o mar do poeta

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quinta-feira, novembro 25

Discurso proferido por Mário Soares no Porto - 14 MARÇO 1976




DISCURSO PROFERIDO PERANTE O COMITÉ DE AMIZADE E SOLIDARIEDADE COM A DEMOCRACIA E O SOCIALISMO EM PORTUGAL,


EM 14 DE MARÇO DE 1976.

Discurso proferido por Mário Soares no Porto no decurso da cimeira de dirigentes de partidos europeus integrados na Internacional Socialista, da própria Internacional Socialista e da Confederação Internacional dos Sindicatos Livres, reunida sob o lema «A Europa connosco!».

Em Março de 1976 o Partido Socialista, dirigido por Mário Soares, preparava-se activamente para as eleições de 25 de Abril de 1976 e para a formação de um governo minoritário, já que todas as sondagens o davam como o partido que ganharia as eleições, como de facto ganhou.

Nesta cimeira, que tinha dado origem à realização de um comício no Palácio de Cristal, e que foi muito criticada tanto pelo então PPD (Partido Popular Democrático, actual PSD), dirigido por Sá Carneiro, como pelo PCP de Álvaro Cunhal, Mário Soares dá um objectivo claro ao futuro governo do PS - a integração na CEE.

Caros Camaradas:

É uma honra e além disso uma extraordinária alegria para o Partido Socialista e para mim, pessoalmente, poder hoje acolher-vos no meu País, depois de ganha a batalha da liberdade e uma vez criadas as condições para o funcionamento regular das instituições democráticas em Portugal.

Depois de durante tantos anos vos ter encontrado, nos vossos países respectivos, na condição de exilado político, proscrito da minha própria terra, ou de vos ter chamado a atenção, angustiado, para o risco mortal que correu a liberdade, enfim reconquistada em Portugal, durante a dramática prova de força que vivemos no Verão passado, ou mais precisamente entre 11 de Março e 25 de Novembro de 1975.

Convocados pelo nosso grande amigo Willy Brandt, Presidente da Comissão para a Defesa da Democracia em Portugal, criada no quadro da Internacional Socialista, em Junho de 1975, aqui vos encontrais hoje num país com vários problemas, decerto a maior parte deles herdados do passado fascista, mas que marcha agora resolutamente no caminho da estabilização política e que, após o corte cerce com um passado de exploração colonial, que durou cinco séculos, e a vivência terrivelmente difícil de uma descolonização feita com vinte anos de atraso, procura, corajosamente, uma nova identidade nacional - com os olhos postos na Europa a que pertence.

Como sabeis – porque o haveis vivido, e sendo como fostes, connosco solidários em todos os momentos – o processo revolucionário português, apesar das crises, da tremenda complexidade, e de dificuldades de toda a ordem, tem-se desenvolvido – sem violência.

 Esta moderação efectiva, apesar dos extremismos verbais e das aparências, esta capacidade de bom senso de que deu provas o Povo Português, capaz de parar à beira do abismo, da violência ou da guerra civil, é uma das originalidades de que nos orgulhamos.

O nosso Partido contribuiu poderosamente para tal - como partido aberto, tolerante e fraternal que é - e ainda por ser, pela sua equilibrada implantação em todo o território português, continente e ilhas, um partido verdadeiramente nacional, que sempre evitou, pela acção coerente, as divisões esboçadas entre portugueses do norte e do sul, entre portugueses das ilhas atlânticas e do continente.

Aliás o nosso Partido apesar de jovem - oficialmente criado durante a clandestinidade, no Congresso de Bonn, em 1973 - insere-se numa velha tradição socialista portuguesa, que data de há mais de um século, dado que o Partido Socialista Português, Secção Portuguesa da Internacional Operária, foi fundado em 1875.

Por isso pôde criar tão rapidamente fundas raízes, e transformar-se, a partir das eleições de Abril de 1975, no maior partido político português, liderando um muito amplo movimento de massas trabalhadoras, que impediu a instauração de uma ditadura comunista em Portugal.

Hoje, mais do que nunca, é da vitalidade do nosso Partido, da sua vocação para encarnar um projecto político simultaneamente progressista e nacional, que depende o futuro da esquerda portuguesa.

Como sabem estamos a terminar a elaboração da Constituição, que em princípio deverá ser promulgada até ao fim do corrente mês. Ficará o País então dotado de um instrumento legal que institucionalizará uma democracia aberta às conquistas sociais mais progressistas.

Nos termos dessa lei fundamental proceder-se-á a eleições legislativas marcadas para 25 de Abril de 1976, eleições presidenciais, por sufrágio directo e universal, para 27 de Junho de 1976, e, mais tarde, com data ainda não fixada, eleições municipais. As eleições legislativas, de uma importância transcendente, consagrarão as grandes escolhas do eleitorado, por quatro anos.

Perante estas eleições o PS definiu uma orientação sem ambiguidades: apresentar-se-á só, recusando quaisquer alianças, quer com o PCP (partido que não deu até hoje suficientes provas de respeitar as regras democráticas) quer com os partidos da direita - o PPD e o CDS, que visam um regresso ao passado, ao feudalismo económico do passado, embora sob o disfarce de uma democracia autoritária que nem sequer respeitaria a pura forma.

0 Partido Socialista considera que o Povo Português, através de uma expressiva votação, lhe dará as condições para governar sozinho.

Mas se assim não acontecer, e os partidos da direita em conjunto vierem a obter a maioria, o Partido Socialista respeitará a escolha e passará à oposição. Em democracia tanto se serve o país no Governo como na Oposição.

0 Partido Socialista, que é um partido essencialmente de trabalhadores e tem uma base operária muito forte, não está disposto a inflectir as suas orientações programáticas e a vir a ter uma prática política centrista para facilitar um jogo oportunista de alianças, a que necessariamente conduziria um novo governo de coligação.

Por isso decidimos pôr o eleitorado perante uma opção extremamente simples: ou vota em nós, de forma a podermos governar sozinhos, segundo o nosso próprio programa, assumindo por inteiro a responsabilidade da reconstrução económica nacional e da integração futura de Portugal na Europa - eliminando de vez neste país as largas manchas de miséria, de ignorância e de subdesenvolvimento, - ou passaremos à oposição para aí continuarmos a liderar, coerentemente, as justas reivindicações do mundo do trabalho.

Camaradas:

O meu objectivo porém não é falar-lhes de política interna portuguesa. O tema desta reunião é muito mais vasto: versa a Europa e Portugal ou, no que mais especialmente nos respeita, Portugal no actual contexto europeu.

Permitam-me pois que aborde, sem outros desenvolvimentos marginais, esse ponto.

Repensar a Europa e o seu futuro é obra de todos os europeus, povos e nações, incluindo aqueles que só marginalmente têm participado no processo da construção europeia verdadeiramente iniciada após o termo da segunda guerra mundial.

A Europa já não é a mera expressão geográfica de um continente. A Europa, hoje, é uma ideia em permanente evolução, dotada duma dinâmica capaz de transcender certos particularismos nacionais e de se situar na descoberta e na definição das aspirações comuns a todos os povos europeus. Mais do que nunca, um europeu sente-se hoje, e para além da sua própria nacionalidade, indissoluvelmente ligado a um conceito alargado e dinâmico da Europa.

A Europa, tal como a procuramos encarar, já existe, já deixou o domínio das meras intenções para se alicerçar em estruturas que procuram concretizar eficazmente a necessidade dos povos europeus de agirem em função de uma solidariedade profundamente enraizada em interesses comuns.

Este conceito dinâmico da Europa exige que ele seja constantemente repensado. Construir a Europa não é tarefa fácil. Muitos obstáculos vão surgindo pelo caminho e alguns deles nascem de tradições ligadas à vida colectiva de cada povo.

Repensar a Europa e o seu futuro é assim um dever permanente que deve ser assumido com humildade face à importância histórica dos objectivos e que deve ser obra de todos os europeus.

Portugal é também a Europa na medida em que a sua pertença ao continente transcende a mera expressão geográfica e antes encontra as suas razões mais válidas na integração do ambiente cultural e na evolução ideológica que caracteriza a Europa. Somos europeus, sentimo-nos europeus e queremos, nós portugueses, que o nosso país faça finalmente ouvir a sua voz e participe activamente na construção da Europa.

O novo Portugal está profundamente empenhado na transformação da sociedade portuguesa em bases democráticas e socialistas. Repensar Portugal e o seu futuro passa pelo repensar da Europa em que Portugal se quer vir a integrar.

Posso assegurar-vos que sempre que Portugal se fechou à Europa se fechou também ao mundo, o que correspondeu a épocas de crise da sociedade portuguesa como aquela que findou em 25 de Abril de 1974.

Nos períodos mais brilhantes da sua história Portugal abriu-se ao mundo afirmando-se como autêntico representante da cultura e da civilização europeias, pioneiro que foi do encontro de civilizações do Ocidente e do Oriente.

Portugal levou ao mundo o melhor da cultura, da ciência e da técnica da Europa e a novidade das artes europeias através dos seus navegadores humanistas e homens de ciência que se formaram nas grandes universidades da época. As fases de isolamento face à Europa corresponderam sempre em Portugal a um empobrecimento cultural e técnico, a decadência de estruturas sociais e um marcado depauperamento ideológico.

No anterior regime os ideólogos oficiais condicionaram a opinião pública pela asserção de que a viabilidade de Portugal como País independente dependia da defesa «à outrance» do Ultramar.

Foi afastada assim toda e qualquer sugestão ou tentativa reformista (considerada então como subversiva e punida como tal) que levasse à descolonização e encaminhasse sem sobressaltos os povos coloniais para a independência, assegurando-se do mesmo passo, a colaboração de grande número de portugueses na construção dos novos Estados.

A cegueira dos governantes de então e a impossibilidade das classes dominantes de compreenderem o fenómeno da emancipação dos povos coloniais provocaram dramas incontestáveis, atrasaram o desenvolvimento económico social do povo português e explicam em grande parte o radicalismo dos novos leaders africanos dos países de expressão portuguesa.

A história julgará os verdadeiros responsáveis dos dramas ocasionados por uma colonização levada até ao limite dos recursos morais e materiais de um povo.

Os ideólogos do anterior regime afirmavam também como verdade absoluta a inconveniência de todo e qualquer envolvimento directo de Portugal nas questões europeias, valorizando a «necessidade de procurar fora e além da Europa os pontos de apoio que não puderam encontrar no continente», explorando a tradicional rivalidade com Castela, o perigo hegemónico da Espanha que justificaria uma permanente reserva histórica, não obstante o Pacto Ibérico, que mais não era do que a identificação ideológica das ditaduras de Franco e Salazar.

Hoje como ontem a problemática da inserção de Portugal no mundo continua a ser em geral apresentada em termos dicotómicos – Portugal País europeu ou Portugal virado para o Ultramar e agora para o Terceiro Mundo.

Começam contudo a aparecer algumas vozes que procuram conciliar as duas orientações, realçando a nossa pertença cultural e civilizacional à Europa, valorizando os imperativos de ordem geopolítica e económica num entendimento saudável da necessidade de salvaguardar a independência nacional, para daí partir num caminho realista de projecção de Portugal em países que nos habituámos a considerar como fazendo parte do chamado Terceiro Mundo.

0 Partido Socialista orgulha-se de ser o pioneiro desta orientação de realismo político. Na verdade estamos conscientes de que a sua obra para o socialismo em Portugal não poderá fazer-se abstraindo do enquadramento europeu uma vez que afastamos os modelos de socialismo de cariz terceiro mundista ou totalitário.

A minha presença em Estrasburgo no Conselho da Europa em Abril de 1970, na qualidade de opositor da ditadura portuguesa, foi uma das razões que me valeu o exílio. Não estou arrependido. Pude voltar a Estrasburgo em Setembro de 1974 na qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros e estabelecer as primeiras relações formais de Portugal com o Conselho da Europa tendo daí já resultado várias formas de cooperação, a última das quais foi a assinatura da Convenção Cultural Europeia por parte do meu país.

Coube-me igualmente a honra de iniciar os contactos com a Comunidade Económica Europeia após o 25 de Abril, tanto em Bruxelas como directamente junto da maioria dos países membros da CEE e igualmente junto dos Governos da EFTA.

Em todos esses contactos me esforcei por servir o meu País, com o propósito de dar à Europa e ao Mundo a imagem de Portugal renovado, mas, por outro lado, procurando o apoio europeu para a transformação da sociedade portuguesa.

O Partido Socialista nesta luta sem tréguas pôde contar com a vossa compreensão e ajuda militante, às quais desejo render homenagem em nome – estou certo disso – da grande maioria do Povo Português.

Repensar convosco o futuro da Europa e a inserção de Portugal no processo da construção europeia é tarefa altamente estimulante e enriquecedora para os camaradas portugueses e para mim, pessoalmente. O Partido Socialista teve ocasião, em diversas oportunidades, de afirmar a necessidade de transformar a Europa – de forma a que deixe de ser a Europa dos trusts e passe a ser a Europa dos trabalhadores.

 Hoje esta tomada de posição de princípio tem urgência em ser reafirmada, na medida em que certas forças políticas em Portugal se encaminham para defender a aproximação de Portugal às Comunidades Europeias numa perspectiva puramente capitalista que não corresponde aos verdadeiros interesses do povo português e se afasta dos imperativos de uma verdadeira independência nacional condicionando a transformação da sociedade portuguesa a caminho do socialismo.

Não é por acaso que alguns dos actuais leaders dessas formações políticas defenderem já, nomeadamente no Parlamento de Marcelo Caetano, uma aproximação à Europa na defesa e no prosseguimento dos interesses de um capitalismo considerado moderno.

Haverá certamente necessidade de aprofundar o estudo da posição de Portugal perante a Comunidade Europeia, em todas as suas implicações políticas, económicas e sociais, tanto mais que se aproxima – como vos disse – a normalização das estruturas representativas da jovem democracia portuguesa.

A solução a que se deve chegar deverá ser a expressão da vontade do povo português, admitindo a própria opção de Portugal vir a ser membro de pleno direito da Comunidade Europeia desde que se considere que tal opção corresponde aos verdadeiros interesses nacionais e no entendimento de que Portugal poderá dar igualmente uma contribuição positiva para a transformação da CEE com a maior participação política dos trabalhadores.

Aliás o exemplo da maioria dos partidos socialistas, sociais-democratas (e até comunistas) que participam já nas instituições europeias, nomeadamente no Parlamento Europeu, que passará num futuro próximo a ser eleito por sufrágio universal.

Impõe-se assim a necessidade de Portugal acompanhar com atenção reforçada a dinâmica da construção europeia não obstante as crises de crescimento interno ou as crises provocadas por factores de ordem. externa.

Um facto novo surge com interesse directo para a posição de Portugal perante a Europa. Trata-se do pedido de adesão da Grécia já sancionado pelo Conselho da Europa por decisão política recusando o «approach» dos tecnocratas da Comissão de Bruxelas que advogam a tese do «pre-membership».

Por outro lado Portugal não pode desconhecer a ofensiva da diplomacia espanhola com vista à futura entrada do seu país na Comunidade Europeia cuja viabilidade dependerá previamente, como é de toda a evidência, da instauração das liberdades democráticas em Espanha.

0 fascismo português não obstante a desconfiança tradicional em relação à cooperação europeia viu-se forçado a acompanhar, se bem que marginalmente, a maioria das iniciativas levadas a cabo no Mundo Ocidental após a II Guerra Mundial, participando como membro no Pacto do Atlântico na OCDE e na EFTA nomeadamente. Desta forma pretendia fazer esquecer as cumplicidades do regime em relação à Alemanha nazi e à Itália fascista, valorizando a política chamada de neutralidade colaborante com vista a evitar o isolamento político e diplomático do País.

Esta orientação viria a ser mantida como uma constante quando se avolumaram as reservas do Ocidente em relação à política colonial do regime, procurando valorizar a situação geoestratégica não só das Ilhas do Atlântico como das colónias africanas e afirmando-se o governo português de então, hipocritamente, como lídimo representante dos valores culturais e políticos do ocidente.

Sob o ponto de vista económico o anterior regime viu-se obrigado a procurar manter o acesso aos mercados tradicionais da Europa, nomeadamente ao britânico, procurando formas de ligação à EFTA liderada pelo Reino Unido, e posteriormente à CEE, ultrapassada que foi a reserva gaulista à entrada daquele país como membro da CEE.

Aliás a própria evolução da estrutura económica do País, a caminho da industrialização, impunha que Portugal seguisse a via da exportação para superar a estreiteza do espaço geoeconómico nacional (população reduzida, baixo nível de vida, desequilibrada repartição de rendimentos, etc.), mesmo considerando o mercado das colónias cuja extensão territorial não correspondia a uma verdadeira dimensão económica dado o seu fraco nível de desenvolvimento, além da impossibilidade da indústria portuguesa de dar satisfação à necessidade de bens de equipamento. Portugal limitava-se a exportar para as colónias produtos tradicionais, nomeadamente vinhos, têxteis e artigos de indústria metalo-mecânica ligeira.

0 Governo português de então procurou superar a contradição que advinha da necessidade imperiosa de reforçar a industrialização do País protegendo-a da concorrência internacional sem deixar de acompanhar ou de participar no progresso de integração europeia, a fim de não perder os seus mercados tradicionais e potenciais.

Além destas limitações estava sempre presente o ónus político que advinha do carácter ditatorial e anti-democrático do regime e da política colonial que prosseguia embaraçando cada vez mais os seus aliados na NATO e os seus parceiros comerciais na EFTA. Apesar disso acabou por conseguir obter um esquema de participação favorável na EFTA, que teve em conta o fraco desenvolvimento da economia nacional e que permitiu a expansão de certas indústrias nomeadamente à têxtil.

Essa participação veio ainda facilitar a negociação com a Comunidade Europeia alargada, evitando-se a criação de novas barreiras ao comércio inter-europeu o que implicava a negociação, numa perspectiva global, de arranjos destinados a evitar a reintrodução de obstáculos ao comércio entre os países da EFTA que pretendiam aderir às comunidades e os seus antigos parceiros que continuavam naquela associação .Portugal pôde assim negociar no quadro EFTA e conseguir uma ligação às comunidades europeias que não teria jamais obtido se tivesse negociado isoladamente, mesmo que o acordo existente assuma um carácter meramente comercial.

Os acordos assinados em 1972 entre Portugal e a CEE foram apresentados ao País como uma grande vitória diplomática da «soi disante» política de abertura de Marcelo Caetano, mas alguns consideraram-nos como um «contrato leonino» a favor evidentemente da Comunidade Europeia, fazendo lembrar a história do pote de barro ao lado do pote de ferro, em suma, uma ligação que iria acentuar as dependências tradicionais em relação ao capitalismo ocidental.

Para alguns o acordo representava um desafio à capacidade de realização dos portugueses numa perspectiva de futuro do desenvolvimento económico nacional, exigindo uma actuação dinâmica da administração pública e do sector privado nacional através do aproveitamento de um mercado cuja dimensão atinge cerca de 300 milhões de consumidores.

A aproximação com o Mercado Comum constituiu uma esperança para aqueles que pensavam que traria em si os germens da queda do regime e provocaria a restauração das liberdades democráticas e o termo da guerra colonial. Alguns mesmo pensavam que o processo de descolonização podia ser enquadrado com vantagem numa perspectiva euro africana, processando-se paralelamente à aproximação de Portugal com a Europa a integração das colónias portuguesas no esquema de associação das convenções de Iaundé.

0 condicionalismo é hoje bem diferente, uma vez restauradas as liberdades democráticas e completado o processo de descolonização, com resultados nem sempre felizes – há que reconhecer – tanto para o povo português como para os povos das ex-colónias. Impõe-se honrar os compromissos assumidos, procurando retirar as maiores vantagens possíveis dos acordos existentes com a CEE, numa perspectiva dinâmica de aproximação, cada vez mais íntima de Portugal à Europa e na consciência dos verdadeiros interesses do Povo Português.

 Convém contudo realçar as limitações dos acordos firmados pelo anterior regime e que levam à instituição progressiva de uma zona de trocas livres para produtos industriais entre Portugal e a CEE.

A regra geral de desarmamento pautal termina dentro de pouco mais de um ano, mais precisamente no dia 1 de Julho de 1977, admitindo-se contudo excepções com vista à protecção de certos produtos industriais de origem portuguesa que apontam para datas próximas, 1980 em alguns casos e 1985 noutros. 0 aproveitamento da cláusula de indústrias novas apresenta-se de viabilidade limitada e de alcance precário.

As restrições existentes à exportação portuguesa para a comunidade de têxteis, vestuários e pasta de papel e produtos manufacturados de cortiça constituem ónus gravoso para a economia nacional e para o seu desenvolvimento.

As concessões no campo agrícola são de limitado alcance no que diz respeito aos produtos considerados e à extensão de facilidades. Finalmente, o carácter evolutivo do acordo que admite a extensão da cooperação a outros domínios dependente exclusivamente da boa vontade da comunidade, o que reduz a margem de iniciativa de Portugal.

Nas negociações em curso com vista ao melhoramento dos acordos celebrados com a CEE deslocaram-se a Portugal muitos responsáveis europeus e mais recentemente o Presidente da Comissão Europeia - com o qual me encontrei e tive uma conversa muito franca tendo-se já obtido resultados positivos entre os quais me permito realçar a anunciada assistência financeira de emergência por parte da CEE e da EFTA no valor total de cerca de trezentos milhões de dólares. Mas haverá que estabelecer uma estratégia global com vista à aproximação de Portugal à Europa aproveitando-se a vontade política tantas vezes afirmada do lado europeu.

Por parte de Portugal e dos portugueses deverá ser levada a cabo uma profunda reflexão sobre as implicações da opção europeia, incluindo a própria adesão à CEE.

É matéria que a próxima Assembleia da República decidirá. Entretanto as negociações em curso devem prosseguir da melhor forma. Incumbe à Europa dar prova da sua vontade política de continuar a ajudar o processo de consolidação da jovem democracia portuguesa.

Como estou entre camaradas, todos amigos de Portugal, permito-me descer ao concreto e realçar alguns aspectos considerados essenciais da negociação em curso e que afectam de modo substancial todos os portugueses, muito especialmente as gentes do norte do País onde hoje nos encontramos.

1 – Grande número de unidades industriais têxteis e de confecções localizam-se no norte de Portugal atravessando hoje estas industrias uma profunda crise estrutural e conjuntural que só pode ter solução satisfatória através do aumento da produtividade e do reforço das exportações.

Tanto na EFTA como na CEE as nossas exportações estão hoje a ser objecto de sérias restrições através da imposição de sistemas de auto-limitações e do esquema de plafonds na CEE para certos produtos considerados sensíveis, provocando profundos desequilíbrios de excepcional gravidade numa indústria que emprega a maior força de trabalho do País, cerca de trezentos mil trabalhadores.

2. - No sector do papel e pasta de papel verificam-se igualmente restrições à exportação portuguesa não tendo ainda as pretensões nacionais encontrado satisfação junto das instâncias comunitárias nomeadamente quanto ao aumento de contingentes em especial para o mercado britânico.

3. - Em virtude da grave crise que atravessa a economia portuguesa justificar-se-ia alargar no tempo os calendários de desarmamento pautal estabelecidos nos acordos com a CEE ao mesmo tempo que se acelerariam as reduções de direitos para os produtos portugueses no mercado comunitário. As pretensões portuguesas já expostas à Comunidade são mais modestas do que uma renegociação global dos calendários de desarmamento.

Pretende-se simplesmente prolongar a protecção para alguns produtos transferindo-os para listas mais favoráveis, o que estamos convencidos virá a merecer a compreensão e a concordância das instâncias competentes da CEE. 0 mesmo se diga quanto ao pedido português de fazer beneficiar algumas indústrias já existentes da cláusula das indústrias novas (a fim) de minorar graves dificuldades em certos sectores industriais.

4. - Como já referimos as facilidades concedidas a Portugal no sector agrícola foram escassas e de alcance limitado pelo que se impõe uma revisão profunda da posição da CEE a este respeito. Portugal encontra muito concretamente enormes dificuldades no escoamento da sua produção vinícola.

Trata-se dum problema geral mas que afecta muito particularmente o norte do País, produtor de grande variedade de vinhos verdes de tão característico paladar, além do famoso «vinho fino» que geralmente se conhece pelo nome da cidade do Porto.

0 tratamento de favor dado pela Comunidade aos vinhos portugueses limita-se aos vinhos de qualidade – Porto, Madeira e Moscatel de Setúbal. Os vinhos de mesa não foram considerados no acordo com a CEE, contrariamente ao que acontece com vinhos de outras origens, nomeadamente da Espanha, Grécia, Turquia e Países do Magreb.

Esta situação é profundamente injusta, tanto mais que, graças ao regime proteccionista da CEE, Portugal está a perder importantes posições adquiridas ao longo dos anos nos mercados britânico e dinamarquês.

0 tratamento dado aos vinhos de qualidade, Porto e Madeira (a exportação do Moscatel de Setúbal tem pouco significado) quanto a contingentes e reduções tarifárias ficou aquém das expectativas portuguesas tanto mais que estes vinhos não têm verdadeiros similares nos países membros produtores.

Os contingentes de maior significado são ainda oferecidos para vinhos a granel, sujeição que lembra os velhos tempos do imperialismo económico: tal concessão contraria a política de qualidade prosseguida pelos departamentos competentes portugueses através do controle na origem e da exportação em garrafa sob selo de garantia.

0 mercado europeu é de importância decisiva para a produção portuguesa de vinho do Porto absorvendo cerca de noventa por cento do total exportado pelo que se impõe uma alteração substancial da política comunitária a este respeito.

5 – Outro sector considerado agrícola na nomenclatura comunitária e como tal objecto de tratamento desfavorável para os interesses português diz respeito às conservas de peixe nomeadamente da sardinha, de importância decisiva na exportação portuguesa. 0 acesso ao mercado comunitário destes produtos está fortemente condicionado afectando a vida de muitos portugueses nomeadamente do norte do País e do extremo sul.

0 mesmo acontece com os concentrados de tomate cuja exportação para a Comunidade se encontra igualmente condicionada.

6 – A resposta da Comunidade Europeia e da EFTA aos pedidos de assistência financeira foram devidamente apreciados pelo povo português através da concessão da ajuda especial de urgência e da criação pela EFTA do Fundo de Desenvolvimento Industrial.

Tive oportunidade de eu próprio, investido em funções oficiais ou como responsável do Partido Socialista, explicar aos governantes europeus a necessidade premente de prestar assistência financeira à jovem democracia portuguesa a fim de consolidar as liberdades conquistadas superando-se os perigos que a ameaçaram e que ainda não desapareceram completamente.

Não posso deixar de me congratular pela assinatura num futuro do Protocolo Financeiro entre a CEE e Portugal no quadro do qual se vai processar e, espero, reforçar a assistência financeira a Portugal.

Não posso esquecer a ajuda bilateral recebida de vários países que corresponderam aos nossos pedidos graças à solidariedade militante de muitos de vós aqui presentes. Deste modo Portugal poderá empreender a reconstrução do País no campo social e económico ao mesmo tempo que consolida a democracia a caminho do socialismo, e se poderá transformar numa zona de estabilidade política no Ocidente Sul da Europa.

Camaradas:

A vossa presença no Norte de Portugal para conjuntamente repensar connosco a posição de Portugal perante a Europa deverá ser por vós aproveitada para auscultar os sentimentos de identificação europeia de populações que pela história, por tradição e por experiência humana mais perto se sentem da Europa. Rara será hoje a família nortenha sem um membro seu radicado na Europa.

Se Portugal foi o País que proporcionalmente mais contribuiu nos tempos modernos para o fluxo emigratório para a Europa, mais de um milhão de trabalhadores o que corresponde a um terço da população activa nacional, do norte do País saiu sem dúvida o maior número. Rendo homenagem a essa gente, em geral humilde mas de grande tenacidade e audácia, com quem tive oportunidade de confraternizar e de me identificar durante o meu exílio em França.

Os emigrantes foram e são os grandes interpretes de verdadeira aproximação de Portugal à Europa pela sua experiência humana na luta contra todos os entraves da administração fascista, saltando clandestinamente fronteiras em busca de um futuro melhor, ao mesmo tempo que contribuíam para a prosperidade europeia, o mesmo será dizer para a construção da Europa, com o seu trabalho árduo em tarefas as mais das vezes humildes que os nacionais desses países se recusam a desempenhar.

Daí a importância que damos a que a futura Europa seja a Europa dos trabalhadores. 0 regime fascista acabou por fechar os olhos a esse êxodo extraordinário de trabalhadores, em geral na força da vida, que no seu País não encontravam satisfação para um dos mais sagrados direitos, mascarando-se assim a incapacidade do sistema para dar trabalho a todos os portugueses, aliviando-se tensões no mercado do trabalho e apresentando-se demagogicamente falsas estatísticas de pleno emprego ao mesmo tempo eram aproveitadas de maneira ignóbil as poupanças dos emigrantes, não para criar riqueza, mas para preservar um regime ditatorial, dar satisfação às classes dominantes que o apoiavam e principalmente para prosseguir uma guerra injusta contra os povos coloniais.

Chegou a hora de, sem demagogias, render justiça aos emigrantes portugueses que na Europa e no Mundo dignificam o nome de Portugal e com o seu trabalho honesto contribuem para a paz, o progresso e a prosperidade dos países que os acolheram.

Por parte dos países europeus é da mais elementar justiça conceder-lhes completa equiparação no domínio do trabalho e da segurança social com os seus nacionais, aliás, no prosseguimento dos pedidos insistentemente apresentados às organizações europeias pelo Governo Português.

Não obstante a crise económica internacional que gera desemprego generalizado, haverá, que aliviar as interdições à entrada de novos emigrantes portugueses nos países europeus, facilitando a resolução da dramática situação de emprego que hoje se vive em Portugal, substancialmente agravada com o regresso maciço de portugueses radicados nas colónias.

Alguns países europeus estão particularmente sensibilizados para compreender esta dramática situação, refiro-me muito especialmente à França que soube proceder com humanidade e sabedoria à reintegração de mais de um milhão de franceses retornados das suas ex-colónias e principalmente da Argélia, à Bélgica e à Holanda.

A assistência oferecida por parte de muitos países, principalmente europeus, aquando das operações de retorno dos portugueses de Angola, através do oferecimento de meios de transporte e de ofertas que se cifraram em outras formas de auxílio para minorar a sorte de tantos portugueses, foi acolhida com um sentimento de gratidão profunda pelo nosso Povo, mas ainda não é tudo.

A reintegração na comunidade nacional de centenas de milhares de portugueses é obra de gigantes e exige meios financeiros e outros recursos de que Portugal não dispõe. O Povo Português continua a contar com o apoio desinteressado da Europa que vós hoje representais aqui. A solidariedade humana não pode ser uma palavra vã.

Na problemática da inserção de Portugal na Europa e no Mundo levanta-se com especial acuidade a questão das relações de Portugal com os novos países que até há pouco estiveram sob a dominação colonial portuguesa. A preocupação geral não poderá deixar de ser no sentido de privilegiar as relações com países a quem nos ligam tantos laços de carácter histórico, cultural, humano e económico.

 Para o prosseguimento deste objectivo haverá que superar o trauma histórico que afectou a essência dos sentimentos do povo português, sentimentos permanentemente vivos enquanto não se processar a reintegração total na sociedade nacional de centenas de milhares de portugueses que até há bem pouco tempo estavam radicados nas ex-colónias.

Por parte dos novos países impõe-se que os sentimentos de ressentimentos contra o ex-colonizador sejam ultrapassados e que o radicalismo pós-independência dos novos dirigentes seja superado num processo gradual de tomada de consciência dos verdadeiros interesses dos povos que governam.

A mais curto prazo muito conviria tentar prosseguir numa política de realismo baseado no melhor entendimento possível dos interesses recíprocos com vista à resolução do contencioso herdado do período colonial e ao estabelecimento das bases de cooperação possível.

0 desbloqueamento da sociedade portuguesa ante 25 de Abril tendo como um dos objectivos prioritários a alteração da política colonial e a aceitação dos princípios da auto-determinação e da independência dos povos poderia ter sido levado a cabo no quadro euro africano, estabelecendo-se um paralelismo que levasse a uma aproximação cada vez mais íntima de Portugal com a Comunidade Europeia, lado a lado com a associação dos novos países africanos de expressão portuguesa aos novos esquemas de associação entre a quase totalidade dos países africanos e a CEE, de que resultou a assinatura da Convenção de Laomé ultrapassando o sentido neo-colonial das Convenções de laundé I e II.

0 sistema das relações de Portugal com as ex-colónias terminado que foi o processo de descolonização, insere-se assim numa questão mais ampla que diz respeito à nossa posição perante a Europa e o Mundo, à inserção dos países agora independentes no contexto continental africano, contemplando as suas ligações naturais com a Europa.

Nestes quase dois anos, em que vivemos algumas aventuras demagógicas e sobretudo um ambiente de acentuado ideologismo, foram-se perdendo algumas oportunidades.

Tive ocasião de encarecer a especial posição de «Portugal na encruzilhada de todos os povos do Mundo, país europeu com tantos e tão velhos laços com a África», no meu discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Outubro de 1974. 0 processo de descolonização portuguesa merecia então crédito político universal dando jus ao reconhecimento da posição privilegiada de Portugal em relação à África.

No contexto euro africano haveria que ter valorizado, com realismo e eficácia, a nossa especial posição, no interesse recíproco do povo português e dos povos das ex-colónias, assegurando o concurso e o apoio da Europa e da África ao processo de descolonização em curso, evitando-se intervenções de imperialismos veiculados pelas super-potências.

Portugal mantém com a CEE laços de natureza puramente económica e agora, a título excepcional, de carácter financeiro e social, sendo considerado um país terceiro» apesar de se lhe reconhecer vocação à adesão futura ao tratado de Roma.

A Convenção de Laomé estabelece regimes comerciais, de assistência técnica, económica e financeira e formas de cooperação tecnológica extremamente favoráveis aos países africanos membros, nos quais já se contam alguns Estados de expressão portuguesa.

Assim, Portugal poderá vir a ser o grande ausente nestes esquemas de cooperação euro africana, se não se acelerar o processo da sua integração como membro de pleno direito, na Comunidade Europeia. Se assim não vier a acontecer, Portugal será igualmente considerado «um país terceiro», assistindo passivamente ao estabelecimento de relações privilegiadas, no quadro da Convenção de Laomé, entre a Europa e as suas antigas colónias.

Neste contexto, ainda, radica uma das razões fundamentais que obriga o Povo Português a uma reflexão profunda relativamente à integração de Portugal na Europa, aliás, no prosseguimento do seu destino histórico de país europeu com especiais qualificações para se apresentar como «intermediário privilegiado» nas relações da Europa com a África. Não há pois antagonismo entre a vocação africana ou se quiserem terceiro mundista de Portugal e o estreitamento de relações entre Portugal e a Europa, mas antes, e como sempre disse, complementaridade.

Camaradas:

Absorvidos pelos nossos próprios problemas de reestruturação nacional, empenhados numa revolução que concilie o socialismo e a liberdade - sem deixarmos que se sacrifique a liberdade ao socialismo, mas também sem abdicarmos jamais dos nossos ideais socialistas - o Partido Socialista não tem tido ocasião de exercer na cena internacional, e especialmente no quadro da Internacional Socialista, aquele papel, discreto mas eficaz, a que legitimamente aspira.

Socialistas do sul da Europa, mas sendo um grande partido de massas que soube reduzir às suas proporções o aventureirismo do partido comunista local, o PS, até pela sua influência nos meios sindicais, encontra-se em posição, em alguns aspectos, próximo de certos partidos sociais-democratas do norte da Europa.

A nossa experiência, que não deu tempo ainda a grandes elaborações teóricas, é contudo rica de ensinamentos. A nossa luta – temos disso consciência – representa decerto uma contribuição original para o desbloqueamento de um verdadeiro projecto de socialismo democrático para a Europa. Sobre ele reflectiremos em comum. Com a fraternidade de camaradas que por vias diferentes e face a condicionalismos nacionais muito diversos, procuram atingir o mesmo objectivo – o socialismo – ou seja a igualdade e a felicidade dos homens na liberdade, na fraternidade e na paz.

Fontes:

Mário Soares, A Europa connosco, Lisboa, Perspectivas & Realidades, 1976.

MÁRIO ALBERTO NOBRE LOPES SOARES
Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, de Maio de 1974 a Março de 1975, e um dos impulsionadores da independência das colónias portuguesas, tendo sido responsável por parte desse processo.
A partir de Março de 1977 colaborou no processo de adesão de Portugal à CEE, vindo a subscrever, como Primeiro-Ministro, o Tratado de Adesão, em 12 de Julho de 1985.

Foi primeiro-ministro de Portugal nos seguintes períodos:

I Governo Constitucional entre 1976 e 1977;


II Governo Constitucional em 1978;


IX Governo Constitucional entre 1983 e 1985.


Presidente da República entre 1986 e 1996 (1º mandato de 10 de Março de 1986 a 1991, 2º mandato de 13 de Janeiro de 1991 a 9 de Março de 1996).

Se o país se encontra como está, muito se deve às políticas deste socialista.











Póvoa de Varzim: Mário Soares acredita que a Europa vai ultrapassar a crise



Póvoa de Varzim, 16 jun (Lusa) - O antigo Presidente da República Mário Soares afirmou esta noite que não está pessimista em relação à crise que a Europa atravessa e mantém a esperança de que esta será resolvida e ultrapassada "com bom senso".

Lusa

1:36 Quarta feira, 16 de Junho de 2010

Póvoa de Varzim, 16 jun (Lusa) - O antigo Presidente da República Mário Soares afirmou esta noite que não está pessimista em relação à crise que a Europa atravessa e mantém a esperança de que esta será resolvida e ultrapassada "com bom senso".

Na intervenção que proferiu na Póvoa de Varzim, durante uma conferência que visou assinalar o centenário da implantação da República, Soares defendeu ainda que "a Europa tem de continuar a ser a referência do melhor, do mais progressista e humanitário" que há.

Mário Soares, que se afirmou como "republicano, socialista e laico", explanou a história de Portugal, desde 1910 até ao presente, explicando que se viveram duas repúblicas e uma ditadura, sendo que esta última foi derrubada "com um golpe militar".

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Que lata!

PANTE44 (seguir utilizador), 2 pontos , 2:05
Quarta feira, 16 de Junho

Ou ele já não sabe o que diz ou não tem nem nunca teve noção do que é o socialismo. Pelo menos o amigo dele, almeida santos já teve a coragem de se assumir num programa da RTP reconhecendo que prefere uma economia capitalista a uma economia socialista.

Mário Soares é o pai da nossa desgraça enquanto país, a mãe é Freitas do Amaral!

Este personagem deve estar esquecido do que disse, das duas uma ou estava a dormir novamente ou estava a ficar com Alzheimer, quando guardou o socialismo na gaveta, ou quando esteve disposto a arrastar o país para uma guerra civil para salvaguardar a sua sede de poder.

Este personagem vai ficar para a história como o pior e mais manipulador politico de todos os tempos. este é o homem que arruinou e vendeu Portugal!

O único politico a pisar a bandeira nacional, ter chegado um dia a presidente e com a ajuda dos comunistas, foi a nossa maior vergonha enquanto nação.


Fonte - Jornal Expresso




Processo Revolucionário em Curso





O Processo Revolucionário em Curso – por vezes referido como "Período Revolucionário em Curso" ou, com mais frequência, apenas pela sigla PREC – designa, em sentido lato, o período de actividades revolucionárias, marcante na História de Portugal, decorrido durante a Revolução dos Cravos, iniciada com o golpe militar de 25 de Abril de 1974 e concluida com a aprovação da Constituição Portuguesa, em Abril de 1976.

O termo, no entanto, é frequentemente usado para aludir ao período crítico do Verão quente de 1975, com o seu antes e o seu depois, que culmina com os acontecimentos do dia 25 de Novembro.

Num sentido mais restrito, designa a acção dos partidos, quadros militares e grupos de esquerda que, por entre efervescente agitação popular e alguma desordem, conduziam o processo político do pós 25 de Abril «rumo ao socialismo».

No processo estavam envolvidos militantes de uma vasta franja do espectro partidário de esquerda, desde o PS aos mais radicais, como o barulhento e maoista MRPP. Entre eles, apesar da contenda ideológica, havia coesão cerrada em torno dos ideais de Abril e a convicção de que uma justiça social absoluta seria por instalada em Portugal.

A par das ocupações de terras e casas abandonadas, da Reforma Agrária, de melhorias importantes como o estabelecimento do salário mínimo, o processo levaria ao desmantelamento de grupos económicos ligados ao regime deposto, entre os quais a CUF, à nacionalização de empresas consideradas de interesse público, na banca, seguros, transportes, comunicações, siderurgia, cimento, indústrias químicas, celulose.

Fez-se «saneamentos» no aparelho do Estado e nos meios de comunicação, com vista a afastar elementos indesejáveis do velho regime, substituindo-os por quadros progressistas qualificados e responsáveis.

Houve-os de vários quadrantes, sendo voz corrente que o PCP beneficiou em número (era um partido bem organizado), o que não se lhes pode censurar se tivermos em conta os números depois alcançados em cargos desses por outros partidos do poder.

O Caso República (que culmina com a edição do jornal República de 19 de Maio e com o seu encerramento até 18 de Julho) dará que falar: não será só pretexto para acusar o PCP de manipular a comissão de trabalhadores que ocupou as instalações do jornal República e expulsou o seu director, o socialista Raul Rego, como também será um excelente motivo para que os órgãos de informação internacionais se debruçassem de novo sobre a situação em Portugal.

Uma grande manifestação em frente da sede do jornal, em que participam os notáveis do PS, é organizada para dar voz ao caso. As instalações seriam depois recuperadas e usadas para o lançamento de um novo diário, A Luta, que durante alguns anos se tornaria voz do Partido.

É a partir deste caso que se eleva por seu lado a voz de Mário Soares que, em tons dramáticos, acusa o PCP, em suma, os «comunistas» portugueses de serem responsáveis pelo estado do país. O tema e o tom manter-se-iam por muito tempo em inúmeros discursos feitos por toda a parte. A esquerda portuguesa sairia profundamente debilitada deste controverso caso.

No centro e norte do país, no Verão Quente, somavam-se entretanto os atentados bombistas de grupos extremistas de direita (ELP, MDLP, Grupo Maria da Fonte) contra as sedes de partidos de esquerda. Assassinatos políticos seriam perpetrados com o envolvimento de elementos conservadores do clero.

Os partidos não marxistas recentemente fundados, como o Centro Democrático Social e o Partido Popular Democrático, fazem-se então ouvir por vozes mediáticas, secundadas na província pela Igreja Católica. Mais que nunca, é decididamente o Poder que está em causa, estando por isso em causa também o papel de Portugal na Europa.

À esquerda, mais que nunca, paira o espectro do Chile de Pinochet. Ao centro e à direita receia-se uma ditadura bolchevique. Os EUA estão atentos: o futuro de Portugal joga-se em três continentes e os interesses estratégicos americanos estão lá metidos.

Já tinham dado um sinal do que poderia acontecer, fundeando no Tejo, em frente do Palácio de Belém, inícios de 1975, o porta-aviões USS Saratoga, durante a operação Locked Gate-75. da NATO. É Henry Kissinger quem superintende nesse tipo de manobras.

Secretário de Estado norte-americano, teve um papel determinante no golpe militar que derrubou o Presidente Salvador Allende a 11 de Setembro de 1973, dando todo o apoio a Augusto Pinochet, frustrando violentamente o projecto de estabelecimento de um regime socialista democrático no Chile. Estava agora de olho vivo em Portugal.

Receava que a Revolução dos Cravos conduzisse o país a um perigo idêntico e fazia os seus cáculos. Tinha já travado conhecimento com Mário Soares (encontro em Washington com Costa Gomes e Mário Soares a 18 de Outubro de 1974), de quem desconfia e em quem julga ver o Kerenski da Europa.

Menos desconfiado é Frank Carlucci, o embaixador em Lisboa, futuro vice-director da CIA no seu regresso aos EU, que sabe bem que Soares, the only game in town  é de confiança, um liberal astuto e alguém com grande ambição pelo poder.

As estratégias de interferência dos EU em Portugal são delineadas desde os primeiros momentos da revolução.

Kissinger cedo estabelece «planos de emergência, ou contingência, para o caso de Portugal cair nas mãos dos comunistas».

Esses planos passam pela ocupação militar dos Açores, com vista à manutenção da Base das Lages, considerada bastião norte-americano inalienável, hipótese essa deixada em aberto, para qualquer eventualidade, numa reunião que tem em Janeiro de 1975 com o secretário da Defesa James Schlesinger.


Mural

A Fonte Luminosa, em Lisboa, é o primeiro local onde Soares consegue reunir uma imensa multidão. O comício do PS na Praça Humberto Delgado no Porto, a 14 de Agosto de 1975, em que Mário Soares e Salgado Zenha erguem clamores contra o perigo comunista (versão “tripeira” do comício “alfacinha” da Fonte Luminosa  de 19 de Julho de 1975), é notícia mediática nos EU (CBS). Nas imagens vê-se um mar de gente na Praça Humberto Delgado.

Ali mesmo ao lado e à mesma hora, numa praça contígua à Rua Sá da Bandeira, é atacada por manifestantes, a tiros de pistola e cocktails molotov, a sede do partido de esquerda UDP. Imagens dos assaltos ao Consulado de Espanha da Rua do Salitre, na noite de 26 Setembro e, a 27, à embaixada da Praça de Espanha  durante uma manifestação da UDP, à mistura com outros manifestantes, em protesto pela execução de activistas bascos, é a primeira notícia a ir para o ar nos EU, na noite de 29 de Setembro.

 Coincide o que é dado a ver num caso e noutro, daí se concluindo que em Portugal há um perigo vermelho que se pode alastrar a Espanha, debilitada por uma economia ainda frágil e pelo estertor do regime franquista. Por vezes – será este um caso? – a História faz-se por equívocos.

A saída das forças militares dos Comandos da Amadora chefiadas por Jaime Neves  no dia 25 de Novembro de 1975 travará o processo.

O carismático líder da Revolução dos Cravos Otelo Saraiva de Carvalho, comandante do COPCON, que não deseja confrontos, cede. O PCP, que bem conhece os limites do seu poder, decide não intervir. Isolados, os outros partidos da esquerda manifestam-se, mas por pouco tempo.

Cai o V Governo Provisório liderado por Vasco Gonçalves. Instalam-se os moderados do Grupo dos Nove.

Mudam-se os tempos e as vontades: o PS e o PPD (PSD) passarão a governar ao centro e em alternância, durante décadas.

Esvai-se a revolução, só ficam os ideais.

Do PREC, é tudo o que se mantém vivo.

O contexto da Revolução dos Cravos e do PREC

A situação interna e o contexto internacional



Marcelo Caetano, primeiro-ministro derrubado pelo 25 de Abril.

Quando eclodiu o golpe militar de Abril, o mundo estava em plena recessão, como rescaldo do choque petrolífero de 1973. Portugal ainda era um país relativamente atrasado, mal industrializado e de forte emigração. Encontrava-se, no entanto, em fase de integração na comunidade dos países europeus ditos democráticos.

Mau grado a persistência de um regime ditatorial, os sinais de mudança eram visíveis em todos os sectores da vida portuguesa e, de tão expressivos e imparáveis, sugeriam a possibilidade de uma ruptura política e social a breve trecho. Importa lembrar que, por interesses estratégicos das grandes potências, tanto no quadro europeu como africano, Portugal era membro de pleno direito da OTAN e da EFTA.

Em 1973, a Time Magazine acenava com a iminência de um "milagre económico português". Quais eram os indicadores de tal milagre? Taxas de crescimento anual nunca inferiores a 5%, surgimento de indústrias metalomecânica e petroquímica de relevo, indústria pesada portuguesa - sobretudo de construção naval - movimento accionista, investimento estrangeiro, com fixação de multinacionais em Portugal e consolidação de uma classe média empresarial e mudança do perfil da população.

O movimento de integração dos países mediterrânicos na família das democracias parlamentares europeias era imparável e não pressupunha qualquer mudança violenta. Portugal, apesar dos sobressaltos e da reviravolta política, não foi excepção.

A tendência para a viragem democrática de países sujeitos a regimes duros na Europa era manifesta e de certo modo inevitável. Os casos grego e espanhol corroboram a tese.

As democracias nascem muitas vezes em sociedades ricas ou em enriquecimento. Quando a classe média ascendente se sente capacitada para o exercício do domínio do Estado, por conveniência costuma reclamar a Liberdade. Tal aconteceu em Espanha e na Grécia.

Neste contexto, porém, as hipóteses de desenvolvimento de Portugal estavam dramaticamente condicionadas pelo seu isolamento político e pelos custos enormes da guerra colonial

A ala liberal

A estrutura social portuguesa não deixava prever uma evolução do país por outra via. Essa evolução era apontada pelo pensamento e pela acção dos deputados da Ala Liberal da Assembleia Nacional, que constituíram uma geração de políticos adeptos de uma forte liberalização do regime do Estado Novo.

 Coube a personalidades que pontificaram na Ala Liberal do antes do 25 de Abril, (Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Mota Amaral, Magalhães Mota, Miller Guerra, entre tantos outros), pôr a nu as fragilidades do regime, influenciando algumas decisões e rompendo com os cânones de uma linha mais dura e pouco flexível, que aos pouco foi acabando por ceder.

Como exemplo das acções dos chamados "liberais", acções fundamentais na transição da ditadura para Democracia, contam-se ideias apresentadas aquando do projecto de revisão constitucional em 1970.

 Entre elas, por exempo, já constavam a abolição da censura, a proclamação da liberdade de imprensa, a interdição dos impedimentos da liberdade de associação, a exigência de extinção dos tribunais plenários onde se fazia o julgamento dos presos políticos, a proibição das medidas de segurança sem termo certo, (medidas essas que, aplicadas aos mesmos presos políticos, acabavam por se assemelhar à prisão perpétua), a limitação da prisão preventiva sem culpa formada a um prazo máximo de setenta e duas horas, a inclusão do direito ao trabalho e do direito à emigração na lista dos direitos fundamentais, o reforço dos poderes da Assembleia Nacional e a modernização dos seus métodos de trabalho, a restauração do sufrágio universal para a eleição do Presidente da República, a proibição do veto presidencial às leis de revisão constitucional.

Em poucas palavras: a aprovação do projecto da Ala Liberal significaria a substituição do regime ditatorial (Estado Novo) e autoritário por uma democracia de modelo europeu ocidental.

Entre 1970 e 1971, o número de detenções por motivos políticos voltou a aumentar. Violência e ilegalidade dos métodos usados na instrução dos processos foram denunciados por apoiantes dos presos e chegaram à Assembleia Nacional pela voz de Sá Carneiro e de outros deputados "liberais".

O recuo no terreno das liberdades expressava uma clara travagem político-institucional naquilo que a chamada Primavera Marcelista continha de promessa de renovação contínua do regime. Contra isto se insurgiram os deputados da Ala Liberal, que apresentaram várias iniciativas legislativas ao longo do ano de 1972.

Vendo frustradas as suas esperanças, desiludidos, os deputados da Ala Liberal foram abandonando a Assembleia. Sá Carneiro foi o primeiro, em 1973, com a famosa expressão "É o fim!", logo seguido dos outros.

Passaram assim à oposição, exprimindo-se em artigos publicados no jornal Expresso (fundado por Pinto Balsemão em Janeiro de 1973). Os esforços dos "liberais", no entanto, terão tido o efeito de desacreditar a experiência marcelista junto de largos sectores das classes médias portuguesas.

O fim da Primavera Marcelista




António de Spínola em óleo de Duarte Pimentel.

Marcelo Caetano já havia perdido o passo, condicionado pela fragilidade da sua base de apoio no seio do regime e pela incapacidade de renovação ideológica dos sectores que se lhe opunham. A oposição ao regime, pelo PCP, pela extrema esquerda e agora por um PS marcado pela ainda forte impregnação marxista dos seus intelectuais mais jovens - Mário Sottomayor Cardia, António Reis (professor), Álvaro Guerra, Arons de Carvalho - tão pouco poderia negociar com o Presidente do Conselho.

O Estado Social de Marcelo Caetano estava, pois, ancorado na herança de Oliveira Salazar, cativo daqueles que não tinham uma solução para a mudança do regime e incapacitado de dialogar com uma oposição que assumia declaradamente a tese do derrube violento da situação.

 Restava a Marcelo o seu círculo de amigos e admiradores, que em breve ascenderiam à ribalta nos partidos de direita surgidos nos meses que se seguiram ao 25 de Abril e o respeito que o general António de Spínola por ele demonstrava.

A guerra colonial precipitou a mudança, que se fez por via armada, com a Revolução dos Cravos.

Cronologia do PREC

Abril - Setembro de 1974



Cartaz da Maioria Silenciosa.

Logo em 1974, tendo António de Spínola chegado à chefia do Estado na sequência da Revolução dos Cravos, trava-se uma séria discussão entre este e os diversos partidos emergidos do 25 de Abril, nomeadamente no tocante à questão colonial: o Presidente da República aposta na construção de uma espécie de Commonwealth portuguesa, enquanto alguns partidos, nomeadamente o PS e o PCP, se manifestam contra esta solução.

Vendo-se contrariado, Spínola convoca para o dia 28 de Setembro de 1974 uma manifestação, mobilizando a chamada Maioria silenciosa, a seu ver a larga maioria da população, que, segundo ele, segue as suas ideias.

A fim de evitar que Spínola tome autoritariamente o poder com este estratagema, os partidos de esquerda, PS, PCP e os mais radicais, com o apoio de militares que se lhe opõem, levantam barricadas nos principais acessos a Lisboa, impedindo o acesso das camionetas de manifestantes e frustrando os seus intentos. Spínola demite-se. Sucede-lhe Francisco da Costa Gomes, que nomeia como chefe de Governo o coronel Vasco Gonçalves.

Outubro de 1974 - Fevereiro de 1975

Vasco Gonçalves toma medidas com vista a avançar rumo a um socialismo democrático. No entanto, a sua indecisão, acrescida da presença de diversos spinolistas entre os militares do MFA, impede o progresso de qualquer revolução nesse sentido.

Março - Abril de 1975



Vasco Gonçalves em 1982.

Mural da LCI.Em Fevereiro de 1975 surgem sinais da fundação de uma organização de extrema direita baseada em Espanha, ligada ao general Spínola, que teria como objectivo levar a cabo uma contra-revolução em Portugal.

Vários jornais dão notícias de um golpe de estado planeado para Março. Começa a circular o boato de uma suposta Matança da Páscoa: todos os oficiais «conotados com a reacção» (i.e., com Spínola) seriam eliminados por sectores ligados ao PCP.

Talvez movidos por este boato, militares spinolistas pegam em armas e tentam, a 11 de Março de 1975, fazer um golpe de Estado. Spínola assume o comando do golpe mas este falha.

A «intentona reaccionária» (segundo a terminologia da época) é pretexto para que Vasco Gonçalves radicalize o Processo Revolucionário, apoiando-se no COPCON de Otelo Saraiva de Carvalho.

Logo após este golpe falhado, os bancos são nacionalizados, bem como as seguradoras e, por arrasto, a companhia dos tabacos, a CUF, a Lisnave e outras empresas de grande dimensão.

É negociado em Março-Abril pelo Conselho da Revolução e partidos políticos o Pacto MFA-Partidos.

 O pacto consagra «a continuação da revolução política, económica e social iniciada a 25 de Abril de 1974, dentro do Pluralismo Político e da via socializante».

Em grande medida imposto aos partidos, reserva para o Conselho da Revolução o papel central de direcção do país durante o período que se segue.

A 25 de Abril de 1975 têm lugar eleições para a Assembleia Constituinte. A esmagadora maioria da população portuguesa vota no PS - que se tinha tornado progressivamente mais liberal nas suas posições ou, como se diria anos mais tarde, tinha «enfiado o socialismo na gaveta» - e no PPD, actual PSD.



O Partido Comunista Português vê-se assim com uma modesta representação na Assembleia Constituinte. Os diversos grupos marxistas surgidos com o 25 de Abril (UDP, MES, FSP, LCI, etc.) têm apenas votações residuais.



Mural de 1975 alusivo ao 25 de Abril.



Mural do PRP (1975).Maio - Setembro de 1975

Em consequência dos resultados das eleições e de visões diferentes quanto ao futuro do país entre os principais partidos (PS e PSD) e o primeiro-ministro, surge um conflito de legitimidade (a eleitoral, a dos partidos, e a revolucionária, a do MFA e Conselho da Revolução).

Logo no 1º de Maio isto torna-se manifesto no conflito aberto entre o PS, opositor da unicidade sindical, e o PCP, apoiado pelo Conselho da Revolução, defensor da existência de uma única central sindical.

Ainda em Maio surge também o Caso República. Uma greve de tipógrafos do jornal República, afectos à UDP, agem contra a direcção, alinhada com o PS. O caso servirá de pretexto ao PS para lançar um ataque ao PCP e ao governo de Vasco Gonçalves.

O Processo Revolucionário conduzido por Vasco Gonçalves é assim contrariado não só pelos sectores reaccionários da sociedade portuguesa (a Igreja Católica e alguns grupos saudosos do Estado Novo) mas também, embora não ainda abertamente, pelos principais partidos políticos (PS e PSD).

Isto leva a uma escalada nas tomadas de posições de Vasco Gonçalves e do COPCON: a Revolução dos Cravos é uma revolução que visa implementar o socialismo democrático, afirmam. O MFA, investido pela Aliança Povo/MFA, sente-se assim legitimado para levar avante o processo socializante.

É o Verão Quente. As ocupações de casas, fábricas, latifúndios, etc., proliferam. No Norte, sobretudo minifundiário e sujeito a grande influência católica, surgem grupos de contra-revolução, como o MDLP Movimento Democrático de Libertação de Portugal), o ELP (Exército de Libertação Português) e o intitulado Grupo Maria da Fonte.

É grande a violência. Várias sedes partidárias do PCP são vandalizadas no Norte e Centro. Em Lisboa, em contrapartida, é assaltado o consulado de Espanha e a embaixada é incendiada por elementos da extrema-esquerda, porventura infiltrados por elementos não identificados.




Mural do MRPP.

Em Junho de 1975 a comissão política do Conselho da Revolução reúne para decidir o rumo a tomar. O resultado é o Plano de Acção Política, que reafirma o objectivo da construção de uma sociedade socialista sem classes, que aceita a participação dos partidos políticos mas que também manifesta a intenção de reforçar a Aliança Povo/MFA através da ligação a organizações de base que deverão ser o embrião de uma democracia directa: neste cenário os partidos seriam inúteis.

O plano é no entanto muito ambíguo, tenta agradar a facções contraditórias. Os partidos reagem com cautela.

Em Julho, numa nova tentativa de clarificar a situação, uma assembleia do MFA, incentivada por Vasco Gonçalves, elabora e aprova o Documento-Guia de Aliança Povo/MFA, propondo como objectivo último da revolução «a instauração do poder popular» através da criação de uma hierarquia de associações e assembleias populares, contornando os partidos políticos.

A contestação dentro do próprio Conselho da Revolução ao governo de Vasco Golcalves começa a organizar-se. Este promove a constituição de um directório (que incluirá, além dele próprio, o Presidente da República Costa Gomes e Otelo) que deverá concentrar a autoridade do Conselho da Revolução.

Em Agosto, os conselheiros defensores da via do pluralismo partidário organizam-se (Grupo dos Nove) e publicam um documento defendendo que os militares devem deixar nas mãos dos partidos políticos democraticamente eleitos a decisão quanto ao futuro político do país. Em consequência são suspensos do CR pelo directório (apenas Otelo se opõe à suspensão).

O documento dos Nove é entretanto discutido nas Forças Armadas, discussão que irá evidenciar uma grande divisão dos militares, do Conselho da Revolução e minar a autoridade do governo.


Pintura mural de Otelo Saraiva de Carvalho.

Otelo, agora no centro de uma ala de esquerda radical dentro do MFA, distancia-se definitivamente de Vasco Gonçalves a 20 de Agosto, chegando mesmo a proibi-lo de visitar as unidades militares da Região Militar de Lisboa e aconselhando-o a demitir-se.

Perante a crise de autoridade do governo e sendo considerado por ela responsável, Vasco Gonçalves (e o V Governo Provisório) é demitido e a sua recondução em cargos de relevo é recusada pelo MFA na assembleia de Tancos, em Setembro.

Setembro - Novembro de 1975

Em Setembro é formado o VI Governo Provisório com o Almirante Pinheiro de Azevedo como primeiro-ministro. No entanto a mudança de governo não consegue acalmar a situação, antes pelo contrário. O Conselho da Revolução e o MFA estão divididos e a crise de autoridade agudiza-se.

A 12 de Novembro uma manifestação convocada pelo sindicato da construção civil cerca os deputados no interior do parlamento e impede-os de sair durante dois dias.

A 20, o Governo proclama estar em “greve” por falta de condições para governar. A 24, ocorre em Rio Maior um levantamento de agricultores que cortam a Estrada Nacional nº 1 para norte, desmobilizando ainda nessa noite.




Mário Soares em 1988.

Para pôr fim à situação de impasse entre sectores militares opostos – de um lado a esquerda radical que procura apoio em Otelo, de outro os militares simpatizantes do PCP e de Vasco Gonçalves, de outro ainda os militares alinhados com o "Grupo dos Nove", grupo de oficiais liderados por Melo Antunes – seria necessário que algum deles avançasse.

Os militares que apoiam o Grupo dos Nove toma a iniciativa, anunciando a remoção de Otelo da posição de comandante da Região Militar de Lisboa e dando a entender que o COPCON seria eventualmente dissolvido.

A 25 de Novembro de 1975, sectores da esquerda radical (essencialmente pára-quedistas e polícia militar na Região Militar de Lisboa), provocados pelas notícias, levam a cabo uma tentativa de golpe de estado, que no entanto não tem nenhuma liderança clara.

O Grupo dos Nove reage pondo em prática um plano militar de resposta, liderado por António Ramalho Eanes. O plano prevê, numa situação limite, a instalação de um governo alternativo no Porto e a hipótese de uma guerra civil (que poderia acabar por envolver interferência estrangeira).



António Ramalho Eanes em 1983.

O Presidente da República, Costa Gomes, consegue chamar a Belém os principais comandantes militares, incluindo Otelo, Rosa Coutinho (armada, tido como próximo do PCP), e os líderes do Grupo dos Nove (agora bastantes mais que 9) e concentrar assim em si a autoridade, evitando que outros assumam o comando de facções capazes de mergulhar o país numa guerra civil.

O PCP acaba por se abster de apoiar o golpe de esquerda. Os militares revoltosos, sem liderança nem outros apoios, rendem-se sem grandes conflitos.

O PS colabora até Março de 1975 com o PCP e com a extrema-esquerda. Procura assim maximizar o seu papel na revolução e nas eleições para a Assembleia Constituinte, que seriam realizadas em Abril de 1975. É de Julho-Agosto de 1974 a célebre palavra de ordem «Partido socialista, partido marxista!».

Na sua Declaração de Princípios e Programa do Partido Socialista, divulgados em 1973, o PS declarava como objectivos a "edificação em Portugal de uma sociedade sem classes", considerando-se herdeiro de toda uma tradição de “luta das classes trabalhadoras pelo socialismo", reclamando uma democracia directa de co-gestão, fundada em conselhos operários, gabando a excelência "das revoluções chinesa, jugoslava, cubana e vietnamita".

Cedo mudaria o PS de figura, despindo as roupagens marxistas para se mostrar liberal e pluralista.


Fonte - Enciclopédia livre




Volvidos que são tantos anos, desde que o regime fascista caiu, o que temos hoje?

Perdemos a moeda nacional para com o Euro, perdemos a sobrania e muitas das nossas regalias. estamos Endividamento e subjugados  à União Europeia, temos Fome e Desemprego, como tal, está na hora de uma nova revolução onde os direitos dos cidadãos sejam respeitados, e o nacionalismo patriótico reviva de novo.

VIVA PORTUGAL

A DESCOLONIZAÇÃO PORTUGUESA EM ÁFRICA


A DESCOLONIZAÇÃO PORTUGUESA CONTADA POR MÁRIO SOARES


Ministro dos Negócios Estrangeiros logo após o 25 de Abril de 1974 (I, II e III Governos Provisórios), Mário Soares, em entrevista com Dominique Pouchin, apresenta a sua versão sobre o processo de descolonização.

Na medida em que nele foi parte activa, editamos aqui o que faz registar sobre o assunto.
Referência bibliográfica:

Mário Soares. Memória viva. Entrevista com Dominique Pouchin. Vila Nova de Famalicão: Quasi Edições, 2003 (Biblioteca "Primeiras Pessoas"- vol. I).

A DESCOLONIZAÇÃO PORTUGUESA

- A revolução nascera das guerras coloniais, e a primeira das urgências era pôr fim a essas guerras. Nessa altura o senhor começa a negociar com cada um dos movimentos nacionalistas. Começou, de certa forma, pelo mais fácil, pela Guiné, a seguir trabalhou em relação a Moçambique, e finalmente Angola. Como se passaram as coisas com os Guineenses?

É preciso começar por dizer que não existia uma visão política homogénea no seio do governo provisório. Na ausência de coordenação, cada um fazia mais ou menos aquilo que entendia. Quando aceitei a pasta dos Negócios Estrangeiros, tinha uma ideia para levar a bom termo a descolonização. Pretendia fazer assinar rapidamente um cessar-fogo nos territórios em guerra, para acabar com ela localmente. Mas tinha de respeitar o presidente Spínola, o qual possuía os seus próprios pontos de vista nessa matéria.

Ele desejava a constituição de um processo sob controlo armado, para chegar a uma espécie de "Commonwealth portuguesa". Numa altura em que a opinião pública apelava à manifestação nas ruas a favor das independências, da fraternidade e da paz, isso era claramente impossível.

A população reclamava o regresso dos seus soldados ao País. As tropas portuguesas estacionadas no Ultramar começavam, também elas, a confraternizar com os nacionalistas. A política de Spínola era, por conseguinte, irrealista.

Do lado oposto, havia a visão do Partido Comunista. Convém lembrar que, naquela época, nos aproximávamos do período da máxima expansão da União Soviética no Mundo. Os comunistas portugueses desejavam fazer entrar as antigas colónias portuguesas na esfera de influência soviética, uma vez que elas albergavam no seu seio movimentos de tendência comunista. Estávamos então em 1974.

 Finalmente, uma terceira tendência era a que preconizava Melo Antunes, um tenente-coronel do Exército português e ao mesmo tempo um intelectual, que me sucedeu no ministério dos Negócios Estrangeiros. A sua ideia de descolonização negociada estava mais próxima da minha, sem ser exactamente a mesma. Ele era muito "terceiro-mundista". Então cada um começou a trabalhar para seu lado.

Encontrei-me com Agostinho Neto, dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola, no dia 2 de Maio de 1974, em Bruxelas, mas dois dias mais tarde, Spínola enviava um embaixador (...), para se encontrar com ele na Suiça. Quanto aos comunistas, esses avançavam com os seus negócios através de Moscovo.

Os dirigentes africanos compreenderam então que cada um de nós conduzia uma política própria, o que lhes abria possibilidades de negociação. Naquela altura, enquanto ministro, estabeleci os primeiros contactos com Aristides Pereira, o dirigente guineense que encontrara em Dakar, no Senegal, com quem consegui negociar um cessar-fogo.

No próprio dia do cessar-fogo a guerra estava terminada na Guiné, sem nada acordar em troca. Isso para nós foi um importante sucesso. Relativamente à minha proposta, a seguir encontrámo-nos em Londres, para pôr a funcionar as modalidades da transição do poder, porque naquela altura ainda não se falava de independência.

Mas, no momento em que chegámos a Londres, fomos informados das ordens estritas de Spínola, que não queria conceder a autodeterminação.

Ora ao proibir ao PAIGC que se exprimisse, não era possível manter o cessar-fogo. O ministro dos Territórios das antigas colónias, o meu amigo António de Almeida Santos, e eu estávamos francamente embaraçados, pois não dispúnhamos das menores condições para uma verdadeira negociação.

A seguir, estabeleci contactos com os Angolanos, eles próprios divididos em três movimentos nacionalistas diferentes. Precisávamos de negociar com os três, o MPLA pró-soviético, a UNITA de Jonas Savimbi, que naquela época estava muito próxima dos Chineses e a FNLA, o movimento de Holden Roberto, próximo do Congo e dos Americanos.

O xadrez tornou-se ainda mais complexo, quando foi igualmente necessário levar em conta Moçambique. Encontrei-me então com Samora Machel, presidente da FRELIMO, o movimento da independência, o qual veio a ser Presidente do seu país em 1975. Isso aconteceu na Zâmbia. (...). Encetámos então as negociações.

Mas estas vieram a verificar-se mais difíceis, porque Chissano, o número dois de Samora, e actual Presidente, avisara-nos que o cessar-fogo só seria respeitado uma vez obtidas as garantias solenes da nossa parte quanto ao reconhecimento da FRELIMO como representante legítimo do povo Moçambicano.

Houve um acordo verbal, abraços e novos aplausos, mas quando nos sentámos à mesa das negociações, eles recusaram-se a assinar. E os Guineenses regressaram com a mesma disposição.

- Portanto, a FRELIMO por um lado, o PAIGC por outro, tal como Angola, exigiam que Portugal os reconhecesse como representantes dos seus povos antes de qualquer cessar-fogo.

E isso, no preciso momento em que o cessar-fogo entrava espontaneamente em aplicação no terreno. (...)

- O caso mais difícil continua a ser, mesmo assim, o de Angola.

Angola foi sem dúvida o caso mais complexo, em virtude da realidade dos movimentos pró-independentistas. As outras colónias ainda não pensavam na descolonização. Nem Cabo Verde, nem São Tomé, nem Timor estavam em guerra, e os Indonésios, naquela altura, não queriam ouvir falar de descolonização. (...)

- O senhor assinou os acordos de descolonização em Alvor, no Algarve, em Janeiro de 1975?

Nessa altura, Spínola já estava afastado do poder. O Presidente da República era o general Costa Gomes, e eu ainda era ministro dos Negócios Estrangeiros. Os acordos de Alvor, com os três movimentos angolanos, que estabeleciam a independência de Angola, foram assinados em Janeiro de 1975, por Almeida Santos, Melo Antunes e por mim.

E, pela parte de Angola, por Jonas Savimbi, Agostinho Neto e Holden Roberto, os líderes dos três partidos nacionalistas: UNITA, MPLA, FNLA. Esses acordos de Alvor fixaram as modalidades de independência. O último soldado português deveria abandonar o território angolano antes de 11 de Novembro de 1975.

Em contrapartida, não assinei os acordos com Moçambique, mas apenas assisti, após os acordos, ao acto de independência de Moçambique, no Maputo, assim como também não negociei, uma vez que já não era ministro dos Negócios Estrangeiros, a independência de Cabo Verde e São Tomé. Em Março de 1975, tive de abandonar a minha pasta.

Após o 11 de Março de 1975- data do golpe militar atribuído ao general Spínola, que teve de fugir para o estrangeiro- tornei-me ministro sem pasta... e sem poder. (...)

- Que balanço faz dessa descolonização portuguesa, que representa o último império ocidental?

Com o distanciamento e a perspectiva histórica que hoje possuo, julgo que não havia outro caminho senão conceder a independência às colónias, o que fizemos num tempo recorde. Fomos forçados a isso pela pressão internacional e pelas condições internas portuguesas.

Disse-se, posteriormente, que a descolonização tinha representado um trauma para aqueles que viviam nas colónias. Não nego que alguns dos que acreditaram poder lá ficar tivessem depois tido de fugir e regressar a Portugal, sem trabalho, sem dinheiro, sem casa.

Isso é efectivamente traumatizante, mas todos os processos de descolonização passam por aí. Penso que, apesar de tudo, temos a nosso favor a rapidez com que concluímos o processo, e a generosidade que nos guiou nessa obra de descolonização. Foi isso que nos abriu o caminho do futuro!

- Mas deixaram em Angola uma guerra civil que nunca cessou depois disso.

Não se pode misturar guerra civil com descolonização. Quando a independência foi proclamada unilateralmente pelo MPLA, a UNITA contestou de maneira muito forte, e a isso seguiu-se uma guerra civil que durou até à morte de Savimbi.

Em Moçambique, a guerra civil foi posterior à independência. A FRELIMO era naquela época um partido marxista-leninista, e a guerra só aconteceu depois de ter aparecido um outro partido, a RENAMO, não marxista, apoiado pela África do Sul.

Ao princípio, todos os movimentos nacionalistas africanos de expressão portuguesa estavam próximos da União Soviética e pretendiam construir nos seus países regimes ditos democracias populares, de partido único. Ora isso não era possível em África, nomeadamente por causa do contexto europeu e da guerra fria.

Na perspectiva portuguesa, não poderíamos ter feito outra coisa: o 25 de Abril de 1974 era para nós sinónimo de liberdade, e não podíamos fazer outra coisa a não ser pôr fim às guerras coloniais. As condições sociológicas em que conduzíamos aquelas guerras condicionavam-nos completamente, e era-nos impossível continuar.

Os militares portugueses, cansados de uma guerra colonial sem saída, recusavam-se a combater. Já ninguém acreditava na guerra, e a paz só poderia desembocar num mundo novo e na independência. Por conseguinte, fomos forçados a conceder a independência, de acordo com as Nações Unidas, e fizemos bem.

Salazar e Caetano eram incapazes de dialogar, incapazes de perceber a realidade. Eram autistas, no sentido político do termo, e deixaram a situação apodrecer. Pela nossa parte, conseguimos descolonizar sem demasiados choques, e actualmente temos boas relações com as nossas antigas colónias. (...)

(p. 97-104)

Publicado por sandra em novembro 15, 2003 12:45 PM

Comentários

O mário soares mente com todos os dentes que tem na boca, ele não deu a indepêndencia a Angola, ele vendeu as ex-colónias. O seu filho foi abatido em Angola não tendo infelizmente lá ficado, algo que sempre foi abafado. O que é que o j.soares lá fazia?R:foi buscar parte do pagamento que faltava para liquidar a venda de Angola. a familia soares destrui Portugal, os retornados e refugiados das ex-colónias foram expulsos porque o mário soares assim negociou. A familia soares os socialistas e os comunas têm as mão cheias de sangue.Deveria acontecer a essa esquerda o mesmo que milhões de portugueses sofreram.

Afixado por: Carlos Jesus Santos em janeiro 12, 2004 09:46 AM

Carlos:
obrigada por ter aqui deixado a sua opinião.

Aproveito a oportunidade para chamar a atenção para o facto de, na elaboração do discurso histórico, ter que se diferenciar claramente o que é "Opinião" e o que é "Facto" (ou factos). Quanto a estes, é por ainda haver "alguma" mistura (resultante de emoções de protagonistas ainda vivos) que a História Contemporânea de Portugal, em fases/vertentes específicas (e aquela que o Carlos refere, decorrente do post, é uma delas), continua a ser um pouco custosa/crítica de fazer, com toda a isenção e desprendimento de preconceitos que deve exigir.

Afixado por: Sandra em janeiro 12, 2004 09:27 PM

Concordo com todos os pontos de vista aqui mencionados,mas gostaria de acrescentar algo que talvez não se saiba.

Sabiam que o drt Mário Soares foi contactado em París por uma delegação enviada por Marcelo Caetano e chefiada por Jorge tavares Rodrigues no sentido de se poder fazer uma transição pacififica e gradual do regime e que este recusou alegando que primeiramente se teriam de entregar as provincias ultramarinas?Entregar a quem? Sem consultar as populações?

Sabiam que Mário Soares foi pago pelo partido comunista para entregar as provincias ultramarinas á urss, recebendo em troca o poder em Portugal?Quando se apercebeu que o pc não cumpria a promessa saltou para a fonte luminosa?

Sabiam que Mário Soares partiu para o Acordo de Alvor sabendo de antemão que não se iriam cumprir?

Sabiam que Almeida Sntos ficou com todo o dinheiro dos portugueses que nele confiaram para de Moçambique tirarem todas as suas economias tendo-lhe confiado essa tarefa?Sabem onde está esse dinheiro?

Afixado por: AQntónio Veríssimo Batista em janeiro 30, 2004 09:50 PM

Concordo com todos os pontos de vista aqui mencionados,mas gostaria de acrescentar algo que talvez não se saiba.

Sabiam que o drt Mário Soares foi contactado em París por uma delegação enviada por Marcelo Caetano e chefiada por Jorge tavares Rodrigues no sentido de se poder fazer uma transição pacififica e gradual do regime e que este recusou alegando que primeiramente se teriam de entregar as provincias ultramarinas?Entregar a quem? Sem consultar as populações?

Sabiam que Mário Soares foi pago pelo partido comunista para entregar as provincias ultramarinas á urss, recebendo em troca o poder em Portugal?Quando se apercebeu que o pc não cumpria a promessa saltou para a fonte luminosa?

Sabiam que Mário Soares partiu para o Acordo de Alvor sabendo de antemão que não se iriam cumprir?

Sabiam que Almeida Sntos ficou com todo o dinheiro dos portugueses que nele confiaram para de Moçambique tirarem todas as suas economias tendo-lhe confiado essa tarefa?Sabem onde está esse dinheiro?

Afixado por: AQntónio Veríssimo Batista em janeiro 30, 2004 09:50 PM

Este senhor devia ter vergonha na cara e nem sequer falar neste processo vergonhoso que ajudou a fabricar. Hoje em dia e apesar de haver muita censura pro-esquerda, ja se sabe que a "descolonização exemplar" não foi mais que um crime contra portugueses cometido por esse senhor e mais algumas figuras politicas de "destaque" na nossa sociedade, entre eles esse grande "socialista" e senhor de preocupações socias, Almeida Santos.

Este senhor Mário Soares que sempre pos a sua ganacia a frente do seu pais, conseguiu, incluse, ser presidente de um pais que pisou a bandeira. Ele hoje em dia ataca Paulo Portas porque tem medo que os portugueses finalmente abram os olhos e percebam o "bem" que este grupo de democratas fizeram ao nosso pais. Sabe senhorSoares ainda há pessoas neste pais que já conhecem os seus verdadeiros interesses?

A bem da nação!

Afixado por: Gpnunes em fevereiro 3, 2004 03:07 PM

Já repararam que a sic para brnquear o passdo do drt Mário Soares lhe propoorciona tempo de antena sem fim.que tem medo esta criatura que se saiba?1.5-milhoões de mortos em Moçambique e em Angola?Acha este senhor que a História lhe vai branquear o comportamento?Ele sabe que Portas tem em seu poder aquilo que ele não quer que se saiba.Um dia vai ser publicado

Afixado por: António Veríssimo Batista em fevereiro 4, 2004 12:51 AM


FONTE - HISTÓRIA E CIÊNCIA



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MÁRIO  ALBERTO NOBRE LOPES SOARES



Foi primeiro-ministro de Portugal nos seguintes períodos:


I Governo Constitucional entre 1976 e 1977;

II Governo Constitucional em 1978;

IX Governo Constitucional entre 1983 e 1985.

Presidente da República entre 1986 e 1996 (1º mandato de 10 de Março de 1986 a 1991, 2º mandato de 13 de Janeiro de 1991 a 9 de Março de 1996).

A partir de Março de 1977 colaborou no processo de adesão de Portugal à CEE, vindo a subscrever, como Primeiro-Ministro, o Tratado de Adesão, em 12 de Julho de 1985.
Se Portugal se encontra actual situação, muito se deve aos esforços ou trapalhadas realizadas por Mário Soares.
Ontem tal como no ano de 1988 se realizou uma greve geral em Portugal, como tal o mal já vem de longe, os partidos PS e CDS são igualemnte os obreiros deste estado de coisas.



Todos sabemos  que é mentira o que diz Mário Soares, a situação da maioria dos retornados continua na mesma, volvidos que são 35 anos, quem constestar estes factos, por certo será algum político ou alguém de má fé que não esteja a par das realidades.