Na Tailândia existem mais de 40 variedades de bananas.
Folheto da Feira de Agricultura
O articulista, hoje, passou o dia visitando a Feira Agricola na Universidade Kaset, onde uma vez mais pode ver uma variedade imensa de bananas.
Fotos tiradas pelo articulista
Banana
Banana é uma
pseudobaga da
bananeira, uma planta
herbácea vivaz
acaule da família
Musaceae (género
Musa - além do género
Ensete, que produz as chamadas "falsas bananas"). Banana é o quarto produto alimentar mais produzido no mundo, após
arroz,
trigo e
milho. São cultivadas em 130 países. Originárias do sudeste da
Ásia, são actualmente cultivadas em praticamente todas as regiões tropicais do planeta. Vulgarmente, inclusive para efeitos comerciais, o termo "banana" refere-se às frutas de
polpa macia e doce que podem ser consumidas cruas. Contudo, existem variedades de cultivo, de polpa mais rija e de casca mais firme e verde, geralmente designadas por plátanos,
banana-pão ou plantains, que são consumidas cozinhadas (assadas, cozidas ou fritas), constituindo o alimento base de muitas populações de regiões tropicais. A maioria das bananas para exportação é do primeiro tipo, ainda que apenas 10 a 15% da produção mundial seja para
exportação, sendo os
Estados Unidos da América e a
União Europeia as principais potências importadoras.
As bananas formam-se em cachos na parte superior dos "
pseudocaules" que nascem de um verdadeiro caule subterrâneo (
rizoma ou cormo) cuja longevidade chega a 15 anos ou mais. Depois da maturação e colheita do cacho de bananas, o pseudocaule morre (ou é cortado), dando origem, posteriormente, a um novo pseudocaule.
As pseudobagas formam-se em conjuntos (clusters) com até cerca de vinte bananas (cada conjunto é uma "penca"). Os cachos de bananas, pendentes na extremidade do falso caule da bananeira, podem ter 5 a 20 pencas e podem pesar de 30 a 50 kg.
Ainda que as espécies selvagens apresentem numerosas sementes, grandes e duras, quase todas as variedades de banana utilizadas na alimentação humana não têm sementes, como frutos
partenocárpicos que são, exceção feita à especie
Musa balbisiana, comercializada no mercado
indonésio, excepcionalmente com sementes.
Devido ao elevado teor de potássio em sua composição, as bananas são levemente
radioativas[1][2], mais do que a maioria dos outros frutos. Isso se deve à presença do
isótopo radioativo potássio-40 (40K), regularmente distribuído no
potássio ocorrente na natureza, apesar de que o
isótopo comum,
potássio-39 (39K), seja não-radioativo. Por esta razão, os ambientalistas em energia nuclear, por vezes, costumam referir-se à "dose equivalente em banana" de radiação para apoiar seus argumentos durante debates em congressos e encontros sobre a matéria. Embora a radioatividade da banana seja muito leve, todavia, grandes carregamentos da fruta em navios podem ser suficientes para disparar detetores ou sensores de radiação em determinadas circunstâncias.
Características
Generalidades
Cacho de bananas
verdes ainda na bananeira, a exibir o
umbigo da banana.
É de cor verde, quando imatura, chegando a
amarela ou
vermelha, quando madura. Seu formato é alongado, podendo, contudo, variar muito na sua forma a depender das variedades de cultivo. Essa variação também acontece com a polpa, que pode ser mole ou dura, ou ainda com incrustações meio duras, bem como de sabor mais doce ou mais acre. Assim como o
abacaxi, a banana também é fruto
partenocárpico, pois pode formar-se sem
fecundação prévia. É por isso que não possui
sementes. Depois de cortada, a banana escurece-se muito rapidamente, devido à
oxidação (pela presença da
vitamina C) em contato com o ar.
A espécie
Musa balbisiana, comercializada no mercado
indonésio contém, excepcionalmente, sementes, e é considerada uma das espécies ancestrais das actuais variedades híbridas das bananas geralmente consumidas.
Umbigo da banana
Do cacho da banana ainda imaturo (ou verde, como se usa dizer), da sua parte inferior sai um como que pendão, um extremo proeminente que se destaca das pencas e exibe uma coloração e uma consistência diferenciadas: é o chamado umbigo [do cacho] da banana, ou apenas umbigo da banana, que, cozido e preparado com outros ingredientes, é comestível de requintado sabor e alto valor nutricional. "Do cacho da banana sai um pendão.
No final deste, há um cone roxo. Seu miolo é comestível e é conhecido pelos pobres como umbigo de banana. Já os ricos, gente chique, costumam chamá-lo de coração de bananeira [ou coração de banana]".
Várias receitas culinárias usam o umbigo da banana: cozido com bacalhau, ou carne moída, ou linguiça de porco defumada; temperado e refogado simples; entre outras.
A tradição popular reporta ainda outros usos para o umbigo da banana. Alguns preparados caseiros com fins medicinais, como xaropes, são considerados eficazes.
Para ser utilizado como comestível (ou em preparações medicinais caseiras), o umbigo da banana precisa ser cortado, na posição certa (não muito próximo das pencas, apenas o bastante para se retirar o cone arroxeado do cacho ainda imaturo ou verde, o que favorece, pelo fluxo forçado da seiva, o amadurecimento do próprio cacho. Do cacho já maduro, não mais se aproveita o umbigo da banana, que terá escurecido e perdido o viço e uso culinário ou medicinal, aproveitando-se apenas como adubo.
Casca da banana
Apesar de parecer não utilizável, a casca da banana contém vários nutrientes, açúcares naturais como a glicose e sacarose e minerais. Com isso, pode ser aproveitada no consumo alimentício, proporcionando baixo custo sem deixar para trás o bom paladar. São diversos os exemplos pelos quais se pode aproveitá-la, como o brigadeiro de casca de banana, o bolo de casca de banana, a farinha, o bife empanado de casca de banana e vários outros.
Valor nutricional
Valor nutritivo de 100 gramas de
banana prata (valores apenas referenciais):
- Minerais:
- Cálcio, Ca (mg) - 6
- Ferro, Fe (mg) - 0,31
- Magnésio, Mg (mg) - 29
- Fósforo, P (mg) - 20
- Potássio, K (mg) - 396
- Sódio, Na (mg) - 1
- Zinco, Zn (mg) - 0,16
- Cobre, Cu (mg) - 0,1
- Manganês, Mn (mg) - 0,15
- Selênio, Se (μg) - 1,1
História
O cultivo de bananas pelo Homem teve início no sudeste da Ásia. Existem ainda muitas espécies de banana selvagem na
Nova Guiné, na
Malásia,
Indonésia e
Filipinas. Indícios arqueológicos e paleoambientais recentemente revelados em
Kuk Swamp na província das
Terras Altas Ocidentais da
Nova Guiné sugerem que esta actividade remonta pelo menos até
5000 a.C., ou mesmo até
8000 a.C.. Tais dados tornam esse local o berço do cultivo de bananas. É provável, contudo, que outras espécies de banana selvagem tenham sido objecto de cultivo posteriormente, noutros locais do sudeste asiático.
Em
650, os conquistadores
Islâmicos levaram-na para a
Palestina. Foram, provavelmente, os mercadores
árabes que a divulgaram por grande parte de
África, provavelmente até à
Gâmbia. A palavra
banana teve origem na África Ocidental e, adoptada pelos portugueses e espanhóis, veio a ser usada, por exemplo, na
língua inglesa.
Nos
séculos XV e
XVI, colonizadores portugueses começaram a plantação sistemática de bananais nas ilhas atlânticas, no Brasil e na costa ocidental africana. Mas elas permaneceram desconhecidas, por muito tempo, da maior parte da população européia. Por isso,
Júlio Verne, na obra "A volta ao mundo em oitenta dias" (
1872), descreve-a detalhadamente, pois sabe que grande parte dos seus leitores a desconhece.
Algumas fontes referem que já existiam espécies nativas de bananeira na América pré-colombiana, que se designaria como pacoba, mas, em termos gerais, não é dado crédito a tal informação.
Variedades e usos
Como alimento
Entre as bananas de mesa, contam-se as variedades
maçã,
ouro,
prata e
nanica (anã, baé, caturra, ou
Dwarf Cavendish). Esta última deve o seu nome ao porte da bananeira sendo, na verdade, uma banana de grande dimensão. Outras variedades incluem a banana das
Canárias, a banana da
Madeira, a
Gros Michael, a
Latacan, a
Nanican e a
Grande Anã. A variedade
Cambuta, como é designada em
Cabo Verde, é resistente em climas mais frios, sendo a mais utilizada em zonas subtropicais e temperadas/quentes. A variedade
Valery, introduzida pelos portugueses em
São Tomé, em
1965 e depois em
Angola, foi responsável por um surto na produção de bananas nesse país até
1974.
A banana, enquanto verde, é constituída essencialmente por
água e
amido, e, por isso, seu sabor é adstringente. Contudo, por essa mesma razão, pode ser utilizada como fonte de
hidratos de carbono em vários pratos. Pode ser produzida
farinha a partir de bananas verdes.
À medida que vão amadurecendo, o amido transforma-se em açúcares mais simples, como a
glicose e a
sacarose, que lhe dão o sabor doce.
Além de consumida fresca, a banana é utilizada para diversos fins. Em sobremesas de colher, citam-se o
Banana split, ou mesmo as
bananadas, feitas com
banana-anã ou com
banana-prata. Banana é também ingrediente indispensável na conhecida
salada de frutas (ainda que oxide facilmente), podendo, também, ser utilizada na confecção de
sangria. Mas a
banana-pão é muito utilizada para outros fins culinários, como na confecção de
banana chips — espécie de
aperitivo feito com rodelas de banana desidratada ou frita, ou como acompanhamento de diversos pratos tradicionais. As bananas
anã e
prata são frequentemente servidas cruas, misturadas com arroz e feijão ou com outros acompanhamentos. Em alguns locais do
Brasil, como em
Antonina e cercanias, serve-se
banana-terra cozida acompanhando o prato típico da região — o
barreado — bem como na forma de "bala de banana".
A
banana-da-terra e a
banana-figo são utilizadas fritas, tal como a
banana-anã, que deve, contudo, ser preparada à
milanesa — isto é, passada por ovo batido e, depois, por farinha de trigo e farinha de rosca antes de ser frita, caso contrário, desmancha-se durante a fritura. A
banana-anã é ainda utilizada para assar.
A produção de sumo a partir de banana é dificultada pelo facto de se produzir apenas polpa quando o fruto é esmagado. Assim, não é possível obter "verdadeiro" sumo de banana, ainda que a sua polpa possa ser misturada ao sumo de outros frutos. Existem, contudo, sumos fermentados feitos a partir da polpa. Esta pode ainda ser utilizada na confecção de diversas compotas (especialmente com
banana-figo e
banana-anã).
Existem relatos de que seria usada, esmagada com
mel, como remédio contra a
icterícia em determinadas regiões asiáticas (onde o rizoma da bananeira é utilizado para o mesmo fim).Apesar de parecer não utilizável, a casca da banana contém vários nutrientes, açúcares naturais como a glicose e sacarose e minerais. Com isso, pode ser aproveitada no consumo alimentício, proporcionando baixo custo sem deixar para trás o bom paladar.
É ainda muito utilizada na alimentação de animais. É proverbial seu uso na alimentação dos macacos. Salienta-se, porém, que a banana jamais deve ser utilizada como única fonte de alimentação de macacos, pois contém pouco cálcio e muito fósforo, causando desequilíbrio alimentar bastante comum, que prejudica a formação e a manutenção da estrutura óssea dos animais.
Fonte de fibras
A bananeira tem sido uma fonte de fibra para tecidos de alta qualidade. No Japão, o cultivo de banana para vestuário e uso doméstico remonta pelo menos ao século 13. No sistema japonês, folhas e brotos são cortados a partir da planta periodicamente para garantir a suavidade. Brotos colhidos são cozidos em primeiro em soda cáustica para preparar fibras para fazer fios têxteis.
Esses brotos de banana produzem fibras de diferentes graus de maciez, produzindo fios e tecidos com diferentes qualidades para usos específicos. Por exemplo, as fibras ultraperiféricas da brotos são mais rudes, sendo adequados para toalhas de mesa, enquanto as fibras mais suaves da parte interna são desejáveis para
quimonos e
hakamas. Este tradicional processo japonês de fazer roupas requer muitos passos, todos feitos à mão.
No sistema
nepalês, ao contrário, o tronco é colhido e pequenos pedaços são submetidos a um processo de amaciamento, extração de fibras mecânicas, branqueamento e secagem. A seguir, enviam-se as fibras para o
Vale de Katmandu, para uso em
tapetes de
seda com textura semelhante. Esses tapetes de fibra de bananeira são tecidos a mão pelos tradicionais métodos mepaleses e suas vendas são certificadas.
Transporte e comercialização
Apesar de o consumo das bananas ser prático e simples, o seu transporte, contudo, é delicado e requer cuidados especiais — amadurece rapidamente quando retirada de seu
cacho e amassa com facilidade por ter uma
casca não muito resistente. Além disso, como é uma fruta muito aromática, transfere o seu odor para objetos que com ela entrem em contato. A maior parte da produção para o mercado interno é constituída por bananas verdes para cozinhar ou
bananas-pão - as variedades utilizadas como fruta são facilmente danificadas durante o seu transporte, mesmo quando transportadas apenas no seu país de origem.
As variedades comerciais de sobremesa mais consumidas nas regiões temperadas (espécies
Musa acuminata ou o gênero
híbrido Musa X paradisiaca) são importadas em larga escala dos
trópicos. São muito populares também devido ao facto de constituírem uma fruta não sazonal, que pode ser consumida fresca durante todo o ano.
No comércio global, a variedade de cultivo de maior importância económica é, de longe, a chamada banana
banana-cavendish (
banana-caturra, em cultura lusófona), que superou em popularidade, na década de
1950 a variedade
Gros Michel, depois de esta ter sido dizimada pelo
mal-do-panamá, um
fungo que atacava as raízes das bananeiras.
Tal como acontece com outros tipos de fruta, é comum que o mercado internacional seja monopolizado por pouco mais de uma variedade. Isso não se deve, contudo, ao sabor, mas às facilidades de transporte e de duração em armazenamento: de facto, as variedades mais comercializadas raramente são mais saborosas que outras menos cultivadas por razões económicas.
As
infrutescências (cachos) são colhidas quando estão plenamente desenvolvidas, se se destinarem ao mercado interno. Se forem para exportação, são colhidas ainda verdes e com cerca de 3/4 do tamanho que poderiam atingir, amadurecendo em armazéns destinados para esse efeito no país onde serão consumidas.
O momento da colheita exige grandes cuidados de modo a não machucar as bananas que perdem atractividade e qualidade se apresentarem manchas provocadas pelos choques. Os cachos são, então, despencados, ou seja, separados nas pencas que os constituem, rejeitando-se as pencas das extremidades (cerca de 25% da produção), por serem mais sujeitas aos choques durante o seu transporte, bem como pela sua forma e tamanho pouco adequado para a comercialização e para um eficaz acondicionamento.
Esses excedentes podem ser utilizados pela indústria transformadora de alimentos, na produção de "purés", polpas para a confecção de sumos (
fermentados ou não) ou na alimentação de animais.
Em muitos casos, os excedentes são, simplesmente, deitados fora. As pencas são postas, então, em repouso para que exsudem a seiva em excesso, sendo depois lavadas e mergulhadas numa solução fungicida que evitará o apodrecimento a partir dos cortes.
As pencas podem ainda ser cortadas em grupos (
clusters) mais pequenos, de modo a aumentar a quantidade de fruta embalada por unidade de volume, geralmente em caixas de cartão que podem ser envolvidas por sacos de polietileno e que são embarcadas, salvo raras excepções, nos chamados "barcos fruteiros". Para retardar o amadurecimento, é necessário renovar o ar no local de transporte, para retirar o
etileno,
hormona produzida pelas bananas e que acelera a sua maturação.
Para induzir o amadurecimento das bananas, o ambiente do armazém pode ser preenchido com etileno. Contudo, se o fruto for comercializado verde, permitindo a maturação mais lenta, o sabor tornar-se-á mais agradável, e a polpa, mais firme, ainda que a casca possa ficar manchada de amarelo escura ou castanho.
O sabor e a textura são, assim, afectados pela temperatura em que amadurecem. No transporte, elas são expostas a uma temperatura de cerca de 12 °C e a uma
humidade relativa próxima da saturação. Em temperaturas mais baixas, contudo, a maturação é definitivamente inibida e as frutas tornam-se cinzentas.
Safras e épocas
O plantio da banana é feita por mudas, a colheita ocorre do 10º ao 18º mês, dependendo do clima, variedade, fertilidade do solo, estado de sanidade da planta e tratos culturais.
Produção e comércio
As bananas constituem o alimento básico de milhões de pessoas em vários países em via de desenvolvimento. Em determinados países tropicais a banana verde (não madura) é largamente utilizada da mesma forma que as
batatas em outros países, podendo ser fritas, cozidas, assadas, guisadas, etc. De facto, as bananas, assim utilizadas são semelhantes à
batata, não apenas no sabor e na textura, como a nível de
composição nutricional e
calórica.
Em
2005, a
Índia liderou a produção mundial de bananas, representando cerca de 23% da produtividade mundial - sendo que a maioria se destina ao consumo interno. Os quatro países que mais exportam, contudo, são o
Equador, a
Costa Rica, as
Filipinas, e a
Colômbia, que somam cerca de dois terços das exportações mundiais, exportando cada um mais de um milhão de toneladas. De acordo com as estatísticas da
FAO, só o Equador é responsável por mais de 30% das exportações globais.
A maioria dos produtores, por todo o mundo praticam, contudo, uma agricultura de baixa escala e de
subsistência - consumo próprio e venda e mercados locais. Já que as bananas são uma fruta não sazonal, estão disponíveis durante todo o ano, pelo que podem ser utilizadas durante as estações mais susceptíveis de escassez alimentar - alturas em que o produto de uma colheita já foi consumido enquanto que o produto da seguinte ainda não está disponível. É por esta razão que o cultivo de banana tem uma importância fulcral em qualquer sistema sustentado de luta contra a
fome.
Nos últimos anos, a competição a nível de preços por parte dos supermercados tem diminuído ainda mais as já baixas margens de lucro da maioria dos produtores de banana. As principais empresas do ramo, como
Chiquita,
Del Monte,
Dole e
Fyffes têm as suas próprias plantações no
Equador, na
Colômbia, na
Costa Rica e
Honduras. Tais plantações exigem grande e intensivo investimento de capital e de
know how — tornando os proprietários das grandes e lucrativas plantações extremamente influentes em nível económico e político nos seus países, em detrimento dos pequenos produtores. Isso justifica o facto de elas estarem disponíveis como artigo de "
comércio justo" em alguns países.
O termo "
República das Bananas" tornou-se vulgar, então, para designar a generalidade dos países da América Central, ainda que, sob o aspecto estritamente económico (sem conotação necessariamente depreciativa) apenas
Costa Rica,
Honduras, e
Panamá assim possam ser designados, já que a sua economia é, de longe, dominada pelo comércio da banana.
Muitos países da
União Europeia importam, tradicionalmente, muitas das bananas que consomem, das suas antigas colónias das Caraíbas, garantindo-lhes preços acima dos praticados no comércio global. Desde
2005, tais acordos estão em vias de serem revogados, devido à pressão de grupos económicos poderosos, a maioria dos quais com sede nos
Estados Unidos da América. Tal alteração no comércio iria beneficiar os países produtores da América Central, onde várias empresas norte-americanas têm interesses estabelecidos.
Aspectos culturais
Macaco comendo uma banana.
Uma das situações cómicas mais copiadas e parodizadas ao longo da história do
cinema, desde o
cinema mudo, consiste em mostrar as personagens a escorregar em cascas de banana. O estereótipo do
macaco a comer bananas também é largamente explorado em filmes,
animações e
histórias em quadrinhos, tendo servido também para manifestações de cariz
racista. De fato, por exemplo, há registo de pessoas que atiraram bananas a desportistas afro-americanos. A associação aos macacos justifica também o seu uso em jogos como as versões em 3D do
Donkey Kong (
Nintendo) e do
Super Monkey Ball (
Sega).
A banana também é frequentemente relacionada com a
America Latina, a exemplo de
Carmen Miranda e das canções
Yes, nós temos bananas e
Chiquita Bacana, ambas de
Braguinha e
Alberto Ribeiro. Em outras ocasiões (como no filme
Bananas, de
Woody Allen), o nome refere-se à expressão
República das Bananas, que designa um país, geralmente do
Caribe ou da
América Central, onde há governos
ditatoriais, instáveis, corruptos e com forte influência estrangeira.
Na
China, o termo banana é usado no calão para designar qualquer pessoa de origem asiática que age como um ocidental (amarelos por fora, brancos por dentro). No
Brasil, um gesto considerado obsceno e de mau gosto, denominado "dar uma banana", consiste em apoiar o
braço ou a
mão na dobra do outro braço, mantendo erguido e de punho fechado o
antebraço que ficou livre.
Crendices e mitos
A canção de sucesso de
Donovan, "
Mellow Yellow", ao referir-se a uma "banana eléctrica", terá servido de inspiração aos jornalistas do
Berkeley Barb que pretendiam, satiricamente, que o governo proibisse a comercialização de bananas. De facto, Donovan referia-se apenas a um vibrador. Contudo, é o próprio autor da canção a referir que o rumor deve ter tido origem no cantor popular
Country Joe McDonald que o começou em
San Francisco, uma semana antes da publicação da canção de Donovan. O boato voltou a circular na
década de 1980, quando o grupo de punk satírico,
The Dead Milkmen voltou a referir numa canção os supostos efeitos do acto de fumar casca seca de banana. O boato levou, mesmo a
Food and Drug Administration (FDA) a investigar o caso.
De facto, as bananas contêm
triptofano que, quando ingerido, aumenta os níveis orgânicos de
serotonina (o mesmo efeito da
fluoxetina). Tal acção pode originar algumas alterações a nível psicológico (Leathwood and Pollet,
1982), incluindo redução de estados depressivos (Sainio et al.,
1996).
Do mesmo modo, Xiao et al. (
1998) referem que comer duas bananas por dia, durante três dias, aumenta o nível de serotonina no
sangue em 16%. Contudo, não há qualquer menção na literatura científica que o triptofano tenha efeitos alucinogénicos; tem sido usado, pelo contrário, para controlar alucinações em pacientes com distúbios mentais (Sainio et al., 1996). Duvida-se também que fumar fosse um método eficaz de administração da substância.
Fonte - Enciclopédia livre