Houve, no actual território de Portugal, ao longo do processo de reconquista, dois Condados Portucalenses ou Condados de Portucale distintos: um primeiro, fundado por Vímara Peres após a presúria de Portucale (Porto) em 868 e incorporado no reino da Galiza em 1071, após a morte do conde Nuno Mendes (e que embora gozando de certa autonomia, constituiu sempre uma dependência do reino das Astúrias/Leão/Galiza), sendo sensivelmente equivalente ao actual Entre-Douro-e-Minho). Um segundo, constituído c. 1095 em feudo do rei Afonso VI de Leão e Castela e oferecido a Henrique de Borgonha, um burguinhão que veio auxiliá-lo na Reconquista de terras aos Mouros, tendo também recebido a mão de sua filha Teresa de Leão. Este último condado era muito maior em extensão, já que abarcava também os territórios do antigo condado de Coimbra, suprimido em 1091, partes de Trás-os-Montes e ainda do Sul da Galiza (mormente da diocese de Tui). De notar que Condado é um termo genérico para designar o Território Portucalense, já que os seus chefes eram alternativamente intitulados Comite (conde), Dux (duque) ou Princeps (Príncipe).
Por uma questão de comodidade, aludir-se-á ao longo deste artigo ao primeiro condado portucalense como Condado de Portucale, e ao segundo como Condado Portucalense, dado serem essas as expressões mais consagradas
História
O nome do condado vem do topónimo Portucale, com o qual desde o século IX se designava uma cidade situada perto da foz do Douro, designada de Portus Cale, "Porto de Cale", que se julga ser um nome híbrido formado por um termo latino (Portus, "porto") e outro grego (καλός, transl. kalós, "belo"), donde qualquer coisa como "Porto Belo"; Outra explicação é de que o nome deriva dos povos de cultura castreja que habitariam a área de Cale nos tempos pré-romanos - os Callaeci. Uma explicação alternativa é a de que o nome deriva da deusa venerada pela tribo e que poderia historicamente relacionar-se com a palavra Cailleach (definida como "deusa ancestral"), na Irlanda, numa invasão celta proveniente da Galécia e que teria nesses primórdios invadido a actual Irlanda.
Uma outra teoria afirma que a palavra cale ou cala, seria celta e significava "porto", uma "enseada" ou "abrigo", e implicava a existência de um porto celta mais antigo. Ainda outra teoria propõe que Cale deriva de Caladunum.
Data assim desse período a expressão terra portucalense ou província portucalense para designar um território distinto que era limitado ao norte pela terra bracarense, e ao sul pelo rio Vouga, e tinha por centro e cabeça a povoação de Portucale.
No século I a.C. as "Histórias de Salústio" referem uma "Cales civitas" localizada na Gallaecia; Cale teria também sido conquistada por Perpena; no século IV, no "Itinerário de Antonino", fala-se de uma povoação chamada de Cale ou Calem; no século V, Idácio de Chaves escreve sobre um "Portucale castrum".
Portucale
Embora a existência da povoação na foz do Douro durante o período romano se encontre confirmada, o mesmo não acontece para a sua localização exacta; o Paroquial Suévico de São Martinho de Dume, estudado pelo cônego Pierre David após a sua identificação pelo também cônego Avelino de Jesus da Costa, um dos nomes mais importantes da diplomática portugues refere-se, séculos depois, a um povoado que designava como Portucale Castrum Antiquum, na margem esquerda, e outro, o Portucale Castrum Novum, na direita.
Quando do domínio dos Suevos, Portucale foi palco de vários acontecimentos, contando-se entre eles o aprisionamento de Requiário durante a invasão de Teodorico (457), a revolta do seu governador Agiulfo, que pretendia ser aclamado rei e foi executado, e a última batalha (585) de Andeca, último rei suevo, vencido por Leovigildo.
Quando da invasão muçulmana da península Ibérica, Portucale era já, desde a segunda metade do século VI, a sede da diocese Portucalense, situada na província da Galécia, e tendo por metropolita o bispo de Braga. Após a invasão, a diocese não sobreviveu, tendo sido apenas restaurada após a reconquista do Porto, em 868.
Condado de Portucale
A reocupação e possível reconstrução ou fortificação de Portucale verificou-se após a presúria de Vímara Peres, em 868, vivendo, a partir de então, um próspero período da sua história: daí partiu toda a acção de reorganização, bem sucedida, e nalguns casos de repovoamento, para além dos limites da antiga diocese nela sediada, quer ao norte do rio Ave, quer ao sul do rio Douro.
Por esta altura, o território designava-se já de Terra Portugalense. Pouco a pouco são alargadas as fronteiras do território que, neste sentido, confinava com outros territórios (Braga, Lamego, Viseu, Terras da Feira e Coimbra).
A reconquista permitiu também a restauração diocesana, tendo os bispos de Portucale sido instalados numa pequena povoação chamada Magneto (a qual os especialistas fazem corresponder com a actual Meinedo, no concelho de Lousada).
Apenas dez anos decorridos sobre a reconquista definitiva de Portucale tivesse sido tomada a cidade de Coimbra e erigida em condado independente às mãos de Hermenegildo Guterres; a sua posição de charneira entre os mundos cristão e muçulmano permitiu uma vivência de maior paz no Entre-Douro-e-Minho. As campanhas do Almançor, em finais do século X, porém, fizeram recuar a linha de fronteira de novo até ao Douro.
Na segunda metade do século XI, reconstituiu-se ao sul o condado de Coimbra (que incluía não só a cidade do Mondego, como ainda as terras de Lamego, Viseu e Feira), sendo entregue ao conde (ou alvazil, segundo outros documentos coevos) Sesnando Davides, um moçárabe valido do rei Fernando I de Leão e Castela, que conquistara definitivamente a cidade em 1064 (este condado viria mais tarde a ser incorporado no Portucalense).
Paulo Merêa refere a existência de documentos comprovadamente encontrados na província de Ourense, na Galiza, nos quais surge a referência expressa a terras situadas em Portugal, ou seja, ao sul do rio Lima, e que então pertenciam, e vieram ainda a pertencer durante algum tempo, no âmbito da organização eclesiástica de Tui, repovoada durante o reinado de Ordonho I.
Condes de Portucale: a casa de Vímara Peres
Foram condes da casa de Vímara Peres (nem sempre em linha recta, mas recorrendo às vezes à sucessão congnática):# | Nome | Início do governo | Fim do governo | Notas | |
---|---|---|---|---|---|
1 | Vímara Peres | 868 | 873 | ||
2 | Lucídio Vimaranes | 873 | ? | Filho de Vímara Peres. | |
3 | Onega Lucides (com Diogo Fernandes) | ? | antes de 924 | Filha de Lucídio Vimaranes. Governa conjuntamente com o esposo, Diogo Fernandes. | |
4 | Mumadona Dias (com Mendo I Gonçalves) | 924 | 950 | Filha de Onega Lucides e Diogo Fernandes. Governa conjuntamente com o esposo, Mendo I Gonçalves. | |
5 | Gonçalo I Mendes | 950 | 999 | Filho de Mumadona Dias e Mendo I. Em 997 intitula-se magnus dux portucalensium. | |
6 | Mendo II Gonçalves | 999 | 1008 | Filho (ou neto?) de Gonçalo I Mendes. | |
7 | Alvito Nunes | 1008 | 1015 | ||
8 | Ilduara Mendes (com Nuno I Alvites) | 1015 | 1028 | Filha de Mendo II Gonçalves. Governa conjuntamente com o esposo, Nuno I Alvites, filho de Alvito Nunes. | |
9 | Mendo III Nunes | 1028 | 1050 | ||
10 | Nuno II Mendes | 1050 | 1065 | Último conde da família de Vímara Peres; derrotado pelo rei Garcia da Galiza na batalha de Pedroso. |
Em 1065, o Condade de Portucale e a Galiza fizeram parte do território atribuído por Fernando I para o seu filho mais novo Garcia II, que se tornou o primeiro monarca a usar o título de "Rei de Portugal". No entanto, ele lutava por controlar os seus nobres irascíveis. Com a sua vitória em 1071, na Batalha de Pedroso, onde derrota Nuno II Mendes, o Condado de Portucale é extinto.
Mais tarde, em 1071, os seus irmãos Afonso VI e Sancho II tomaram o reino da Galiza (incluindo Portugal), expulsando Garcia. Na primavera seguinte, Sancho, por sua vez, expulsou Afonso, juntando Galiza (incluindo Portugal) a Castela e Leão. Sancho apareceu como rei num documento português de 1072. Com o assassinato de Sancho, mais tarde, no mesmo ano, D. Afonso VI sucedeu à coroa, seduzido Garcia para voltar e aprisionou-o, solidificando a posição de Portugal como parte integrante do maior reino unificado.
Condado Portucalense
Não se deve confundir o Condado Portucalense — concessão dos dois territórios de Coimbra e de Portucale ao conde D. Henrique — com o condado de Portucale, que começou a existir desde a presúria de Vímara Peres, prolongada pelos seus descendentes — embora nem sempre segundo uma linhagem perfeita — até à morte do último conde, na batalha de Pedroso, em 1071, que tentava conseguir maior autonomia face a Garcia II da Galiza, que governava o Reino da Galiza e Portugal de seu pai, Fernando Magno.
Porém, a atrofia do condado de Coimbra, criado em 878, mas suprimido com a conquista da cidade por Almançor no final do século X, permitiu a supremacia nortenha, que nem mesmo a reconstituição de uma autoridade equivalente à do conde — em benefício de Sesnando Davides, em 1064, e prolongada até à sua morte, em 1092 — pôde impedir.
Entretanto, a ambição de Afonso VI de Leão e Castela reconstituiu novamente a unidade dos Estados paternos e, quando Garcia acabou por morrer, depois de preso, em 1091, os territórios na sua posse passaram para as mãos de Raimundo de Borgonha, casado com D. Urraca.
A esta altura, o vigor das investidas Almorávidas recomendava a distribuição dos poderes militares, para melhor reforçar o território: um comando na zona central, entregue ao próprio rei Afonso VI, outro, não oficial, exercido por El Cid em Valência, e o terceiro a ocidente, entregue a Raimundo; este último não conseguiu defender eficazmente a linha do Tejo — tendo já perdido Lisboa, que fora cedida aos Leoneses pelo rei taifa de Badajoz, juntamente com Santarém, que estava também prestes a cair nas mãos dos Almorávidas — e essa será uma das razões que atribuem alguns historiadores modernos à decisão tomada por Afonso VI de reforçar ainda mais a defesa militar ocidental, dividindo em duas a zona atribuída inicialmente a Raimundo, entregando a mais exposta a Henrique de Borgonha.
O conde D. Henrique, apoiado pelos interesses políticos clunicenses, introduz-se ambiciosamente na política do Reino, conquistando poder junto das cortes. Vendo-se na condição de subordinados ao rei, os condes ou governadores tinham amplos poderes administrativos, judiciais e militares, e o seu pensamento orientava-se, naturalmente, para a aquisição de uma completa autonomia quando, no caso português, as condições lhe eram propícias.
A fim de aumentar a população e valorizar o seu território, D. Henrique deu foral e fez vila (fundou uma povoação nova) em várias terras, entre elas Guimarães, na qual fez vila de burgueses, atraindo ali, com várias regalias, muitos francos seus compatriotas.
Em Guimarães fixou D. Henrique a sua habitação, em paços próprios, dentro do castelo que ali fora edificado no século anterior. Falecido o conde D. Henrique (1112), passa a viúva deste D. Teresa, a governar o condado durante a menoridade do seu filho Afonso Henriques.
D. Teresa começa (1121) a intitular-se «Rainha», mas os conflitos com o alto clero e sobretudo a intimidade com Fernão Peres, fidalgo galego a quem entregara o governo dos distritos do Porto e Coimbra, trouxeram-lhe a revolta dos Portucalenses e do próprio filho, sistematicamente afastados, por estranhos, da gerência dos negócios públicos.
Aos catorze anos de idade (1125), o jovem Afonso Henriques arma-se a si próprio cavaleiro – segundo o costume dos reis – tornando-se assim guerreiro independente. Em 1128, trava-se a Batalha de São Mamede (Guimarães) entre os partidários do infante Afonso e os de sua mãe. Esta é vencida, D. Afonso Henriques toma conta do condado e dele vai fazer o reino de Portugal.
Lutando contra os cristãos de Leão e Castela e os muçulmanos, Afonso Henriques conseguiu uma importante vitória contra os Mouros na Batalha de Ourique, em 1139, e declarou a independência. Nascia, pois, em 1139, o reino de Portugal e sua primeira dinastia, com o rei Afonso I de Borgonha (Afonso Henriques).
Condes Portucalenses: Casa de Borgonha
# | Nome | Início do governo | Fim do governo | Cognome(s) | Notas | |
---|---|---|---|---|---|---|
1 | D. Raimundo | 1093 | 1096 | |||
2 | D. Henrique | 1096 | 1112 | Pai de D. Afonso Henriques. | ||
3 | D. Teresa | 1112 | 1128 | Regente na menoridade do filho (r. 1112 - 1128), com o título de regina («rainha»). Mãe de D. Afonso Henriques. | ||
4 | D. Afonso Henriques | 1128 | 27 de Julho de 1139 | O Conquistador O Fundador O Grande | Conde de Portucale e depois primeiro Rei de Portugal |
Fonte - Enciclopédia livre
Não contentes com o tinha Portugal se expandiu formando um imenso Império.
Império Português
O Império Português foi o primeiro e o mais duradouro dos Impérios coloniais (1415-1999) da Era dos Descobrimentos. Com o culminar da Reconquista cristã da Península Ibérica, Portugal ocupou-se da sua expansão territorial por território africano.
Com a tomada de Ceuta em 1415 e a descoberta das ilhas da Madeira (1418) e Açores (1432), que basicamente, tratavam-se de territórios de colonização e exploração agropecuária, atestada que era a sua pobreza mineral, Portugal marcava assim o início da sua expansão territorial.
Conquistam-se mais praças a partir de 1458 em Marrocos que servem como pontos de apoio logístico e material às navegações portuguesas ou mesmo como entrave ao corso e pirataria dos mouros. Estabelecendo em Arguim uma feitoria comercial, com guarnição militar, fundam os portugueses uma nova plataforma de acção e comércio em plena área de navegação, sondando e obtendo as riquezas necessárias para o financiamento e continuidade da gesta marítima.
Grandes navegadores como Diogo Cão e Bartolomeu Dias explorariam a costa africana. Mais tarde, Vasco da Gama aproveitaria os traçados marítimos para estabelecer uma rota marítima para a Índia, enquanto outros navegadores importantes como Fernão de Magalhães, Pedro Fernandes de Queirós e Luís Vaz de Torres exploravam o Oceano Pacífico ao serviço do Império Espanhol - recorde-se que o trono português esteve sob domínio dos Habsburgos entre 1580 e 1640. Pouco depois de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, em 1500, descobria o Brasil.
As embarcações portuguesas sulcam agora o Oceano Índico, descobrindo novas terras, conquistando pontos-chave do comércio regional, estendendo-se o domínio de Ormuz, no Golfo Pérsico, ou Quíloa, na África Oriental, até Malaca, Ceilão, Insulíndia, Molucas, alcançando mais tarde a China e o Japão, para além de expedições e viagens no interior asiático e africano e além da descoberta da Austrália.
Construiu-se uma rede de feitorias, entrepostos, e fortalezas, captando riquezas e irradiando a cultura portuguesa e a religião católica, num esforço de criação de uma unidade civilizacional de cariz português, quer através da missionação quer da miscigenação, e até pela força das armas. Do Índico e Extremo Oriente vieram as especiarias, os metais preciosos, os tesouros artísticos, as porcelanas, sedas e madeiras, entre outros produtos para venda na Europa.
O século XVI foi o "século de ouro" para Portugal. Neste século, Portugal tornou-se numa das maiores potências da Europa. Da economia e do conhecimento científico e geográfico até à gastronomia e até à literatura de Portugal floresceram muito.
Foi nesta altura que o poeta Luís Vaz Camões escreveu a sua famosa epopeia "Os Lusíadas", uma epopeia que tenta imortalizar os feitos gloriosos, corajosos e heróicos do povo marinheiro português (tenta tornar o povo português num herói que até os deuses têm de os ajudar e temer e até os monstros têm de se inclinar e desaparecer-se do caminho dos portugueses), exaltando os marinheiros, os guerreiros e os Reis portugueses que contribuíram para dilatar o Império (Português) e a Fé (Católica).
No século XVIII, as ambições coloniais de Portugal centraram-se no Brasil e nalguns entrepostos em África e na Ásia. O Brasil, a princípio abandonado, rapidamente se tornou - com o declínio comercial no Oriente, à mercê de novas potências europeias (Inglaterra e Holanda) e após a derrota da Armada Invencível espanhola -, a "jóia" do Império Português até ao século XIX. Pau-brasil, açúcar, ouro, diamantes, cacau e tabaco alimentaram os cofres do erário nacional durante três séculos.
Com a declaração de independência do Brasil, Portugal acentuava a sua expansão territorial para o interior de África para manter-se a par com as outras potências europeias. A sua independência, porém, criou uma imensa onda de choque emocional e material no país: a perda do maior baluarte do império, símbolo do orgulho nacional, ameaçava mesmo a integridade política de Portugal, segundo alguns, pois tratava-se da base económica e de grandeza universal.
A manutenção dos territórios na Índia, de Macau e de outros pontos-chave do antigo domínio colonial português na Ásia, cada vez mais diluído, era outro ponto de honra nacional. Mas o desígnio era África nomeadamente Angola e Moçambique, para além do imenso e rico território que as separava.
Guarnições militares, missões católicas, formas e instituições de governo colonial foram transplantadas para África, assegurando a presença efectiva portuguesa de forma a afastar outros concorrentes. Apesar das dificuldades económico-financeiras, climáticas, demográficas e do isolamento, conseguiu-se ampliar alguns aglomerados urbanos e construir outros, já no interior, apoiando plantações ou zonas de mineração.
A expansão colonial africana parou com o Ultimato britânico de 1890. A Grã-Bretanha pretende criar um grande Império, conquistando e submetendo muitos territórios, principalmente em África. Muitas vezes, a Grã-Bretanha, a maior potência do Mundo no séc. XIX, afasta os seus concorrentes menos poderosos e pequenos (no caso de Portugal) com ultimatos, ameaças, pressões económicas e inclusivamente com alguns conflitos militares.
Após a Segunda Guerra Mundial, e contrariamente à vontade do regime político em vigor na altura, que entretanto designara os territórios além-mar como províncias ultramarinas (em 1951) - também porque as circunstâncias políticas condenavam o colonialismo - Portugal iniciou um processo forçado de descolonização de África, acabando os territórios africanos por serem desanexados.
O Estado da Índia já teria sido perdido para a União Indiana e Timor-Leste invadido pela Indonésia à altura da Revolução dos Cravos, processo revolucionário que ditou o fim do Estado Novo e do colonialismo português.
Em 1999 Portugal entregaria Macau à República Popular da China, o seu último território ultramarino (após a Revolução dos Cravos, Macau passou a ser designada por "Território Chinês sob Administração Portuguesa" ou simplesmente "Território de Macau"). Com esta entrega, foi ditado o fim do Império Português.
Regiões autónomas de Portugal
O arquipélago dos Açores e da Madeira, em 1976, tornaram-se regiões autónomas de Portugal. Estes arquipélagos são os dois únicos "territórios ultramarinos" portugueses que ainda hoje pertence a Portugal. O processo de colonização destes arquipélagos começou já nos inícios do séc. XV e, por consequência, a maioria absoluta da população destas 2 regiões é de etnia portuguesa.
Territórios do Império Português
Acra (1557-1578)
Açores - colónia (1427-1766); capitania-geral (1766-1831); antigo distrito além-mar (1831-1976). Região autónoma desde 1976.
Angola - colónia (1575-1589); colónia real (1589-1951); província ultramarina (1951-1971); estado (1971-1975). Tornou-se independente em 1975.
Arguim - Feitoria, foi ocupada pelos Holandeses (1455-1639).
Bahrein (1521-1602)
Bandar Abbas (Irão) (1506-1615)
Brasil - possessão conhecida como Ilha de Vera Cruz, mais tarde Terra de Santa Cruz (1500-1530); Colónia (1530- 1714); Vice-Reino (1714-1815); Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), tornou-se independente em 1822.
Cabinda - protectorado (1883-1887); distrito do Congo (Português) (1887-1921); intendência subordinada a Maquela (1921-1922); dependência como distrito do Zaire (Português) (1922-1930); Independência do Zaire e Cabinda (1930-1932); intendência de Angola (1932-1934); dependência de Angola (1934-1945); restaurada como distrito (1946-1975). Controlada pela Frente Nacional para a Libertação de Angola como parte da Angola tornada independente em 1975 não reconhecida por Portugal nem Angola.
Cabo Verde - colonização (1462-1495); domínio das colónias reais (1495-1587); colónia real (1587-1951); província ultramarina (1951-1974); república autónoma (1974-1975). Independência em 1975.
Ceilão - colónia (1597-1658). Os holandeses apoderaram-se do seu controlo em 1656, Jaffna usurpada em 1658.
Cisplatina - Ocupada por Portugal em 1808, Capitania do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1817, aderiu como província ao Império do Brasil em 1822 e tornou-se independente em 1827 com o nome de Uruguai.
Costa do Ouro Portuguesa - (1482-1642), cedida à Costa do Ouro Holandesa em 1642
Fernando Pó e Ano Bom - colónias (1474-1778). Cedidas a Espanha em 1778.
Guiana Francesa - ocupação (1809-1817). Restituída a França em 1817.
Guiné Portuguesa (actual Guiné-Bissau) - colónia (1879-1951); província ultramarina (1951-1974). Independência unilateral declarada em 1973, reconhecida por Portugal em 1974.
Cacheu - capitania (1640-1879). União com Bissau em 1879.
Bissau - colonização sob Cacheu (1687-1696); capitania (1696-1707); abandonada (1707-1753); colónia separada de Cabo Verde (1753-1879). União com Cacheu em 1879.
Índia Portuguesa - província ultramarina (1946-1962). Anexada à Índia em 1962 e reconhecida por Portugal em 1974.
Baçaim - possessão (1535-1739)
Bombaim (também chamada de "Mumbai") - possessão (1534-1661)
Cananor - possessão (1502-1663)
Calecute - posto fortificado (1512-1525)
Cochim (1500-1663)
Chaul (1521-1740)
Chittagong (1528-1666)
Cranganor (1536-1662)
Damão - aquisição em 1559. União com a província ultramarina em 1946.
Diu - aquisição em 1535. União com a província ultramarina em 1946.
Dadrá e Nagar Haveli - aquisições em 1779. Ocupadas pela Índia em 1954.
Goa - colónia (1510-1946). Tornou-se parte de província ultramarina em 1946.
Hughli (1579-1632)
Coulão (1502-1661)
Masulipatão (1598-1610)
Mangalore (1568-1659)
Nagapattinam (1507-1657)
Paliacate (1518-1619)
Salsette (1534-1737)
São Tomé de Meliapore - colonização (1523-1662; 1687-1749)
Surate (1540-1612)
Thoothukudi (1548-1658)
Indonésia (enclaves) Possessões portuguesas entre os séculos XVI-XIX.
Bante - Feitoria portuguesa (Século XVI-XVIII)
Flores - Possessão portuguesa (século XVI-XIX)
Macassar - Feitoria portuguesa (Século XVI-XVII)
Laquedivas (1498-1545)
Liampo (1533-1545)
Macau - colonização (1554-1557), território cedido subordinado a Goa (1557-1844); província ultramarina (1844-1883); província ultramarina conjunta com Timor-Leste em relação a Goa (1883-1951); província ultramarina (1951-1975); território chinês sob administração portuguesa (1975-1999). Restituída à República Popular da China como região administrativa especial em 1999.
Península de Macau - ocupação e colonização em 1554
Coloane - ocupação em 1864
Taipa - ocupação em 1851
Ilha Verde - incorporada em 1890
Ilhas Lapa, Dom João e Montanha - ocupação (1938-1941). Tomada de novo ao Japão e restituída à China.
Madeira - possessão (1418-1420); colónia (1420-1580); colónia real (1580-1834); distrito (1834-1976). Declarada região autónoma em 1976.
Malaca - conquistada (1511-1641); perdida para os holandeses.
Maldivas - ocupação (1518-1573)
Marrocos (enclaves):
Ceuta - possessão (1415-1668). Foi cedida à Espanha em 1668.
Aguz (1506-1525)
Alcácer-Ceguer/El Qsar es Seghir (1458-1550)
Arzila (1471-1550; 1577-1589). Restituída a Marrocos em 1589.
Azamor (1513-1541). Cidade restituída a Marrocos em 1541.
Essaouira (antigamente chamava-se "Mogador") (1506-1525)
Mazagão/El Jadida (1485-1550); possessão (1506-1769). Incorporação em Marrocos em 1769.
Safim (1488-1541)
Santa Cruz do Cabo de Gué/Agadir (1505-1541)
Tanger (1471-1662). Cedida à Inglaterra em 1662.
Mascate (Omã) - possessão portuguesa subordinada ao Vice-Reino de Goa (1500-1690).
Melinde - Feitoria portuguesa (1500-1630).
Moçambique - possessão (1498-1501); subordinada a Goa (1501-1569); capitania-geral (1569-1609); colónia subordinada a Goa (1609-1752); colónia (1752-1951); província ultramarina (1951-1971); estado (1971-1974); governo de transição integrando representantes de Portugal e da Frelimo (1974-1975). Independência em 1975.
Molucas
Amboina - colonização (1576-1605)
Ternate - colonização (1522-1575)
Tidore - colónia (1578-1605). Pilhada pelos holandeses em 1605.
Mombaça (Quénia) - ocupação (1593-1638); colónia subordinada a Goa (1638-1698; 1728-1729). Sob a soberania do Omã desde 1729.
Nagasaki (1571-1639). Perdida aos holandeses.
Nova Colónia do Sacramento - colónia (1680; 1683-1705; 1715-1777). Cedida à Espanha em 1777.
Ormuz - possessão subordinada a Goa (1515-1622). Incorporada no Império Persa em 1622.
Forte de Queixome - construído na ilha de Qeshm, no Estreito de Ormuz (1621-1622)
Forte de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz - ilha de Gerun, no Estreito de Ormuz (1615-1622)
Quíloa - possessão (1502-1661)
São João Baptista de Ajudá - forte subordinado ao Brasil (1721-1730); subordinada a São Tomé e Príncipe (1865-1869). Anexado a Daomé em 1961.
São Jorge da Mina (1482-1637). Ocupação holandesa em 1637.
São Tomé e Príncipe - colónia real (1753-1951); província ultramarina (1951-1971); administração local (1971-1975). Independência em 1975. União com a Ilha do Príncipe em 1753.
São Tomé - possessão (1470-1485); colónia (1485-1522); colónia real (1522-1641); administração durante a ocupação holandesa (1641-1648). Ocupação francesa em 1648.
Ilha do Príncipe - colónia (1500-1573). União com São Tomé em 1753.
Socotorá - possessão (1506-1511). Tornou-se parte do Sultanado Mahri de Qishn e Suqutra.
Timor-Leste - colónia subordinada à Índia Portuguesa (1642-1844); subordinada a Macau (1844-1896); colónia separada (1896-1951); província ultramarina (1951-1975); república e proclamada independência unilateral, anexada à Indonésia (1975-1999), reconhecimento da ONU como território português. Administração da ONU de 1999 até à Independência em 2002.
Tanganica (Actual Tanzânia) - Estabelecimentos portugueses criados no litoral (1500-1630).
Antigos territórios e colónias do Império Português
(1415-1999)
África do Norte:
Aguz (1506-1525)
Alcácer-Ceguer (1458-1550)
Arzila (1471-1550, 1577-1589)
Azamor (1513-1541)
Ceuta (1415-1640)
Mazagão (1485-1550, 1506-1769)
Mogador (1506-1525)
Safim (1488-1541)
Agadir (1505-1769)
Tânger (1471-1662)
África Sub-sariana:
Acra (1557-1578)
Angola (1575-1975)
Ano Bom (1474-1778)
Arguim (1455-1633)
Cabinda (1883-1975)
Cabo Verde (1642-1975)
São Jorge da Mina (1482-1637)
Fernando Pó (1478-1778)
Costa do Ouro Portuguesa (1482-1642)
Guiné Portuguesa (1879-1974)
Melinde (1500-1630)
Mombaça (1593-1698, 1728-1729)
Moçambique (1501-1975)
Quíloa (1505-1512)
Fortaleza de São João Baptista de Ajudá (1680-1961)
São Tomé e Príncipe (1753-1975)
Socotorá (1506-1511)
Zanzibar (1503-1698)
Ziguinchor (1645-1888)
Ásia Ocidental:
Bahrain (1521-1602)
Ormuz (1515-1622)
Mascate (1515-1650)
Bandar Abbas (1506-1615)
Subcontinente Indiano:
Ceilão (1518-1658)
Laquedivas (1498-1545)
Maldivas (1518-1521, 1558-1573)
Índia Portuguesa:
Baçaim (1535-1739), Bombaim (Mumbai) (1534- 1661), Calecute (1512-1525), Cananor (1502-1663), Chaul (1521-1740), Chittagong (1528-1666), Cochim (1500-1663), Cranganor (1536-1662), Dadrá e Nagar-Aveli (1779-1954), Damão (1559-1962), Diu (1535-1962), Goa (1510-1962), Hughli (1579-1632), Nagapattinam (1507-1657), Paliacate (1518-1619), Coulão (1502-1661), Salsette (1534-1737), Masulipatão (1598-1610), Mangalore (1568-1659), Surate (1540-1612), Thoothukudi (1548-1658), São Tomé de Meliapore (1523-1662; 1687-1749)
Ásia Oriental:
Bante (séc. XVI-XVIII)
Flores (século XVI-XIX)
Macau (1557-1999)
Macassar (1512-1665)
Malaca (1511-1641)
Molucas (Amboina 1576-1605, Ternate 1522-1575, Tidore 1578-1650) Nagasaki (1571-1639)
Timor-Leste (1642-1975)
América do Sul:
Brasil (1500-1822)
Cisplatina (1808-1822)
Guiana Francesa (1809-1817)
Nova Colónia do Sacramento (1680-1777)
Madeira e Açores:
Estes dois arquipélagos, localizados no Atlântico Norte, foram colonizados pelos portugueses no início do século XV e fizeram parte do Império Português até 1976, quando se tornaram regiões autónomas de Portugal; no entanto, já desde o século XIX que eram encaradas como um prolongamento da metrópole europeia (as chamadas Ilhas Adjacentes) e não colónias.
O estatuto especial dos arquipélagos (região autónoma) continuou até hoje, sem grandes alterações.
Fonte-Luso Africa
Nos dias de hoje estamos confinados à Europa, pobres e arruinados.