiosidade mundana que se resume em códigos de conduta moral e rituais, obrigatórios para quem deseja o desfrute e o poder econômico que adquire o desfrute.
Além dessas metas mundanas o Maabárata trata de moksha, ou a liberação do ciclo de tri-varga e a saída do samsara, ou ciclo de nascimentos e mortes. Em outras palavras, é uma obra que visa o conhecimento da natureza do "eu" e a sua relação eterna com toda a criação e aquilo que transcende a ela.
O Maabárata estabelece os métodos de desenvolvimento espiritual conhecidos como karma, jñana e bhakti, firmemente adotados pelo hinduísmo moderno.
O título pode ser traduzido como "a grande Índia" (literalmente "a grande dinastia de Bárata"), mas o sentido verdadeiro é o de elucidar o grande trajeto percorrido pelo eu (atma) nesta criação material e fora dela.
A obra é considerada pelos hindus uma narrativa histórica real, e parte do Itihasa (lit. "aquilo que aconteceu") hindu, juntamente com o Ramáiana e alguns textos dos Puranas.
A obra, assim com todos os demais textos sagrados hindus, possui um aspecto externo mitológico, como o de uma simples lenda mitológica sobre reis e príncipes, deuses e demônios, sábios e santos, guerra e paz.
Mas o sentido exotérico, de certa forma oculto, na verdade versa sobre tri-varga, e sobre o objetivo mais importande da existência, moksha e as atividades da alma liberada no seu relacionamento com a dualidade desta criação e a harmonia não-dual do Absoluto.
O Maabárata contém todos os aspectos do hinduísmo e todos os fundamentos da filosofia advaita.
Algumas partes da obra são considerados e estudados como trabalhos fundamentais e analisados e reverenciados isoladamente, tais como:
Bhagavad Gita, parte do Anushasanaparva
Damayanti ou Nala e Damayanti, uma fabulosa história de amor, parte do Aranyakaparva Krishnavatara, a história de Krishna, a Krishna Lila, que se desenvolve em inúmeros parvas, ou capítulos da narrativa.
Uma versão abreviada do Ramayana no Aranyakaparva Vixnu Sahasranama (o hino que descreve os mil nomes de Vixnu, uma das preces mais famosas do hinduísmo, no Anushasanaparva .
Logo no primeiro parva ("seção"), o Maabárata anuncia o seu caráter excepcional: “ O que for encontrado aqui, pode ser encontrado em qualquer outro lugar. Mas o que não for encontrado aqui, jamais será encontrado em outro lugar.”
Inspirou o filme homônimo, de Peter Brook, de 1989, onde os atores eram de nacionalidade e raças variadas, para indicar a universalidade dos temas tratados neste livro.
E da novela televisiva homônima, uma das mais monumentais obras de Bollywood, enorme êxito televisivo em quase todo o Oriente, de B.R. Chopra.
Fonte - Enciclopédia livre