o mar do poeta

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quarta-feira, junho 15

PRIMEIRA TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL

Primeira travessia aérea do Atlântico Sul

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
    

Gago Coutinho (dir.) e Sacadura Cabral (esq.) a bordo do "Lusitânia", 1922.

Rota da primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Homenagem à travessia: réplica em aço do "Santa Cruz" (Belém, Lisboa).

Homenagem à travessia: réplica em aço do "Santa Cruz" (Belém, Lisboa).

A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922, no contexto das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil.

 

História

A épica viagem iniciou-se em Lisboa, às 16:30h de 30 de março de 1922, empregando um hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII, especialmente concebido para a viagem, equipado com motor Rolls-Royce e batizado Lusitânia. Sacadura Cabral exercia as funções de piloto e Gago Coutinho as de navegador.

Este último havia criado, e empregaria durante a viagem, um horizonte artificial adaptado a um sextante, a fim de medir a altura dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea à época.

A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, embora tenha sido notado, por ambos, um excessivo consumo de combustível.

No dia 5 de abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Lá se demoraram até 17 de abril para reparos no hidroavião - que fazia água nos flutuadores -, tendo partido das águas do porto da Praia, na Ilha de Santiago, rumo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde amararam, sem o auxílio do vento, no dia 18.

O mar revolto naquele ponto, entretanto, causou danos ao Lusitânia, que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Apesar de exaustos pelo vôo de 1.700 quilômetros e pelo pouso acidentado, comemoraram o achamento, com precisão, daqueles rochedos em pleno Atlântico Sul, apenas com o recurso do método de navegação astronômica criado por Gago Coutinho.

Com a opinião pública portuguesa e brasileira envolvida no feito, o Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, batizado como Pátria, a partir de Fernando de Noronha, pelo navio brasileiro Bagé, que chegou no dia 6 de maio.

Tendo o hidroavião sido desembarcado, montado e revisado, a 11 de maio decolaram de Noronha. Entretanto, nova fatalidade acometeu os aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma pane no motor obrigou-os a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês - o Paris City, em trânsito na região.

Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de junho, quando lhes foi enviado um novo Fairey F III-D (o n° 17), batizado pela esposa do então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1919-1922), como Santa Cruz.

Transportado de Portugal pelo navio Carvalho Araújo foi posto na água do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, tendo levantado vôo rumo a Recife, fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro, Vitória e dali para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde, a 17 de junho de 1922 pousou em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara.

Aclamados entusiasticamente como heróis em todas as cidades brasileiras onde amerisaram, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a primeira travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronômica a partir do aeroplano.

Embora a viagem tenha consumido setenta e nove dias dias, o tempo de vôo foi de apenas sessenta e duas horas e vinte e seis minutos, tendo percorrido um total de 8.383 quilômetros. A viagem serviu de inspiração para os raides posteriores de Sarmento de Beires, João Ribeiro de Barros e de Charles Lindbergh, todas em 1927.

Características do Santa Cruz

  • Material: madeira, revestida em tela
  • Comprimento: 10,92 metros
  • Envergadura: 14,05 metros
  • Altura: 3,70 metros
  • Peso vazio: 1800 quilogramas
  • Peso equipado: 2500 quilogramas
  • Velocidade de cruzeiro: 115 quilômetros/hora

Artur de Sacadura Freire Cabral

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
    
ArturDeSacaduraFreireCabral1.jpg

Artur de Sacadura Freire Cabral, mais conhecido por Sacadura Cabral, GCTE (Celorico da Beira, São Pedro, 23 de Abril de 1881Mar do Norte, 15 de Novembro de 1924) foi um aviador e oficial da Marinha Portuguesa.
Biografia

Era filho primogénito de Artur de Sacadura Freire Cabral (Celorico da Beira, São Pedro, 16 de Outubro de 1855 - Lisboa, 19 de Março de 1901) e de sua mulher (casados em Seia) Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos (Viseu, Sé Ocidental, 11 de Julho de 1861 - Lisboa, 3 de Abril de 1913).

Após os estudos primários e secundários assentou praça em 10 de Novembro de 1897 como aspirante de marinha e frequentou a Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso. Foi promovido a segundo-tenente em 27 de Abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de Setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de Abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em 1922. Terminado o seu curso, seguiu em 1901, a bordo do São Gabriel, para a Divisão Naval de Moçambique.

Serviu nas colónias ultramarinas no decurso da Primeira Guerra Mundial. Foi um dos primeiros instrutores da Escola Militar de Aviação, director dos serviços de Aeronáutica Naval e comandante de esquadrilha na Base Naval de Lisboa.

Unanimemente considerado um aviador distintíssimo pelas suas qualidades de coragem e inteligência, notabilizou-se a nível mundial, ultrapassando as insuficiências técnicas e materiais que na época se faziam sentir.

Quando conheceu, em África, Gago Coutinho, incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial. Juntos inventaram um "corretor de rumos" para compensar o desvio causado pelo vento. Realizou diversas travessias aéreas memoráveis, notabilizando-se especialmente em 1922, ao efectuar com Gago Coutinho, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Navegou durante dois anos nas costas de Moçambique até que, em 1905, foi deliberado pelo governo que se procedesse a um levantamento hidrográfico rigoroso da baía de Lourenço Marques (hoje Maputo), em preparação da modernização do seu porto. Sacadura Cabral foi um dos oficiais escolhidos para este trabalho e, em colaboração com o seu camarada guarda-marinha, Bon de Sousa, fez uma carta hidrográfica do rio Espírito Santo e de trechos dos rios Tembe, Umbeluzi e Matola. Em 1906 e 1907 trabalhou como topógrafo na rectificação da fronteira entre o Transvaal e Lourenço Marques, serviço que foi feito em concorrência com os agrimensores ingleses do Transvaal.

Em 1907 chegou a Moçambique uma missão geodésica de que era chefe Gago Coutinho. No desempenho de missões geodésicas e geográficas, trabalharam juntos desde 1907 a 1910. Sacadura Cabral revelou nestes trabalhos as suas capacidades como geógrafo e astrónomo, bem como organizador.

Em 1911 concorreu aos serviços de Agrimensura de Angola, tendo sido nomeado para o lugar de subdirector destes serviços. Em Angola desempenhou vários serviços neste cargo, entre os quais observações astronómicas no Observatório de Angola e o reconhecimento da fronteira da Lunda.

Em 1912 participou, com Gago Coutinho, na missão do Barotze, a fim de se delimitarem as fronteiras leste de Angola, o que foi feito em mais de 800 quilómetros. Sacadura Cabral regressou à metrópole em 1915.

Entretanto o Aero Club de Portugal procurava fazer propaganda da aviação e conseguiu que o governo abrisse um concurso para que os oficiais do exército e da marinha fossem enviados a várias escolas estrangeiras de aviação para nelas obterem o brevet de piloto aviador militar.

Sacadura Cabral foi para a França e deu entrada na Escola Militar de Chartres. Em 11 de Novembro de 1915 realizou o seu primeiro voo como passageiro e, a 16 de Janeiro de 1916 fez o seu primeiro voo como piloto.

Em Março fez as provas de brevet com aprovação. Ainda em França seguiu para a Escola de Aviação Marítima de Saint Raphael, onde se especializou em hidroaviões. Frequentou ainda várias escolas de aperfeiçoamento e esteve na Escola de Buc, pilotando aviões Blériot e Caudron G.3.


Placa em homenagem a Sacadura Cabral e Gago Coutinho na Estação São Bento (Porto).

Terminada a sua aprendizagem em França, regressou a Portugal em Agosto de 1916. Nesta altura estava a ser organizada a Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha e Sacadura Cabral foi aí incorporado como piloto instrutor. Entretanto, tendo o governo resolvido enviar para Moçambique uma esquadrilha de aviação para cooperar com o exército, na região do Niassa, na defesa deste território em relação aos ataques alemães, Sacadura Cabral foi encarregado de adquirir em França o material necessário. Esta foi a primeira unidade de aviação constituída em Portugal.

Em seguida Sacadura Cabral foi encarregado de organizar a aviação marítima em Portugal, tendo sido nomeado, em 1918, director dos Serviços da Aeronáutica Naval e, a seguir, comandante da Esquadrilha Aérea da Base Naval de Lisboa. Em 1919 foi nomeado para fazer parte da Comissão encarregada de dar parecer sobre a melhor forma de pôr em prática um plano de navegação aérea.

Demonstrou, nesse mesmo ano, a viabilidade de vir a ser tentada a viagem aérea Lisboa-Rio de Janeiro, tendo sido nomeado para proceder aos estudos necessários para a sua efectivação. Foi então à Inglaterra e à França, a fim de escolher o melhor material para equipar a Aviação Marítima, e propor o tipo de aparelho em que poderia vir a ser tentada a viagem Portugal-Brasil.

Enquanto esteve nestes dois países desempenhou as funções de adido aeronáutico. Em 1920 fez parte da Comissão Mista de Aeronáutica.

Em 1921 realizou, com Gago Coutinho e Ortins de Bettencourt, a viagem Lisboa-Madeira, para experiência dos métodos e instrumentos criados por ele e Gago Coutinho para navegação aérea que, em 1922, vieram a ser comprovados durante a primeira travessia aérea do Atlântico Sul. Nesse ano, tornou-se o 347º Grã Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito.

Em 1923 elaborou um projecto de viagem aérea de circum-navegação, que não conseguiu realizar por falta de meios materiais. Em 1924, convencido de que o Governo não correspondia ao esforço por ele levado a cabo para a eficiência da Aviação Marítima, apresentou o seu pedido de demissão de oficial da Marinha, pedido que foi indeferido. Ainda em 1924, foi nomeado para estudar uma proposta feita ao governo para o estabelecimento de carreiras aéreas com fins comerciais.

Morreu a 15 de Novembro de 1924, quando pilotava um Fokker 4146 de Amesterdão para Lisboa, um dos cinco aviões que haviam sido adquiridos por subscrição pública, e que seriam utilizados no seu projecto da viagem aérea à Índia, uma vez fracassado o seu projecto de circum-navegação.

Atividade científica

Juntamente com Gago Coutinho estudou um novo aparelho com o qual se viria a conseguir uma navegação estimada, e que viria a auxiliar e a completar a navegação astronómica por intermédio do sextante modificado por Gago Coutinho. Inicialmente este aparelho foi chamado "Plaqué de Abatimento" e mais tarde "Corrector de Rumos – Coutinho-Sacadura".

Este aparelho foi experimentado na primeira viagem aérea Lisboa-Madeira realizada em 1921. Tendo obtido os melhores resultados na sua utilização, este aparelho foi apresentado ao Congresso Internacional de Navegação Aérea, realizado em Paris de 15 a 25 de Novembro de 1921, onde teve boa aceitação. A memória descritiva do "Corrector" foi publicada nos Anais do Club Militar Naval.

A preparação para a primeira travessia aérea do Atlântico Sul é da iniciativa de Sacadura Cabral, que expôs o projecto a Gago Coutinho, o que motivou que este acelerasse a adaptação do sextante clássico de navegação marítima à navegação aérea. A travessia iniciou-se em 30 de Março de 1922, em Belém no hidroavião "Lusitânia". A primeira escala foi nas Canárias, de onde partiram para São Vicente, em Cabo Verde.

Daqui partiram para os Penedos de São Pedro, com problemas de consumo de combustível. Ao amarar, uma vaga arrancou um dos flutuadores do "Lusitânia", o que provocou o afundamento do avião. Os aviadores foram recolhidos pelo navio "República". O "Lusitânia" acabara de realizar uma etapa de mais de onze horas sobre o oceano, sem navios de apoio, mantendo uma rota matematicamente rigorosa, o que mais uma vez veio provar a precisão do sextante modificado, pois os Penedos de São Pedro e São Paulo podem considerar-se um ponto insignificante na enorme vastidão atlântica.

O governo enviou um outro hidroavião Fairey 16, cujo motor veio a avariar no percurso entre os Penedos de São Pedro e São Paulo e a ilha de Fernando de Noronha. Foi pedido um novo Fairey ao governo português, que foi enviado no "Carvalho Araújo". Três dias depois partiram para o troço final, chegando à baía de Guanabara e terminando a viagem no Rio de Janeiro a 17 de Junho, depois várias escalas.

Esta viagem aérea constituiu um marco importante na aviação mundial, pois veio comprovar a eficácia do sextante aperfeiçoado por Gago Coutinho, com a ajuda de Sacadura Cabral, que permitia a navegação aérea astronómica com uma precisão nunca antes conseguida.

Faleceu num desastre de aviação algures no Mar do Norte, em 1924, quando voava em direcção a Lisboa, pilotando um avião que se despenhou. O cadáver nunca foi encontrado. Acerca da sua morte escreveu um Poeta: "Encontrou a sepultura em pleno mar / Que a terra, donde andava foragido, / Era pequena demais para o sepultar."


Biografia e Autobiografia de Carlos Viegas Gago Coutinho
Várias vezes têm sido publicados dados biográficos equívocos em relação ao almirante Gago Coutinho, pelo que se torna imperativo restabelecer a verdade dos factos da vida deste tão distinto e notável português. Através da sua certidão de nascimento, ficamos a saber que nasceu às 3:30h da madrugada de 17 de fevereiro de 1869.

Filho primogénito de José Viegas Gago Coutinho, marítimo, natural de Faro, e de Fortunata Maria Coutinho, natural de Faro, moradores na Calçada da Ajuda, n.º 5, foi baptizado na Igreja de Santa Maria de Belém, diocese de Lisboa, no dia 2 de Junho de 1869. Consta que faleceu na freguesia de Santa Engrácia, de Lisboa, às 18:05 h do dia 18/02/1959.
O próprio descrevia assim a sua família:

«Meu pai era um homem de reduzida educação literária. Só a primária, mas conhecia escrita comercial, em que praticava. Sargento de mar-e-guerra até 1873, serviu na nau Vasco da Gama e na fragata D. Fernando. Era homem alto, desempenado, bem branco. (...) falecendo em Lisboa com 93 anos. Meus avós eram livreiros em Faro.(...) De minha mãe, senhora pequena, algarvia, filha de padeiros, e que devia ter ascendência moura, nada mais sei a não ser que um irmão dela era patrão de um cahique da costa (...).(...)Desde os 8 anos que foi minha mãe adoptiva uma amiga de minha mãe, D. Maria Augusta Pereira, falecida em 1914.»

O almirante tinha muito orgulho na sua ascendência plebeia. Segundo o próprio, gostava de passear incógnito por terras de Portugal (Lisboa e Rio de Janeiro). Era grande o seu amor pelo Brasil, daí o ter passado grande parte da sua vida em terras de Santa Cruz.

Mas também adorava a cidade de Lisboa e o bairro onde viveu cerca de 70 anos. A morada revestia-se de tal importância para a sua pessoa que todas as suas cartas terminavam com a frase: «Lisboa – Madragoa – Esperança 164»

Devido aos fracos recursos materiais, o seu pai não lhe pode satisfazer a vontade de ir frequentar um curso de Engenharia na Alemanha. Por esse motivo, Carlos Coutinho seguiu a carreira de marinheiro em Portugal. Assim, terminado o Liceu, frequenta a Escola Politécnica e, aos 17 anos de idade alista-se como aspirante na Marinha, entrando para a Escola Naval onde conclui o seu curso em 1888. Numa rápida e brilhante ascensão na carreira é promovido a guarda-marinha no ano de 1890, sendo que um ano depois já gozava do cargo de segundo-tenente.

A julgar por este início de vida, e tendo em conta o seu desenvolvimento, descobrimos em Gago Coutinho um ilustre cidadão, de grande independência de carácter, de espírito democrático, honesto e trabalhador. O seu carácter multifacetado e espírito empreendedor prometiam uma prestimosa carreira, não só como navegador marítimo e geógrafo, mas também como precursor da navegação aérea astronómica.

Entre 1898 e 1918 devota-se principalmente à função de geógrafo de campo, levando a cabo missões geodésicas e de delimitação de fronteiras, onde utilizou novos métodos de exploração. E foi numa destas missões, em Moçambique (1907), que conheceu Sacadura Cabral, que viria a ser o seu companheiro da travessia do Atlântico Sul (Lisboa - Rio de Janeiro).

De espírito inovador, é frontal e rígido, afirmando: «Gosto de controvérsias, de tudo o que possa esclarecer, pois sou comunicativo como todos os homens do mar. Gosto da discussão que faz luz...». Igualmente muito modesto ao fazer as suas apresentações e conferências nas academias, qualidade que, segundo os que com ele conviviam, vinha cultivando desde sempre: «(durante a travessia), o meu papel foi secundário.» (Gago Coutinho, 30/03/1942).

Também muito espirituoso, tinha sempre uma resposta de espírito pronta para dar, ou uma anedota para contar. Um dia, alguém lhe perguntou como tinha atravessado África a pé. Resposta rápida de Carlos Coutinho: «Como havia de ser? Com as botas rotas, para a água sair mais à vontade, porque, para entrar, entrava sempre.»

Curioso é também o seu gosto pelo desporto, visto não ser muito comum na época em que viveu. Desde a adolescência que o praticava, especialmente ginástica com aparelhos. Já com alguma idade, ainda trabalhava com as argolas montadas numa trave do tecto na Rua da Madragoa, para se manter em forma. Este assunto interessava-o, e a ele também dedicou algumas das suas palavras, das quais temos o exemplo aquando da conferência do 71º. aniversário do Real Ginásio Clube Português (1946).

A vida de Coutinho foi uma contínua lição de patriotismo, que é facilmente observável na dedicação entusiástica à história dos Descobrimentos Portugueses, apontando e desfazendo omissões, erros e dúvidas de cronistas e historiadores nas suas obras. Isto teve como consequência a criação de uma doutrina notável sobre a técnica náutica, nomeadamente, as origens e a técnica de velejar das caravelas.

As conclusões inéditas a que chegou culminaram na obra "Náutica dos Descobrimentos" e permitiram-lhe, ainda, escrever em vários jornais e revistas portuguesas como a Seara Nova: «Assim, como se vê, tem sido como homem da rua, falando para homem da rua (...) que tenho tentado vulgarizar nas páginas da Seara Nova certas ideias revolucionárias.» (Seara Nova/n.º1000, 1946)
Escreveu, também, argumentos (aos quais chamava «apontamentos») que nunca passaram ao ecrã por falta de financiamento, se bem que se pensa terem constituído inspiração para alguns filmes nacionais.

O muito saber de geógrafo e de navegador de larga experiência aliados a uma grande tenacidade de espírito, permitiram-lhe dedicar-se a estudos de navegação aérea ainda incipientes nessa época, e possibilitaram-lhe a concretização da primeira travessia aérea do Atlântico Sul. O Sextante Português, utilizado na referida viagem, é um dos exemplos materiais do valor científico dos inovadores trabalhos e missões do Almirante.

A sua vocação multiforme permitiu-lhe a presença e ocupação de cargos relevantes em diversas associações e academias, além de inúmeras homenagens.


 


Gago Coutinho concebeu o primeiro sextante com horizonte artificial a ser usado a bordo das aeronaves. Com o apoio desse instrumento, realizou a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro, na companhia de Sacadura Cabral. Executou levantamentos geográficos dos territórios ultramarinos determinantes para a cartografia. Ficou célebre. “É um apaixonado pela vida e pelo saber. É um homem à frente do seu tempo”, diz o tenente Gonçalves Neves, investigador do Museu de Marinha.
Gago Coutinho era a metáfora acabada do furacão: imparável. A sua vida divide-se em quatro etapas: marinha; trabalhos geográficos; navegação aérea; história da náutica e dos descobrimentos. Distinguiu-se em todas elas, desenvolvendo ao longo da vida uma vasta obra de investigação científica. “É um exemplo de paixão por aquilo que faz”, afirma o tenente Gonçalves Neves, investigador do Departamento de Investigação do Museu de Marinha.
Nascido em 17 de Fevereiro de 1869, Gago Coutinho percorreu o mundo ao serviço da marinha, área para a qual se preparou desde cedo com a entrada na Escola Naval em 1886. No mesmo ano entrou na armada como aspirante. Um ano antes de morrer, em 1958, atingiu o posto de almirante. Uma vida dedicada ao mar que ficou marcada por valiosos contributos históricos e científicos. Era um homem sólido e corajoso.
Entre 1888 e 1898 esteve várias vezes embarcado. A primeira viagem prolongada foi para Moçambique na corveta “Afonso de Albuquerque”, de 7 de Dezembro de 1888 a 16 de Janeiro de 1891. A última foi na corveta “Vasco da Gama”, até 31 de Março de 1898. Daqui passou para a sua primeira comissão de geógrafo ultramarino, em Timor.
Foi a partir desta altura que desenvolveu a maior parte da actividade no âmbito da Comissão de Cartografia. Realizou, como geógrafo, muitos trabalhos de delimitação de fronteiras das colónias portuguesas. Foi nomeado chefe da missão geodésica da África Oriental, onde trabalhou durante cerca de quatro anos e conheceu Sacadura Cabral. “Foi uma das áreas do saber que mais o cativou. Apesar de ter cruzado o ar e o mar, esteve sempre muito ligado à terra”, esclarece o tenente Gonçalves Neves.
Quando terminava a missão geodésica de S. Tomé, em 1919, foi incentivado por Sacadura Cabral a dedicar-se ao estudo dos processos de navegação aérea. Gago Coutinho criou o primeiro sextante com horizonte artificial que podia ser usado a bordo das aeronaves.
Uma inovação que tornou o sistema de navegação aérea mais fiável e útil, acabando mesmo por ter produção industrial e grande utilização prática, desde o cálculo do posicionamento das aeronaves até à utilização das emissões de rádio a partir de terra. “Tinha a capacidade de abarcar projectos em áreas díspares do saber”, garante Gonçalves Neves. Gago Coutinho era exímio a olhar para uma situação e dizer: “Avança ou recua”, em tempo útil para a empreitada.
Actuava em deliciosa antecipação e uma das suas melhores características era examinar com frieza clínica os riscos das expedições. Para ele, a complexidade das coisas não podia ser o pretexto para o fracasso.
Gago Coutinho e Sacadura Cabral acabaram por fazer várias viagens em conjunto para testar os novos processos de navegação, incluindo a primeira viagem aérea entre Lisboa e o Funchal, em 1921, e a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro, um ano mais tarde. E fê-lo sempre com enormes preocupações de segurança. Afinal, Gago Coutinho era destemido, mas não era louco.
Depois de aclamados e homenageados na chegada a Portugal, Gago Coutinho passou a ter tempo e apoio para se dedicar ao estudo das viagens dos descobrimentos dos séculos XV e XVI, em que analisou os processos utilizados e tentou explicar como os portugueses conseguiram realizar as navegações de longa distância. Concluiu que a experiência dos navegadores dessa época foi determinante para possibilitar a navegação astronómica. “É uma figura de grande destreza intelectual.
Soube explorar uma área no campo da historiografia portuguesa até então desconhecida”, refere Gonçalves Neves. “Estavam-se a dar os primeiros passos no estudo da ciência náutica.” O historiador também se notabilizou pelos estudos sobre o regime de ventos e correntes no Atlântico Norte, que obrigava os portugueses a contornar pelo “mar largo” as correntes e ventos contrários, no regresso da Guiné ou da Mina.
Gago Coutinho, ao mostrar que era a experiência e o estudo, e não o acaso, que faziam os navegadores portugueses regressarem pelo mar largo, deu uma nova perspectiva aos descobrimentos portugueses.
Fonte - Rtp




[ CITI ]

 

 

 

 


 

sábado, junho 11

ZHONGSAHN - CHUNG SHAN - SEK KEI - CHINA




SHIQI - SEK KEI


石岐区步行街-孙文西路 Distrito de Shiqi

Shiqi é um distrito da parte central da cidade de Zhongshan (Chung Shan) na provícnia de Guangdong (Cantão) na República Popular da China.  Ocupa uma  área total de 26 quilômetros quadrados.

Especialidades
Os famosos  pombos fritos , bolos de amêndoa e frutas em pó Jinzha .

Palavras Shiqi descrever uma pessoa com expressões preguiçoso "para comer dormir profundamente defecar sentar. Cantonês "cabeça primeiro", então Shiqi chamado "próximo primeiro" ("som apertado" pensar  "as palavras incorretamente em primeiro lugar."   


















No ano de 1921, este vistoso edifício servia de hotel, um dos mais luxuosos em Sek Kei, na época.



Zhongshan, em tempos antigos era conhecida por Xiangshan  (Ricas Flores Divinas). O Xiangshan antigo era uma ilha no Mar  Lingding  além da foz do rio pêra, ou seja, da chamada Montanha Wuguishan, Montanha Fenghuangshan  (actualmente a cidade de  Zhuhai ) e as colinas e planaltos, ou seja, as terras desde  Shiqi a Macau.

Foi ao distrito de Sek Kei, que o articulista classifica como uma enorme e vistosa cidade, encontrando-se pervervada a sua história, que no dia de ontem, uma vez mais foi visitar.

A viagem de autocarro leva cerca de 1 hora e 30 minutos, o bilhete de ida e volta ficou em 35 Yuans, ou seja cerca de 3 Euros.


A primeira vez  que o articulista visitou Sek Kei, foi no dia 1 de Abril de 1984, deste então e até aos dias de hoje, o progresso é uma constante. As bicicletas foram dando lugar a motos, mas nos dias de hoje, a motos estão dando lugares ao automóveis. 
Duas coisas giras que o articulista pode verificar, uma, os triciclos já deixaram de funcionar com tração humana, são electricos, silenciosos, nada poluentes e andam bem rápido.

 A outra, são as motoretas, na sua grande maioria, igualmente eléctricas, não poluentes e muito silenciosas.


 

sexta-feira, junho 10

ALMOÇO EM SEK KEI - CHINA









Os famosos pombos de Sek kei
32 Yuan cada, até é um preço bem acessível


Este e outro igual foi o que nos foi servido e estavam óptimos.
Ao me diliciar com este famosos pitéu, meu pensamento recuo até aos principios dos anos 70s, quando pela primeira vez, tive o prazer de me deliciar com este manjar, igualmente na cidade de Sek Kei.

E aqui está o articulista, papando o famoso pombo e emburcando uma fresquinha cerveja Tsingtao


Outro pitéu que o articulista adora, AM SOI KÓK, bolinhos que contêm nabo seco, cogumelos e carne  de porco


Este pitéu, foi escolhido pela esposa do articulista, algo delicioso, KAU CHOI CHIN KAO


Este é outro dos pitéus preferidos do articulista, entrecosto acre doce. KU LOU IOK


Esta sopa foi escolhida pelas cunhadas do articulista, mas pela cor, dá para entender que é picante, porém não era picante, era sim super picante, tendo que ser retirado o molho e misturar chá, assim sim, estava ainda um pouco picante, mas estava deliciosa, e a puxar por uma cervejinha.


Um prato de feijão verde, em vagens, com carnes moídas,  de porco e de galinha, outra delicia.

SOI IOK LAM CHOI

O chá que solicitamos foi o Pou Lei, e como se pode ver através da foto, estava sempre quentinho, pois o bule se encontrava postado por cima de um pequeno fogareiro, que continha uma vela.

Toda esta comida apresentada nas fotos acima expostas, custou somente 210 Yuan, cerca de 20 Euros.

No passeio de hoje, dia 10 de Junho de 2011, à cidade de Sek Kei, o almoço foi tomado no Fuhua Palace Chinese Restaurant, sito no hotel Fu Hua.



Fotos do jardim onde se encontra o restaurante.



AIR NEW ZELAND - 767 INCÊNDIO A BORDO

Air NZ Boeing in emergency landing

MICHAEL FOX AND KARINA ABADIA
Last updated 18:45 09/06/2011
A passenger on Air New Zealand flight 175 talks about the experience as the plane had engine trouble and was forced into an emergency landing at Auckland Airport.
1 of 4 Air New Zealand 767 emergency landing
JACINDA BOYD/ Fairfax Media Zoom
Passengers from an Air New Zealand 767 at Auckland's International airport after their flight was called back due to serious engine failure shortly after take off to Perth.

Relevant offers

Passengers on an Air New Zealand flight have spoken of the terror of seeing flames coming from one of the jet's engines.
"We were right near the wing so we saw the flames. I thought … what's going on?,'' Maria McCarthy, who was on the plane with daughter Rachel, told Stuff.co.nz.



 Did you see the drama unfold? Email your photos, video or account to newstips@stuff.co.nz




The drama unfolded shortly before 3pm today when the Air NZ Boeing 767-300ER with 206 passengers and 10 crew on-board was forced to make an emergency landing following engine trouble.
Air NZ said the incident occurred just after flight NZ175 took off, when the aircraft was flying at around 548 metres, ”with bird strike a possibility''.
McCarthy praised the crew who were “wonderful, they kept us very well informed'', as did Eileen White who said most passengers remained ``relatively calm''.
A couple on their way to Perth to visit their son, who did not want to be named, said they had been airborne about 20 seconds when they heard two loud explosions.
The captain then informed passengers there had been an engine failure, the couple said. They were "more annoyed than scared''.
Denise Ferris prayed with her mother Hera Ferris as the plane made an emergency landing.

"It was really scary. When the plane took off there was this huge noise and the plane rocked, Denise said.
"When the pilot and stewardess came on we could tell by their voices they were really concerned."

The pair were told by air crew to prepare for a fast landing.
"It's not really an experience I'd like to repeat. I said to my mother, 'we'll just have to pray'."
"We're still shaking. Hopefully the next flight won't be as dramatic."
Air New Zealand said the captain of the flight elected to shut down the left hand engine and briefed the passengers on-board, “including explaining that any flames seen from the engine is not unusual when it is shut down in flight.''
Passenger Judith Grieg said she "noticed the lady stewardess had a bit of a shaky voice and the pilot did too'', but that didn't alarm her.
"We figured there was nothing we could do. It sounds more dramatic than it is.''
An eyewitness, who did not want to be named, said he was driving from Manukau to Mangere Bridge when he saw explosions come from one of the aircraft’s engines.
``We were driving along and I was watching a plane climb and its left engine just threw some fire out the back.''
He said it was three ``decent balls of flame'', about the size of the engine itself, and about half a second apart.
``It was really quite something... It would've given the people on the plane, I'm sure, a hell of a fright.''
An Air NZ spokeswoman said there was no ``visible damage to the engine'' and engineers had begun an immediate inspection of the aircraft.
Passengers on the Auckland to Perth flight had been taken to Auckland's Sky City Hotel before departing on a replacement flight at 1am tomorrow.
The Civil Aviation Authority said it had been told of the incident and would wait until it had further details before decided if an inquiry would begin.
The call sparked a full-scale alert, when all the airport fire tenders were turned out and appliances from the southern areas of Auckland raced to the airport.
The Fire Service said it was standard practice during an airport emergency to send additional machines.
A spokesman said if the airport tenders needed to pump foam on to a burning aircraft, water would be provided by appliances from other fire stations around the city.
An airport spokesman said it was deemed a full-scale emergency when the pilot radioed the control tower and reported the engine damage.
"The pilot indicated emergency services should attend,'' he said.
Air NZ had been flying Boeing 767s since the 1980s and the planes were due to be replaced by 787 Dreamliners, TVNZ reported.
Boeing 767s did not have a poor safety record, TVNZ said.