o mar do poeta

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sexta-feira, abril 24

CNN - NAVIO ANGOLA - RECTIFICAÇÃO



Graças a informações gentilmente cedidas pelo Senhor Engenheiro Maquinista Naval, João Celorico, que andou embarcado no navio Angola, aqui ficam as devidas rectificações ao artigo publicado neste blog no dia 7 de Abril de 2009, abordando o tema CNN Companhia Nacional de Navegação, na parte respeitante ao Navio Angola.

Ao Senhor Engenheiro Maquinista Naval, João Celorico o meu muito obrigado e as minhas sinceras desculpas pelo erro cometido.


Pelo menos desde 1881 que “Angola” tem sido nome de navio. Só em Portugal, a Companhia Nacional de Navegação fê-lo por quatro vezes, sendo as duas primeiras ainda com a designação de Empreza Nacional de Navegação.

No entanto, também no estrangeiro há conhecimento de, pelo menos, dois navios com esse nome.

Um deles, o “Viking II”, foi um navio baleeiro a motor, com 199 ton de tonelagem bruta. Construído em Tonsberg, em Setembro de 1914, para Kaldes Patentslip & Mek. Verksted, Tonsberg, Noruega. Casco em aço, 106,8 pés de comprimento entre perpendiculares, 21,6 pés de boca, 13,7 pés de calado e 207 toneladas brutas de deslocamento, tinha um motor a vapor de tripla expansão de 550 ihp. Ostentou o nome de “Viking II” até 1925, ano em que foi transferido para a Cia. Ballenera del Peru Ltda, Callao, Peru (A/S Tonsberg Hvalfangeri / Hans Borge, Tonsberg), agora com o nome de “Rio Chira”. Comprado por Hvalfanger-I/S Praia Amélia, Haugesund (Knut Knutsen O. A. S.), em Janeiro de 1928 começou a ser utilizado como navio estação junto à costa ocidental africana em Praia Amélia, perto de Moçamedes, Angola, arvorando então o nome de “Angola”. Esta situação manteve-se até Agosto de 1929 mudando o seu nome para “Suderoy III” o qual seria alterado, em Janeiro de 1937, para “Landanes” sendo reconvertido em arrastão, para em 1939 ser de novo reconvertido, agora em navio de turismo e de transporte de tripulações de navios que escalavam os portos da Escandinávia. Durante a II Guerra Mundial foi requisitado pela Kriegsmarine, servindo como “guard boat” em Stavanger sob o nome de “NS 09 Sindbad”. Por fim, no dia 6 de Abril de 1983, velho de quase 70 anos, após muitas reconversões, mudanças de nome e de dono (um dos quais vítima de bancarrota), esventrado, sem o motor que lhe havia sido retirado, agonizante, acabou por se afundar, perto de Svartskjaer off Harstad.

O outro, navio de carga a motor “Angola”, de 5.630 t dw, construído em 1954, nos estaleiros de Bremerhaven Rickmers – Werft, na Alemanha, para a A/S Det Dansk-Franske Dampskibsselsskab, companhia dinamarquesa, fazia carreira do Norte da Europa para África, destinando-se principalmente ao transporte de madeiras.

Era um navio com as seguintes características: comprimento de 392,5 pés; boca de 51,9 pés; pontal de 18,2 pés; 3.331 ton de tonelagem bruta; 1.649 ton de tonelagem líquida; 5.360 ton de deslocamento e um motor de 3.644 hp.

Talvez fruto de dificuldades por que já passaria a sua companhia, que fecharia as portas em 1978, foi vendido, em 1967, a uma companhia estrangeira, desconhecendo-se o resto dos seus dias.


Quanto aos referidos quatro navios portugueses, todos da Companhia Nacional de Navegação, a seguir descriminados, passados que são já bastantes anos e socorremo-nos da informação possível e aproveitando alguns episódios passados a bordo, mencionando pessoas e factos dalgum modo conhecidos e outros de gente que só não é anónima porque aqui é mencionada mas nem por isso menos estimável e relevante.

( Angola , I )

O primeiro (também o primeiro navio da companhia) foi um navio de 1.263 ton deadweight, construído em 1881, em Hull e destinava-se ao serviço entre Portugal e os portos da África Ocidental. Esteve ao serviço da companhia, que então era designada por Empreza Nacional de Navegação, durante cerca de 30 anos ( até 1909 ), ano em que foi vendido a um armador italiano.





O segundo, construído no ano de 1906 para a companhia Astral Shipping Ltd., em Liverpool, foi um navio de carga a vapor e navegou, desde essa data até 1911, com o nome de “Drumcairne”. Comprado em 1911 pela Empreza Nacional de Navegação, teve uma curta carreira, até 10 de Março de 1917, dia em que navegando no Golfo da Biscaia e tentando furar um bloqueio naval, foi afundado por um submarino alemão, à entrada do Canal de Bristol. Coordenadas da tragédia, 48º30”N 08º35”W!

Mais uma vítima da 1ª Guerra Mundial!

Tipo de navio

Carga, a vapor, de 1 hélice

Construtor

Joseph Russel & Co.

Local de construção

Glasgow, Escócia

Ano de construção

1906

Nº de registo

381-C, na Capitania do porto de Lisboa

Sinal de código

H.C.F.V.

Comprimento entre pp.

(Length between perpendiculars)

117,30 m

Boca

(Breadth)

15,16 m

Pontal

(Depth moulded)

8,00 m

Porte bruto

(Deadweight)

5.215 ton

Arqueação bruta

(Gross Tonnage)

4.769,95 ton

Arqueação líquida

(Net Tonnage)

3.097,12 ton

Aparelho propulsor

(Main engine)

Máquina a vapor, tripla expansão

John G. Kincaid Co., 1905

Velocidade

(Speed)

12 nós

Características principais









( Angola , III )

O terceiro, um navio construído em 1912 ( lançado à água em 30 de Junho e entregue em Dezembro) nos Estaleiros John Cockerill, Hoboken, Bélgica, com o nome de “Albertville” (também já o quarto com esse nome), para o serviço da Compagnie Belge Maritime du Congo, era já um cargueiro de razoáveis dimensões, com 7.050 tons deadweight, 439,5 pés de comprimento, 55,7 pés de pontal e 37 pés de boca. Tinha acomodações para 164 passageiros em 1ª classe e 136 em 2ª; 2 propulsores; motor John Cockerill, Seraing, de 8 cilindros, 964 bhp, que lhe permitia atingir uma velocidade de 14 nós; dois conveses e um convés de abrigo.

Durante a 1ª Guerra Mundial, foi requisitado pelo governo britânico e utilizado como navio hospital no período de 1914/1915.

Só em 24/4/1923,quando foi adquirido pela CNN, recebeu o nome de “Angola” e, após uma completa revisão nos estaleiros construtores, em 16/6/1923 deixou Antuérpia, rumo a Lisboa, ficando então ao serviço da companhia.

Logo nesse ano de 1923, no dia 4 de Outubro, talvez no regresso da sua 1ª ou 2ª viagem com o novo nome, chegava a Lisboa trazendo a bordo, vindos de Angola, o Alto Comissário de Angola, general Norton de Matos, e o elefante “Maputo”, este muito provavelmente com destino ao Jardim Zoológico de Lisboa.

Em Julho de 1939, levou com destino a Angola, numa viagem de trabalho, o Presidente da República, General António Óscar de Fragoso Carmona e o Ministro das Colónias, Dr. Francisco José Vieira Machado, perspectivando a consolidação dos laços de solidariedade moral e política entre as Colónias e a Metrópole

À chegada a Cabinda a colónia procurou dar a conhecer, ao Chefe do Estado, todas a s suas potencialidades e em cerimónia de boas vindas fez sobrevoar o paquete por todos os aviões do Aero Clube de Angola, com o intuito de conseguir apoios para o desenvolvimento da aviação civil.

Nesta viagem entre os muitos tripulantes do “Angola” estava o pai de Maria Ivone Salvadora Fernandes, de Vila Real, que em Dezembro de 2007 resolveu participar num blog dando a conhecer o seu interesse por este navio, fruto do que tinha ouvido a seu pai.

Em finais desse mesmo ano de 1939, o “Angola” faz a sua primeira viagem transatlântica, rumo ao Brasil. Leva, nessa viagem, Vinicius de Moraes e sua mulher Tati que, vindos de Paris, onde se encontravam aquando da eclosão da II Grande Guerra, no dia 2 de Setembro, tinham decidido regressar ao Brasil. Fortuitamente tinham encontrado em Lisboa o escritor modernista Oswaldo de Andrade e sua esposa, Bárbara, resolvendo esperar cerca de 45 dias pela partida do “Angola” para juntos fazerem a viagem. No Estoril, enquanto aguardava a partida do navio, Vinicius escreveu aquele que talvez seja o mais famoso poema da sua obra: “Soneto da Fidelidade”.

Decorria o ano de 1940, já em tempo de guerra quando, de novo a caminho do Brasil, o navio foi abordado pelos alemães em alto mar, tendo ficado a aguardar cerca de 24 horas até que fosse autorizado a prosseguir viagem. Embora a tripulação, pacientemente, tentasse acalmar os passageiros, estes, assustados, choravam e gritavam de medo. Entre os passageiros estavam, Maria Gomes, menina portuguesa, nascida em 1931, na freguesia do Líria, onde viveu até ao dia desta viagem, com sua mãe e seus três irmãos e que se iam juntar a seu pai, trabalhador no Banco do Estado de São Paulo.

Em 1946, o seu nome foi alterado para “Nova Lisboa”, para dar lugar ao novo “Angola” que iria ser construído ao abrigo do Despacho 100.

Em 1950 o, agora, “Nova Lisboa” foi vendido à British Iron & Steel Cº, Ltd ( BISCO) mudando o nome para “BISCO 3” e no dia 4 de Julho desse mesmo ano, levado pelo rebocador “Turmoil”, deixou Lisboa, rumo a Inglaterra, para ser desmantelado em Blyth, por Hughes Bolckow Shipbreaking Cº, Ltd..


Tipo de navio

Misto (carga e passageiros), 2 hélices

Construtor

John Cockerill

Local de construção

Hoboken, Bélgica

Ano de construção

1912

Nº de registo

415-E, na Capitania do porto de Lisboa

Sinal de código

C.S.A.F.

Comprimento fora a fora

(Length overall)

139,64 m

Comprimento entre pp.

(Length between perpendiculars)

439,5’ ( 133,96 m )

Boca

(Breadth)

55,7’ ( 16,98 m )

Pontal

(Depth moulded)

7,74 m

Calado a vante

(Draft forward)

10,45 m

Calado a ré

(Draft after)

11,28 m

Porte bruto

(Deadweight)

7.050 ton

Arqueação bruta

(Gross Tonnage)

7.884 ton

Arqueação líquida

(Net Tonnage)

4.844 ton

Aparelho propulsor

(Main engine)

John Cockerill, Seraing / 8 cilindros

Potência

(Horse power)

964 nhp

Velocidade

(Speed)

14 nós



( Angola , IV )

Terminada que foi a II Guerra Mundial, no dia 10 de Agosto de 1945, o Ministro da Marinha produzia o que viria a ser o famoso Despacho 100, destinado à renovação da Marinha Mercante portuguesa. Assim o quarto navio, um navio misto, de carga e passageiros, foi construído em Inglaterra, nos estaleiros R. & W. Hawthorn, Leslie & Co. Ltd., em Hebburn-on-Tyne, Newcastle, ao abrigo desse Despacho 100. Este navio era gémeo dum outro, o “Moçambique”, construído em simultâneo num outro estaleiro também nas margens do rio Tyne, o Neptune Shipyard, Walker, pelos construtores Swan, Hunter & Wigham Richardson, Ltd.

Encomendado em 20/12/1945, tomou o nº de construção nº 689, o assentamento da quilha ocorreu em 27/06/1947 e o seu lançamento à água teve lugar em 24/03/1948. Nesta cerimónia, para quebrar a tradicional garrafa de champanhe no costado de aço do navio esteve a sua madrinha, a Srª Duquesa de Palmela. Depois das provas de mar, efectuadas como seria normal e lógico ao largo, junto à foz do rio Tyne, no dia 11/12/1948, o navio foi então entregue no dia 17 de Dezembro. Quatro dias depois, sob o comando do capitão António Bettencourt e trazendo 22 passageiros a bordo, o navio atracava em Lisboa.

Entrava o ano de 1949 e logo no dia 4 de Janeiro recebeu a visita de entidades oficiais. No dia 10 (qual bebé, recém-nascido) é registado na Capitania do porto de Lisboa. No dia seguinte zarpa rumo a Leixões iniciando o seu ciclo de vida activa. De regresso a Lisboa, no dia 14 sai para aquela que seria, verdadeiramente, a sua viagem inaugural, rumo ao Funchal, S. Tomé, Luanda, Lobito, Moçamedes, Cidade do Cabo, Lourenço Marques, Beira e Ilha de Moçambique.

Entre os seus 707 passageiros, com destino a Luanda, levou a bordo um jovem de nome José Pereira, natural de Lisboa e que faria 23 anos no dia 5 de Fevereiro. Filho de um militar da GNR, alentejano, nascido em Abela, Santiago do Cacém, e de mãe nortenha, natural de Lordelo, a cerca de 20 km do Porto. Aos 18 anos tinha ele lido um livro de Henrique Galvão sobre Angola, “Outras terras, outras gentes”. A leitura de tal modo o entusiasmou que jurou a si mesmo que iria a essa terra para caçar alguns leões e elefantes. Agora, ali estava, a caminho dessa terra, realizando o seu sonho, deixando a família, pais e irmãos, rumo ao desconhecido!

Quase 60 anos mais tarde, para os amigos e não só, iria relatar o que foi a sua vida e o resultado do seu sonho! A internet a isso ajudou!

Em 1957, como qualquer pessoa entrada na idade adulta (já quase com dez anos), foi a Newcastle, onde tinha nascido, para que fosse reclassificado nos estaleiros Hawthorn Leslie & Co. e Smith’s Dock Company.

No dia 24 de Novembro de 1961, uma sexta-feira, o navio sai para mais uma viagem, levando a bordo aquele que, após o 25 de Abril de 1974, viria a ser o presidente da República Portuguesa. António Spínola, tenente-coronel, até esta data talvez mais conhecido do grande público por via das suas qualidades de cavaleiro, patenteadas em muitos e variados concursos hípicos, do que pelas suas qualidades militares e o seu inseparável monóculo. Agora, já com 51 anos, tinha-se oferecido como voluntário para Angola, com destino à guerra colonial que nesse ano tinha rebentado. Ao final da manhã, à frente do grupo de Cavalaria 345 (GC 345), formado em Estremoz e constituído por 638 militares oriundos de várias unidades, embarcou e almoçou com os seus oficiais no salão da 2ª classe. Sopa de feijão e couve; Peixe cozido com batatas e “Ragout” de carne, era o menu. Tudo regado com vinho branco e tinto e para fim do repasto, como sobremesa, houve fruta. Nada mau!

Dez dias depois, 4 de Dezembro, ao princípio da tarde, o navio atracou ao porto de Luanda.

Nesse grupo de militares, além de Rui Machado da Cruz e o furriel Luíz de Mello Corrêa, que em 22 de Novembro de 2008 organizariam, em Estremoz, no Regimento de Cavalaria 3, o encontro comemorativo dos 47 anos do embarque para África, lamentando que depois da morte do general Spínola o número de participante tivesse vindo a decrescer, encontrava-se também António Cáceres Veiga, militar que, segundo ele, por uma qualquer obra do acaso em que a vida é fértil, em pleno teatro de guerra, salvou o tenente-coronel de morrer com um tiro na cabeça. Foi o caso de que o comandante, destemido e sem capacete, estava em pé a tentar descortinar o inimigo. António Veiga apercebeu-se disso e colocou-lhe o capacete. Quase acto contínuo um som de impacto metálico soou. Uma bala tinha ressaltado no capacete! O destino falou mais forte!

O Grupo regressaria a Lisboa, com Spínola já coronel, no dia 4 de Março de 1963 (ou 1964 ?)!

Fruto do seu reconhecimento, António Spínola enviou a António Veiga um telegrama a propor-lhe um bom emprego, no laboratório de produtos farmacêuticos de seu irmão, Francisco Spínola. Emprego aceite, mas por pouco tempo. A vida de Lisboa não era para António Veiga e este regressou ao seu Alentejo. Spínola compreendeu e provando a sua estima fez questão de ser seu padrinho de casamento, o qual se efectuaria no dia 12 de Setembro de 1964. António Veiga dedicou-se algum tempo à agricultura até conseguir entrar para a Guarda-Fiscal, da qual se reformou pouco depois do 25 de Abril de 1974. Do casamento com sua mulher Rosa, resultaram dois filhos, José, professor de música em Portalegre e Alice, professora de Português, em Alenquer. Hoje, António Veiga, próximo dos 70 anos, dedica-se à produção de gado bovino, numa propriedade nos arredores de Monforte, no Alto Alentejo.

Em 18 de Janeiro de 1966, entrou na doca nº1 do estaleiro da Rocha para reparação da avaria provocada pelo encalhe sofrido na ilha de Moçambique, em 24 de Novembro de 1965.

Acerca desta reparação, escrevia a revista da Lisnave, nº 3, de Março de 1966:

“Para reparação da avaria provocada por um encalhe sofrido em Moçambique, em Novembro do ano passado, entrou na doca 1 do estaleiro da Rocha, em 18 de Janeiro, o paquete “Angola”, de 9.550 toneladas d.w., propriedade da Companhia Nacional de Navegação.

Grande parte da importante reparação foi executada, desde a data da entrada do navio até ao dia 26 de Fevereiro, em doca seca e em regime de trabalho contínuo, tendo sido executados, simultaneamente, obras de beneficiação de rotina e para reclassificação. Neste período, foram trabalhadas mais de duzentas toneladas de material, tendo sido cravados cerca de 25.000 rebites e abrangidos todos os tanques do duplo fundo.

Como facto relevante da natureza da grande reparação, deve anotar-se que todos os picadeiros da doca foram deslocados, tendo o navio sido escorado, provisoriamente, e utilizadas mais de seiscentas escoras.

Para além do facto de todas as chapas da quilha, dos tanques 1 ao 8 terem sido reparadas, há a salientar o grato acontecimento de, pela primeira vez, as oficinas do estaleiro da Margueira terem colaborado num trabalho de reparação naval.

Finalmente, vinque-se que todos os compromissos foram integralmente cumpridos, o que – dizê-mo-lo com a maior satisfação - , vem demonstrar, mais uma vez, o elevado grau de técnica, eficiência e brio profissional, do pessoal dos nossos estaleiros.”

No dia 29 de Junho de 1970, sai para mais uma viagem, levando a bordo, a caminho de Moçambique, o passageiro António Silva que em Agosto de 2008 no-lo dava a conhecer.

No dia 19 de Setembro de 1970, de novo deixa Lisboa levando alguns militares para rendição individual em Angola. Entre eles ia Fernando Ferreira, que pertenceu ao STM do Comando Militar de Leste.

Também neste ano de 1970, um passageiro de nome José, lá viajou a caminho de Luanda. Ele o disse em Agosto de 2008.

No dia 12 de Março de 1971, o “Angola” entra no estaleiro da Lisnave (Rocha) para trabalhos de reclassificação que se prolongam, durante pouco mais de mês e meio, até ao dia 30 de Abril. O navio foi modernizado reduzindo o número de passageiros para 247 (106 em 1ª classe e 141 em classe turística) e o número de tripulantes para 155, aumentando assim a capacidade de carga para 14.020 m3 e o porte bruto para 8.851 Tdw. Também as cores do navio foram alteradas, passando casco a ser “azul médio” com linha de água marcada a “azul escuro” enquanto na chaminé se aumentava a área pintada de “azul”.

Acerca desta reclassificação, escrevia a revista da Lisnave, nº 65, de Maio de 1971:

“De 12 de Março a 30 de Abril passado decorreram, no estaleiro da Rocha, os trabalhos de reclassificação do navio “Angola”.

Os trabalhos principais consistiram em beneficiação de máquinas, bombas, caldeiras e geradores, e remoção dos camarotes existentes nas cobertas dos porões 1, 2, 3 e 4 e adaptação dos espaços respectivos para cobertas de carga.”

Seria talvez o “prenúncio de uma morte anunciada”, que iria ocorrer 3 anos mais tarde!

Após esta reclassificação, regressou à carreira regular da linha de África, onde se manteve até ao dia 27 de Novembro de 1973, dia em que largou de Lisboa, rumo a Moçambique, naquela que seria a sua última viagem. Durante essa viagem teve conhecimento de que o seu dono (a CNN) tinha obtido autorização governamental para a sua venda. Chegado ao Maputo (antiga Lourenço Marques) foi, então, retirado do serviço no dia 30 de Dezembro de 1973.

Despedia-se do ano e da sua tripulação, parte da qual regressou a Lisboa no seu bem conhecido “Príncipe Perfeito”.

Demorou um mês a sua espera e no dia 31 de Janeiro de 1974 foi vendido à firma Chou’s Iron & Steel Co.. O seu destino estava traçado. Com pouco mais de 35 anos de vida, qual eutanásia, esta era-lhe retirada! Ia ser abatido, esventrado e desmantelado, levando com ele memórias de muitas vidas!

Para acabar os seus dias, no dia 16 de Janeiro de 1974 rumou à Formosa, onde chegou a Hualien no dia 8 de Fevereiro.



As características principais eram as seguintes:

Segundo os documentos da época ( revista No. 483. Vol. 56. - “The Shipbuilder and Marine Engine-Builder, March 1949 , page 183, TABLE I )

Table I – Principal Dimensions, etc., of the Motorship “Angola

Length overall

549ft. 8in.

Length B. P.

520ft. 0in.

Breadth moulded

67ft. 0in.

Depth moulded to upper (D) deck

36ft. 3in.

Depth moulded to shade (C) deck

44ft. 3in.

Load draught

27ft. 0in.

Deadweight, tons

9,550

Displacement, tons

18,223



British tonnage: -


Gross

12,932

Net

7,366



Cargo capacities, bale, cu. ft. : -


General

380,980

Insulated

14,720

Special

3,993



Passengers: -


First-class

88

Tourist-class

150

Third-class

98

Emigrants

392


________________

Total passengers …………………………………..

728

Crew (about)

172


_______________

Total complement

900


_______________

Fuel-oil capacity (maximum), tons, at 98 per cent. full

1,385*

Water-ballast capacity (maximum), tons

1,804*

Fresh-water capacity (maximum), tons

2,303*



Designed speed in service, knots

18

Corresponding B.H.P.

13,000

Corresponding r.p.m.

115



* Certain tanks available alternatively for fuel oil or water ballast, and for ballast or fresh-water, and are included in the capacities mentioned. (See Table III.)



Por outro lado, as características principais constantes de elementos retirados do site http://navios.no.sapo.pt/angola.html, que penso serem os que constam do registo do navio, na Capitania e nas seguradoras, são as seguintes:

Características principais

Tipo

Navio misto de 2 hélices

Construtor

R. & W. Hawthorn, Leslie & Co. Ltd.

Local de construção

Newcastle-on-Tyne, Inglaterra

Ano de construção

1948

Ano de abate

1974

Registo

Capitania do Porto de Lisboa, em 10 de Janeiro de 1949, com o nº H 370

Sinal de código

C S C R

Comprim. fora a fora

167,11 m

Boca máxima

20,50 m

Calado à proa

8,21 m

Calado à popa

8,21 m

Arqueação bruta

12.974,66 ton

Arqueação líquida

7.703,48 ton

Capacidade

12.440 m3

Porte bruto

9.703 ton

Aparelho propulsor

2 motores Diesel, 6 cil. cada, mod. “Doxford”, construídos em 1948

por R. & W. Hawthorn, Leslie & Co. Ltd. em Newcastle- on-Tyne

Potência

13.000 Cv

Velocidade máxima

18,0 nós

Velocidade normal

17,0 nós

Passageiros

Alojamentos para: 20 em classe de luxo; 69 em 1ª classe; 141 em 2ª classe; 98 em 3ª classe e 413 em 3ª suplementar, num total de 741 passageiros

Tripulantes

212

Armador

Companhia Nacional de Navegação - Lisboa

Da simples observação das duas tabelas logo se verificam algumas diferenças, tais como:

1) A tripulação prevista era de 172 tripulantes, o registo é de 212

2) O total de passageiros, previsto, era de 728, o registo é de 741. A 1ª classe, que previa 88 passageiros, no registo desdobra-se em classe de luxo e 1ª classe, com um total de 89 passageiros; a 2ª classe (tourist), previa 150, é reduzida a 141; a 3ª classe mantém o mesmo número e a 3ª suplementar (emigrants) é aumentada de 392 para 413

3) A arqueação bruta prevista eram 12.932 ton, no registo são 12.974,66 ton e a arqueação líquida, que era de 7.366 ton, passou a 7.703,48 ton

4) O comprimento fora a fora, previsto, era 167,54 m , no registo estão 167,11 m

5) A capacidade total prevista era de 11.319,31 m3, o registo apresenta 12.440 m3

Nota-se, assim, o que é regra não só neste caso como em quase tudo o que é português!

O espaço dá sempre para caber mais um e são sempre necessárias mais pessoas para fazer o trabalho que já estava devidamente dimensionado. Conclusão, o espaço por pessoa diminui e o trabalho necessita mais pessoal. Ao todo, mais 53 pessoas, 40 tripulantes e 13 passageiros. É a produtividade nacional!

Também, entre dois navios que deviam ser exactamente iguais, o “Angola” e o “Moçambique”, este além de ter mais 9 passageiros ( 750 ), tinha que ter mais um tripulante ( 213 )! Afinal, ainda se podia espremer mais um bocadinho!

Num folheto da Companhia pode ler-se ainda que, à excepção de 2 camarotes da 3ª classe, todos os outros são exteriores! Estes 2 que são excepção devem ser o resultado do aumento na 3ª classe suplementar, de 392 para 413. Também que o deslocamento do navio são 18.250 ton e não as 18.223 ton previstas.

Por último, o estaleiro de construção, embora seja perto de Newcastle é, mais propriamente, em Hebburn-on-T

(Não termina aqui a minha dissertação sobre o navio “Angola”, principalmente este, como é óbvio. Claro que durante o período que lá andei, como oficial maquinista, desde 1963 a 1966, muito mais assunto eu tenho, sendo o mais relevante um encalhe na ilha de Moçambique que deu origem a uma reparação, no fundo do navio, que durou mais de 2 meses!)


quinta-feira, abril 23

ISTO É A TAILÂNDIA - PAÍS DOS SORRISOS













UMA VISTA DE UMA PRAIA EM KOH SAMUI






UM BUDA DOURADO NA PRAIA DE HUA HIN


UMA VISTA PARCIAL DA CIDADE DE BANGKOK








UMA CASA TÍPICA TAILÂNDESA



UM GUARDIÃO DO TEMPLO






ILHAS A SUL








MERCADO FLUTANTE DE AMPHAWA










UM MONJE MARÍTIMO EM SUA EMBARCAÇÃO



PHUKET - KRABI SUAS BELEZAS


COSTA OESTE DE PHUKET





CABO PROMTHEP





Esta deverá ser uma das muitas praias em Phuket mais conhecida dos portugueses, PATONG BEACH









PRAIA KARON - PHUKET









PRAIA AO PILEH






PRAIA KOH HONG - KRABI










PRAIA DE KATA NOI - PHUKET







PRAIA AO MAYA - KRABI










PRAIA SURIN

A LENDA DE SURIYOTHAI




Suriyothai (A Lenda de Suriyothai) Chatrichalerm Yukol (2001) Tailândia

Quem gosta de detalhados épicos históricos, tem aqui um filme á medida, pois certamente irá gostar muito de ["Suriyothai"].

Talvez uma das razões porque não há muito mais exemplos deste estilo de cinema na ásia, seja porque é um género bastante dispendioso, afinal estamos a falar de grandes super-produções ao melhor estilo blockbuster de Hollywood e fora dos EUA existem pouco estúdios que possam competir em termos de orçamento com os americanos.
Mas como quem não tem dinheiro de estúdio caça com … monarcas Tailandesas, ["Suriyothai"] não é apenas um filme inesperado por vir de um país que normalmente não associamos a obras cinematográficas relevantes, como ainda por cima deve ser o primeiro blockbuster do mundo a ter sido financiado por uma monarca, pois foi por causa da rainha da Tailândia que este filme foi feito.

["Suriyothai"] é essencialmente um filme de Estado. Foi uma obra encomendada pela monarquia Tailândesa para tentar despertar nas novas gerações o interesse pela história do seu país.
Em vez do governo investir em campanhas promocionais institucionais do estilo “se conduzir não beba”, sua magestade a raínha da Tailândia achou que seria muito mais útil aplicar o dinheiro no Cinema e produzir um filme que fosse suficientemente bom e acima de tudo apelativo junto do grande público como forma de transmitir a sua mensagem, tentando promover o orgulho no passado do seu país e óbviamente promover uma boa imagem da monarquia junto do povo Tailandês.
Como tal o Estado não se poupou a despezas e isso nota-se perfeitamente no ecran durante o filme todo, pois é de uma sumptuosidade e de um detalhe cénico absolutamente espantoso.

A raínha, não se limitando a encomendar e controlar a produção do filme, ainda se deu ao luxo de escolher não só o realizador como também a actriz principal.
Mais precisamente, escolheu a sua secretária particular.
Sim, leram bem.

O papel principal desta gigantesca produção asiática é desempenhado por uma jovem que até então nunca tinha representado na vida e que se viu subitamente o centro das atenções no meio da maior produção cinematográfica asiática de sempre.

Resta dizer que tanto a nova actriz como o realizador têm ligações directas á família real e portanto ["Suriyothai"] é provavelmente o maior filme familiar jamais produzido no mundo.

Isto das cunhas poderia ter sido desastroso, mas no entanto o filme é surpreendentemente bom o que nos leva a concluír que esta raínha não só tem olho para o cinema como ainda por cima parece reconhecer uma boa actriz quando a vê.

Este parágrafo pode conter *spoilers* mas não se preocupem muito com isso pois a força do filme nem sequer está própriamente no seu desfecho previsível mas sim no espectáculo visual que proporciona.

De qualquer forma como habitualmente não contarei muito da história para que a possam descobrir por vós próprios. E acreditem que vão ter muito para ver, pois detalhes de argumento é coisa que não falta nesta super-produção.

["Suriyothai"], conta a história verídica da raínha com o mesmo nome que por volta de 1548 quando o reino do Sião foi invadido pelos Birmaneses, se disfarçou de homem e foi combater no seu elefante junto com as suas tropas, tornando-se uma lenda porque morreu nessa batalha para salvar a vida do marido ao colocar-se entre ele e as tropas birmanesas quando este foi gravemente ferido ajudando a ganhar a batalha e mantendo a identidade do país.
Fim dos *spoilers*

Nota importante: Existem duas versões muito diferentes deste filme.

A versão original com 3 horas e 15 minutos (e que inicialmente tinha 5 horas), realizada e montada pelo seu criador original, Chatrichalerm Yukol e a versão “americana” conhecida como “Francis Ford Coppola presents - The Legend of Suriyothai”, que na verdade é uma nova montagem do mesmo filme com a intervenção do realizador de “Apocalypse Now”.

Coppola, não só cortou uma hora á versão original, como ainda incluiu um par de cenas gráficas novas, (mapas e desenhos), onde se explica em detalhe tudo o que envolve a história do filme de modo a situar as audiências ocidentais no contexto histórico e geográfico da época.

E claro, acima de tudo explicar aos americanos que existe um país no mundo onde não se fala gringo.

É esta segunda versão que foi lançada nos EUA e portanto o único dvd do filme que existe á venda no nosso país é precisamente a edição portuguesa desse ["Suriyothai"], mais reduzido.

E claro que só está editado em Portugal porque tem o nome de Coppola associado á obra.

No entanto temos uma muito boa edição onde nem falta um excelente comentário áudio partilhado pelo realizador Chatrichalerm Yukol e o próprio Coppola que discutem todo o processo de redução do filme e explicam em detalhe a razão de todas as escolhas que foram feitas durante a remontagem do original para criar a versão ocidental. Só por este comentário audio vale a pena adquirirem a versão curta do filme pois dá-nos uma visão muito interessante de como a montagem pode criar dois filmes bastante diferentes com o mesmo material.

Só por curiosidade, o realizador Chatrichalerm Yukol foi colega de Coppola na escola de cinema e daí a razão deste estar ligado agora e este projecto na sua versão ocidental.

Ainda não vi a versão original de ["Suriyothai"], mas já está encomendada e futuramente irei comentar aqui as diferenças entre as duas versões.

No entanto, esta versão ocidental por si só já é um filme extraordinário e que vale mesmo a pena ser visto, não só pelo seu visual absolutamente cuidado, mas por todo o conjunto da obra em geral.

Além disso, se gostam de batalhas épicas envolvendo milhares de figurantes, têm aqui um filme que não podem perder, pois até nesta versão reduzida já vão ter motivos de sobra para ficarem muito impressionados.

Tudo isto sem recurso a CGIs de plástico. Parece que a batalha foi mesmo filmada com a enorme quantidade de gente que poderão ver no vosso ecran o que ainda dá mais valor a esta impressionante produção asiática.

E segundo consta, Coppola até reduziu muito da batalha final nesta versão, pelo que se quiserem mesmo vê-la como esta foi filmada terão de comprar o filme original.

Mas nem só de batalhas épicas vive esta obra. Na verdade o filme não é própriamente um filme de acção Wuxia, por isso não esperem ver muitas cenas do estilo até á batalha final.

Nas mais de duas horas de duração que a versão ocidental de ["Suriyothai"] tem, pelo menos uns 110 minutos são passados num estilo biográfico, com uma narrativa de contornos históricos que agradará imenso a quem gosta de intrigas políticas, manobras de bastidores e traições ao melhor estilo de um drama Shakespeareano.

Mas não pensem que se irão aborrecer particularmente, embora o filme tenha umas quebras narrrativas estranhas, mas que naturalmente serão consequência da sua redução face á duração original.

["Suriyothai"], contêm suficientes pormenores, personagens e detalhes cénicos para manter o espectador ocupado a admirar quanto mais não seja, a beleza e o cuidado colocado em cada fotograma deste filme. Isto, obviamente se entrarmos no filme sabendo logo á partida que não vai ser um filme de aventuras ou de acção, mas sim um drama político e histórico que por acaso até tem uma sequência de batalha espectacularmente elaborada no final.

Contém bons personagens e excelentes actores com destaque para a inexperiente actriz que carrega nos ombros o papel principal e que na verdade se sai tão bem que ninguém diria que nunca tinha estado em frente a uma câmera de filmar antes de embarcar nisto.

Além disso é um filme muito realístico no que toca a sequências que podem impressionar o público mais sensível. Não tem problemas em entrar pelo gore e baldes de sangue nas cenas que pedem um tratamento desse género e contém uma cena verdadeiramente repugnante a propósito de uma epidemia da varíola quando a certa altura do filme este pormenor nos é mostrado o quanto podia ditar o destino político de um país.

Mas uma das coisas mais curiosas, especialmente para nós, é a constante presença de Portugueses neste filme Tailandês.

Exactamente, Portugueses num filme Tailandês, passado em 1548 no reino de Sião, antigo nome da Tailândia.

Há portugueses por todo o lado, discretamente introduzidos neste filme e raramente Portugal teve uma imagem tão positiva numa produção cinematográfica estrangeira como tem neste ["Suriyothai"].

Não há nenhum personagem Português no filme com papel de destaque, ou sequer algum diálogo, mas enquanto figuração todo o background está cheio de compatriotas nossos, retratados como comerciantes, médicos, exploradores, soldados, e até como voluntários que no final combatem do lado dos herois contra os invasores birmaneses.

Além disso a presença de Portugal no reino de Sião é referida um par de vezes nos próprios diálogos dos personagens principais e toda a nossa imagem é a mais positiva possível, o que me leva a concluir que pelo visto deixamos muito boa impressão na Tailândia. Tão boa, que a raínha actual permitiu que se incluissem aquelas referências no argumento.

Mas é muito estranho e ao mesmo tempo engraçado.

Estamos a ver um filme oriental, cheio de orientais, de repente passa um Português pelo cenário.

Pelo visto a produção conseguiu arranjar uns portugas para fazer figuração no filme, pois por incrível que pareça, aquelas pessoas se não são de verdade Portugueses, pelo menos parecem e já é bem mais do que podemos dizer da maneira como costumamos ser retratados em produções americanas onde nos confundem sempre com mexicanos.

Por tudo isto, ["Suriyothai"] é não só um excelente filme histórico como ainda por cima tem uma das melhores batalhas que poderão ver no cinema contemporaneo.
Pode ser um filme propaganda do sistema político Tailandês, mas como cinema é um dos melhores épicos que poderão encontrar á venda actualmente.

(Artigo extraído do site cinema asiatico wordpress)

À estreia deste filme na cidade de Bangkok esteve presente o apresentador de televisão, em Portugal, Carlos Cruz.





REINO DE AYUTTHAYA SUA FUNDAÇÃO



O REI NARESUAN






MAPA DE AYUTTHAYA QUE NA ALTURA QUANDO ATINGIU O SEU EXPONTE MÁXIMO A CIDADE, ERA CONSIDERADO UMA DAS MAIORES CIDADES DO MUNDO ULTRAPASSANDO DE LONGE A CIDADE DE PARIS.





RUÍNAS EM AYUTTHAYA CONSIDERADAS PATROMONIO MUNDIAL DA HUMANIDADE UNESCO

O povo thai, originário da China ocidental, chegou a Yunnan nos séculos I a.C e II a.Cs. No século III d.C, fundaram o reino de Nanchao, que perdurou até a conquista do Império Mongol em meados do século XIII. No fim do primeiro milênio da era cristã, os tais migraram em direção ao sul e se fixaram em diversas regiões que mais tarde constituiriam o Vietname, o Laos, Myanmar (antiga Birmânia) e a Tailândia. No século XIII, surgiram dois reinos tais, cujas capitais situavam-se no norte da atual Tailândia: o reino Sukhotai e o de Chiang Mai.

Nos finais do século XIII, o reino de Sukhotai expandiu-se pela planície central da Tailândia. Os tais já haviam assimilado vários elementos étnicos e culturais de outros povos habitantes da região, como a religião budista, que inspirava seu sistema de governo, ou a escrita derivada do sistema empregado pelos cambojanos que foi absorvido pelo novo Estado.

O império de Ayutthaya empregou novas técnicas de centralização do poder e herdou do Estado Khmer a visão do governante como um rei Em 1350, Rama Tibodi fundou um novo reino thai, nas planícies do curso inferior do Rio Chao Phraya, com capital em Ayutthya.

Em poucos decênios, o reino de Ayutthaya se expandiu consideravelmente, à custa do decadente império khmer do Cambodja e do reino de Sukhotai, divinizado. O reino desenvolveu um extenso aparato burocrático, e a sociedade se hierarquizou rigidamente.

As guerras foram frequentes e o território dominado a partir de Ayutthaya alcançou limites próximos ao da actual Tailândia. No entanto, as fronteiras com os Estados vizinhos, devido às contínuas guerras e aos planos separatistas das províncias distantes, modificaram-se constantemente. Em 1569, os birmaneses transformaram Ayutthaya num Estado dependente. Quinze anos mais tarde, a independência do Sião foi restabelecida pelo príncipe Naresuan, considerado desde então um herói nacional na Tailândia.

Pouco depois de tomar posse de Malaca, no início do século XVI, Portugal, entrou em contato com o império de Ayutthaya. Os comerciantes e missionários portugueses não exerceram, no entanto, grande influência sobre o país. O maior grupo de portugueses na Tailândia era formado por aventureiros que se puseram a serviço dos exércitos reais como mercenários e que foram responsáveis pela adoção de algumas técnicas militares ocidentais nas operações militares tailandesas.

No século XVII, comerciantes holandeses e britânicos começaram a fundar centros comerciais junto à capital e na península de Malaca. Mais tarde, chegaram os franceses, que se impuseram aos outros europeus. A chegada de uma expedição francesa composta de 600 homens armados, em 1687, despertou receios. No ano seguinte, um golpe dado por líderes tais anti-ocidentais levou à expulsão de todos os franceses. Teve início então uma etapa de relativo isolamento do Sião com relação ao Ocidente, uma política que durou 150 anos.

CONSTRUÇÕES NA AREIA - WAN LAI - PATTAYA























Nos dias 18 a 20 de Abril de 2009, aquando das festividades do Songkrang, Ano Novo Tailãndes, teve lugar numa das praias da Pattaya - Wan Lai - Chon Buri, um concurso de trabalhos na areia, aqui ficam algumas dessas belas imagens.

ARQUITECTURA SINO-PORTUGUESA - PHUKET


O povo tailandês não esquece a passagem dos portugueses pelo reino do Sião e ajuda que prestaram, bem como os edifícios de traça luso-chiensa que eles preveram.
Hoje, dia 23 de Abril de 2009 o Jornal Bangkok Post, de língua inglesa que se publica em Bangkok, dedicou duas páginas a este tema.

É pena que muito portugueses visitem Phuket, banham-se em suas cristalinas águas nas imensas praias que possue, porém não tomam um banho de cultura e desconhecem até, digo na sua grande maioria, que os portugueses tiveram uma presença e influência muito importante nesta cidade bem como na cidade de Penang na Malásia.

























A cidade velha de Phuket, Thalang Road, bem como em algumas praias são bem visíveis as marcas deixadas pelos portugueses de então, na sua arquitectura nos prédios que são hoje os últimos legados de Portugal no reino do Sião.




Sino-Portuguese Architecture

The architecture of the buildings around the old town area is usually described as Sino-Portuguese. That is a mixture of Chinese and European influences.

The buildings are mostly shop houses, three or four stories high. They have a ground floor shop where the family can run their business with living space behind and on the floors above. Many of the buildings are very narrow measuring only 5 meters wide but they can stretch up to 50 meters back. You can most clearly see the Chinese influence in the ornately decorated doors and windows while the European influence is behind the distinctive walkthrough archways.

The Chinese influence comes from the large number of Chinese migrants who came to work in Phuket's tin mining industry and from the strong trading relationship Phuket formed with Penang. At the time, the island of Penang in Malaysia was the major local trading port and the Chinese dominated its business community. If you go to Penang today, you can see some very similar architecture.

The Portuguese reference is misleading. The Portuguese were among the first western traders to have a presence in Thailand but they had left long before Phuket started to flourish. The European influence is mostly British Colonial style imported from Penang, which was a British colony at the time.

quarta-feira, abril 22

QUEM FOI PEDRO ALVARES CABRAL

Pedro Álvares Cabral



Pedro Álvares Cabral (Belmonte, 1467 ou 1468Santarém, 1520 ou 1526) foi um fidalgo e navegador português, comandante da segunda viagem marítima da Europa à Índia, viagem em que se descobriu o Brasil, a 22 de Abril de 1500.


Biografia

Juventude, títulos e estudos

Acredita-se que nasceu na Beira Baixa (Portugal), em 1467 ou 1468. Foi o terceiro filho de Fernão Cabral, governador da Beira e alcaide-mor de Belmonte, e de Isabel de Gouveia de Queirós. O seu nome original seria Pedro Álvares Gouveia, pois geralmente apenas o primogênito herdava o sobrenome paterno. Posteriormente, com a morte do irmão mais velho, teria passado a usar o nome Pedro Álvares Cabral, uma vez que, a 15 de fevereiro de 1500 — quando recebeu de D. Manuel I (1495-1521) a carta de nomeação para capitão-mor da armada que partiria para a Índia —, já usava o sobrenome paterno.

Neto de Fernão Álvares Cabral, que exercera as funções de guarda-mor do Infante D. Henrique, os seus biógrafos remontam o seu título de nobreza, a um terceiro avô, Álvaro Gil Cabral, alcaide-mor do Castelo da Guarda sob os reis D. Fernando (1367-1383) e D. João I (1385-1433), da dinastia de Avis, que teria recebido por mercê as alcaidarias dos castelos da Guarda e Belmonte, com transmissão à descendência. Esses domínios, lindeiros à Espanha, eram terras de pastorícia, origem dos símbolos das cabras passantes do escudo de armas da família Cabral.

Aos onze anos de idade, Pedro mudou-se para o Seixal (onde ainda hoje existe a Quinta do Cabral), vindo a estudar em Lisboa Literatura, História e Ciência (como, por exemplo, Cosmografia), além de artes militares. Na Corte de D. João II (1481-1495), onde entrou como moço fidalgo, aperfeiçoou-se em cosmografia e marinharia.

Com a subida ao trono de D. Manuel I (1495-1521) foi agraciado com o foro de fidalgo do Conselho do Rei, o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo e uma tença, pensão em dinheiro anual.

A Armada de 1500


Nau de Pedro Álvares Cabral no Livro das Armadas (Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa).

Em 1499, foi nomeado pelo soberano como capitão-mor da armada que se dirigiria à Índia após o retorno de Vasco da Gama. Teria então cerca de trinta e três anos de idade. A missão de Cabral era a de estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o Samorim, reerguendo a imagem de Portugal após a apresentação do Gama, e instalando um entreposto comercial ou feitoria, retornando com o máximo de mercadorias.

A sua foi a mais bem equipada armada do século XV, integrada por dez naus e três caravelas, transportando de 1.200 a 1.500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. Era integrada por navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, tendo partido de Lisboa a 9 de março de 1500, após missa solene na ermida do Restelo, à qual compareceu o Rei e toda a Corte.

O descobrimento do Brasil



Litografia de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil em 1500, em rótulo de cigarros do Brasil.

A 22 de abril, após quarenta e três dias de viagem, tendo-se afastado da costa africana, avistou o Monte Pascoal no litoral sul da Bahia. No dia seguinte, houve o contato inicial com os indígenas. A 24 de abril, seguiu ao longo do litoral para o norte em busca de abrigo, fundeando na atual baía de Santa Cruz Cabrália, nos arredores de Porto Seguro, onde permaneceu até 2 de maio.

Cabral tomou posse, em nome da Coroa portuguesa, da nova terra, a qual denominou de "Ilha de Vera Cruz", e enviou uma das embarcações menores com a notícia, inclusive a Carta de Pero Vaz de Caminha, de volta ao reino. Retomou então a rota de Vasco da Gama rumo às Índias. Ao cruzar o cabo da Boa Esperança, quatro de seus navios se perderam, entre os quais, ironicamente, o de Bartolomeu Dias, navegador que o descobrira em 1488.

Existe uma discussão entre os historiadores a respeito da intencionalidade ou não da chegada de Cabral ao território brasileiro, embora não existam evidências concretas a sustentar qualquer das hipóteses. Certo é, no entanto, que por esta data já se tinha, na Europa, o conhecimento da existência de terras a leste da linha do Tratado de Tordesilhas.



Réplica da caravela Anunciação de Pedro Álvares Cabral (Campinas, São Paulo, Brasil).

A Armada chegou a Calecute a 13 de setembro, após escalas no litoral leste africano. Cabral assinou o primeiro acordo comercial entre Portugal e um potentado na Índia. A feitoria portuguesa foi instalada mas teve efêmera duração: atacada pelos Muçulmanos em 16 de dezembro, nela pereceram cerca de trinta portugueses, entre os quais o seu escrivão, Pero Vaz de Caminha.

Após bombardear Calecute e apresar embarcações árabes, Cabral seguiu para Cochim e Cananor, onde carregou as naus com especiarias e produtos locais e retornou à Europa.

O retorno a Portugal

Cabral chegou a Lisboa a 31 de julho de 1501, sendo aclamado como herói, não obstante o facto de, das treze embarcações, terem regressado apenas quatro.

Convidado pelo soberano para comandar a nova expedição ao Oriente em 1502, Cabral desentendeu-se com o monarca acerca do comando da expedição: tendo recusado a missão, veio a ser substituído por Vasco da Gama. Em desgraça perante o soberano, não recebeu mais nenhuma missão oficial até ao fim da vida.

Em 1503 desposou D. Isabel de Castro, sobrinha de Afonso de Albuquerque, deixando descendência. Em 1518 era cavaleiro do Conselho Real. Foi ainda senhor de Belmonte e alcaide-mor de Azurara.

O fim da vida


Igreja da Graça, Santarém: túmulo de Cabral.

Estátua de Pedro Álvares Cabral, Santarém.

Faleceu esquecido e foi sepultado na Igreja da Graça da cidade de Santarém, segundo alguns em 1520, ou, segundo outros, em 1526.

Cabral é lembrado pelos brasileiros como aquele que descobriu o Brasil, sendo homenageado anualmente, a 22 de abril. Foi-lhe erguido um monumento na cidade do Rio de Janeiro (obra de Rodolfo Bernardelli). A cidade de Belo Horizonte homenageou-o, dando-lhe o nome a uma das suas principais vias, a Avenida Álvares Cabral.

Em Portugal, foi-lhe erguido um monumento em Lisboa, na avenida que recebeu o seu nome. Do mesmo modo, a sua terra natal homenageou-o com uma estátua, assim como a cidade onde está sepultado, Santarém.