o mar do poeta

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sábado, setembro 18

BUDISMO




O budismo (páli "buddhismo") é uma "religião" (religião no sentido de ter o sincero anseio por religar-se consigo mesmo e com o fundamento último de toda a natureza) e "filosofia" (filosofia somente no sentido de ter amor pelo saber superior) onde não há crenças e que engloba um conjunto de tradições e práticas baseadas nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda (páli/sânscrito "O Iluminado"). Buda viveu e desenvolveu seu ensinamento no nordeste do subcontinente indiano, entre os séculos IV e VI a. C.

Ele é reconhecido pelos adeptos como um mestre iluminado que compartilhou suas ideias para ajudar os seres sencientes a alcançar o fim do sofrimento, alcançando o Nirvana (páli "Nibbana") e escapando do que é visto como um ciclo de sofrimento do renascimento. Alguns mestres budistas, porém, ensinam que o Nirvana é uma percepção, um insight e não um estado, pois nem todas as escolas do budismo creem em vivendo e aprendendo. O budismo pode ser divido em dois grandes ramos: Teravada ("A Escola dos Anciãos") e Mahaiana ("O Grande Veículo").

Teravada é o mais antigo ramo do budismo e é bastante difundido nas regiões do Sri Lanka e sudeste da Ásia, já o segundo, Mahaiana, é encontrado em toda a Ásia Oriental e inclui, dentro de si, as tradições e escolas Terra Pura, Zen, Budismo de Nitiren, Budismo Tibetano, Tendai e Shingon. Em algumas classificações, a Vajrayana aparece como subcategoria de Mahaiana, entretanto é reconhecida como um terceiro ramo.

Mesmo o budismo sendo uma prática muito popular na Ásia, os dois ramos são encontrados em todo o mundo. Várias fontes colocam o número de budistas no mundo entre 230 milhões e 500 milhões, tornando-o a quinta maior religião do mundo.

As escolas budistas variam significativamente a natureza exata do caminho da libertação, a importância e canonicidade de vários ensinamentos e, especialmente, suas práticas. Entretanto, as bases das tradições e práticas são as Três Jóias: O Buda, o Darma (ensinamentos) e o Sangha (a comunidade).

Encontrar "refúgio na jóia tríplice" é, em geral, o que distingue um budista de um não-budista. Outras práticas podem incluir a renúncia convencional de vida secular para se tornar um meditador ou um monástico da comunidade e cultivar a plena consciência e sabedoria, estudando as escrituras, com exercícios físicos, devoção e cerimônias, e até mesmo a invocação de Bodisatva.





Estátua de Buda, no Kamakura, Japão.

A vida de Buda

Gautama com seus cinco companheiros, que mais tarde compuseram o primeiro Sangha. Pintura da parede de um templo em Laos.De acordo com a narrativa convencional, o Buda nasceu em Lumbini, hoje patrimônio mundial da UNESCO, por volta do ano 536 a. C., e cresceu em Kapilavastu, ambos localizados onde hoje está a região do Nepal.

Logo após o nascimento de Siddhartha, um astrólogo visitou o pai do jovem príncipe, Suddhodana, e profetizou que Siddhartha iria se tornar um grande rei e que renunciaria ao mundo material para se tornar um homem santo, se ele, por ventura, visse a vida fora das paredes do palácio.

O rei Suddhodana estava determinado a ver o seu filho se tornar um rei, impedindo assim que ele saisse do palácio.

Mas, aos 29 anos, apesar dos esforços de seu pai, Siddhartha se aventurou por além do palácio diversas vezes. Em uma série de encontros (em locais conhecidos pela cultura budista como "quatro pontos"), ele soube do sofrimento das pessoas comuns, encontrando um homem velho, um outro doente, um cadáver e, finalmente, um ascético sadhu, aparentemente contente e em paz com o mundo. Essas experiências levaram Gautama, eventualmente, a abandonar a vida real e ir em busca de uma vida espiritual.

Siddhartha Gautama fez uma primeira tentativa, experimentando a ascética e quase morreu de fome ao longo do processo. Mas, depois de aceitar leite e arroz de uma menina da vila, ele mudou sua abordagem.

Concluiu que as práticas ascéticas extremas, como o jejum prolongado, respiração sem pressa e a exposição à dor trouxeram poucos benefícios, espiritualmente falando. Deduziu então que as práticas eram prejudiciais aos praticantes.

Ele abandonou o ascetismo, concentrando-se na meditação anapanasati, através da qual descobriu o que hoje os budistas chamam de caminho do meio: um caminho que não passa pela luxúria e pelos prazeres sensuais, mas que também não passa pelas práticas de mortificação do corpo.

Quando tinha 35 anos de idade, Siddhartha sentou em baixo de uma árvore do tipo sacred fig, hoje conhecida como árvore de Bodhi[14], localizada no Bodh Gaya, na Índia, e prometeu não sair dali até conseguir atingir a 'iluminação.

A lenda diz que Siddhartha conheceu a dúvida sobre o sucesso de seus objetivos ao ser confrontado por um demônio chamado Mara, que simboliza o mundo das aparências e muitas vezes é representado por uma cobra naja.

Ainda segundo a lenda, Mara teria oferecido o nirvana à Sidarta, contudo ele percebeu que isso o levaria a se distanciar do mundo e o impediria de transmitir seus ensinamentos adiante. Assim, por volta dos 40 anos, Sidarta se transformou no Buda, o iluminado, atraindo um grupo de seguidores, e instituiu uma ordem monástica.


Agora, passaria seus dias ensinando o darma, viajando por toda a parte nordeste do subcontinente indiano. Ele sempre enfatizou que não era um deus e que a capacide de se tornar um buda pertencia ao ser humano. Faleceu aos 80 anos de idade, em 483 a. C., em Kusinagar, na Índia.

Os estudiosos se contradizem em relação às afirmações sobre a história e os fatos da vida de Buda. A maioria aceita que ele viveu, ensinou e fundou uma ordem monástica, mas não aceita de forma consistente os detalhes de sua biografia. Segundo o escritor Michael Carrithers, em seu livro O Buda, o esborço de uma vida tem que ser verdadeiro: o nascimento, a maturidade, a renúncia, a busca, o despertar e a libertação, o ensino e a morte.

Ao escrever uma biografia sobre Buda, Karen Armstrong, disse: "É obviamente difícil, portanto, escrever uma biografia de Buda, atendendo aos critérios modernos, porque temos muito pouca informação que pode ser considerado 'historica'... mas podemos estar razoavelmente confiantes, pois Siddhatta Gautama realmente existiu e os seus discípulos preservam a sua memória, sua vida e seus ensinamentos".

Conceitos budistas

A vida e o mundo


Carma: lei de causa e efeito

Tradicional thangka do budismo tibetano alusivo à "Roda da Vida", com seus seis reinos.Carma (do sânscrito कर्म, transl. karmam, e em pali, kamma, "ação") no budismo é a força de samsara sobre alguém. Boas ações (páli: kusala), e/ou ações ruins (páli: akisala) geram "sementes" na mente, que virão a aflorar nesta vida ou em um renascimento subsequente.

Com o objetivo de cultivar as ações positivas, o sila é um conceito importante do budismo, geralmente, traduzido como "virtude", "boa conduta", "moral" e "preceito".

No budismo, o carma se refere especificamente a essas ações (do corpo, fala e mente) que brotam da intenção mental (páli:cetana) e que geram consequências (frutos) e/ou resultados (vipaka).

Cada vez que uma pessoa age, há alguma qualidade de intenção em sua mente e essa intenção muitas vezes não é demonstrada pelo seu exterior, mas está em seu interior e este determinará os efeitos dela decorrentes.

No budismo Teravada, não pode haver salvação divina ou perdão de um carma, uma vez que é um processo puramente impessoal que faz parte do Universo. Outras escolas, como a Maaiana, porém, têm opiniões diferentes.

Por exemplo, os textos dos sutras (como o Sutra do Lótus, Sutra de Angulimala e Sutra do Nirvana) afirmam que, recitando ou simplesmente ouvindo seus textos, as pessoas podem expurgar grandes carmas negativos. Da mesma forma, outras escolas, Vajrayana por exemplo, incentivam a prática dos mantras como meio de cortar um carma negativo.

Renascimento

Renascimento se refere a um processo pelo qual os seres passam por uma sucessão de vidas como uma das muitas formas possíveis de senciência. Entretanto, o budismo, natural da Índia, rejeita conceitos de "autoestima" permanente ou "mente imutável", eterna, como é chamada no cristianismo e até mesmo no hinduísmo, pois, no budismo, existe a doutrina do anatta, sobre a inexistência de um "eu" permanente e imutável.

De acordo com o budismo, o renascimento em existências subsequentes deve antes ser entendido como uma continuação dinâmica, um constante processo de mudança - "originação dependente" (sânscrito: pratītya-samutpāda) - determinado pelas leis de causa e efeito (carma), em vez da noção de um ser encarnado ou transmigrado de uma existência para outra.

Cada renascimento ocorre dentro de um dos seis reinos, de acordo com os nossos reinos de desejos, podendo variar de acordo com a escolas:

1.seres dos infernos: aqueles que vivem em um dos muitos infernos;

2.preta: o reino de seres que padecem de necessidades sem alívio, sofrimento, remorsos, fome, sede, nudez, miséria, sintomas de doenças, entre outros;

3.animais: um espaço de divisão com os humanos, mas considerado como outra vida;

4.deva: comparado ao paraíso;

5.semideuses: variavelmente traduzido como "divindades humildes", demônios, titãs e antideuses; não é reconhecido pelas escolas Teravada e Maaiana;

6.seres humanos: um dos reinos de renascimento, em que é possível atingir o nirvana.

O renascimento em alguns dos céus mais altos, conhecido como o mundo de Śuddhāvāsa (moradas puras), pode ser alcançado apenas por budistas profissionais qualificados, conhecidos como não-regressistas (sânscrito: anāgāmis). Já o renascimento no reino sem forma (sânscrito: arupa-dhatu) pode ser alcançando apenas por aqueles que podem meditar sobre o arupajhanas, o maior objeto de meditação.

De acordo com o budismo praticado no leste asiático e o budismo tibetano, há um estado intermediário (o bardo) entre uma vida e a próxima. A posição Teravada ortodoxa rejeita esse conceito, no entanto existem passagens no Samyutta Nikaya do Cânone Páli (coleção de textos em que a tradição Teravada é baseada) que parecem dar apoio à ideia de que o Buda ensinou que existe um estado intermediário entre esta vida e a próxima.

O ciclo de samsara

Samsara é o ciclo das existências nas quais reinam o sofrimento e a frustação engendrados pela ignorância e pelos conflitos emocionais que dela resultam. O samsara compreende os três mundos superiores (deva, semideuses e seres humanos) e os três inferiores (seres dos infernos, preta e animais), julgados não por um valor, mas em função da intensidade de sofrimento.

Os budistas acreditam, em sua maioria, no samsara. Este, por sua vez, é regido pelas leis do carma: a boa conduta produzirá bom carma e a má alma produzirá carma maléfico.

Assim como os hindus, os budistas interpretam o samsara não-esclarecido como um estado de sofrimento. Só nos libertaremos do samsara se atingirmos o estado total de aceitação, visto que nós sofremos por desejar coisas passageiras, e alcançarmos o nirvana ou a salvação.



Sofrimento: causas e soluções

As Quatro Nobres Verdades

De acordo com o Cânone Páli, As Quatro Nobres Verdades foram os primeiros ensinamentos deixados pelo Buda depois de atingir o nirvana[30]. Algumas vezes, são consideradas como a essência dos ensinamos do Buda e são apresentadas na forma de um diagnóstico médico:

1.a vida como a conhecemos é finalmente levada ao sofrimento e/ou mal-estar (dukkha), de uma forma ou outra;

2.o sofrimento é causado pelo desejo. Isso é, muitas vezes, expressado como um engano agarrado a um certo sentimento de existência, a individualidade, ou para coisas ou fenômenos que consideramos causadores da felicidade e infelicidade. O desejo também tem seu aspecto negativo;

3.o sofrimento acaba quando termina o desejo. Isso é conseguido através da eliminação da ilusão, assim alcançamos um estado de libertação do iluminado (bodhi);

4.esse estado é conquistado através dos caminhos ensinado pelo Buda.

Esse método é descrito por alguns acadêmicos ocidentais e ensinado como uma introdução ao budismo por alguns professores contemporâneos do Maaiana, como por exemplo o Dalai Lama.

De acordo com outras interpretações de mestres budistas e eruditos, e recentemente reconhecidas por alguns estudiosos ocidentais não-budistas, as "verdades" não representam meras declarações e/ou indicações, entretanto estas podem ser agrupadas em dois grupos :

1.o sofrimento e as causas do sofrimento;

2.a cessação do sofrimento e os caminhos para a libertação.

Assim, a Enciclopédia Macmillan de Budismo simplifica As Quatro Nobres Verdades, deixando-as da seguinte maneira:

1."A Verdade Nobre Que Está Sofrendo";

2."A Verdade Nobre Que É O Surgimento do Sofrimento";

3."A Verdade Nobre Que É O Fim do Sofrimento";

4."A Verdade Nobre Que Que Produz o Fim do Caminho de Sofrimento".

A compreensão tradicional do Teravada sobre As Quatros Nobres Verdades é que estas são um ensino avançado para aqueles que estão "prontos". A posição Maaiana é que eles são ensinamentos prejudiciais para as pessoas que ainda não estão prontas para ensinar. No Extremo Oriente, os ensinamentos são pouco conhecidos.

O Nobre Caminho Óctuplo

O Dharmachakra representando o Nobre Caminho Óctuplo.O Nobre Caminho Óctuplo - A Quarta Nobre Verdade do Buda - é o caminho para a o fim do sofrimento (dukkha). Tem oito seções, cada uma começando com a palavra samyak (que em sânscrito significa "corretamente" e "devidamente"), e são apresentadas em três grupos:

prajna: é a sabedoria que purifica a mente, permitindo-lhe atingir uma visão espiritual da natureza de todas as coisas. Engloba:

1.dṛṣṭi (ditthi): ver a realidade como ela é, não apenas como parece ser;

2.saṃkalpa (sankappa): a intenção de renúncia, de liberdade e inocuidade.

sila: é a ética ou moral, a abstenção de atos nocivos. Engloba:

3.vāc vāc (vāca): falando de uma maneira verdadeira e não-ofensiva;

4.karman (kammanta): agir de uma maneira não-prejudicial;

5.ājīvana (ājīva): o meio de vida deve seguir os preceitos citados anteriormente.

samadhi: é a disciplina mental necessária para desenvolver o domínio sobre a própria mente. Isso é feito através de práticas, incluindo, a meditação. Engloba:

6.vyāyāma vyāyāma (vāyāma): fazer um esforço para melhorar;

7.smṛti (sati): a consciência de ver as coisas como elas estão com a consciência clara, consciente da realidade presente dentro de si mesmo, sem qualquer desejo ou aversão;

8.samādhi (samādhi): meditação correta ou concentração.

A prática do Caminho Óctuplo é compreendida de duas maneiras: desenvolvimento simultâneo dos oitos itens paralelamente, ou como uma série progressiva pela qual o praticante se move, ao conquistar um estágio. Contudo, os quatro nikāyas principais e o Caminho Óctuplo, geralmente, não são ensinado para os leigos e são pouco conhecidos no Extremo Oriente.

Caminho do Meio

Um importante princípio orientador da prática budista é o Caminho do Meio, que se diz ter sido descoberto pelo Buda, antes de sua iluminação. O Caminho do Meio tem várias definições:

1.a prática de não-extremismo: um caminho de moderação e distância entre a autoindulgência e a morte;

2.o meio-termo entre determinadas visões metafísicas;

3.uma explicação do nirvana (perfeita iluminação), um estado no qual fica claro que todas as dualidade aparentes no mundo são ilusórias;

4.outros termos para o sunyata, a última natureza de todos os fenômenos (na escola Maaiana).

A forma como as coisas são


Estudiosos budistas têm produzido uma quantidade notável de teorias intelectuais, filosóficas e conceitos de visão do mundo (por exemplo: filosofia budista, abhidharma e a realidade no budismo. Algumas escolas do budismo desencorajam estudos doutrinários, algumas os consideram como essenciais, pelo menos para algumas pessoas em algumas fases do budismo.

Debate entre monges do Sera Monastery, no Tibet.Nos primeiros ensinamentos budistas, de certa forma, compartilhado por todas as escolas existentes, o conceito de libertação (nirvana) está intimamente ligado com a correta compreensão de como a mente lida com o estresse.

Ao termos conhecimento sobre o apego, um sentimento de desapego é gerado e se é liberado do sofrimento (dukkha) e do ciclo de renascimento (samsara). Para esse efeito, o Buda recomendou ver as coisas através das três marcas da existência.

Impermanência, sofrimento e a inexistência do "eu"

Annica é uma das três marcas da existência. O termo exprime o conceito budista de que todas as coisas são compostas ou fenômenos condicionados, sendo estes, inconstantes, instáveis e impermanentes. Tudo o que podemos experimentar através dos nossos sentidos é composto de peças e sua existência depende de condições externas.
Tudo está em fluxo constante e, assim, as condições e coisas em si estão mudando constantemente. As coisas estão vindo constantemente a ser e deixar de ser. Como nada dura, não há nenhuma natureza inerente ou fixada em qualquer objeto ou experiência.

Segundo a doutrina da impermanência, a vida humana incorpora esse fluxo no processo de envelhecimento, no ciclo de renascimento e em qualquer existência de perda. A doutrina afirma ainda que, pelo fato de as coisas serem impermanentes, o apego a elas é inútil e leva ao sofrimento (dukkha).

Dukkha ou sofrimento (pāli दुक्ख; sanskrit दुःख duḥkha) é um dos conceitos centrais do budismo. A palavra pode ser traduzida de diversas maneiras, incluindo sofrimento, dor, insatisfação, tristeza, angústia, ansiedade, desconforto, estresse, infelicidade e frustração, por exemplo.

Apesar disso, dukkha é traduzido, muitas vezes, como "sofrimento", o seu siginificado filosófico é mais semelhante a "inquietação", como na condição de ser perturbado. Devido a isso, algumas literaturas preferem não traduzir o verbete, como é o caso do inglês, com o objetivo de englobar em uma palavra todos os significados.

Anatta, ou anatman, refere-se à noção da inexistência de um "eu". Após uma análise cuidadosa, verifica-se que nenhum fenômeno é realmente "eu" ou "meu", estes conceitos são, na realidade, construídos pela mente.

O nikayas, no anatta, não é entendido como uma afirmação metafísica, mas como uma aproximação para ganhar sofrimento. O Buda rejeitou ambos os conceitos, afirmando que eles nos ligam ao sofrimento.



Originação dependente

A doutrina do pratītyasamutpāda é uma parte importante da metafísica budista. Ela afirma que os fenômenos surgem juntos em uma teia interdependente de causa e efeito. É variavelmente traduzida como "orientação dependente", "gênese condicionada", "co-dependente decorrentes" ou "emergência".

O conceito mais conhecido e aplicado do pratītyasamutpāda é o regime dos Doze Nidānas (do páli: nidāna, que significa "provocar", "fundação", "fonte" e "origem"), que explicam a continuação do ciclo de sofrimento e renascimento em detalhe. Os Doze Nidānas descreve uma relação entre as características subsequentes, cada uma dando origem ao nível seguinte:

1.Avidyā: ignorância (especificamente espiritual

2.Saṃskāras: formações;

3.Vijñāna: consciência;

4.Nāmarūpa: nome e forma (refere-se à mente e ao corpo;

5.Ṣaḍāyatana: suas bases do sentidos (olhos, nariz, ouvidos, língua, corpo e mente);

6.Sparśa: contato (traduzido, também, como "impressão" ou "estimulo" por um objeto);

7.Vedanā: sensação, traduzida como algo "desagradável", "agradável" ou neutro;

8.Tṛṣṇā: sede, mas, no budismo, refere-se ao desejo;

9.Upādāna: apego ou apreensão[41];

10.Bhava: ser (existência) ou se tornar (no Teravada possui dois significados: o carma, que produz uma nova existência, e a existência em si);

11.Jāti: nascimento (entendido como ponto de partida);

12.Jarāmaraṇa: velhice e morte, também traduzida, através do śokaparidevaduḥkhadaurmanasyopāyāsa, como tristeza, lamentação, dor e miséria..

 Vazio

O budismo Maaiana foi fundado baseado na teorias de Nagarjuna, provavelmente o estudioso mais influente dentro das tradições da escola budista. A principal contribuição do filósofo budista foi a exposição sistemática do conceito de sunyata, ou "vazio", comprovada amplamente nos sutras, como Prajnaparamita, importantíssimos na época.

O conceito de "vazio" reúne as outras principais doutrinas budistas, particularmente a anatta e a pratītyasamutpāda (orientação dependente), para refutar a metafísica da Sarvastivada e Sautrāntika (não extintas da escola Maaiana).

Para Nagarjuna, não são apenas os seres sencientes que estão vazios de atman; todos os fenômenos (dharmas) são, sem qualquer svabhava (literalmente "própria natureza" ou "autonatureza") e, portanto, sem qualquer essência fundamental, pois eles são vazios de ser independentes, assim, as teorias heterodoxas de Svabhava, circuladas na época, foram desmentidas com base nas demais doutrinas budistas.

Os pensamentos de Nagarjuna são conhecidos como Madhyamaka. Alguns dos escritos atribuídos a Nagarjuna fazem referências explícitas aos textos de Maaiana, mas sua filosofia foi argumentada dentro dos "parênteses" estabelecidos pela ágama.

Ele pode ter chegado à sua posição a partir de um desejo de alcançar uma exegese coerente da doutrina do Buda, tal como o Canon. Aos olhos de Naharjuna, o Buda não era apenas um precursor, mas o próprio fundador do sistema Madhyamaka.

Os ensinamentos sarvastivada, que foram criticados por Nagarjuna, foram reescritos por estudiosos como Vasubandhu e Asanga e foram, posteriormente, adaptados para a prática do Yoga (sâncrito: Yogacara).

Enquanto a escola Madhyamaka declarou que afirmar a existência ou a inexistência de qualquer coisa, em última análise, era inadequado, contudo, alguns expoentes da Yogacara afirmaram que a mente, e só a mente, é real (doutrina conhecida como consciência). Entretanto, nem todos dentro do Yogacara consideram essa afirmação; Vasubandhu e Asanga, em particular, são um exemplo.

Além do vazio, a escola Maaiana, muitas vezes, dá ênfase nas noções de dicernimento espiritual pleno (prajnaparamita) e na natureza búdica (tathagatagarbha, que significa "embrião budista").

De acordo com o sutras de tathagatagarbha, o Buda revelou a realidade da imortal natureza budista, que se diz ser inerente a todos os seres vivos e permite que todos eles, eventualmente, atinjam a iluminação completa, ou seja, tornando-se Budas.

Especulações contra a existência direta na epistemologia budista

A distinção entre o budismo e outras escolas filosóficas indianas é uma questão da justificação da epistemologia. Apesar de todas as escolas de lógica indiana reconhecerem vários conjuntos das justificativas válidas para o conhecimento (pramana), o budismo, por sua vez, reconhece um conjunto menor do que os outros. Todos aceitam a percepção e a inferência, por exemplo, mas, algumas escolas budistas não.

De acordo com as escrituras, durante a sua vida, o Buda permaneceu em silêncio quando questionado sobre as várias questões metafísicas. São perguntas como: se o universo é eterno ou não (ou se é finito ou infinito), se há unidade ou separação do corpo e do atman, a inexistência completa de uma pessoa depois do nirvana, entre outros.

Uma explicação para esse silêncio é que tais questões atrapalham a atividade prática para o bodhi[nb 1] e trazem o perigo de substituir a experiência de libertação através da compreensão conceitual da doutrina ou pela fé religiosa.

Escolas

O budismo dividiu-se em várias escolas, das quais algumas vieram a se extinguir. A principal divisão atualmente existente é entre a escola Theravada e a Mahayana.

As escolas numericamente mais expressivas na atualidade são:

Nitiren, várias escolas budistas e organizações laicas, cuja tradição se iniciou no século XII, no Japão, com o monge Nitiren;

Theravada, estabelecida no sudeste asiático;

as escolas tântricas do Budismo tibetano (Nyingma, Kagyu, Gelug, Sakya) que fazem parte da Mahayana;

Zen japonês e Chan chinês, escolas com ênfase na meditação . Alguns estudiosos consideram estas escolas como uma linhagem Mahayana. Outros, no entanto, dizem que, pela ênfase ser diferente e pelo Zen/Chan ser "descendente" também do taoismo, devem ser considerados uma escola à parte;

as escolas japonesas devocionais da Terra Pura (Jodo Shu) e Verdadeira Terra Pura (Jodo Shinshu), todas Mahayana.

Nirvana

1.É a meta do budismo.

2.É o apagar do fogo das paixões e a extinção do ego.

3.É não necessitar mais reencarnar.

4.É o que todo budista procura por toda vida, a paz absoluta.

5.É o que faz do homem comum um Buda.

6.É a iluminação.

Origens


Buda na ilha de Lantau, em Hong Kong

O budismo formou-se no nordeste da Índia, entre o século VI a.C. e o século IV a.C.. Este período corresponde a uma fase de alterações sociais, políticas e econômicas nessa região do mundo. A antiga religiosidade bramânica, centrada no sacrifício de animais, era questionada por vários grupos religiosos, que geralmente orbitavam em torno de um mestre.

Um desses mestres religiosos, como visto acima com mais detalhes, foi Siddhartha Gautama, o Buda, cuja vida a maioria dos acadêmicos ocidentais e indianos situa entre 563 a.C. e 483 a.C., embora os acadêmicos japoneses considerem mais provável as datas 448 a.C. a 368 a.C.. Siddhartha nasceu na povoação de Kapilavastu, que se julga ser a aldeia indiana de Piprahwa, situada perto da fronteira indo-nepalesa. Pertencia à casta guerreira (ksatriya).

Várias lendas posteriores afirmam que Siddhartha viveu no luxo, tendo o seu pai se esforçado por evitar que o seu filho entrasse em contato com os aspectos desagradáveis da vida.

Por volta dos 29 anos, o jovem Siddhartha decidiu abandonar a sua vida, renunciando a todos os bens materiais e adotando a vida de um renunciante. Praticou o ioga (numa forma que não é a mesma que é hoje seguida nos países ocidentais) e seguiu práticas ascéticas extremas, mas acabou por abandoná-las, vendo que não conseguia obter nada delas. Segundo a tradição, ao fim de uma meditação sentado debaixo de uma figueira, descobriu a solução para a libertação do ciclo das existências e das mortes que o atormentava.

Pouco depois, decidiu retomar a sua vida errante. Chegou a um bosque perto de Benares, onde pronunciou um discurso religioso diante de cinco jovens, que convencidos pelos seus ensinamentos, se tornaram os seus primeiros discípulos e com quem formou a primeira comunidade monástica (sangha). O Buda dedicou, então, o resto da sua vida (talvez trinta ou cinquenta anos) a pregar a sua doutrina através de um método oral, não tendo deixado quaisquer escritos.



Cosmologia

A cosmologia budista considera que o Universo é composto por vários sistemas mundiais, sendo que cada um desses possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio que dura bilhões de anos. Num sistema mundial existem seis reinos, que por sua vez incluem vários níveis, num total de trinta e um.

O reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno budista é diferente da concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino; os seres que habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali se esgota. Por outro lado, o budismo considera que existem não apenas infernos quentes, mas também infernos frios.

Acima do reino dos infernos pelo lado esquerdo, encontra-se o reino animal, o único dos vários reinos perceptível aos humanos e onde vivem as várias espécies. Acima do reino dos infernos pelo lado direito, encontra-se o mundo dos espíritos ávidos ou fantasmas (preta).

Os seres que nele vivem sentem constantemente sede ou fome, sem nunca terem essas necessidades saciadas. A arte budista representa os habitantes desse reino como tendo um estômago do tamanho de uma montanha e uma boca minúscula.

O reino seguinte é o dos Asura (termo traduzido como "Titãs" ou dos antideuses). Os seus habitantes ali nasceram em resultado de acções positivas realizadas com um sentimento de inveja e competição e vivem em guerra constante com os deuses.

O quinto reino é o dos seres humanos. É considerado como um reino de nascimento desejável, mas ao mesmo tempo difícil. A vida enquanto humano é vista como uma via intermédia nessa cosmologia, sendo caracterizada pela alternância das alegrias e dos sofrimentos, o que de acordo com a perspectiva budista favorece a tomada de consciência sobre a condição samsárica.

O último reino é o dos deuses (deva) e é composto por vários níveis ou residências. Nos níveis mais próximos do reino humano, vivem seres que, devido à prática de boas acções, levam uma acção harmoniosa. Os níveis situados entre o vigésimo terceiro e o vigésimo sétimo são denominados como "Residências Puras", sendo habitadas por seres que se encontram perto de atingir a iluminação e não voltarão a renascer como humanos.

Escrituras



Edição do Cânone PaliBuda não deixou nada escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano em que o Buda faleceu teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra, onde discípulos do Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que os transmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade desse concílio é alvo de debate: para alguns esse relato não passa de uma forma de legitimação posterior da autenticidade das escrituras.

Por volta do século I d.C., os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde se constituiu o denominado Cânone Pali. O Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como contendo os textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda. Não existem, contudo, no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão, que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano.

O canône budista divide-se em três grupos de textos, denominado "Triplo Cesto de Flores" (tipitaka em pali e tripitaka em sânscrito):

1.Sutra Pitaka: agrupa os discursos do Buda tais como teriam sido recitados por Ananda no primeiro concílio. Divide-se por sua vez em vários subgrupos;

2.Vinaya Pitaka: reúne o conjunto de regras que os monges budistas devem seguir e cuja transgressão é alvo de uma penitência. Contém textos que mostram como surgiu determinada regra monástica e fórmulas rituais usadas, por exemplo, na ordenação. Estas regras teriam sido relatadas no primeiro concílio por Upali;

3.Abhidharma Pitaka: trata do aspecto filosófico e psicológico contido nos ensinamentos do Buda, incluindo listas de termos técnicos.

Quando se verificou a ascensão do budismo Mahayana, essa tradição alegou que o Buda ensinou outras doutrinas que permaneceram ocultas até que o mundo estivesse pronto para recebê-las; dessa forma a tradição Mahayana inclui outros textos que não se encontram no Theravada.



Difusão do budismo

Índia

Estátua de Buda no Templo Mahabodhi, em Bodh Gaya, Índia

A partir do seu local de nascimento no nordeste indiano, o budismo espalhou-se para outras partes do norte e para o centro da Índia. Durante o reinado do imperador mauria Asoka, que se converteu ao budismo e que governou uma área semelhante à da Índia contemporânea (com excepção do sul), essa religião consolidou-se.

Após ter conquistado a região de Kalinga pela força, Asoka decidiu que a partir de então governaria com base nos preceitos budistas. O imperador ordenou a construção de hospedarias para os viajantes e que fosse proporcionado tratamento médico não só aos humanos, mas também aos animais. O rei aboliu também a tortura e provavelmente a pena de morte.

A caça, desporto tradicional dos reis, foi substituída pela peregrinação a locais budistas. Apesar de ter favorecido o budismo, Asoka revelou-se também tolerante para com o hinduísmo e o jainismo.

Asoka pretendeu também divulgar o budismo pelo mundo, como revelam os seus éditos. Segundo estes, foram enviados emissários com destino à Síria, Egipto e Macedónia (embora não se saiba se chegaram aos seus destinos) e para o oriente, para um terra de nome Suvarnabhumi (Terra do Ouro) que não se conseguiu identificar com segurança.

O império mauria chegou ao fim em finais do século II a.C.. A Índia foi então dominada pelas dinastia locais dos Sunga (c.185-173 a.C.) e dos Kanva (c.73-25 a.C.), que perseguiram o budismo, embora este conseguisse prevalecer.

Perto do início da era actual, o noroeste da Índia foi invadido pelos citas, que formariam a dinastia dos Kuchans. Um dos mais importantes reis desta dinastia, Kanishka (c. 127-147), foi um grande proselitista do budismo.

Durante a era da dinastia Gupta (320-540), os monarcas favorecem o budismo, mas também o hinduísmo. Em meados do século VI, os Hunos Brancos, oriundos da Ásia Central, invadem o noroeste da Índia, provocando a destruição de inúmeros mosteiros budistas.

A partir de 750, a dinastia Pala governou no nordeste da Índia até ao século XII, apoiando os grandes centros monásticos budistas, entre os quais o de Nalanda. Contudo, a partir do século XII, o budismo entra num declínio definitivo devido a vários factores. Entre estes, encontravam-se o revivalismo hindu, que se manifestou com figuras como Adi Shankara e pelas invasões dos muçulmanos dos séculos XII e XIII.

Embora o budismo tenha passado por uma verdadeira renovação a partir de 1959, ano em que o Dalai Lama escolhe o exílio, ele parece quase ausente da Índia, a ponto de termos, muitas vezes, de seguir turistas estrangeiros para localizar os lugares santos de antigamente. Nesse percurso, ao longo dos séculos, o budismo suscitou desvios, heresias, seitas.

Sri Lanka e Sudeste da Ásia



Wat Mahathat, Sukhothai, Tailândia

A tradição cingalesa atribui a introdução do budismo no Sri Lanka ao monge Mahinda, filho de Asoka, que teria chegado à ilha em meados do século III a.C., acompanhado por outros missionários. Esse grupo teria convertido ao budismo o rei Devanampiya Tissa e grande parte da nobreza local.

O rei ordenou a construção do Mahavihara ("Grande Mosteiro" em pali) na então capital do Sri Lanka, Anuradhapura. O Mahavihara foi o grande centro do budismo Theravada na ilha nos séculos seguintes.

Foi no Sri Lanka que, por volta do ano 80 a.C., se redigiu o Cânone Pali, a colectânea mais antiga de textos que reflectem os ensinamentos do Buda. No século V d.C., chegou à ilha o monge Buddhaghosa que foi responsável por coligir e editar os primeiros comentários feitos ao Cânone, traduzindo-os para o pali.

Na Tailândia, o budismo lançou raízes no século VII nos reinos de Dvaravati (no sul, na região da actual Banguecoque) e de Haripunjaya (no norte, na região de Lamphun), ambos reinos da etnia Mon. No século XII, o povo Tai, que chegou ao território vindo do sudoeste da China, adoptou o budismo Theravada como a sua religião.

A presença do budismo na Península Malaia está atestada desde o século IV d.C., assim como nas ilhas de Java e Sumatra. Nessas regiões, verificou-se um sincretismo entre o budismo Mahayana e o xivaísmo, que está ainda hoje presente em locais como a ilha de Bali.

Entre o século VII e o século IX, a dinastia budista dos Xailendra governou partes da Indonésia e a Península Malaia, tendo sido responsável pela construção do Borobodur, uma enorme stupa que é o maior monumento existente no hemisfério sul. O Islão chegou à Indonésia no século XIV, trazido pelos mercadores, acabando por substituir o budismo como religião dominante. Actualmente o budismo é principalmente praticado pela comunidade chinesa da região.

China



Pintura nas grutas de Bezeklik, oeste da China, retratando monges budistas

A tradição atribui a introdução do budismo na China ao imperador han Ming-Ti. Este imperador teve um sonho no qual viu um ser voador dourado, interpretado como uma visão do Buda, e ordenou que fossem enviados emissários à Índia para que trouxessem a doutrina.

Independentemente da tradição, o budismo só se espalhou na China nos séculos V e VI com o apoio da dinastia Wei e Tang. Durante este período estabelecem-se na China escolas budistas de origem indiana ao mesmo tempo que se desenvolvem escolas próprias chinesas. poppo

Coréia e Japão

Kanji japonês para "Zen"

O budismo entrou na Coreia no século IV. Nesta altura, a Coreia não era um território unificado, encontrando-se dividida em três reinos rivais: o reino de Koguryo no norte, o reino de Paekche no sudoeste e o reino de Silla no sudeste. Estes três reinos reconheceriam o budismo como religião oficial, tendo sido o primeiro a fazê-lo Paekche (384), seguindo-se o Koguryo (392) e Silla (528).

Em 668, o reino de Silla unificou a Coreia sob o seu poder e o budismo conheceu uma era de desenvolvimento. Foi nesse período que viveu o monge Wonhyo Daisa (617-686), que tentou promover um budismo do qual fizessem parte elementos de todas as seitas. No século VIII, foi difundido na Coreia o budismo da escola chinesa Chan, denominado son (ou seon)em coreano e que se tornou a escola dominante. O budismo continuou a florescer durante a era Koryo (935-1392), até que a dinastia Li (1392-1910) favoreceu o confucionismo.

A partir da Coréia e da China, o Budismo foi introduzido no Japão em meados do século VI. Em 593, o princípe Shotoku declarou-o como religião do Estado, mas o budismo foi até à Idade Média um movimento ligado à corte e à aristocracia sem larga adesão popular (os missionários coreanos tinham apresentado à corte japonesa o budismo como elemento de protecção nacional).

Durante a era Nara (710-794)-Héian (794-1185), várias seitas de expressão chinesa começaram a implantar-se no Japão. São deste último período a escola Shingon e Tendai (Tien Tai). Durante a era Kamakura (1185-1333), o budismo populariza-se finalmente com as escolas Terra Pura, Nitiren Daishonin e Zen (Chan)nas suas principais vertentes chinesas das escolas Rinzai (Linji) e Soto (Caodong).

Tibete


Deus lamaísta da fortuna

No Tibete, o budismo propagou-se em dois momentos diferentes. O rei Srong-brtsan-sgam-po (Songtsen Gampo, c.627-c.650), influenciado pelas suas duas esposas budistas, decidiu mandar chamar ao Tibete monges indianos para ali difundirem a religião.

Durante o reinado de Khri-srong-lde-btsan (Trisong Deutsen), construiu-se o primeiro mosteiro budista tibetano e em 747 chegou ao território o notável iogue indiano Padmasambhava, que organizou o budismo tibetano e fundou a escola hoje conhecida como Nyingma (ou "escola da tradição antiga", em relação às posteriores escolas estabelecidas por outros professores). Contudo, uma reacção hostil da religião indígena, o Bon, levaria ao declínio do budismo nos dois séculos seguintes.

O budismo seria reintroduzido no Tibete a partir do século XI, com a ajuda do monge indiano Atisa, que chegou ao território em 1042. Com o passar do tempo, formaram-se quatro escolas: Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa.

Em 1578, membros desta última escola converteram o mongol Altan Khan à sua doutrina. Alta Khan criou o título de Dalai Lama, que concedeu ao líder da escola Gelugpa. Em 1641, com ajuda dos mongóis, o quinto Dalai Lama derrotou o último príncipe tibetano e tornou-se o líder temporal do Tibete.

Os seguintes dalai lamas foram na prática os governantes do Tibete até à invasão chinesa. O quinto dalai lama criou o cargo de Panchen-lama, que reside no mosteiro de T-shi-lhum-po e que foi visto como uma encarnação do Amitabha.

Em dois artigos seguintes se dá a conhecer as deusas mais veneradas no budismo.



sexta-feira, setembro 17

DEUSA KANNON BOSATSU



Kannon Bosatsu (觀音菩薩/観音菩薩/观音菩萨) é um bodhisattva que personifica a caridade.
Seu nome sânscrito é Avalokiteshvara (अवलोकितेश्वर), em tibetano é dito Cherenzig, e representa a suprema compaixão de todos os budas.

Corresponde à divindade chinesa, Kun Ian, Guan Yin (觀音/観音/观音) (觀音菩薩/観音菩薩/观音菩萨, também Kuan Yin) — a deusa da compaixão e piedade venerada em diversos países da Ásia.

Entidade padroeira da Seicho-No-Ie e da Igreja Messiânica Mundial inclusive havendo forte ligação entre Kannon e o fundador da Igreja(Meishu Sama) como se vê neste ensinamento: Kannon e Eu Significa Amor de Deus, Lei da Mente que permeia o universo.

Kan = perceber Zeon = som (vibração) Kanzeon = acto de salvar o outro, manifestando-se numa forma adequada às vibrações mentais de cada pessoa. Bosatsu - pessoa devotada ao aprimoramento espiritual.

DEUSA KUN IAM



Kuan Yin ou Guanyin (em chinês: 觀音; pinyin: Guānyīn; Wade-Giles: kuan-yin; em japonês: Kannon; em coreano: Gwan-eum; vietnamita: Quan Âm) é o bodisatva associado com a compaixão tal como é venerada pelos budistas da Ásia Oriental, geralmente na forma feminina.

O nome Guanyin e uma abreviação de Guanshiyin (觀世音; pinyin: Guānshìyīn; Wade-Giles: kuan-shih yin) que significa "Observar os Sons (ou Gritos) do Mundo".

Os fieis de origem chinesa geralmente aceitam que Guanyin se originou com o Avalokiteśvara (अवलोकितेश्वर) sânscrito, sua forma masculina.

Comumente conhecida nos idiomas ocidentais como Deusa da Misericórdia, Guanyin também é cultuada pelos taoístas chineses como um dos Oito Imortais; na mitologia taoísta, no entanto, possui histórias relacionadas à sua origem que não são relacionadas diretamente a Avalokiteśvara.



A misericórdia em diferentes culturas

No budismo chinês, Kuan Yin, Guan Yin ou Guānyīn 觀音representa a compaixão ou misericórdia de todos os Buddhas e tem sua simbologia advinda do bodhisattva Avalokiteshvara, em sânscrito Avalokiteśvara (अवलोकितेश्वर), divindade tradicionalmente masculina do budismo indiano, que dá origem a várias representações asiáticas, e que chega à China com o budismo no ano de 67, sincretizando-se com divindades femininas locais.

Mais tarde, no arquipelago das ilhas Filipinas, muito influenciado pela presenca do catolicismo espanhol, passou a ganhar aspectos de Madona.

Kuan Yin está associada às características femininas da maternidade e proteção, na China ligadas milenarmente de modo bastante forte à misericórdia

Também no Japão a representação budista da misericórdia tem características femininas predominantes, sendo conhecida como Kannon Bosatsu観音菩薩.

No budismo tibetano recebe o nome Chenrezig, e, assim como Avalokiteśvara na Índia, tem características masculinas predominantes.

A dança da Deusa da Misericórdia

O coreógrafo chinês Zhang Jigang criou uma apresentação de dança para permitir ao público contemplar a "Kuan Yin de Mil Braços". O canal de televisão "China Central" apresentou este espetáculo ao vivo como comemoração do Ano Novo Chinês (link para um trecho do vídeo nas "páginas externas").



A dança foi apresentada por 21 dançarinas surdas integrantes da "Companhia de Arte Performática Chinesa de Deficientes Físicos." Posicionadas numa longa fila, as bailarinas conseguem dar aos espectadores a ilusão de que os movimentos de seus múltiplos braços e pernas pertencem à figura de uma única deusa.

Nu-Kua ou Kuan yin

Há cerca de seis ou sete mil anos havia um mito universal de que todos os seres eram provenientes do útero de uma Mãe Cósmica; tal mito da criação universal teve lugar durante uma fase informe do mundo, aonde nada podia ainda ser identificado.

Inicialmente cultuada na Índia, como Kali, a Mãe Informe, recebeu depois o nome de Tiamat (Babilônia), Nu Kua (China), Temut (Egito), Têmis (Grécia pré-helênica) e Tehom (Síria e Canaã) --este último foi o termo usado mais tarde pelos escritores bíblicos para Abismo.

As mais antigas noções de criação se originavam da idéia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole.

Acreditava-se que a partir do sangue divino do útero e através de um movimento, dança ou ritmo cardíaco, que agitasse este sangue, surgissem os "frutos", a própria maternidade.

Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso"  organizou, separou e definou os elementos que compõem e produzem o cosmos; a esta energia organizadora os gregos deram o nome de Diakosmos, a Determinação da Deusa.

Os egípcios, nos hieroglifos, chamaram este coração de ab e os hebreus foram os primeiros a chamar de pai (ainda que masculinizassem, a idéia fundamental de família e continuidade da vida não era patriarcal).

O coração e o sangue definem um elo imanente a todos os seres que dele nasceram e uma idéia de coração oculto do universo que pulsa e mantém o ritmo de ciclos das estações, dos nascimentos, mortes, destinos. Este é o significado que está no Livro dos Mortos ou das Mutações. No mesmo sentido o livro chinês é denominado Livro das Mutações.

O nome chinês dado à Mãe Primordial e informe é Nu Kua, nome referido também entre os egípcios, gregos, mesopotâmicos e hindus. As referências a ela remontam há 2.500 a.C. e a imagem permanece venerada nas regiões setentrionais. Kuan Yin ou A Mulher é uma deusa dos casamentos e das mulheres em geral.

O corpo original do I Ching chama-se (Oito Trigramas) e os sessenta e quatro hexagramas são denominados por kua, derivado linguísitico de Mãe Primordial ou Nu Kua.



Imagem da deusa Kun Ian em Macau

MITOLOGIA EGÍPCIA

Antiga religião egípcia (ou mitologia egípcia) é o nome dado a religião praticada no antigo Egito desde o período pré-dinástico, a cerca de 3.000 anos a.C. até o surgimento do cristianismo. Inicialmente era uma religião politeísta por crer em várias divindades, como forças da natureza. Ao passar de séculos, a crença passou a ser mais diversificada, sendo considerada henoteísta, porque acreditava em uma divindade criadora do universo, tendo outras forças independentes, mas não iguais a este.

Também pode ser considerada monoteísta, pois tinha a crença em um único deus, as outras divindades eram neteru (plural de neter), o que podem ser chamados de "anjos de deus", o que seriam vários aspectos de um mesmo deus. A religião era praticada em templos e santuários domésticos. A religião ainda é praticada atualmente, porém com minorias. O kemetismo é uma reconstrução neopagã da religião ainda praticada actualmente


Estudo e fontes

O estudo da religião é baseado nos textos em contidos em templos, santuários, papiros sagrados ou túmulos. Os textos estão em egípcio, que é escrito em hieróglifos, carecteres que são desenhos ou símbolos. Os arqueólogos e egiptológos descobriram que o livro sagrado da religião era o Livro dos Mortos, onde estão as mais variadas e importantes informações.

Cosmologia e criação

O princípio do universo é a formação única de Deus, que não se fez do nada, e sim, autocriou seus aspectos. Os aspectos de Deus, como dito anteriormente, chamam-se neteru (no singular: neter no masculino e netert no feminino).

 Tudo vem a início de um líquido infinito cósmico chamado Nun (Nu ou Ny), este é o ser subjetivo. Quando esse líquido se autocria e torna-se real, é Atum, o ser objetivo. Essa passagem é semelhante a passagem de inconsciente para consciente do ser humano.

 Atum criou uma massa única universal, que deu origem há uma explosão (Big Bang), porém pré-planejada. Mas o universo era formado apenas por nêutrons, sem elétrons ou prótons. Atum também tem o poder de "tornar-se a si mesmo", que segundo os antigos egípcios, é algo muito complicado para um humano, seria uma "obra divina".

Mas isto é o princípio da Terra. A oração para a transformação de Atum, é a seguinte:

Salutamos a vós, Atum!

Salutamos a vós, aquele que torna a si mesmo!

Vós sois em vosso nome o altíssimo!

Vós tornais em vosso nome Khepri, aquele que se torna si mesmo!.

Khepri, é um nome dado ao primeiro neter da Terra, Rá, o que é outra forma de Atum. Para criar a Terra, Rá deu origem ao Sol da manhã, enquanto o Sol da tarde era Atum. Cuspiu Chu e Tefnut, que deram origem a ar e a umidade. A seguir outro texto de "obra divina":

Fui anterior aos dois anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os dois anteriores que criei.

Visto que meu nome é anterior ao deles, porque criei-os antes dos dois anteriores.

Os próximos neteru a serem gerados eram Geb e Nut, que criaram os dois ambientes da Terra: o céu e a terra (plana). Estes também deram origem aos quatro neteru da vida: Osíris, Ísis, Seth e Néftis. Osíris criou a vida no além e todo o processo de jornada até o céu.

Ísis é responsável por todos os seres vivos. Seth representa os opostos, mas também coisas más, como ódio e caos. Néftis representa o deserto, a orientação, e o ato de morte. A história desses quatro neteru é a origem do próximo a ser gerado. Lembrando que as próximas histórias são semelhantes aos humanos porque esses neteru eram de espécies bem próximas aos humanos.

Existem milhares de versões, no geral a história é a seguinte: Osíris era o neter que criou o ciclo de vida e morte, por isso governava a terra. Seth, movido a inveja, resolveu armar uma forma de matá-lo.

Então, de forma incerta, provavelmente mostrando outra intenção, o trancafiou em um caixão e jogou no Nilo para se perder e ninguém nunca achar. Néftis percebeu isso e avisou Ísis, quando começaram a procurar e encontraram um caixão, e recuperaram Osíris.

Seth como era uma forma do mal, esquartejou a forma material de Osíris em 40 pedaços e espalhou-os por todo o deserto e no Nilo. Ísis, depois de muito tempo, conseguiu encontrar todos eles, exceto o pênis, que foi devorado por três peixes. Então, Osíris uniu-se a Ísis e gerou um filho, a primeira ideia de "imaculada concepção", ela ficou conhecida com "Virgem Ísis". O filho era Hórus, o herdeiro que então lutou contra Seth, perdendo um olho na batalha, mas consegui vencê-lo.

 Esse olho ficou conhecido como "Olho de Hórus", que foi reconhecido como símbolo de proteção pelos egípcios. A seguir uma oração relacionada a isso:

Ó benevolente Ísis


que protegeu o seu irmão Osíris,


que procurou por ele incansavelmente,


que atravessou o país enlutada,


e nunca descansou antes de tê-lo encontrado.


Ela, que lhe proporcionou sombra com suas asas


e lhe deu ar com suas penas,


que se alegrou e levou o seu irmão para casa.


Ela, que reviveu o que, para o deseperançado, estava morto,


que recebeu a sua semente e concebeu um herdeiro,


e que o alimentou na solidão,


enquanto ninguém sabia quem era...''


Os templos






Pilone do Templo de Luxor

Pilone do Templo de Edfu visto desde o pátio

Os templos no Antigo Egipto eram entendidos como os locais onde residia a divindade (hut-netjer, "casa do deus"), que poderia ser acompanhada pela sua família e por outras Divindades, sendo por isso muito diferentes dos modernos edifícios religiosos onde se congregam os crentes.

Os templos dos períodos mais antigos da história do Antigo Egipto, como o Império Antigo e o Império Médio, não chegaram em bom estado até aos dias de hoje, pelo que são as construções do Império Novo e da época ptolomaica que permitem o conhecimento da estrutura dos templos. Na estrutura "clássica" dos templos egípcios podem ser distinguidas três partes: o pátio, as salas hipóstilas e o santuário.

À entrada de um templo encontravam-se obeliscos e estátuas monumentais, que antecediam o pilone. Nos templos do Império Novo é comum a existência de uma avenida de acesso ladeada por esfinges com corpo de leão e cabeça de carneiro (que se acreditava protegerem o templo e o deus), na qual desfilava a procissão em dias de festa.

Um pilone era uma porta monumental composta por duas torres em forma de trapézio, entre as quais se situava a entrada propriamente dita. Nas paredes do pilone representavam-se as divindades ou muitas vezes a cena clássica na qual se vê o faraó a atacar os inimigos do Egipto.

Passado o pilone existia uma grande pátio (uba), a única zona acessível ao público, onde a estátua da Divindade era mostrada nos dias de festa. O pátio era rodeado por colunas e possuía por vezes um altar (aba), onde se efectuavam os sacrifícios.

Este pátio precedia uma sala hipóstila (ou seja uma sala de colunas), mais ou menos imersa na escuridão, que antecedia outros salas onde se guardavam a mesa de oferendas e a barca sagrada. Finalmente, achava-se o santuário do deus (kari). Se os faráos entedessem ampliar um templo construiam-se novas salas, átrios e pilones.

Os templos mais importantes poderiam possuir um lago sagrado, nilómetros, Per Ankh Casas de Vida, armazéns e locais para a residência dos sacerdotes.

O culto nos templos

Barca processional na naos do Templo de EdfuTeoricamente o rei egípcio tinha o dever de realizar a liturgia em cada templo. Uma vez que era fisicamente impossível para o rei estar presente em todos os templos que existiam no Egipto, o soberano nomeava representantes para realizar as cerimónias a Deus. Os reis só visitavam os templos em ocasiões especiais associadas a festivais, o que não impede que sejam representados nos templos fazendo oferendas as Divindades.

A vida nos templos seguia o curso da vida normal. Antes do nascer do sol, abatiam-se os animais que seriam oferecidos as Divindades. Os sacerdotes purificavam-se com água e vestidos com trajes brancos entravam em procissão no templo.

No pátio do templo os sacerdotes apresentavam as suas oferendas e queimavam incenso. Um sacerdote dirigia-se ao santuário da Divindade, uma sala especialmente consagrada, localizada na parte mais reservada do templo. Aqui o sacerdote acendia um archote e abria o naos, tabernáculo onde se guardava a estátua da Divindade.

O sacerdote apresentava-se a Divindade e anunciava vir cumprir os seus deveres. Limpava o tabernáculo, queimava incenso, lavava a estátua e aplicava sobre ela óleos, vestia-a, maquilhava-a e colocava-lhe a coroa. Terminado este processo o sacerdote coloca a estátua no naos, abandonando a sala apagando o archote e as pegadas que fez. Ao meio-dia poderia ser feita uma nova cerimónia na qual se oferecia alimentos.

Fonte - Enciclopedia livre
Nos próximos artigos iremos conhecer as Deusas do antiigo Egipto

DEUSA BASTET


Na mitologia egípcia, Bastet, Bast, Ubasti, Ba-en-Aset ou Ailuros (palavra grega para "gato") é uma divindade solar e deusa da fertilidade, além de protetora das mulheres grávidas. Também tinha o poder sobre os eclipses solares. Quando os gregos chegaram no Egito, eles associaram Bastet com Artemis e ela deixou de ser a deusa do sol para ser a deusa da lua.

A deusa está presente no panteão desde a época da II dinastia. Era representada como uma mulher com cabeça de gato, que tinha na mão o sistro, instrumento musical sagrado. Por vezes, tinha na orelha um grande brinco, bem como um colar e um cesto onde colocava as crias. Podia também ser representada como um simples gato.

Por vezes é confundida como Sekhmet, adquirindo neste caso o aspecto feroz de leoa. Certa vez, Rá ordenou a Sekhmet que castigasse a humanidade por causa de sua desobediência. A deusa, que é representada com cabeça de leoa, executou a tarefa com tamanha fúria que o deus Rá precisou embebedá-la com cerveja para que ela não acabasse exterminando toda a raça humana. O que acabou originando a deusa Bastet.

Era a esposa de Ptah, com quem foi mãe de Nefertum e Mihos. A esta deusa é tradicionalmente consagrado o dia 15 de abril.

O seu centro de culto estava na cidade de Bubastis, na região oriental do Delta do Nilo. Nos seus templos foram criados gatos que eram considerados como encarnação da deusa e que eram por essa razão tratados da melhor maneira possível. Quando estes animais morriam eram mumificados, sendo enterrados em locais reservados para eles.



DEUSA HATOR


Hator (em egípcio: ḥwt-ḥr, lit. "recinto de Hórus") é uma das deusas mais veneradas do Egito Antigo, a deusa das mulheres, dos céus, do amor, da alegria, do vinho, da dança, da fertilidade e da necrópole de Tebas, pois sai da falésia para acolher os mortos e velar os túmulos.


Poderes

É a legítima portadora do sistro (era feito em geral em bronze, mas também existiam exemplares em madeira e em faiança. Os sistros estavam particularmente associados ao culto da deusa Hathor, mas poderiam também ser empregues no de Ísis, Bastet e Amon.

 Os Egípcios acreditavam que o som produzido pelo instrumento poderia aplacar o deus em questão. Quando o culto de Ísis se difundiu na bacia do Mediterrâneo, o sistro tornou-se um instrumento popular entre os romanos).

Trazia a felicidade e era chamada de "dama da embriaguez" e muito celebrada em festas.

As mulheres solteiras oravam para ela enfeitiçar seus espelhos de metal.

Distribuidora do amor e da alegria, deusa do céu e protetora das mulheres, nutriz do deus Hórus e do faraó.

História

Hator (Hathor ou Het-Heru) era associada com Ísis e com Bast, porém, esta Hator mais conhecida é a reformulação de uma Hathor pré-dinástica, muito mais antiga, da qual pouco foi revelado e muito foi ocultado pela classe sacerdotal. Seu poder era tão grande que, mesmo com estas reformulações e confusões, em mais de uma dinastia o faraó era considerado filho de Hathor ou seu consorte.

Culto

Personificação das forças benéficas do céu, depois de Ísis, é a mais venerada das deusas. Era prestado culto a Hathor em todo o Egito, em especial em Denderá.

Iconografia

Ela é representada de várias formas ao longo da história e pré-história egípcia:
como uma mulher com chifres na cabeça portando o disco solar;
como uma mulher com orelhas de vaca;
como uma mulher com cabeça de vaca portando o disco solar;
como uma vaca, com disco solar e duas plumas entre os chifres.

Às vezes é retratada por um rosto de mulher visto de frente e provido de orelhas de vaca, a cabeleira separada em duas abas com as extremidades enroladas.