o mar do poeta

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domingo, setembro 19

O GNOSTICISMO




O gnosticismo  (do grego Γνωστικισμóς (gnostikismós); de Γνωσις (gnosis): 'conhecimento') é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas que chegaram a mimetizar-se com o cristianismo nos primeiros séculos de nossa era, vindo a ser declarado como um pensamento herético após uma etapa em que conheceu prestígio entre os intelectuais cristãos.

De facto, pode falar-se em um gnosticismo pagão e em um gnosticismo cristão, ainda que o pensamento gnóstico mais significativo tenha sido alcançado como uma vertente heterodoxa do cristianismo primitivo.

Portal do Ocultismo

Alguns autores fazem uma distinção entre "Gnosis" e "gnosticismo". A gnose é, sem dúvida, uma experiência baseada não em conceitos e preceitos, mas na sensibilidade do coração.

Gnosticismo, por outro lado, é a visão de mundo baseada na experiência de Gnose, que tem por origem etimológica o termo grego gnosis, que significa "conhecimento". Mas não um conhecimento racional, científico, filosófico, teórico e empírico (a "episteme" dos gregos), mas de caráter intuitivo e transcendental; Sabedoria.

É usada para designar um conhecimento profundo e superior do mundo e do homem, que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado porque permite o encontro do homem com sua essência eterna, centelha divina, maravilhosa e crística, pela via do coração.

É uma realidade vivente sempre ativa, que apenas é compreendida quando experimentada e vivenciada. Assim sendo jamais pode ser assimilada de forma abstrata, intelectual e discursiva.

O movimento originou-se provavelmente na Ásia Menor, difundindo-se da região do Irã à Gália, exercendo a sua maior influência sobre o cristianismo entre os anos de 135 e 200.

Tem como base elementos das filosofias pagãs que floresciam na Babilônia, Antigo Egipto, Síria e Grécia Antiga, combinando elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas como os do Elêusis, do Zoroastrismo, do Hermetismo, do Sufismo, do Judaísmo e do Cristianismo.

Num texto hermético lê-se que a gnosis da Mente é a "visão das coisas divinas". G.R.S.Mead acrescenta que "Gnosis não é conhecimento sobre alguma coisa, mas comunhão, co­nhecimento de Deus". Este é o grande objetivo, conhecer "Deus", a Reali­dade em nós.

Não é a crença, a fé ou o simples conhecimento o que importa. O fundamental é a comunhão interior, o religar da Mente individual com a Mente universal, a capacidade do homem "transcender os limites da dualidade que faz dele homem e tornar-se uma consciência divina".

A posse da Gnosis significa a habilidade para receber e compreender a revelação. O verdadeiro Gnóstico é aquele que conhece a revelação interior ou oculta desvelada e que também compreende a revelação exterior ou pública velada.

Ele não é alguém que descobriu a verdade a seu respeito por meio de sua própria desamparada reflexão, mas alguém para quem as manifestações do mundo interior são mostradas e tornaram-se inteligíveis.

O início da Perfeição é a Gnosis do Homem, porém a Gnosis de Deus é a Perfeição aperfeiçoada. "Aperfeiçoamento" é um termo técnico para o desenvolvimento na Gnosis, sendo o Gnóstico realizado conhecido como o "perfeito", "parfait".

A entrada na senda da Gnosis é chamada 'voltar para casa'. Como vimos, é um retorno, um virar as costas ao mundo, um arrependimento de toda natureza: "Devemos nos voltar para o velho, velho caminho".

"Somente o baptismo não liberta mas sim, a gnosis, o conhecimento interior de quem somos, o que nos tornamos, onde estamos, para onde vamos. O que é nascimento, o que é renascimento".

"Gnosis sobre quem éramos e no que nos tornamos; onde estávamos e onde viemos parar; para onde nos dirigimos e onde somos redimidos; o que é a geração, e o que é a regeneração". (Extratos de Theodotus)

Ingressar na Gnosis é um despertar do sono e da ignorância de Deus, da embriaguez do mundo para a temperança virtuosa. "Pois o mal [ilusão] do não conhecimento está inundando toda a terra e trazendo total ruína à alma aprisionada dentro do corpo, impedindo-a de navegar para os portos da salvação."

Doutrina Gnóstica

O pré-requisito essencial da filosofia gnóstica é o postulado da existência de uma "entidade imortal", que não é parte deste mundo, que pode ser chamado de Deus interno, Centelha divina, Crístico, divina essência etc, que existe em todos os homens e é a sua única parte imortal.

Os gnósticos consideram que o estado do homem neste mundo é "anti-natural", pois ele está submetido a todo tipo de sofrimentos. Para eles, é necessário que o homem se liberte deste sofrimento, e isto só pode ocorrer pelo conhecimento.

Os gnósticos, de um modo geral, acreditam que o Universo manifestado principia com emanações do Absoluto, seres finitos chamados de Æons que se reúnem no Pleroma. No princípio tudo era Uno com o Absoluto, então em um determinado momento, emanaram do Absoluto estes æons (éons), formando o pleroma.

O pleroma dos gnósticos é um plano arquetípico, abaixo do qual está o plano material, manifestado. Assim, o que antes era Uno e vivia no pleroma, se despedaça em partes. Este estado de infelicidade, pela descida no pleroma (e separação do Todo Uno), é o que ocasiona o sofrimento do homem neste mundo.

Um dos éons (Sophia) deu à luz o Demiurgo (artesão em grego), que criou o mundo material "mau", juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem.

Os gnósticos ensinavam que a salvação vem por meio de um desses éons, geralmente apresentado como o décimo terceiro éon (identificado com o Cristo), distinto dos doze éons que regem o mundo decaído.

Segundo a doutrina, Cristo se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo espiritual mais elevado.

Segundo algumas linhas gnósticas, Cristo não veio em carne e nunca assumiu um corpo físico, nem foi sujeito à fraqueza e às emoções humanas, embora parecesse ser um homem, enquanto a principal linha de gnosticismo cristão, a Valentiniana defende a tese próxima do nestorianismo doutrina cristã, nascida no Século V, segundo a qual há em Jesus Cristo duas pessoas distintas, uma humana e outra divina, sendo Cristos (o ungido) o éon celestial que a um tempo se une a Jesus.

Alguns historiadores afirmam que o apóstolo João se refere a esse assunto quando enfatiza que "o Verbo se fez carne" (Jo l .14) e em sua primeira epístola que "todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus..." (l Jo 4.3). Os escritos joaninos são do final do primeiro século, quando nasceu o gnosticismo. No entanto, muitas comunidades gnósticas tinham o Evangelho de João em alta conta.

Dualismo e monismo

Normalmente, os sistemas gnósticos são vagamente descritos como sendo "dualistas" em natureza, o que significa que tem a visão do mundo constituído ou explicável como duas entidades fundamentais. Hans Jonas escreve: "A característica central do pensamento gnóstico é o radical dualismo que rege a relação de Deus e o mundo e, correspondentemente, do homem e o mundo. "

Dentro desta definição, que funcionam a gama do dualismo radical dos sistemas de maniqueísmo, do dualismo mitigado de alguns movimentos gnósticos; a evolução Valentiniana indiscutivelmente aborda uma forma de monismo, expresso em termos anteriormente utilizados de forma dualista.

O dualismo radical - ou dualismo absoluto que postula duas forças divinas co-iguais.O Maniqueísmo concebe dois reinos anteriormente coexistente da luz e da escuridão que se envolveu em conflito, devido à caótica ações deste último.

Posteriormente, alguns elementos da luz tornaram-se aprisionados dentro da escuridão, o propósito da criação material é para decretar o lento processo de extração destes elementos individuais, a fim de que o reino de luz prevalece sobre as trevas.

Esta mitologia dualista do zoroastrismo , no qual o espírito eterno Ahura Mazda é a oposição de sua antítese, Angra Mainyu , os dois estão envolvidos em uma luta cósmica, a conclusão de que será ver Ahura Mazda triunfante.

A criação no mito Mandeano, emanações progressivas do Supremo Ser de Luz, com cada emanação provocando uma corrupção progressiva que resulta no aparecimento eventual de Ptahil, o deus das trevas, que teve uma mão na criação de regras e passam a constituir o reino material.

Além disso, o pensamento gnóstico geral, comumente incluíam a crença de que o mundo material corresponde a algum tipo de intoxicação provocada pelo mal os poderes das trevas para manter elementos da luz aprisionada dentro dele, ou, literalmente, para mantê-los no escuro ", ou ignorantes, em um estado de distração bêbado.

Dualismo mitigado - quando um dos dois princípios é, de alguma forma inferiores aos outros. Tais movimentos gnósticos clássicos como o Sethiniano concebeu o mundo material como sendo criado por uma divindade menor do que o verdadeiro Deus, que era o objeto de sua devoção.

O mundo espiritual é concebido como sendo radicalmente diferente do mundo material, co-extensivo com o Deus verdadeiro, é a verdadeira casa de alguns membros iluminados da humanidade, portanto, estes sistemas foram expressivos de um sentimento agudo de alienação do mundo, e seu objetivo era permitir um resultado da alma, para escapar das limitações apresentadas pelo reino físico.

Monismo Qualificado - Elementos das versões do mito gnóstico Valentiniano sugerem para alguns que a sua compreensão do universo podem ter sido monista. Elaine Pagels afirma que " gnosticismo Valentiniano difere essencialmente do dualismo, enquanto, de acordo com SCHOEDEL "um elemento básico na interpretação dos Valentinianos é o reconhecimento de que elas são fundamentalmente monistas.

Nesses mitos, a malevolência do demiurgo é mitigada; sua criação de uma materialidade falha não é devido a qualquer falha moral da sua parte, mas devido a sua imperfeição em contraste com as entidades superiores de que ele desconhece.

Como tal, os Valentinianos já tem menos motivos para tratar com desprezo a realidade física do que um gnóstico Sethiniano

Para que o homem possa se libertar dos sofrimentos deste mundo, segundo os gnósticos, ele deve retornar ao Todo Uno, por ascensão ao pleroma, e isto só pode ser alcançado pelo Conhecimento Verdadeiro (representado pela Gnose). Este despertar só pode ocorrer se o homem se descobre, "conhecendo-se a si próprio".

Para o Gnosticismo existem três níveis de realização. No nível mais elevado estão aqueles que eram chamados eleitos, ainda que sem um sentido elitista de exclusão. Entre os gnósticos, eles eram conhecidos como pneumáticos, que significa espirituais.O grupo seguinte, os intermediários, são os psíquicos ou religiosos.

E, finalmente, os homens comuns, os muitos, na linguagem de Jesus, eram chamados pelos gnósticos, de ílicos ou materiais, pois aqueles que só estão voltados para os prazeres da vida material imediata, sem nenhum interesse pelo objetivo último da vida. Os textos gnósticos também tratam estes níveis como descendentes de Seth, Abel e Caim.

Assim, o ensinamento do Mestre Jesus, o Cristo - Aeon da Salvação, foi estruturado para atender as necessidades desses três grupos de pessoas.

Para o povo em geral, para aqueles que estão voltados exclusivamente para a vida neste mundo, a ênfase eram os ensinamentos sobre a ética e a vida diária.

Para os homens intermediários, que os gnósticos chamavam de religiosos, eram ensinamentos mais abrangentes sobre a vida e a prática espiritual, sendo esses ensinamentos encontrados nas escrituras cristãs.

E é interessante lembrar que esse grupo intermediário, eram aqueles que nesta vida, em função de suas decisões, determinações e postura de vida poderiam cair no grupo dos muitos, os materialistas, ou então, elevarem-se e entrar no grupo dos eleitos, daqueles que poderiam vir a ser salvos ou libertos.

E, finalmente, para o grupo dos assim chamados espirituais, os poucos, a tradição oferece ensinamentos sobre o caminho acelerado. O caminho acelerado, com suas naturais exigências de purificação e dedicação, só está aberto a poucos.

"As Escrituras Sagradas têm um sentido que é aparente à primeira vista, e um outro que a maioria dos homens não percebe.Porque são escritas em forma de certos Mistérios, e à imagem de coisas divinas.

A respeito do que há uma opinião em toda a Igreja, que toda a Lei em verdade é espiritual, porém que o sentido espiritual da Lei não é conhecido a todos, mas apenas aqueles que receberam a graça do Espírito Santo na palavra de sabedoria e conhecimento".

Assim, os primeiros cristãos sabiam que dois tipos de pessoas se achegariam ao cristianismo, um tipo sem o toque pneumático, e, portanto, incapaz de aproximar-se da salvação pelo conhecimento e pela sabedoria dos Mistérios, mas possuindo apenas capacidade de assimilar pela fé o lado superficial da Lei; o outro tipo, tocado pelo dom pneumático, pela centelha-espírito, que possuiria plena capacidade de assimilar os conhecimentos e a sabedoria dos Mistérios divinos e descer ao nível profundo e espiritual da Lei, podendo gozar de completa iluminação e redenção." Orígenes " De Principiis"

Grandes escolas gnósticas e seus textos

As escolas do Gnosticismo podem ser definidas de acordo com um dos sistemas de classificação como membros de duas grandes categorias. São elas as escolas "Orientais/Persas" e as escolas "Siríacas/Egípcias".

As escolas da primeira categoria possuem tendências dualistas mais pronunciadas, refletindo a forte influência das crenças do Zorastrismo Zurvanista persa. Já as escolas síriaco-egípcias e os movimentos que elas deram origem têm tipicamente uma visão mais Monista.

Notáveis exceções existem, incluindo movimentos relativamente modernos, que parecem ter incluído elementos de ambas as categorias, como os cátaros, os bogomilos e os carpocracianos.

Gnosticismo persa

As escolas persas, que apareceram na província da Babilônia e cujos escritos foram produzidos originalmente em dialetos aramaicos falados na região na época, representam o que se acredita serem as formas mais antigas do pensamento gnóstico.

Estes movimentos são considerados pela maioria como religiões por si sós e não seitas emanadas do Cristianismo ou do Judaísmo.

Mandeísmo é ainda praticado por pequenos grupos no sul do Iraque e na província iraniana do Khuzistão. O nome do grupo deriva do termo Mandā d-Heyyi, que significa "Conhecimento da Vida".

Embora a origem exacta deste movimento não seja conhecida, João Batista eventualmente se tornaria uma figura chave nesta religião, assim como ênfase no batismo se tornou parte do cerne de suas crenças. Assim como no Maniqueísmo, apesar de certos laços com o Cristianismo, os mandeanos não acreditam em Moisés, Jesus ou Maomé. Suas crenças e práticas também tem poucas sobreposições com as religiões fundadas por eles.

Uma quantidade significativa das Escrituras originais Mandeanas sobreviveram até a era moderna. O texto principal é conhecido como Genzā Rabbā e tem trechos identificados pelos estudiosos como tendo sido copiados já no século II dC. Existe também o Qolastā, ou "Livro Canônico de Oração" e o sidra ḏ-iahia, o "Livro de João Batista".

Maniqueísmo, que representa toda uma tradição religiosa e que agora está quase extinto, foi fundado pelo profeta Mani (216-276 dC).

Embora acredite-se que a maior parte das Escrituras dos maniqueístas tenha se perdido, a descoberta de uma série de documentos originais ajudou a lançar alguma luz sobre o assunto. Preservados agora em Colônia, Alemanha, o Codex Manichaicus Coloniensis contém principalmente informações biográficas sobre o profeta e alguns detalhes sobre seus ensinamentos.

Como disse Mani, "O Deus verdadeiro não tem nada a ver com o mundo material e o cosmos", e "É o Príncipe das Trevas que falou com Moisés, os judeus e seus sacerdotes. Portanto, cristãos, os judeus e os pagãos estão envolvidos no mesmo erro quando adora este Deus. Pois ele os leva para perdição através dos desejos que lhes ensinou".

Gnosticismo siríaco-egípcio

A escola siríaca-egípcia deriva muito de sua forma geral das influências platônicas. Tipicamente, ela apresenta a criação numa série de emanações de um fonte primal monádica, finalmente resultando na criação do universo material.

Como consequência, há uma tendência nestas escolas em ver o "mal" (ou a maldade) como a matéria, inferior à bondade, sem inspiração espiritual e sem bondade, ao invés de retratá-lo como uma força igual.

Podemos dizer que estas escolas gnósticas utilizar os termos "bem" e "mal" como sendo termos "relativos", pois se referem aos relativos apuros da existência humana, aprisionada entre estas realidades e confusa na sua orientação, com o "mal" indicando a distância extremada do princípio e fonte do "bem", sem necessariamente enfatizar uma negatividade inerente.

Como pode ser visto abaixo, muitos destes movimentos incluíram fontes relacionadas ao Cristianismo, com alguns inclusive se identificando como cristãos (ainda que de forma distintamente diferente das chamadas formas ortodoxas ou católica romana).

Escrituras siríaco-egípcias


A maioria da literatura nesta categoria nos é conhecida ou foi confirmada pela descoberta da Biblioteca de Nag Hammadi.

Obras Setianas, assim chamadas em homenagem ao terceiro filho de Adão e Eva, Sete (ou Seth), que eles acreditavam possuir e ser o disseminador da gnosis. As obras tipicamente setianas são:

O Apócrifo de João

O Apocalipse de Adão

A Hipóstase dos Arcontes, também conhecido por "A Realidade dos Regentes"

Trovão, Mente Perfeita

Protenóia trimórfica

Livro Sagrado do Grande Espírito Invisível também conhecido por "Evangelho Copta dos Egípcios"

Zostrianos

Alógenes

As Três estelas de Sete

O Evangelho de Judas

Obras Tomistas, assim chamadas por causa da escola de Tomé Apóstolo. Todos são pseudepígrafos. Os textos geralmente atribuídos a ela são:

Hino da Pérola, também conhecido como "Hino de Tomé Apóstolo Dídimo no país dos Indianos"

Atos de Tomé

O Evangelho de Tomé

Livro de Tomé o Adversário


Obras Valentianas são assim chamadas em referência ao Bispo e professor Valentim (ca. 153 dC). Ele desenvolveu uma complexa cosmologia fora da tradição setiana. Em certo ponto chegou a estar próximo de ser nomeado o Bispo de Roma, naquela que hoje é a Igreja Católica Romana. As obras geralmente atribuídas a eles estão listadas abaixo, sendo que os fragmentos que podem ser diretamente relacionadas a elas estão marcados com asterisco:

A Divina Palavra presente na Criança (Fragmento A) *

Sobre as Três Naturezas (Fragmento B) *

A Habilidade de falar de Adão (Fragmento C) *

Para Agathopous: O Sistema Digestivo de Jesus (Fragmento D) *

Aniquilação do Reino da Morte (Fragmento F) *

Sobre Amizade: A Fonte da Sabedoria Comum (Fragmento G) *

Epístola sobre Conexões Sentimentais (Fragmento H) *

Colheita de Verão *

Evangelho da Verdade *

A versão Ptolemaica do Mito Gnóstico

Prece do apóstolo Paulo

Epístola de Ptolomeu à Flora

Tratado sobre a Ressurreição, ou Epístola a Reginus.

Evangelho de Filipe

Obras Basilidianas, assim chamadas por causa do fundador da escola, Basilides (132–? dC). Quase todas as obras são conhecidas por nós principalmente através da crítica de um de seus oponentes, Ireneu de Lyon, no seu livro Adversus Haereses. Outros trechos são conhecidos através das obras de Clemente de Alexandria, principalmente a Stromata:

O Octeto das Entidades Subsistentes (Fragmento A)

A The Singularidade do Mundo (Fragmento B)

Ser Eleito Naturalmente requer Fé e Virtude (Fragmento C)

O Estado da Virtude (Fragmento D)

Os Eleitos Trascendem o Mundo (Fragmento E)

Reincarnação (Fragmento F)

O Sofrimento Humano e a Bondade da Providência (Fragmento G)

Pecados Perdoáveis (Fragmento H)

Gnosticismo posterior e grupos influenciados pelo Gnosticismo

Outras escolas e movimentos relacionados; estão apresentado em ordem cronológica.

A cruz circular, harmônica era um emblema utilizado pelos cátaros, uma seita medieval relacionada ao Gnosticismo.Simão Mago e Marcião de Sinope: ambos tinham tendências gnósticas, mas as ideias que eles apresentaram estavam ainda em formação; por isso, eles podem ser descritos como pseudo- ou proto-gnósticos.

Ambos desenvolveram um considerável conjunto de seguidores. O pupilo de Simão Mago, Menandro de Antióquia também pode ser incluído neste grupo. Marcião é popularmente identificado como gnóstico, porém a maior parte dos estudiosos não entende assim.

Cerinto (c. 100 dC), o fundador de uma escola herética com elementos gnósticos. Como gnóstico, Cerinto mostrou Cristo como um espírito celeste separado do homem Jesus e citou o Demiurgo como criador do mundo material.

Porém, ao contrário dos gnósticos, Cerinto ensinava os cristãos a observar a lei judaica; seu demiurgo era sagrado e não inferior; e acreditava na Segunda vinda de Cristo. Sua gnosis era um ensinamento secreto atribuído a um apóstolo. Alguns estudiosos acreditam que a Primeira Epístola de João foi escrita em resposta a Cerinto.

Os Ofitas, assim chamados por reverenciarem a serpente do Gênesis como um fonte de conhecimento.

Os Cainitas, que como o nome implica, veneravam Caim, assim como Esaú, Korah e os sodomitas. Há pouca evidência sobre a natureza deste grupo; porém, é possível inferir que eles acreditavam que indulgência no pecado era a chave para a salvação, pois dado que o corpo é intrinsecamente mau, é preciso denegri-lo com atitudes imorais (veja libertinismo). O nome 'cainita' não é utilizado aqui no sentido bíblico de "descendentes de Caim" (que segundo a Bíblia foram exterminados no Dilúvio).

Os Carpocracianos, uma seita libertina que acreditava unicamente no Evangelho dos Hebreus.

Os Borboritas, uma seita libertina gnóstica, que acredita-se ser uma derivação dos Nicolaítas

Os Paulicianos, um grupo adocionista, também acusado por fontes medievais como sendo gnóstica e quasi-maniqueísta. Eles floresceram entre 650 e 872 na Armênia e nas províncias (ou temas) orientais do Império Bizantino.

Os Bogomilos, a síntese (no sentido do sincretismo) entre o Paulicianismo Armênio e o movimento reformista da Igreja Ortodoxa Búlgara, que emergiu durante o Primeiro império búlgaro entre 927 e 970, e se espalhou pela Europa.

Os Cátaros (Cathari, Albigenses ou Albigensianos) são tipicamente vistos como imitadores do Gnosticismo. Se os cátaros possuíam ou não uma influência histórica direta do antigo Gnosticismo ainda é tema disputado, embora alguns acreditem que numa transferência de conhecimento dos bogomilos.

Embora as concepções básicas da cosmologia gnóstica possam ser encontradas nas crenças cátaras (principalmente a noção de um deus criador inferior, satânico). Catarismo é a religião do Espírito (do Paracleto). Eles se separaram dos outros gnósticos deixando de lado os éons, os arcontes, os diagramas e os números cabalísticos.

Conceitos e termos importantes

Note que o texto a seguir é formado por resumos das várias interpretações gnósticas existentes. Os papéis de alguns seres mais familiares, como Jesus Cristo, Sophia e o Demiurgo geralmente compartilham os temais centrais entre os vários sistemas, mas pode haver algumas diferentes funções ou identidades atribuídos a eles em cada uma.

Æon

Em muitos sistemas gnósticos, os aeons são várias emanações de um deus superior, que também é conhecido por nomes como Mônada, Aion teleos (grego: "O Perfeito Aeon"), Bythos (grego: Βυθος - 'profundidade') e muitos outros.

Deste ser inicial, também um Aeon, uma série de diferentes emanações ocorreram, começando em alguns textos gnósticos com o hermafrodita Barbelo de quem sucessivos pares de Aeons emanam, frequentemente em pares masculino-feminino chamados de sizígias; o número destes pares varia de texto para texto, embora alguns identifiquem seu número como sendo trinta.

Os Aeons como uma "totalidade" constituem o Pleroma, a "região de luz". As regiões mais baixas do Pleroma estão mais perto da escuridão, ou seja, do mundo material.

Dois dos Aeons mais frequentemente emparelhados são Jesus e Sophia (em grego: sabedoria). Ela se refere a Jesus como seu 'consorte' em Exposição Valentiana. Sophia, emanando sem o seu parceiro resulta na criação do Demiurgo (em grego: "construtor público") também chamado de Yaldabaoth (ou variações) em alguns textos.

Esta criatura está escondida fora do Pleroma em isolamento, e acreditando-se sozinha, ela cria a matéria e uma horda de co-atores, referidos como Arcontes. O Demiurgo é reponsável pela criação da humanidade, pois assim ele pode aprisionar as fagulhas do Pleroma roubadas de Sophia em corpos humanos.

 Em resposta, o Mônada emana dois Aeons salvadores, 'Cristo e o Espírito Santo; Cristo então se incorpora na forma de Jesus para poder ensinar aos homens como alcançar a gnosis, pela qual eles poderão retornar ao Pleroma.

Arconte

No final da antiguidade, algumas variantes do Gnosticismo utilizaram o termo "Arconte" para se referir aos diversos servos do Demiurgo. Neste contexto, eles podem ser entendidos como tendo o papel dos anjos e demônios do Antigo Testamento.

De acordo com Contra Celso, de Orígenes, a seita dos Ofitas (veja acima Gnosticismo posterior e grupos influenciados pelo Gnosticismo) propuseram a existência de sete arcontes, começando com o próprio Yaldabaoth, que criou os próximos seis: Iao, Sabaoth, Adonaios, Elaios, Astaphaios e Horaios.

Assim como o Chronos mitráico e o Narasimha védico (uma forma de Vishnu), Yaldabaoth tem a cabeça de um leão (embora tenha o corpo de uma serpente de acordo com o Apócrifo de João).


Abraxas / Abrasax



Gravura de uma pedra de Abraxas.

Os gnósticos egípcios seguidores de Basilides se referiam frequentemente à uma figura chamada Abraxas, que estava no topo dos 265 seres espirituais (segundo Ireneu, Contra Heresias, I.24); não está claro como interpretar o uso que Ireneu faz do termo 'Arconte', que pode significar apenas 'governante' neste contexto. Nem o papel e nem o significado de Abraxas para esta seita estão claros.

Textos encontrados na Biblioteca de Nag Hammadi, como o Livro Sagrado do Grande Espírito Invisível, se referem a Abrasax como Aeon morando com Sophia e os outros Aeons na Totalidade Espiritual, sob a luz do luminar Eleleth.

Demiurgo



Uma divindade com face de leão encontrada numa gema gnóstica em L'antiquité expliquée et représentée en figures de Bernard de Montfaucon pode ser uma representação do Demiurgo; porém, veja também Chronos.

O termo Demiurgo deriva da forma latinizada do termo grego dēmiourgos (δημιουργός), significando literalmente "servidor público ou trabalhador habilidoso" e se refere à uma entidade responsável pela criação do universo e de todo o aspecto físico da humanidade.

O termo dēmiourgos ocorre em diversas outras religiões e sistemas filosóficos, principalmente o Platonismo. Julgamentos morais sobre o demiurgo variam de grupo para grupo dentro da grande categoria do Gnosticismo - estes julgamentos geralmente correspondem ao julgamento de cada grupo sobre o status da materialidade como sendo intrinsecamente má, ou meramente falha e tão boa quanto a passiva matéria que a consitui permite.

Como Platão faz, O Gnosticismo apresenta uma distinção entre uma realidade supranatural, incognoscível e a materialidade sensível, da qual o Demiurgo é o criador.

Porém, em contraste com Platão, os diversos sistemas gnósticos apresentam o demiurgo como um antagonista do Deus Supremo: seu ato de criação, seja ele inconsciente e uma imitação fundamentalmente falha do modelo divino (veja o Mito da Caverna), ou formado com a intenção maligna de aprisionar aspectos do divino "na" materialidade.

Portanto, nestes sistemas, o Demiurgo age como uma solução para o problema do mal. No Apócrifo de João, o Demiurgo - ali chamado de Yaldabaoth - se proclama como Deus:

“ Agora o arconte que é fraco tem três nomes. O primeiro nome é Yaldabaoth, o segundo é Saclas e o terceiro é Samael. E ele é ímpio em sua arrogância, que está nele. Pois ele disse: 'Eu sou Deus e não há outro Deus além de mim', pois ele é ignorante de sua força, do lugar de onde veio. ”

— Apócrifo de João

"Samael", na tradição judaico-cristã, se refere ao anjo mau da morte e corresponde ao demônio cristão de mesmo nome, atrás apenas de Satã[carece de fontes?]. Literalmente, pode significar "deus-cego" ou "deus dos cegos" em aramaico (siríaco sæmʕa-ʔel); o outro título, Saclas, aramaico para "tolo" (siríaco sækla "o tolo").

No mito de Sophia, sua mãe, Sophia, também um aspecto parcial do Pleroma (ou "Totalidade"), desejava emanar de si algo sem a autoridade do Espírito Supremo. Neste ato abortivo e imperfeito, ela deu à luz ao monstruoso Demiurgo. Envergonhada com seu ato, ela o envolveu numa nuvem com um trono no meio para que os demais Aeons não percebessem.

 O Demiurgo então, isolado, sem ver sua mãe e ninguém mais, concluiu que era o único que existia e, ignorante, criou o mundo material, a humanidade e uma hierarquia de "poderes" (Arcontes) para governá-lo.

Os mitos gnósticos descrevendo estes eventos são cheios de nuances intrincadas retratando a declinação de aspectos do divino até a forma humana; este processo acontece através do trabalho do Demiurgo que, tendo roubado um pouco do poder de sua mãe, passa a trabalhar na criação de uma imitação inconsciente do reino superior do Pleroma (como sombras das imagens).

Assim, o poder de Sophia (as "fagulhas" ou "sopro" divino)fica aprisionado dentro das formas materiais da humanidade, também presa dentro do mundo material: o objetivo de todos os movimentos gnósticos era tipicamente acordar esta fagulha, o que permitiria o retorno do indivíduo à realidade superior, não material onde estava a fonte primal.

Alguns filósofos gnósticos identificam o Demiurgo com Yahweh, o Deus do Antigo Testamento, em oposição e contraste ao Deus do Novo Testamento. Ainda outros o igualam com Satã. Os cátaros aparentemente herdaram sua idéia de Satã como o criador do mundo maligno diretamente ou indiretamente do Gnosticismo.

Gnosis (ou Gnose)

Gnosis vem da palavra grega para "conhecimento", gnosis (γνῶσις). Porém, gnosis em si se refere a uma forma muito especial de conhecimento, derivada tanto do significado exato do termo grego quanto seu uso na filosofia de Platão.

O grego antigo era capaz de discernir entre diversas formas diferentes de "conhecer".

Essas formas podem ser descritas em língua portuguesa como sendo conhecimento proposicional, indicativo de um conhecimento adquirido "indiretamente" através de reportes de outros ou por inferência (como em "Eu sei que Lisboa está em Portugal"), e o conhecimento conhecimento empírico, adquirido através de "participação direta" (como em "Eu sei que Lisboa está em Portugal pois estive lá").

Gnosis (γνῶσις) se refere ao conhecimento do segundo tipo. Portanto, em um contexto religioso, ser 'gnóstico' deve ser entendido como confiar não em conhecimento no sentido geral, mas como sendo especialmente receptivo às experiências místicas ou esotéricas de participação direta com o divino.

De facto, na maior parte dos sistemas gnósticos, a causa suficiente para salvação é este "conhecimento do" ('ser familiar com') divino. Isto é geralmente identificado com o processo de conhecimento interno ou de auto-exploração, comparável com o que foi encorajado por Plotino.

Porém, como se pode ver, o termo 'gnóstico' tem um uso precendente em diversas tradições filosóficas que precisa também ser levado em consideração para que seja possível entender as implicações sutis que este epíteto tem para diversos grupos religiosos antigos.

Mônada

Em muitos sistemas gnósticos (e heresiológicos), o Ser Supremo é conhecido como Mônade, o Uno, o Absoluto Aiōn teleos (O Perfeito Aeon, αἰών τέλεος), Bythos (Profundidade, Βυθός), Proarchē (Antes do Início, προαρχή, Hē Archē (O Início, ἡ ἀρχή) e Pai inefável. O Uno é a fonte primal do Pleroma, a região de luz. As várias emanações do Uno são chamados "Aeons".

A cosmogonia setiana como está no famoso Apócrifo de João (ou Livro Secreto de João) descreve um deus desconhecido, muito similar à Teologia negativa ortodoxa, embora muito diferente dos ensinamentos do credo ortodoxo de que existe um deus assim que também seja o criador do céu e da terra.

Teólogos ortodoxos, quando descrevendo a natureza do deus criador associado aos textos bíblicos, muitas vezes tentam defini-lo através de uma série de afirmações explícitas e positivas (cataphrasis), por si sós universais, e que associadas ao divino se tornam superlativas: ele é onisciente, onipotente e verdadeiramente benevolente.

Já na concepção setiana do deus trascendente e escondido descrita no texto, ele é definido, por contraste, através da teologia negativa (apophasis): ele é imóvel, invisível, intangível e inefável. Geralmente, 'ele' é visto como uma sendo hermafrodita, um símbolo potente para um ser, pois ele é o que 'tudo contém'.

Uma abordagem apofásica na discussão da Divindade pode ser encontrada por todo o Gnosticismo, nos Vedas, nas teologias de Platão e Aristóteles e em algumas fontes judaicas.

PLEROMA

Pleroma (em grego: πληρωμα geralmente se refere à totalidade dos poderes de deus. O termino significa "plenitude" e é usado em vários contextos teológicos cristãos: tanto gnósticos em geral, como também no cristianismo (como em «Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade» (Colossenses 2:9)[.

O Pleroma celeste é o centro da vida divina, uma região de luz "acima" (o termo não deve ser entendido espacialmente) do nosso mundo, ocupado por seres espirituais como os Aeons e, às vezes, por arcontes.

Jesus é interpretado como sendo um aeon intermediário que foi enviado do Pleroma e cuja ajuda seria fundamental para que a humanidade recupere o conhecimento perdido (ou esquecido) das suas origens divinas. O termo é, portanto, central na cosmologia gnóstica.

Pleroma também é utilizado na língua grega comum e é utilizado pela Igreja Ortodoxa Grega na sua forma geral pois a palavra aparece em Colossenses. Proponentes da visão que Paulo seria na verdade gnóstico, como Elaine Pagels da Universidade de Princeton, enxergam a referência em Colossenses como algo a ser interpretado no sentido gnóstico.

Sophia

Sophia (em grego: Σοφία) é aquilo que detém o "sábio" (em grego: σοφός; "sofós"). Na tradição gnóstica, Sophia é uma figura feminina, análoga à alma humana e simultaneamente um dos aspectos femininos de Deus. Os gnósticos afirmam que ela é a sizígia de Jesus (veja a Noiva de Cristo) e o Espírito Santo da Trindade.

Ocasionalmente é referenciada pelo equivalente hebreu Achamōth (em grego: Ἀχαμώθ) e como Prouneikos (em grego: Προύνικος, "A Libidinosa"). Nos textos da Biblioteca de Nag Hammadi, Sophia é o mais baixo dos Aeons ou a expressão antrópica da emanação da luz de Deus.


Cristãos Gnósticos

Nos séculos I e II o gnosticismo produziu manifestações dentro da cristandade, sobretudo no Egito, onde se destacaram líderes como Carpócrates, Basílides, Isidoro e Valentim, este último fundador de uma importante escola em Roma.

Os Cristãos Gnósticos constituíram, nos primeiros anos dessa nossa era, uma comunidade fechada, iniciática, que guardou os aspectos esotéricos dos evangelhos, principalmente das parábolas do Mestre Jesus, o Cristo, apresentando um cristianismo muito mais profundo e filosófico do que daqueles cristãos que ficaram conhecidos como a ortodoxia.

Dentre os grupos mais activos nos dois primeiros séculos de nossa era destacam-se os naasenos (palavra em aramaico com o mesmo significado de ofitas, de origem grega), perates, sethianos (de orientação judaica) docéticos (que propunham que a natureza exterior do Cristo era ilusória), carpocráticos, basilidianos e valentinianos.

Com o passar do tempo, os herdeiros da tradição gnóstica e maniqueísta foram mudando de nome, podemos indicar o aparecimento dos seguintes grupos: entre os séculos III e IX: Euchites, Magistri Comacini, Artífices Dionisianos, Nestorianos e Eutychianos; no século X: Paulicianos e Bogomilos; no século XI: Cátharos, Patarini, Cavaleiros de Rodes, Cavaleiros de Malta, Místicos Escolásticos; no século XII: Albigenses, Cavaleiros Templários, Hermetistas; no século XIII: a Fraternidade dos Winklers, os Beghards e Beguinen, os Irmãos do Livre Espírito, os Lollards e os Trovadores; no século XIV: os Hesychastas, os Amigos de Deus, os Rosa-cruzes e os Fraticelli; no século XV: os Fraters Lucis, a Academia Platônica, a Sociedade Alquímica, a Sociedade da Trolha e os Irmãos da Boêmia (Unitas Fratrum); no século XVI: a Ordem de Cristo (derivada dos Templários), os Filósofos do Fogo, a Militia Crucífera Evangélica e os Ministérios dos Mestres Herméticos; no século XVII: os Irmãos Asiáticos (Irmãos Iniciados de São João Evangelista da Ásia), a Academia di Secreti e os Quietistas; no século XVIII: os Martinistas; no século XIX: a Sociedade Teosófica.

Os Paulicianos formavam um grupo gnóstico ativo no Império Romano. Se declaravam contra todas hierarquias que exerciam seu poder para combater a iluminação interior. Até o século XI, os paulicianos foram mortos pela igreja romana, assim como o Maniqueísmo antes deles.

Mas o gnosticismo sobreviveu, sua luz e força continuaram a irradiar com os bogomilos...A herança Gnóstica dos séculos XII e XIII, foram transmitidas aos Cátaros, que também foram perseguidos e mortos pela igreja romana. Na Idade Média, o gnosticismo manifestou-se na Ordem dos Templários, foi revivificada pela Rosa-cruz ,pelas mãos de Johannes Valentinus Andreae, mantiveram ligações com a Maçonaria,com a Teosofia e com o Martinismo.

Todos testemunhando o Cristianismo Interior, descrevendo o caminho de retorno a Deus, que foi aberto pelo seu filho, Mestre Jesus, o Cristo.

Fontes

Pouco material chegou até os dias de hoje, a maioria dos personagens e suas doutrinas só puderam ser conhecidos por meio dos críticos do gnosticismo. A maior polêmica contra os gnósticos apareceu no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu(130-200), Tertuliano (160-225) e Hipólito (170-236).

Por isso a descoberta da Biblioteca de Nag Hammadi,em 1945, foi de suma importância, visto que seu conteúdo é eminentemente gnóstico. O achado impulsionou as pesquisas sobre o assunto na segunda metade do século XX.

 Estes manuscritos totalizavam cinquenta e dois textos, em treze códices de papiro, escritos em copta. Entre as obras aí guardadas encontravam-se diversos tratados gnósticos, três obras pertencentes ao Corpus Hermeticum e uma tradução parcial da República de Platão. Parte deles conhecidos também como Evangelhos gnósticos

Os Manuscritos Pistis Sophia,"Piste Sophiea Cotice" ou "Códice Askew", atribuidos a Valentim foi adquirido do médico e colecionador de manuscritos antigos Dr. Askew pelo Museu Britânico em 1795 , datam de 250–300 AD, relatam os ensinamentos Gnósticos do Mestre Jesus, o Cristo transfigurado aos apóstolos.

Até a descoberta da biblioteca de Nag Hammadi em 1945, o Códice Askew era um dos três códices que continha quase todos os escritos gnósticos que tinham sobrevivido, sendo os dois outros códices o Códice Bruce e o Códice de Berlim.

Mais recentemente um outro documento gnóstico foi encontrado, gerando diferentes especulações sobre o verdadeiro relacionamento de Jesus Cristo com o seu discípulo Judas, este documento é o Evangelho de Judas que estava desaparecido por mais de 1700 anos, tendo sido encontrado finalmente no Egito.

Elaine Pagels professora de religião na Universidade de Princeton e Ph.D. da Universidade de Harvard.Em Harvard ela fez parte de um grupo que estudou os rolos de Nag Hammadi, dessa experiência resultou a base para o seu primeiro livro Os Evangelhos Gnósticos,

Esse livro é uma introdução aos textos de Nag Hammadi para o público leigo e é, desde o seu lançamento, um best-seller. Nos EUA, ganhou os prêmios National Book Critics Circle Award e National Book Award e foi escolhido pela Modern Library como um dos 100 melhores livros do século XX.

George Robert Stowe Mead (1863 - 1933).Com formação em línguas e filosofia por Oxford, estudioso altamente intuitivo e perspicaz, deve ser considerado como um pioneiro de primeira ordem no domínio dos escritos gnósticos e estudos herméticos, foi autor, editor, tradutor e um influente membro da Sociedade Theosophica.

Seu maior mérito teria sido a sua capacidade de discernir o significado interior e espiritual dos dos escritos, capacidade esta reconhecida por C.G.Jung que fez uma viagem especial a Londres no último período de vida de Mead, para lhe agradecer por seu trabalho brilhante e pioneiro de traduzir e comentar as escrituras gnósticas.

Bentley Layton(1941) é Professor de Estudos Religiosos e Professor do Oriente Próximo Línguas e Civilizações (copta) na Universidade de Yale (desde 1983).Autoridade reconhecida internacionalmente, em literatura gnóstica. Membro do projeto da UNESCO, CAIRO, que publicou a Biblioteca de Nag Hammadi.

Formado em Harvard, "Redescoberta tardia do gnosticismo", foi o título da conferência internacional que ele apresentou na Universidade de Yale em 1980. Seus interesses encontram-se na história do cristianismo desde suas origens até o surgimento do Islã, os estudos gnósticos e copta . Seu livro mais acessível é "As Escrituras Gnósticas", que apresenta parte da literatura gnóstica enigmáticos do cristianismo.

Ele apresenta sua seleção de escrituras gnósticas, os escritos de Valentino e seus seguidores, e os escritos relacionados que exibem tendências gnósticas no contexto mais amplo de cristianismo primitivo e do judaísmo helenístico, com introduções generosas e anotações abundantes.

Para os especialistas, a gramática copta de Layton é um texto padrão. Ele catalogou todos os manuscritos coptas na Biblioteca Britânica. Ele é membro do conselho da Harvard Theological Review eo Journal of Studies copta.

James M. Robinson (nascido em 1924) é professor Emérito de religião, na Universidade de Claremont, Califórnia. É o mais proeminente erudito do século 20, da biblioteca de Nag Hammadi.

Stephan A. Hoeller (1931 - ) Ph.D. em filosofia da religião da Universidade de Innsbruck em Áustria, escritor, erudito e líder religioso.

Dr. Marvin Meyer (Ph.D., Claremont Graduate University, M. Div. Calvin Theological Seminary) é professor de Bíblia e Estudos Cristãos e co-presidente do Departamento de Estudos Religiosos, Chapman University. Ele também é diretor do o Albert Schweitzer Chapman University Institute.

Ele é diretor do Projeto dos Textos Mágicos Coptas do Instituto de Antiguidade e Cristianismo, Claremont Graduate University, membro do Seminário Jesus, e um ex-presidente da Society of Biblical Literature (Pacific Coast). Dr. Meyer é o autor de numerosos livros e artigos sobre a civilização greco-romana e religião cristã na antiguidade e da antiguidade tardia, e no Albert Schweitzer é ética de reverência pela vida.

Kurt Rudolph (03 de Abril de 1929) Pesquisador do gnosticismo e Mandeismo.Nascido em Dresden Rudolph estudou teologia protestante, religião , história semitas nas universidades de Greifswald e de Leipzig.

Posteriormente, durante seis anos, ele foi assistente de pesquisa , enquanto ele trabalhava em paralelo para o doutorado em teologia e, assim como a história religiosa. Em 1961 ele recebeu sua habilitação em história da religião e religião comparada.

Durante seu trabalho na Universidade de Leipzig , Chicago e Marburg e Santa Barbara(University of California), ele adquiriu uma reputação internacional como um conhecedor do gnosticismo e maniqueísmo.Além disso, ele também ocupou-se com o Islão e questões metodológicas em estudos religiosos.

Jakob Böhme ou Jacob Boehme, (Alt Seidenberg, 1575 — Görlitz, 17 de Novembro de 1624) foi filósofo e místico cristão alemão,as obras que escreveu são o maior monumento de conhecimentos teogônicos (concernentes ao surgimento dos primeiros princípios em Deus) e cosmogônicos (concernentes à criação do Universo e das criaturas) da história do cristianismo.

Platão Πλάτων, Plátōn. (Atenas, 428/427– Atenas, 348/347 a.C.) foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental.

Plotino(ca. 205 - 270) O pai do neoplatonismo, natural de Licopólis, Egito, foi discípulo de Amônio Sacas e mestre de Porfírio. A influência de Plotino e dos neoplatônicos sobre o pensamento cristão, islâmico e judaico, bem como sobre os pensadores de proa do Renascimento, foi enorme.

Foram direta ou indiretamente influenciados por ele, Dionísio Pseudo-Areopagita, Alberto Magno, Dante Alighieri, Mestre Eckhart, João da Cruz, Marsílio Ficino, Pico de la Mirandola, Giordano Bruno, Avicena, Ibn Gabirol, Espinosa, Leibniz.

Hermes Trismegistus; em grego Ερμης ο Τρισμεγιστος, "Hermes, o três vezes grande" é o nome dado pelos neoplatônicos, místicos e alquimistas ao deus egípcio Thoth, identificado com o deus grego Hermes. Ambos eram os deuses da escrita e da magia nas respectivas culturas.

Hermes era o autor de um conjunto de textos sagrados, "herméticos", contendo ensinamentos sobre artes, ciências e religião e filosofia: O Corpus Hermeticum , datado entre o século I ao século III, representou a fonte de inspiração do pensamento hermético e neoplatônico renascentista.

Na época acreditava-se que o texto remontasse à antiguidade egípcia, anterior a Moisés e que nele estivesse contido também o prenúncio do cristianismo. Autor também do Livro dos Mortos, e do mais famoso texto alquímico a "Tábua de Esmeralda".

Huberto Rohden, São Ludgero, 31 de Dezembro de 1893 foi um filósofo, educador e teólogo catarinense, radicado em São Paulo. escreveu mais de 100 obras (ao final da vida, condensadas em 65 livros), onde franqueou leitura ecumênica de temáticas espirituais e abordagem espiritualista de questões pertinentes à Pedagogia, Ciência e Filosofia, enfatizando o autoconhecimento, auto-educação e a auto-realização.Lecionou na Universidade de Princeton, American University, de Washington D.C.(EUA)

Raul Branco Autor, tradutor é membro da Sociedade Teosófica, economista, mora em Brasília e dedica-se ao estudo da tradição cristã e do gnosticismo. Tradutor para o português de Pistis Sophia - G.R.S. Mead.

Carl Gustav Jung, nasceu a 26 de Julho de 1875, em Kresswil, Basiléia, na Suíça, no seio de uma família voltada para a religião. Seu pai e vários outros parentes eram pastores luteranos, o que explica, em parte, desde a mais tenra idade, o interesse do jovem Carl por filosofia e questões espirituais e o pelo papel da religião no processo de maturação psíquica das pessoas, povos e civilizações.

Criança bastante sensível e introspectiva, desde cedo demonstrou uma inteligência e uma capacidade intelectual notável. Gnóstico assumido, ficou célebre a resposta que Jung deu, em 1959, a um entrevistador da BBC que lhe perguntou: "O senhor acredita em Deus?" A resposta foi: "Não tenho necessidade de crer em Deus.

Eu o conheço" Escreveu o livro Os Sete Sermões aos Mortos, foi amigo, admirador e colaborador de G.R.S.Mead, tradutor dos Manuscritos da Nag Hammadi, particularmente do Códice Jung, trabalho patrocinado pela Fundação Jung.

Fernando Pessoa, 13 de Junho de 1888 nascia em Lisboa, gnóstico possuía ligações com a Tradição, com destaque para a Maçonaria e a Rosa-Cruz, havendo inclusive defendido publicamente as organizações iniciáticas, no Diário de Lisboa de 4 de Fevereiro de 1935, contra ataques por parte da ditadura do Estado Novo. O seu poema hermético mais conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se "No Túmulo de Christian Rosenkreutz". Deixou escrito o Livro Rosa Cruz.

Paralelos com religiões orientais

O gnosticismo tem alguns elementos em comum com o sufismo, o budismo, o helenismo, o hermetismo, o zoroastrismo e o hinduísmo.

Gnosticismo e psicologia

No século XX, Carl Gustav Jung pesquisou profundamente as doutrinas gnósticas, inclusive ajudando no trabalho de organização da Biblioteca de Nag Hammadi, e fez uma ligação entre os mitos gnósticos e os arquétipos do inconsciente coletivo.

Escreveu o livro "Sete sermões aos mortos", sob o pseudônimo de Basilides de Alexandria, onde coloca a sua visão gnóstica em sete textos no formato dos evangelhos.













MITOLOGIA SUMÉRIA

Mitologia suméria


Os sumérios eram adeptos de uma religião politeísta caracterizada por deuses e deusas antropomórficos representando forças ou presenças no mundo material, noção esta bastante presente na posterior Mitologia Grega. Os deuses originalmente criaram humanos como servos para si mesmos, mas os libertaram quando se tornaram difíceis demais de se lidar.

Muitas histórias na religião suméria aparecem homólogas a histórias em outras religiões do Oriente Médio. Por exemplo, a idéia bíblica da criação do homem, bem como o dilúvio de Noé, estão intimamente ligados aos contos sumérios. Os deuses e deusas da Suméria têm representações similares nas religiões dos Acádios, Cananitas e outros.

Da mesma forma, um número de histórias relacionadas a divindades têm paralelos gregos; por exemplo, a descida de Inanna ao submundo está impressionantemente ligada ao mito de Perséfone.

Cosmologia

O universo surgiu quando Nammu, um abismo sem forma, enrolou-se em si mesmo num ato de auto-procriação, gerando An, deus do céu, e Antu (Ki), deusa da Terra.

A união de An e Ki produziu Enlil, senhor dos ventos, que eventualmente tornou-se líder do panteão dos deuses. Após o banimento de Enlil de Dilmun (a morada dos deuses) por violentar Ninlil, a deusa teve um filho, Nanna, o deus da lua (mais tarde chamado de Sin (ou Sinnu).

Da união posterior entre Sin e Ningal nasceram Inanna (deusa do amor e da guerra) e Utu (deus do sol, depois chamado de Shamash). Também durante o banimento de Enlil, o deus tornou-se pai de três divindades do submundo junto a Ninlil. O mais famoso foi Nergal.

Nammu também teve um filho, chamado Enki, deus do abismo aquático ou Absu. Enki controlava também os Me, decretos sagrados que governavam coisas básicas como a física, e complexas como a ordem social e a lei.

Fontes

A mais antiga fonte de cosmologia suméria vem do Enheduanna.

Lista de Deuses

12 Deuses Maiores

An

Ishkur (Adad)

Inanna Ishtar

Enki

Antu

Enlil

Sinki (Damkina)

Nanna (ou Innin, Innini)

Ninhursag

Ningal

Ninlil

Shamash (Utu, Babbar)

Deuses e Deusas Menores

Anshar

Ereshkigal

Husbishag

Isinu

Ninki

Nammu

Kingu

Kiskil-lilla

Namtar

Nebo (Nabu)

Nergal

Nidaba

Ninisinna

Ninkas

Nusku

Tiamat

Utukku

Semi-Deuses e Semi-Deusas

Dumuzi

Gilgamesh

Geshtinasnna

Gugalanna

Humbaba

Enkidu (herói)

sábado, setembro 18

BUDISMO




O budismo (páli "buddhismo") é uma "religião" (religião no sentido de ter o sincero anseio por religar-se consigo mesmo e com o fundamento último de toda a natureza) e "filosofia" (filosofia somente no sentido de ter amor pelo saber superior) onde não há crenças e que engloba um conjunto de tradições e práticas baseadas nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda (páli/sânscrito "O Iluminado"). Buda viveu e desenvolveu seu ensinamento no nordeste do subcontinente indiano, entre os séculos IV e VI a. C.

Ele é reconhecido pelos adeptos como um mestre iluminado que compartilhou suas ideias para ajudar os seres sencientes a alcançar o fim do sofrimento, alcançando o Nirvana (páli "Nibbana") e escapando do que é visto como um ciclo de sofrimento do renascimento. Alguns mestres budistas, porém, ensinam que o Nirvana é uma percepção, um insight e não um estado, pois nem todas as escolas do budismo creem em vivendo e aprendendo. O budismo pode ser divido em dois grandes ramos: Teravada ("A Escola dos Anciãos") e Mahaiana ("O Grande Veículo").

Teravada é o mais antigo ramo do budismo e é bastante difundido nas regiões do Sri Lanka e sudeste da Ásia, já o segundo, Mahaiana, é encontrado em toda a Ásia Oriental e inclui, dentro de si, as tradições e escolas Terra Pura, Zen, Budismo de Nitiren, Budismo Tibetano, Tendai e Shingon. Em algumas classificações, a Vajrayana aparece como subcategoria de Mahaiana, entretanto é reconhecida como um terceiro ramo.

Mesmo o budismo sendo uma prática muito popular na Ásia, os dois ramos são encontrados em todo o mundo. Várias fontes colocam o número de budistas no mundo entre 230 milhões e 500 milhões, tornando-o a quinta maior religião do mundo.

As escolas budistas variam significativamente a natureza exata do caminho da libertação, a importância e canonicidade de vários ensinamentos e, especialmente, suas práticas. Entretanto, as bases das tradições e práticas são as Três Jóias: O Buda, o Darma (ensinamentos) e o Sangha (a comunidade).

Encontrar "refúgio na jóia tríplice" é, em geral, o que distingue um budista de um não-budista. Outras práticas podem incluir a renúncia convencional de vida secular para se tornar um meditador ou um monástico da comunidade e cultivar a plena consciência e sabedoria, estudando as escrituras, com exercícios físicos, devoção e cerimônias, e até mesmo a invocação de Bodisatva.





Estátua de Buda, no Kamakura, Japão.

A vida de Buda

Gautama com seus cinco companheiros, que mais tarde compuseram o primeiro Sangha. Pintura da parede de um templo em Laos.De acordo com a narrativa convencional, o Buda nasceu em Lumbini, hoje patrimônio mundial da UNESCO, por volta do ano 536 a. C., e cresceu em Kapilavastu, ambos localizados onde hoje está a região do Nepal.

Logo após o nascimento de Siddhartha, um astrólogo visitou o pai do jovem príncipe, Suddhodana, e profetizou que Siddhartha iria se tornar um grande rei e que renunciaria ao mundo material para se tornar um homem santo, se ele, por ventura, visse a vida fora das paredes do palácio.

O rei Suddhodana estava determinado a ver o seu filho se tornar um rei, impedindo assim que ele saisse do palácio.

Mas, aos 29 anos, apesar dos esforços de seu pai, Siddhartha se aventurou por além do palácio diversas vezes. Em uma série de encontros (em locais conhecidos pela cultura budista como "quatro pontos"), ele soube do sofrimento das pessoas comuns, encontrando um homem velho, um outro doente, um cadáver e, finalmente, um ascético sadhu, aparentemente contente e em paz com o mundo. Essas experiências levaram Gautama, eventualmente, a abandonar a vida real e ir em busca de uma vida espiritual.

Siddhartha Gautama fez uma primeira tentativa, experimentando a ascética e quase morreu de fome ao longo do processo. Mas, depois de aceitar leite e arroz de uma menina da vila, ele mudou sua abordagem.

Concluiu que as práticas ascéticas extremas, como o jejum prolongado, respiração sem pressa e a exposição à dor trouxeram poucos benefícios, espiritualmente falando. Deduziu então que as práticas eram prejudiciais aos praticantes.

Ele abandonou o ascetismo, concentrando-se na meditação anapanasati, através da qual descobriu o que hoje os budistas chamam de caminho do meio: um caminho que não passa pela luxúria e pelos prazeres sensuais, mas que também não passa pelas práticas de mortificação do corpo.

Quando tinha 35 anos de idade, Siddhartha sentou em baixo de uma árvore do tipo sacred fig, hoje conhecida como árvore de Bodhi[14], localizada no Bodh Gaya, na Índia, e prometeu não sair dali até conseguir atingir a 'iluminação.

A lenda diz que Siddhartha conheceu a dúvida sobre o sucesso de seus objetivos ao ser confrontado por um demônio chamado Mara, que simboliza o mundo das aparências e muitas vezes é representado por uma cobra naja.

Ainda segundo a lenda, Mara teria oferecido o nirvana à Sidarta, contudo ele percebeu que isso o levaria a se distanciar do mundo e o impediria de transmitir seus ensinamentos adiante. Assim, por volta dos 40 anos, Sidarta se transformou no Buda, o iluminado, atraindo um grupo de seguidores, e instituiu uma ordem monástica.


Agora, passaria seus dias ensinando o darma, viajando por toda a parte nordeste do subcontinente indiano. Ele sempre enfatizou que não era um deus e que a capacide de se tornar um buda pertencia ao ser humano. Faleceu aos 80 anos de idade, em 483 a. C., em Kusinagar, na Índia.

Os estudiosos se contradizem em relação às afirmações sobre a história e os fatos da vida de Buda. A maioria aceita que ele viveu, ensinou e fundou uma ordem monástica, mas não aceita de forma consistente os detalhes de sua biografia. Segundo o escritor Michael Carrithers, em seu livro O Buda, o esborço de uma vida tem que ser verdadeiro: o nascimento, a maturidade, a renúncia, a busca, o despertar e a libertação, o ensino e a morte.

Ao escrever uma biografia sobre Buda, Karen Armstrong, disse: "É obviamente difícil, portanto, escrever uma biografia de Buda, atendendo aos critérios modernos, porque temos muito pouca informação que pode ser considerado 'historica'... mas podemos estar razoavelmente confiantes, pois Siddhatta Gautama realmente existiu e os seus discípulos preservam a sua memória, sua vida e seus ensinamentos".

Conceitos budistas

A vida e o mundo


Carma: lei de causa e efeito

Tradicional thangka do budismo tibetano alusivo à "Roda da Vida", com seus seis reinos.Carma (do sânscrito कर्म, transl. karmam, e em pali, kamma, "ação") no budismo é a força de samsara sobre alguém. Boas ações (páli: kusala), e/ou ações ruins (páli: akisala) geram "sementes" na mente, que virão a aflorar nesta vida ou em um renascimento subsequente.

Com o objetivo de cultivar as ações positivas, o sila é um conceito importante do budismo, geralmente, traduzido como "virtude", "boa conduta", "moral" e "preceito".

No budismo, o carma se refere especificamente a essas ações (do corpo, fala e mente) que brotam da intenção mental (páli:cetana) e que geram consequências (frutos) e/ou resultados (vipaka).

Cada vez que uma pessoa age, há alguma qualidade de intenção em sua mente e essa intenção muitas vezes não é demonstrada pelo seu exterior, mas está em seu interior e este determinará os efeitos dela decorrentes.

No budismo Teravada, não pode haver salvação divina ou perdão de um carma, uma vez que é um processo puramente impessoal que faz parte do Universo. Outras escolas, como a Maaiana, porém, têm opiniões diferentes.

Por exemplo, os textos dos sutras (como o Sutra do Lótus, Sutra de Angulimala e Sutra do Nirvana) afirmam que, recitando ou simplesmente ouvindo seus textos, as pessoas podem expurgar grandes carmas negativos. Da mesma forma, outras escolas, Vajrayana por exemplo, incentivam a prática dos mantras como meio de cortar um carma negativo.

Renascimento

Renascimento se refere a um processo pelo qual os seres passam por uma sucessão de vidas como uma das muitas formas possíveis de senciência. Entretanto, o budismo, natural da Índia, rejeita conceitos de "autoestima" permanente ou "mente imutável", eterna, como é chamada no cristianismo e até mesmo no hinduísmo, pois, no budismo, existe a doutrina do anatta, sobre a inexistência de um "eu" permanente e imutável.

De acordo com o budismo, o renascimento em existências subsequentes deve antes ser entendido como uma continuação dinâmica, um constante processo de mudança - "originação dependente" (sânscrito: pratītya-samutpāda) - determinado pelas leis de causa e efeito (carma), em vez da noção de um ser encarnado ou transmigrado de uma existência para outra.

Cada renascimento ocorre dentro de um dos seis reinos, de acordo com os nossos reinos de desejos, podendo variar de acordo com a escolas:

1.seres dos infernos: aqueles que vivem em um dos muitos infernos;

2.preta: o reino de seres que padecem de necessidades sem alívio, sofrimento, remorsos, fome, sede, nudez, miséria, sintomas de doenças, entre outros;

3.animais: um espaço de divisão com os humanos, mas considerado como outra vida;

4.deva: comparado ao paraíso;

5.semideuses: variavelmente traduzido como "divindades humildes", demônios, titãs e antideuses; não é reconhecido pelas escolas Teravada e Maaiana;

6.seres humanos: um dos reinos de renascimento, em que é possível atingir o nirvana.

O renascimento em alguns dos céus mais altos, conhecido como o mundo de Śuddhāvāsa (moradas puras), pode ser alcançado apenas por budistas profissionais qualificados, conhecidos como não-regressistas (sânscrito: anāgāmis). Já o renascimento no reino sem forma (sânscrito: arupa-dhatu) pode ser alcançando apenas por aqueles que podem meditar sobre o arupajhanas, o maior objeto de meditação.

De acordo com o budismo praticado no leste asiático e o budismo tibetano, há um estado intermediário (o bardo) entre uma vida e a próxima. A posição Teravada ortodoxa rejeita esse conceito, no entanto existem passagens no Samyutta Nikaya do Cânone Páli (coleção de textos em que a tradição Teravada é baseada) que parecem dar apoio à ideia de que o Buda ensinou que existe um estado intermediário entre esta vida e a próxima.

O ciclo de samsara

Samsara é o ciclo das existências nas quais reinam o sofrimento e a frustação engendrados pela ignorância e pelos conflitos emocionais que dela resultam. O samsara compreende os três mundos superiores (deva, semideuses e seres humanos) e os três inferiores (seres dos infernos, preta e animais), julgados não por um valor, mas em função da intensidade de sofrimento.

Os budistas acreditam, em sua maioria, no samsara. Este, por sua vez, é regido pelas leis do carma: a boa conduta produzirá bom carma e a má alma produzirá carma maléfico.

Assim como os hindus, os budistas interpretam o samsara não-esclarecido como um estado de sofrimento. Só nos libertaremos do samsara se atingirmos o estado total de aceitação, visto que nós sofremos por desejar coisas passageiras, e alcançarmos o nirvana ou a salvação.



Sofrimento: causas e soluções

As Quatro Nobres Verdades

De acordo com o Cânone Páli, As Quatro Nobres Verdades foram os primeiros ensinamentos deixados pelo Buda depois de atingir o nirvana[30]. Algumas vezes, são consideradas como a essência dos ensinamos do Buda e são apresentadas na forma de um diagnóstico médico:

1.a vida como a conhecemos é finalmente levada ao sofrimento e/ou mal-estar (dukkha), de uma forma ou outra;

2.o sofrimento é causado pelo desejo. Isso é, muitas vezes, expressado como um engano agarrado a um certo sentimento de existência, a individualidade, ou para coisas ou fenômenos que consideramos causadores da felicidade e infelicidade. O desejo também tem seu aspecto negativo;

3.o sofrimento acaba quando termina o desejo. Isso é conseguido através da eliminação da ilusão, assim alcançamos um estado de libertação do iluminado (bodhi);

4.esse estado é conquistado através dos caminhos ensinado pelo Buda.

Esse método é descrito por alguns acadêmicos ocidentais e ensinado como uma introdução ao budismo por alguns professores contemporâneos do Maaiana, como por exemplo o Dalai Lama.

De acordo com outras interpretações de mestres budistas e eruditos, e recentemente reconhecidas por alguns estudiosos ocidentais não-budistas, as "verdades" não representam meras declarações e/ou indicações, entretanto estas podem ser agrupadas em dois grupos :

1.o sofrimento e as causas do sofrimento;

2.a cessação do sofrimento e os caminhos para a libertação.

Assim, a Enciclopédia Macmillan de Budismo simplifica As Quatro Nobres Verdades, deixando-as da seguinte maneira:

1."A Verdade Nobre Que Está Sofrendo";

2."A Verdade Nobre Que É O Surgimento do Sofrimento";

3."A Verdade Nobre Que É O Fim do Sofrimento";

4."A Verdade Nobre Que Que Produz o Fim do Caminho de Sofrimento".

A compreensão tradicional do Teravada sobre As Quatros Nobres Verdades é que estas são um ensino avançado para aqueles que estão "prontos". A posição Maaiana é que eles são ensinamentos prejudiciais para as pessoas que ainda não estão prontas para ensinar. No Extremo Oriente, os ensinamentos são pouco conhecidos.

O Nobre Caminho Óctuplo

O Dharmachakra representando o Nobre Caminho Óctuplo.O Nobre Caminho Óctuplo - A Quarta Nobre Verdade do Buda - é o caminho para a o fim do sofrimento (dukkha). Tem oito seções, cada uma começando com a palavra samyak (que em sânscrito significa "corretamente" e "devidamente"), e são apresentadas em três grupos:

prajna: é a sabedoria que purifica a mente, permitindo-lhe atingir uma visão espiritual da natureza de todas as coisas. Engloba:

1.dṛṣṭi (ditthi): ver a realidade como ela é, não apenas como parece ser;

2.saṃkalpa (sankappa): a intenção de renúncia, de liberdade e inocuidade.

sila: é a ética ou moral, a abstenção de atos nocivos. Engloba:

3.vāc vāc (vāca): falando de uma maneira verdadeira e não-ofensiva;

4.karman (kammanta): agir de uma maneira não-prejudicial;

5.ājīvana (ājīva): o meio de vida deve seguir os preceitos citados anteriormente.

samadhi: é a disciplina mental necessária para desenvolver o domínio sobre a própria mente. Isso é feito através de práticas, incluindo, a meditação. Engloba:

6.vyāyāma vyāyāma (vāyāma): fazer um esforço para melhorar;

7.smṛti (sati): a consciência de ver as coisas como elas estão com a consciência clara, consciente da realidade presente dentro de si mesmo, sem qualquer desejo ou aversão;

8.samādhi (samādhi): meditação correta ou concentração.

A prática do Caminho Óctuplo é compreendida de duas maneiras: desenvolvimento simultâneo dos oitos itens paralelamente, ou como uma série progressiva pela qual o praticante se move, ao conquistar um estágio. Contudo, os quatro nikāyas principais e o Caminho Óctuplo, geralmente, não são ensinado para os leigos e são pouco conhecidos no Extremo Oriente.

Caminho do Meio

Um importante princípio orientador da prática budista é o Caminho do Meio, que se diz ter sido descoberto pelo Buda, antes de sua iluminação. O Caminho do Meio tem várias definições:

1.a prática de não-extremismo: um caminho de moderação e distância entre a autoindulgência e a morte;

2.o meio-termo entre determinadas visões metafísicas;

3.uma explicação do nirvana (perfeita iluminação), um estado no qual fica claro que todas as dualidade aparentes no mundo são ilusórias;

4.outros termos para o sunyata, a última natureza de todos os fenômenos (na escola Maaiana).

A forma como as coisas são


Estudiosos budistas têm produzido uma quantidade notável de teorias intelectuais, filosóficas e conceitos de visão do mundo (por exemplo: filosofia budista, abhidharma e a realidade no budismo. Algumas escolas do budismo desencorajam estudos doutrinários, algumas os consideram como essenciais, pelo menos para algumas pessoas em algumas fases do budismo.

Debate entre monges do Sera Monastery, no Tibet.Nos primeiros ensinamentos budistas, de certa forma, compartilhado por todas as escolas existentes, o conceito de libertação (nirvana) está intimamente ligado com a correta compreensão de como a mente lida com o estresse.

Ao termos conhecimento sobre o apego, um sentimento de desapego é gerado e se é liberado do sofrimento (dukkha) e do ciclo de renascimento (samsara). Para esse efeito, o Buda recomendou ver as coisas através das três marcas da existência.

Impermanência, sofrimento e a inexistência do "eu"

Annica é uma das três marcas da existência. O termo exprime o conceito budista de que todas as coisas são compostas ou fenômenos condicionados, sendo estes, inconstantes, instáveis e impermanentes. Tudo o que podemos experimentar através dos nossos sentidos é composto de peças e sua existência depende de condições externas.
Tudo está em fluxo constante e, assim, as condições e coisas em si estão mudando constantemente. As coisas estão vindo constantemente a ser e deixar de ser. Como nada dura, não há nenhuma natureza inerente ou fixada em qualquer objeto ou experiência.

Segundo a doutrina da impermanência, a vida humana incorpora esse fluxo no processo de envelhecimento, no ciclo de renascimento e em qualquer existência de perda. A doutrina afirma ainda que, pelo fato de as coisas serem impermanentes, o apego a elas é inútil e leva ao sofrimento (dukkha).

Dukkha ou sofrimento (pāli दुक्ख; sanskrit दुःख duḥkha) é um dos conceitos centrais do budismo. A palavra pode ser traduzida de diversas maneiras, incluindo sofrimento, dor, insatisfação, tristeza, angústia, ansiedade, desconforto, estresse, infelicidade e frustração, por exemplo.

Apesar disso, dukkha é traduzido, muitas vezes, como "sofrimento", o seu siginificado filosófico é mais semelhante a "inquietação", como na condição de ser perturbado. Devido a isso, algumas literaturas preferem não traduzir o verbete, como é o caso do inglês, com o objetivo de englobar em uma palavra todos os significados.

Anatta, ou anatman, refere-se à noção da inexistência de um "eu". Após uma análise cuidadosa, verifica-se que nenhum fenômeno é realmente "eu" ou "meu", estes conceitos são, na realidade, construídos pela mente.

O nikayas, no anatta, não é entendido como uma afirmação metafísica, mas como uma aproximação para ganhar sofrimento. O Buda rejeitou ambos os conceitos, afirmando que eles nos ligam ao sofrimento.



Originação dependente

A doutrina do pratītyasamutpāda é uma parte importante da metafísica budista. Ela afirma que os fenômenos surgem juntos em uma teia interdependente de causa e efeito. É variavelmente traduzida como "orientação dependente", "gênese condicionada", "co-dependente decorrentes" ou "emergência".

O conceito mais conhecido e aplicado do pratītyasamutpāda é o regime dos Doze Nidānas (do páli: nidāna, que significa "provocar", "fundação", "fonte" e "origem"), que explicam a continuação do ciclo de sofrimento e renascimento em detalhe. Os Doze Nidānas descreve uma relação entre as características subsequentes, cada uma dando origem ao nível seguinte:

1.Avidyā: ignorância (especificamente espiritual

2.Saṃskāras: formações;

3.Vijñāna: consciência;

4.Nāmarūpa: nome e forma (refere-se à mente e ao corpo;

5.Ṣaḍāyatana: suas bases do sentidos (olhos, nariz, ouvidos, língua, corpo e mente);

6.Sparśa: contato (traduzido, também, como "impressão" ou "estimulo" por um objeto);

7.Vedanā: sensação, traduzida como algo "desagradável", "agradável" ou neutro;

8.Tṛṣṇā: sede, mas, no budismo, refere-se ao desejo;

9.Upādāna: apego ou apreensão[41];

10.Bhava: ser (existência) ou se tornar (no Teravada possui dois significados: o carma, que produz uma nova existência, e a existência em si);

11.Jāti: nascimento (entendido como ponto de partida);

12.Jarāmaraṇa: velhice e morte, também traduzida, através do śokaparidevaduḥkhadaurmanasyopāyāsa, como tristeza, lamentação, dor e miséria..

 Vazio

O budismo Maaiana foi fundado baseado na teorias de Nagarjuna, provavelmente o estudioso mais influente dentro das tradições da escola budista. A principal contribuição do filósofo budista foi a exposição sistemática do conceito de sunyata, ou "vazio", comprovada amplamente nos sutras, como Prajnaparamita, importantíssimos na época.

O conceito de "vazio" reúne as outras principais doutrinas budistas, particularmente a anatta e a pratītyasamutpāda (orientação dependente), para refutar a metafísica da Sarvastivada e Sautrāntika (não extintas da escola Maaiana).

Para Nagarjuna, não são apenas os seres sencientes que estão vazios de atman; todos os fenômenos (dharmas) são, sem qualquer svabhava (literalmente "própria natureza" ou "autonatureza") e, portanto, sem qualquer essência fundamental, pois eles são vazios de ser independentes, assim, as teorias heterodoxas de Svabhava, circuladas na época, foram desmentidas com base nas demais doutrinas budistas.

Os pensamentos de Nagarjuna são conhecidos como Madhyamaka. Alguns dos escritos atribuídos a Nagarjuna fazem referências explícitas aos textos de Maaiana, mas sua filosofia foi argumentada dentro dos "parênteses" estabelecidos pela ágama.

Ele pode ter chegado à sua posição a partir de um desejo de alcançar uma exegese coerente da doutrina do Buda, tal como o Canon. Aos olhos de Naharjuna, o Buda não era apenas um precursor, mas o próprio fundador do sistema Madhyamaka.

Os ensinamentos sarvastivada, que foram criticados por Nagarjuna, foram reescritos por estudiosos como Vasubandhu e Asanga e foram, posteriormente, adaptados para a prática do Yoga (sâncrito: Yogacara).

Enquanto a escola Madhyamaka declarou que afirmar a existência ou a inexistência de qualquer coisa, em última análise, era inadequado, contudo, alguns expoentes da Yogacara afirmaram que a mente, e só a mente, é real (doutrina conhecida como consciência). Entretanto, nem todos dentro do Yogacara consideram essa afirmação; Vasubandhu e Asanga, em particular, são um exemplo.

Além do vazio, a escola Maaiana, muitas vezes, dá ênfase nas noções de dicernimento espiritual pleno (prajnaparamita) e na natureza búdica (tathagatagarbha, que significa "embrião budista").

De acordo com o sutras de tathagatagarbha, o Buda revelou a realidade da imortal natureza budista, que se diz ser inerente a todos os seres vivos e permite que todos eles, eventualmente, atinjam a iluminação completa, ou seja, tornando-se Budas.

Especulações contra a existência direta na epistemologia budista

A distinção entre o budismo e outras escolas filosóficas indianas é uma questão da justificação da epistemologia. Apesar de todas as escolas de lógica indiana reconhecerem vários conjuntos das justificativas válidas para o conhecimento (pramana), o budismo, por sua vez, reconhece um conjunto menor do que os outros. Todos aceitam a percepção e a inferência, por exemplo, mas, algumas escolas budistas não.

De acordo com as escrituras, durante a sua vida, o Buda permaneceu em silêncio quando questionado sobre as várias questões metafísicas. São perguntas como: se o universo é eterno ou não (ou se é finito ou infinito), se há unidade ou separação do corpo e do atman, a inexistência completa de uma pessoa depois do nirvana, entre outros.

Uma explicação para esse silêncio é que tais questões atrapalham a atividade prática para o bodhi[nb 1] e trazem o perigo de substituir a experiência de libertação através da compreensão conceitual da doutrina ou pela fé religiosa.

Escolas

O budismo dividiu-se em várias escolas, das quais algumas vieram a se extinguir. A principal divisão atualmente existente é entre a escola Theravada e a Mahayana.

As escolas numericamente mais expressivas na atualidade são:

Nitiren, várias escolas budistas e organizações laicas, cuja tradição se iniciou no século XII, no Japão, com o monge Nitiren;

Theravada, estabelecida no sudeste asiático;

as escolas tântricas do Budismo tibetano (Nyingma, Kagyu, Gelug, Sakya) que fazem parte da Mahayana;

Zen japonês e Chan chinês, escolas com ênfase na meditação . Alguns estudiosos consideram estas escolas como uma linhagem Mahayana. Outros, no entanto, dizem que, pela ênfase ser diferente e pelo Zen/Chan ser "descendente" também do taoismo, devem ser considerados uma escola à parte;

as escolas japonesas devocionais da Terra Pura (Jodo Shu) e Verdadeira Terra Pura (Jodo Shinshu), todas Mahayana.

Nirvana

1.É a meta do budismo.

2.É o apagar do fogo das paixões e a extinção do ego.

3.É não necessitar mais reencarnar.

4.É o que todo budista procura por toda vida, a paz absoluta.

5.É o que faz do homem comum um Buda.

6.É a iluminação.

Origens


Buda na ilha de Lantau, em Hong Kong

O budismo formou-se no nordeste da Índia, entre o século VI a.C. e o século IV a.C.. Este período corresponde a uma fase de alterações sociais, políticas e econômicas nessa região do mundo. A antiga religiosidade bramânica, centrada no sacrifício de animais, era questionada por vários grupos religiosos, que geralmente orbitavam em torno de um mestre.

Um desses mestres religiosos, como visto acima com mais detalhes, foi Siddhartha Gautama, o Buda, cuja vida a maioria dos acadêmicos ocidentais e indianos situa entre 563 a.C. e 483 a.C., embora os acadêmicos japoneses considerem mais provável as datas 448 a.C. a 368 a.C.. Siddhartha nasceu na povoação de Kapilavastu, que se julga ser a aldeia indiana de Piprahwa, situada perto da fronteira indo-nepalesa. Pertencia à casta guerreira (ksatriya).

Várias lendas posteriores afirmam que Siddhartha viveu no luxo, tendo o seu pai se esforçado por evitar que o seu filho entrasse em contato com os aspectos desagradáveis da vida.

Por volta dos 29 anos, o jovem Siddhartha decidiu abandonar a sua vida, renunciando a todos os bens materiais e adotando a vida de um renunciante. Praticou o ioga (numa forma que não é a mesma que é hoje seguida nos países ocidentais) e seguiu práticas ascéticas extremas, mas acabou por abandoná-las, vendo que não conseguia obter nada delas. Segundo a tradição, ao fim de uma meditação sentado debaixo de uma figueira, descobriu a solução para a libertação do ciclo das existências e das mortes que o atormentava.

Pouco depois, decidiu retomar a sua vida errante. Chegou a um bosque perto de Benares, onde pronunciou um discurso religioso diante de cinco jovens, que convencidos pelos seus ensinamentos, se tornaram os seus primeiros discípulos e com quem formou a primeira comunidade monástica (sangha). O Buda dedicou, então, o resto da sua vida (talvez trinta ou cinquenta anos) a pregar a sua doutrina através de um método oral, não tendo deixado quaisquer escritos.



Cosmologia

A cosmologia budista considera que o Universo é composto por vários sistemas mundiais, sendo que cada um desses possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio que dura bilhões de anos. Num sistema mundial existem seis reinos, que por sua vez incluem vários níveis, num total de trinta e um.

O reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno budista é diferente da concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino; os seres que habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali se esgota. Por outro lado, o budismo considera que existem não apenas infernos quentes, mas também infernos frios.

Acima do reino dos infernos pelo lado esquerdo, encontra-se o reino animal, o único dos vários reinos perceptível aos humanos e onde vivem as várias espécies. Acima do reino dos infernos pelo lado direito, encontra-se o mundo dos espíritos ávidos ou fantasmas (preta).

Os seres que nele vivem sentem constantemente sede ou fome, sem nunca terem essas necessidades saciadas. A arte budista representa os habitantes desse reino como tendo um estômago do tamanho de uma montanha e uma boca minúscula.

O reino seguinte é o dos Asura (termo traduzido como "Titãs" ou dos antideuses). Os seus habitantes ali nasceram em resultado de acções positivas realizadas com um sentimento de inveja e competição e vivem em guerra constante com os deuses.

O quinto reino é o dos seres humanos. É considerado como um reino de nascimento desejável, mas ao mesmo tempo difícil. A vida enquanto humano é vista como uma via intermédia nessa cosmologia, sendo caracterizada pela alternância das alegrias e dos sofrimentos, o que de acordo com a perspectiva budista favorece a tomada de consciência sobre a condição samsárica.

O último reino é o dos deuses (deva) e é composto por vários níveis ou residências. Nos níveis mais próximos do reino humano, vivem seres que, devido à prática de boas acções, levam uma acção harmoniosa. Os níveis situados entre o vigésimo terceiro e o vigésimo sétimo são denominados como "Residências Puras", sendo habitadas por seres que se encontram perto de atingir a iluminação e não voltarão a renascer como humanos.

Escrituras



Edição do Cânone PaliBuda não deixou nada escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano em que o Buda faleceu teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra, onde discípulos do Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que os transmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade desse concílio é alvo de debate: para alguns esse relato não passa de uma forma de legitimação posterior da autenticidade das escrituras.

Por volta do século I d.C., os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde se constituiu o denominado Cânone Pali. O Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como contendo os textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda. Não existem, contudo, no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão, que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano.

O canône budista divide-se em três grupos de textos, denominado "Triplo Cesto de Flores" (tipitaka em pali e tripitaka em sânscrito):

1.Sutra Pitaka: agrupa os discursos do Buda tais como teriam sido recitados por Ananda no primeiro concílio. Divide-se por sua vez em vários subgrupos;

2.Vinaya Pitaka: reúne o conjunto de regras que os monges budistas devem seguir e cuja transgressão é alvo de uma penitência. Contém textos que mostram como surgiu determinada regra monástica e fórmulas rituais usadas, por exemplo, na ordenação. Estas regras teriam sido relatadas no primeiro concílio por Upali;

3.Abhidharma Pitaka: trata do aspecto filosófico e psicológico contido nos ensinamentos do Buda, incluindo listas de termos técnicos.

Quando se verificou a ascensão do budismo Mahayana, essa tradição alegou que o Buda ensinou outras doutrinas que permaneceram ocultas até que o mundo estivesse pronto para recebê-las; dessa forma a tradição Mahayana inclui outros textos que não se encontram no Theravada.



Difusão do budismo

Índia

Estátua de Buda no Templo Mahabodhi, em Bodh Gaya, Índia

A partir do seu local de nascimento no nordeste indiano, o budismo espalhou-se para outras partes do norte e para o centro da Índia. Durante o reinado do imperador mauria Asoka, que se converteu ao budismo e que governou uma área semelhante à da Índia contemporânea (com excepção do sul), essa religião consolidou-se.

Após ter conquistado a região de Kalinga pela força, Asoka decidiu que a partir de então governaria com base nos preceitos budistas. O imperador ordenou a construção de hospedarias para os viajantes e que fosse proporcionado tratamento médico não só aos humanos, mas também aos animais. O rei aboliu também a tortura e provavelmente a pena de morte.

A caça, desporto tradicional dos reis, foi substituída pela peregrinação a locais budistas. Apesar de ter favorecido o budismo, Asoka revelou-se também tolerante para com o hinduísmo e o jainismo.

Asoka pretendeu também divulgar o budismo pelo mundo, como revelam os seus éditos. Segundo estes, foram enviados emissários com destino à Síria, Egipto e Macedónia (embora não se saiba se chegaram aos seus destinos) e para o oriente, para um terra de nome Suvarnabhumi (Terra do Ouro) que não se conseguiu identificar com segurança.

O império mauria chegou ao fim em finais do século II a.C.. A Índia foi então dominada pelas dinastia locais dos Sunga (c.185-173 a.C.) e dos Kanva (c.73-25 a.C.), que perseguiram o budismo, embora este conseguisse prevalecer.

Perto do início da era actual, o noroeste da Índia foi invadido pelos citas, que formariam a dinastia dos Kuchans. Um dos mais importantes reis desta dinastia, Kanishka (c. 127-147), foi um grande proselitista do budismo.

Durante a era da dinastia Gupta (320-540), os monarcas favorecem o budismo, mas também o hinduísmo. Em meados do século VI, os Hunos Brancos, oriundos da Ásia Central, invadem o noroeste da Índia, provocando a destruição de inúmeros mosteiros budistas.

A partir de 750, a dinastia Pala governou no nordeste da Índia até ao século XII, apoiando os grandes centros monásticos budistas, entre os quais o de Nalanda. Contudo, a partir do século XII, o budismo entra num declínio definitivo devido a vários factores. Entre estes, encontravam-se o revivalismo hindu, que se manifestou com figuras como Adi Shankara e pelas invasões dos muçulmanos dos séculos XII e XIII.

Embora o budismo tenha passado por uma verdadeira renovação a partir de 1959, ano em que o Dalai Lama escolhe o exílio, ele parece quase ausente da Índia, a ponto de termos, muitas vezes, de seguir turistas estrangeiros para localizar os lugares santos de antigamente. Nesse percurso, ao longo dos séculos, o budismo suscitou desvios, heresias, seitas.

Sri Lanka e Sudeste da Ásia



Wat Mahathat, Sukhothai, Tailândia

A tradição cingalesa atribui a introdução do budismo no Sri Lanka ao monge Mahinda, filho de Asoka, que teria chegado à ilha em meados do século III a.C., acompanhado por outros missionários. Esse grupo teria convertido ao budismo o rei Devanampiya Tissa e grande parte da nobreza local.

O rei ordenou a construção do Mahavihara ("Grande Mosteiro" em pali) na então capital do Sri Lanka, Anuradhapura. O Mahavihara foi o grande centro do budismo Theravada na ilha nos séculos seguintes.

Foi no Sri Lanka que, por volta do ano 80 a.C., se redigiu o Cânone Pali, a colectânea mais antiga de textos que reflectem os ensinamentos do Buda. No século V d.C., chegou à ilha o monge Buddhaghosa que foi responsável por coligir e editar os primeiros comentários feitos ao Cânone, traduzindo-os para o pali.

Na Tailândia, o budismo lançou raízes no século VII nos reinos de Dvaravati (no sul, na região da actual Banguecoque) e de Haripunjaya (no norte, na região de Lamphun), ambos reinos da etnia Mon. No século XII, o povo Tai, que chegou ao território vindo do sudoeste da China, adoptou o budismo Theravada como a sua religião.

A presença do budismo na Península Malaia está atestada desde o século IV d.C., assim como nas ilhas de Java e Sumatra. Nessas regiões, verificou-se um sincretismo entre o budismo Mahayana e o xivaísmo, que está ainda hoje presente em locais como a ilha de Bali.

Entre o século VII e o século IX, a dinastia budista dos Xailendra governou partes da Indonésia e a Península Malaia, tendo sido responsável pela construção do Borobodur, uma enorme stupa que é o maior monumento existente no hemisfério sul. O Islão chegou à Indonésia no século XIV, trazido pelos mercadores, acabando por substituir o budismo como religião dominante. Actualmente o budismo é principalmente praticado pela comunidade chinesa da região.

China



Pintura nas grutas de Bezeklik, oeste da China, retratando monges budistas

A tradição atribui a introdução do budismo na China ao imperador han Ming-Ti. Este imperador teve um sonho no qual viu um ser voador dourado, interpretado como uma visão do Buda, e ordenou que fossem enviados emissários à Índia para que trouxessem a doutrina.

Independentemente da tradição, o budismo só se espalhou na China nos séculos V e VI com o apoio da dinastia Wei e Tang. Durante este período estabelecem-se na China escolas budistas de origem indiana ao mesmo tempo que se desenvolvem escolas próprias chinesas. poppo

Coréia e Japão

Kanji japonês para "Zen"

O budismo entrou na Coreia no século IV. Nesta altura, a Coreia não era um território unificado, encontrando-se dividida em três reinos rivais: o reino de Koguryo no norte, o reino de Paekche no sudoeste e o reino de Silla no sudeste. Estes três reinos reconheceriam o budismo como religião oficial, tendo sido o primeiro a fazê-lo Paekche (384), seguindo-se o Koguryo (392) e Silla (528).

Em 668, o reino de Silla unificou a Coreia sob o seu poder e o budismo conheceu uma era de desenvolvimento. Foi nesse período que viveu o monge Wonhyo Daisa (617-686), que tentou promover um budismo do qual fizessem parte elementos de todas as seitas. No século VIII, foi difundido na Coreia o budismo da escola chinesa Chan, denominado son (ou seon)em coreano e que se tornou a escola dominante. O budismo continuou a florescer durante a era Koryo (935-1392), até que a dinastia Li (1392-1910) favoreceu o confucionismo.

A partir da Coréia e da China, o Budismo foi introduzido no Japão em meados do século VI. Em 593, o princípe Shotoku declarou-o como religião do Estado, mas o budismo foi até à Idade Média um movimento ligado à corte e à aristocracia sem larga adesão popular (os missionários coreanos tinham apresentado à corte japonesa o budismo como elemento de protecção nacional).

Durante a era Nara (710-794)-Héian (794-1185), várias seitas de expressão chinesa começaram a implantar-se no Japão. São deste último período a escola Shingon e Tendai (Tien Tai). Durante a era Kamakura (1185-1333), o budismo populariza-se finalmente com as escolas Terra Pura, Nitiren Daishonin e Zen (Chan)nas suas principais vertentes chinesas das escolas Rinzai (Linji) e Soto (Caodong).

Tibete


Deus lamaísta da fortuna

No Tibete, o budismo propagou-se em dois momentos diferentes. O rei Srong-brtsan-sgam-po (Songtsen Gampo, c.627-c.650), influenciado pelas suas duas esposas budistas, decidiu mandar chamar ao Tibete monges indianos para ali difundirem a religião.

Durante o reinado de Khri-srong-lde-btsan (Trisong Deutsen), construiu-se o primeiro mosteiro budista tibetano e em 747 chegou ao território o notável iogue indiano Padmasambhava, que organizou o budismo tibetano e fundou a escola hoje conhecida como Nyingma (ou "escola da tradição antiga", em relação às posteriores escolas estabelecidas por outros professores). Contudo, uma reacção hostil da religião indígena, o Bon, levaria ao declínio do budismo nos dois séculos seguintes.

O budismo seria reintroduzido no Tibete a partir do século XI, com a ajuda do monge indiano Atisa, que chegou ao território em 1042. Com o passar do tempo, formaram-se quatro escolas: Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa.

Em 1578, membros desta última escola converteram o mongol Altan Khan à sua doutrina. Alta Khan criou o título de Dalai Lama, que concedeu ao líder da escola Gelugpa. Em 1641, com ajuda dos mongóis, o quinto Dalai Lama derrotou o último príncipe tibetano e tornou-se o líder temporal do Tibete.

Os seguintes dalai lamas foram na prática os governantes do Tibete até à invasão chinesa. O quinto dalai lama criou o cargo de Panchen-lama, que reside no mosteiro de T-shi-lhum-po e que foi visto como uma encarnação do Amitabha.

Em dois artigos seguintes se dá a conhecer as deusas mais veneradas no budismo.



sexta-feira, setembro 17

DEUSA KANNON BOSATSU



Kannon Bosatsu (觀音菩薩/観音菩薩/观音菩萨) é um bodhisattva que personifica a caridade.
Seu nome sânscrito é Avalokiteshvara (अवलोकितेश्वर), em tibetano é dito Cherenzig, e representa a suprema compaixão de todos os budas.

Corresponde à divindade chinesa, Kun Ian, Guan Yin (觀音/観音/观音) (觀音菩薩/観音菩薩/观音菩萨, também Kuan Yin) — a deusa da compaixão e piedade venerada em diversos países da Ásia.

Entidade padroeira da Seicho-No-Ie e da Igreja Messiânica Mundial inclusive havendo forte ligação entre Kannon e o fundador da Igreja(Meishu Sama) como se vê neste ensinamento: Kannon e Eu Significa Amor de Deus, Lei da Mente que permeia o universo.

Kan = perceber Zeon = som (vibração) Kanzeon = acto de salvar o outro, manifestando-se numa forma adequada às vibrações mentais de cada pessoa. Bosatsu - pessoa devotada ao aprimoramento espiritual.

DEUSA KUN IAM



Kuan Yin ou Guanyin (em chinês: 觀音; pinyin: Guānyīn; Wade-Giles: kuan-yin; em japonês: Kannon; em coreano: Gwan-eum; vietnamita: Quan Âm) é o bodisatva associado com a compaixão tal como é venerada pelos budistas da Ásia Oriental, geralmente na forma feminina.

O nome Guanyin e uma abreviação de Guanshiyin (觀世音; pinyin: Guānshìyīn; Wade-Giles: kuan-shih yin) que significa "Observar os Sons (ou Gritos) do Mundo".

Os fieis de origem chinesa geralmente aceitam que Guanyin se originou com o Avalokiteśvara (अवलोकितेश्वर) sânscrito, sua forma masculina.

Comumente conhecida nos idiomas ocidentais como Deusa da Misericórdia, Guanyin também é cultuada pelos taoístas chineses como um dos Oito Imortais; na mitologia taoísta, no entanto, possui histórias relacionadas à sua origem que não são relacionadas diretamente a Avalokiteśvara.



A misericórdia em diferentes culturas

No budismo chinês, Kuan Yin, Guan Yin ou Guānyīn 觀音representa a compaixão ou misericórdia de todos os Buddhas e tem sua simbologia advinda do bodhisattva Avalokiteshvara, em sânscrito Avalokiteśvara (अवलोकितेश्वर), divindade tradicionalmente masculina do budismo indiano, que dá origem a várias representações asiáticas, e que chega à China com o budismo no ano de 67, sincretizando-se com divindades femininas locais.

Mais tarde, no arquipelago das ilhas Filipinas, muito influenciado pela presenca do catolicismo espanhol, passou a ganhar aspectos de Madona.

Kuan Yin está associada às características femininas da maternidade e proteção, na China ligadas milenarmente de modo bastante forte à misericórdia

Também no Japão a representação budista da misericórdia tem características femininas predominantes, sendo conhecida como Kannon Bosatsu観音菩薩.

No budismo tibetano recebe o nome Chenrezig, e, assim como Avalokiteśvara na Índia, tem características masculinas predominantes.

A dança da Deusa da Misericórdia

O coreógrafo chinês Zhang Jigang criou uma apresentação de dança para permitir ao público contemplar a "Kuan Yin de Mil Braços". O canal de televisão "China Central" apresentou este espetáculo ao vivo como comemoração do Ano Novo Chinês (link para um trecho do vídeo nas "páginas externas").



A dança foi apresentada por 21 dançarinas surdas integrantes da "Companhia de Arte Performática Chinesa de Deficientes Físicos." Posicionadas numa longa fila, as bailarinas conseguem dar aos espectadores a ilusão de que os movimentos de seus múltiplos braços e pernas pertencem à figura de uma única deusa.

Nu-Kua ou Kuan yin

Há cerca de seis ou sete mil anos havia um mito universal de que todos os seres eram provenientes do útero de uma Mãe Cósmica; tal mito da criação universal teve lugar durante uma fase informe do mundo, aonde nada podia ainda ser identificado.

Inicialmente cultuada na Índia, como Kali, a Mãe Informe, recebeu depois o nome de Tiamat (Babilônia), Nu Kua (China), Temut (Egito), Têmis (Grécia pré-helênica) e Tehom (Síria e Canaã) --este último foi o termo usado mais tarde pelos escritores bíblicos para Abismo.

As mais antigas noções de criação se originavam da idéia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole.

Acreditava-se que a partir do sangue divino do útero e através de um movimento, dança ou ritmo cardíaco, que agitasse este sangue, surgissem os "frutos", a própria maternidade.

Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso"  organizou, separou e definou os elementos que compõem e produzem o cosmos; a esta energia organizadora os gregos deram o nome de Diakosmos, a Determinação da Deusa.

Os egípcios, nos hieroglifos, chamaram este coração de ab e os hebreus foram os primeiros a chamar de pai (ainda que masculinizassem, a idéia fundamental de família e continuidade da vida não era patriarcal).

O coração e o sangue definem um elo imanente a todos os seres que dele nasceram e uma idéia de coração oculto do universo que pulsa e mantém o ritmo de ciclos das estações, dos nascimentos, mortes, destinos. Este é o significado que está no Livro dos Mortos ou das Mutações. No mesmo sentido o livro chinês é denominado Livro das Mutações.

O nome chinês dado à Mãe Primordial e informe é Nu Kua, nome referido também entre os egípcios, gregos, mesopotâmicos e hindus. As referências a ela remontam há 2.500 a.C. e a imagem permanece venerada nas regiões setentrionais. Kuan Yin ou A Mulher é uma deusa dos casamentos e das mulheres em geral.

O corpo original do I Ching chama-se (Oito Trigramas) e os sessenta e quatro hexagramas são denominados por kua, derivado linguísitico de Mãe Primordial ou Nu Kua.



Imagem da deusa Kun Ian em Macau

MITOLOGIA EGÍPCIA

Antiga religião egípcia (ou mitologia egípcia) é o nome dado a religião praticada no antigo Egito desde o período pré-dinástico, a cerca de 3.000 anos a.C. até o surgimento do cristianismo. Inicialmente era uma religião politeísta por crer em várias divindades, como forças da natureza. Ao passar de séculos, a crença passou a ser mais diversificada, sendo considerada henoteísta, porque acreditava em uma divindade criadora do universo, tendo outras forças independentes, mas não iguais a este.

Também pode ser considerada monoteísta, pois tinha a crença em um único deus, as outras divindades eram neteru (plural de neter), o que podem ser chamados de "anjos de deus", o que seriam vários aspectos de um mesmo deus. A religião era praticada em templos e santuários domésticos. A religião ainda é praticada atualmente, porém com minorias. O kemetismo é uma reconstrução neopagã da religião ainda praticada actualmente


Estudo e fontes

O estudo da religião é baseado nos textos em contidos em templos, santuários, papiros sagrados ou túmulos. Os textos estão em egípcio, que é escrito em hieróglifos, carecteres que são desenhos ou símbolos. Os arqueólogos e egiptológos descobriram que o livro sagrado da religião era o Livro dos Mortos, onde estão as mais variadas e importantes informações.

Cosmologia e criação

O princípio do universo é a formação única de Deus, que não se fez do nada, e sim, autocriou seus aspectos. Os aspectos de Deus, como dito anteriormente, chamam-se neteru (no singular: neter no masculino e netert no feminino).

 Tudo vem a início de um líquido infinito cósmico chamado Nun (Nu ou Ny), este é o ser subjetivo. Quando esse líquido se autocria e torna-se real, é Atum, o ser objetivo. Essa passagem é semelhante a passagem de inconsciente para consciente do ser humano.

 Atum criou uma massa única universal, que deu origem há uma explosão (Big Bang), porém pré-planejada. Mas o universo era formado apenas por nêutrons, sem elétrons ou prótons. Atum também tem o poder de "tornar-se a si mesmo", que segundo os antigos egípcios, é algo muito complicado para um humano, seria uma "obra divina".

Mas isto é o princípio da Terra. A oração para a transformação de Atum, é a seguinte:

Salutamos a vós, Atum!

Salutamos a vós, aquele que torna a si mesmo!

Vós sois em vosso nome o altíssimo!

Vós tornais em vosso nome Khepri, aquele que se torna si mesmo!.

Khepri, é um nome dado ao primeiro neter da Terra, Rá, o que é outra forma de Atum. Para criar a Terra, Rá deu origem ao Sol da manhã, enquanto o Sol da tarde era Atum. Cuspiu Chu e Tefnut, que deram origem a ar e a umidade. A seguir outro texto de "obra divina":

Fui anterior aos dois anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os dois anteriores que criei.

Visto que meu nome é anterior ao deles, porque criei-os antes dos dois anteriores.

Os próximos neteru a serem gerados eram Geb e Nut, que criaram os dois ambientes da Terra: o céu e a terra (plana). Estes também deram origem aos quatro neteru da vida: Osíris, Ísis, Seth e Néftis. Osíris criou a vida no além e todo o processo de jornada até o céu.

Ísis é responsável por todos os seres vivos. Seth representa os opostos, mas também coisas más, como ódio e caos. Néftis representa o deserto, a orientação, e o ato de morte. A história desses quatro neteru é a origem do próximo a ser gerado. Lembrando que as próximas histórias são semelhantes aos humanos porque esses neteru eram de espécies bem próximas aos humanos.

Existem milhares de versões, no geral a história é a seguinte: Osíris era o neter que criou o ciclo de vida e morte, por isso governava a terra. Seth, movido a inveja, resolveu armar uma forma de matá-lo.

Então, de forma incerta, provavelmente mostrando outra intenção, o trancafiou em um caixão e jogou no Nilo para se perder e ninguém nunca achar. Néftis percebeu isso e avisou Ísis, quando começaram a procurar e encontraram um caixão, e recuperaram Osíris.

Seth como era uma forma do mal, esquartejou a forma material de Osíris em 40 pedaços e espalhou-os por todo o deserto e no Nilo. Ísis, depois de muito tempo, conseguiu encontrar todos eles, exceto o pênis, que foi devorado por três peixes. Então, Osíris uniu-se a Ísis e gerou um filho, a primeira ideia de "imaculada concepção", ela ficou conhecida com "Virgem Ísis". O filho era Hórus, o herdeiro que então lutou contra Seth, perdendo um olho na batalha, mas consegui vencê-lo.

 Esse olho ficou conhecido como "Olho de Hórus", que foi reconhecido como símbolo de proteção pelos egípcios. A seguir uma oração relacionada a isso:

Ó benevolente Ísis


que protegeu o seu irmão Osíris,


que procurou por ele incansavelmente,


que atravessou o país enlutada,


e nunca descansou antes de tê-lo encontrado.


Ela, que lhe proporcionou sombra com suas asas


e lhe deu ar com suas penas,


que se alegrou e levou o seu irmão para casa.


Ela, que reviveu o que, para o deseperançado, estava morto,


que recebeu a sua semente e concebeu um herdeiro,


e que o alimentou na solidão,


enquanto ninguém sabia quem era...''


Os templos






Pilone do Templo de Luxor

Pilone do Templo de Edfu visto desde o pátio

Os templos no Antigo Egipto eram entendidos como os locais onde residia a divindade (hut-netjer, "casa do deus"), que poderia ser acompanhada pela sua família e por outras Divindades, sendo por isso muito diferentes dos modernos edifícios religiosos onde se congregam os crentes.

Os templos dos períodos mais antigos da história do Antigo Egipto, como o Império Antigo e o Império Médio, não chegaram em bom estado até aos dias de hoje, pelo que são as construções do Império Novo e da época ptolomaica que permitem o conhecimento da estrutura dos templos. Na estrutura "clássica" dos templos egípcios podem ser distinguidas três partes: o pátio, as salas hipóstilas e o santuário.

À entrada de um templo encontravam-se obeliscos e estátuas monumentais, que antecediam o pilone. Nos templos do Império Novo é comum a existência de uma avenida de acesso ladeada por esfinges com corpo de leão e cabeça de carneiro (que se acreditava protegerem o templo e o deus), na qual desfilava a procissão em dias de festa.

Um pilone era uma porta monumental composta por duas torres em forma de trapézio, entre as quais se situava a entrada propriamente dita. Nas paredes do pilone representavam-se as divindades ou muitas vezes a cena clássica na qual se vê o faraó a atacar os inimigos do Egipto.

Passado o pilone existia uma grande pátio (uba), a única zona acessível ao público, onde a estátua da Divindade era mostrada nos dias de festa. O pátio era rodeado por colunas e possuía por vezes um altar (aba), onde se efectuavam os sacrifícios.

Este pátio precedia uma sala hipóstila (ou seja uma sala de colunas), mais ou menos imersa na escuridão, que antecedia outros salas onde se guardavam a mesa de oferendas e a barca sagrada. Finalmente, achava-se o santuário do deus (kari). Se os faráos entedessem ampliar um templo construiam-se novas salas, átrios e pilones.

Os templos mais importantes poderiam possuir um lago sagrado, nilómetros, Per Ankh Casas de Vida, armazéns e locais para a residência dos sacerdotes.

O culto nos templos

Barca processional na naos do Templo de EdfuTeoricamente o rei egípcio tinha o dever de realizar a liturgia em cada templo. Uma vez que era fisicamente impossível para o rei estar presente em todos os templos que existiam no Egipto, o soberano nomeava representantes para realizar as cerimónias a Deus. Os reis só visitavam os templos em ocasiões especiais associadas a festivais, o que não impede que sejam representados nos templos fazendo oferendas as Divindades.

A vida nos templos seguia o curso da vida normal. Antes do nascer do sol, abatiam-se os animais que seriam oferecidos as Divindades. Os sacerdotes purificavam-se com água e vestidos com trajes brancos entravam em procissão no templo.

No pátio do templo os sacerdotes apresentavam as suas oferendas e queimavam incenso. Um sacerdote dirigia-se ao santuário da Divindade, uma sala especialmente consagrada, localizada na parte mais reservada do templo. Aqui o sacerdote acendia um archote e abria o naos, tabernáculo onde se guardava a estátua da Divindade.

O sacerdote apresentava-se a Divindade e anunciava vir cumprir os seus deveres. Limpava o tabernáculo, queimava incenso, lavava a estátua e aplicava sobre ela óleos, vestia-a, maquilhava-a e colocava-lhe a coroa. Terminado este processo o sacerdote coloca a estátua no naos, abandonando a sala apagando o archote e as pegadas que fez. Ao meio-dia poderia ser feita uma nova cerimónia na qual se oferecia alimentos.

Fonte - Enciclopedia livre
Nos próximos artigos iremos conhecer as Deusas do antiigo Egipto