UMA estátua da deusa A-Má, considerada a protectora da comunidade piscatória de Macau e venerada pela generalidade da população local, foi colocada no ponto mais alto do território, a 170 metros de altura. Da autoria do artista chinês, Leung Man Nin, pretende homenagear a deusa que muitos historiadores consideram ter estado na origem do nome de Macau.
Com 19,99 metros de altura e mil e cem toneladas de peso é a mais alta do mundo. A estátua, cuja altura é superior em quatro metros a uma outra existente no Palácio de Bei Kong Caotian, em Taiwan, consiste num conjunto independente de 120 peças em jade branco e na sua concepção trabalhou durante oito meses uma equipa de 120 escultores da província chinesa de Hebei.
A estátua da deusa A-Má, que é venerada por milhões de pessoas em todo o mundo, permitirá atrair a Macau turistas e peregrinos, à semelhança do que acontece noutros santuários da região, como é o caso da escultura de A-Má de Fukien, em Taiwan, que motiva a deslocação de cerca de 340.000 pessoas e devotos por ano. No território existem mais de vinte templos em honra da deusa A-Má, sendo o mais antigo, com mais de 500 anos de história, o templo de A-Má, na Barra, que é dos mais visitados e, durante as festividades do Ano Novo Lunar, filas intermináveis de crentesjuntam-se nos portões de acesso ao templo para agradecer a protecção recebida no ano anterior. Em todo o mundo estão contabilizados cerca de cinco mil templos em honra da deusa, dos quais cerca de mil em Taiwan.
Uma lápide junto à base da estátua, colocada no Alto de Coloane, refere que a divindade do panteão tauista, protectora dos navegantes, pescadores e mercadores é também conhecida por Ma Chou, Tin Hau e Neong-Má e está profundamente ligada aos primórdios e nome de Macau, porque o local onde os portugueses desembarcaram pela primeira vez foi a baía de A-Má, que em chinês se pronuncia "A-Má Gau".
Originária de uma família de pescadores da região de Fujian, onde terá nascido no século X, esta jovem (...) de apelido Lin, desde cedo terá revelado a sua virtude e poderes milagrosos, salvando mareantes e viajantes de tempestades no mar alto, vindo a tornar-se depois de séculos de veneração popular nas regiões de Fujian e Guangdong (...) na Imperatriz do Céu. Segundo a lenda, a deusa A-Má terá estendido a sua protecção milagrosa a viajantes com destino a Macau, sendo o seu templo, situado na Barra, já objecto de tão ferverosa veneração pelas comunidades locais à data da chegada dos portugueses que por esse motivo lhe terão dado a designação de Macau, significando o seu nome ocidental Porto da Deusa A-Má.
A lápide indica ainda que mais do que as razões históricas ou míticas, o culto da deusa A-Má (...) e o carisma de que goza junto da população de Macau, representam um momento simbólico de renovação e de partilha de uma terra que pela sua abertura ao exterior, constitui para todos os que nela se acolheram um verdadeiro porto de abrigo.
Na cerimónia de inauguração, que foi transmitida em directo pela televisão para toda a Ásia, o governador Rocha Vieira considerou que a estátua vem valorizar o património de Macau nas suas cambiantes culturais, religiosas e sociais e manifestou-se satisfeito pela grande adesão da população do território e da província de Fujian que veio a Macau mostrar as suas tradições, a sua cultura e o culto à deusa A-Má.
Porta principal do Templo de A-Má
Uma pintura desenhada numa rocha existente no Templo. Crê-se que o barco desenhado na rocha era possuido por um explorador europeuO Templo de A-Má, que se localiza à entrada do Porto Interior (no extremo-sul da Península de Macau), a meio da encosta poente da Colina da Barra, já existia antes da própria Cidade de Macau ter nascido. Especula-se que o templo foi construído pelos pescadores chineses residentes de Macau no séc. XV, para homenagear e adorar a Deusa A-Má (Deusa do Céu), chamada também de Tin Hau, Mazu ou Matsu. Esta divindade taoísta é muito venerada em todo o Sul da China e em várias partes do Sudeste Asiático e é considerada como a protectora dos pescadores e marinheiros. Crê-se que os portugueses desembarcaram pela primeira vez em Macau, possivelmente no ano de 1554 ou 1557, precisamente à entrada do Porto Interior, também chamada pelos pescadores chineses de "Baía de A-Má". Segundo as lendas do séc. XVI, o nome da Cidade deriva precisamente da palavra em cantonense "A-Má-Gau", que significa literalmente Baía de A-Má.
O Templo de A-Má está incluído na Lista dos monumentos históricos do "Centro Histórico de Macau", por sua vez incluído na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Pode-se considerar que este templo é o símbolo máximo da cultura chinesa em Macau.
É composto pelo Pavilhão do Pórtico, o Arco Memorial, o Pavilhão de Orações, o Pavilhão da Benevolência, o Pavilhão de Guanyin e o Pavilhão Budista Zhengjiao Chanlin, cada um disposto harmoniosamente com o ambiente natural circundante e contribuindo para a beleza do conjunto. Cada pavilhão é dedicado ao culto de uma divindade chinesa, algo que torna o templo um exemplo singular das diversas influências da cultura chinesa, passando pelo taoísmo, confucionismo, budismo e pelas diversas crenças populares. Os pavilhões datam de épocas diferentes, sendo a configuração actual datada de 1828.
O Pavilhão das Orações, também conhecido por "Primeiro Palácio da Montanha Sagrada", foi construído em granito no ano de 1605 e restaurado no ano de 1828, como indica uma placa de madeira na sua entrada. Este pavilhão, com telhado verde de beirais decorativos de pontas levantadas e janelas com grades, é dedicado à deusa dos navegantes, Tian Hou.
O Pavilhão da Benevolência, de telhado verde semelhante ao do Pavilhão das Orações, data de 1488, pensando-se que pertence à estrutura original do templo. Durante a sua construção, para além de usar granito, foi usado também tijolos. É um pavilhão de menores dimensões, tirando proveito do declive natural da Colina da Barra.
Um pouco acima, na mesma colina, encontra-se o Pavilhão de Guanyin, construído em tijolo. A data da construção deste pavilhão é desconhecida, mas conhece-se a data da sua restauração que foi realizada no ano de 1828, como indica uma placa de madeira na zona da sua entrada.
O Pavilhão Budista foi também restaurado no ano de 1828. É de maior dimensão e mais refinado em termos dos pormenores arquitectónicos. Possui um santuário dedicado à deusa dos navegantes, com uma estrutura de quatro pilares, assim como uma área de retiro. A fachada é ornamentada com uma porta em forma de lua, com esculturas de várias cores a decorá-la.
O Pavilhão do Pórtico foi construído em granito, com cerca de quatro metros e meio de altura. Possui decorações representando animais em cerâmica nos beirais do telhado de pontas levantadas e noutras secções. Perto da sua porta principal, guardado por um par de leões em pedra, encontra-se o Arco Memorial que conduz os crentes ao Pavilhão de Orações, que se encontra em frente ao Pavilhão da Benevolência. O Arco e estes 3 pavilhões encontram-se alinhados no mesmo eixo.
Curiosidades
Junto à entrada do templo, no pátio, são queimados panchões para saudar os visitantes e afastar os espíritos malignos.
Aos fins-de-semana, realizam-se danças dos leões.
Realiza-se um festival dedicado a A-Má no 23º dia do 3º mês lunar (que corresponde a Abril ou Maio).
O Festival de Cultura e Turismo "A-Ma" que se realizará em Macau entre os dias 24 e 26 de Outubro deste ano, é organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo da RAEM, pelo Instituto Cultural e pela Fundação da Deusa "A-Ma" de Macau, com a colaboração do Departamento de Turismo da Província de Fujian.
Trata-se de um festival de turismo de grande dimensão, que contará com as seguintes actividades:
-Na noite do dia 24 de Outubro, haverá vários espectáculos de dança e cultura;
-Na manhã do dia 25 de Outubro, terão lugar a Cerimónia Inaugural, Ritos de Sacrifício e a Cerimónia de Colocação do "Trípode de Macau". À tarde, os oradores provenientes da China, Taiwan, Hong Kong e Macau irão assistir ao "Seminário sobre a Cultura da Deusa A-Ma" no Auditório do Museu de Macau;
-Na manhã do dia 26 de Outubro, o seminário continuará e à noite haverá actividades culturais