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O Brasil na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) tinha uma posição respaldada pela Convenção de Haia, mantendo-se inicialmente neutro, buscando não restringir o mercado a seus produtos de exportação, principalmente o café. Foi o único país latino-americano que participou da Primeira Guerra Mundial.
O nono presidente do Brasil, Venceslau Brás, declara guerra aos Poderes Centrais. Ao seu lado,o ministro interino das Relações Exteriores Nilo Peçanha (em pé) e o presidente de Minas Gerais Delfim Moreira (sentado).
O presidente da República Venceslau Brás declara guerra contra o Império Alemão. Ao seu lado, o ex-presidente da República e ministro interino das Relações Exteriores, Nilo Peçanha, e o presidente de Minas Gerais e futuro presidente da República, Delfim Moreira.
Fase inicial
Desta forma, somente um navio brasileiro, o Rio Branco, foi afundado por um submarino alemão nos primeiros anos da guerra em 3 de maio de 1916, mas este estava em águas restritas, operando a serviço inglês e com a maior parte de sua tripulação sendo composta por noruegueses, de forma que, apesar da comoção nacional que o fato gerou, não poderia ser considerado como um ataque ilegal dos alemães.
No início da guerra, apesar de neutro, o Brasil enfrentava uma situação social e econômica complicada. A sua economia era basicamente fundamentada na exportação de apenas um produto agrícola, o café. Como este não era essencial, suas exportações (e as rendas alfandegárias, a principal fonte de recursos do governo) diminuíram com o conflito. Isto se acentuou mais com o bloqueio alemão e, depois, com a proibição à importação de café feita pela Inglaterra em 1917, que passou a considerar o espaço de carga nos navios necessário para produtos mais vitais, haja vista as grandes perdas causadas pelos afundamentos de navios mercantes pelos alemães.
As relações entre Brasil e o Império Alemão foram abaladas pela decisão alemã de autorizar seus submarinos a afundar qualquer navio que entrasse nas zonas de bloqueio. No dia 5 de Abril de 1917 o vapor brasileiro Paraná, um dos maiores navios da marinha mercante (4.466 toneladas), carregado de café, navegando de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi torpedeado por um submarino alemão a milhas do cabo Barfleur, na França, e três brasileiros foram mortos.
Manifestações populares
Quando a notícia do afundamento do vapor Paraná chegou ao Brasil poucos dias depois, eclodiram diversas manifestações populares nas capitais. O ministro de relações exteriores, Lauro Müller, de origem alemã e favorável à neutralidade na guerra, foi obrigado a renunciar. Em Porto Alegre passeatas foram organizadas com milhares de pessoas, inicialmente pacíficas, as manifestações passaram a atacar estabelecimentos comerciais de propriedades de alemães ou descendentes - o Hotel Schmidt , a Sociedade Germânia, o clube Turnebund e o jornal Deutsche Zeitung foram invadidos, pilhados e queimados.
Em 1 de Novembro uma multidão danificou casas, clubes e fábricas em Petrópolis, entre eles o restaurante Brahma (completamente destruído), a Gesellschaft Germania, a escola alemã, a empresa Arp, o Diário Alemão, entre outros. Em 1 de Maio de 1915, ocorreram as manifestações em São Paulo e Rio de Janeiro contra a guerra.
Ao mesmo tempo, em outras capitais houve pequenos distúrbios. Novos episódios com violência só ocorreriam quando da declaração de guerra do Brasil à Alemanha em outubro.
Por outro lado, sindicalistas, pacifistas e anarquistas se colocavam contra a guerra e acusavam o governo de estar desviando a atenção dos problemas internos, entrando em choque por vezes com os grupos nacionalistas favoraveís a entrada do país no conflito. À greve geral de 1917, se seguiu violenta repressão que usou a declaração de guerra em outubro para declarar estado de sítio e perseguir opositores.
Consequências diplomáticas
No dia 11 de Abril de 1917 o Brasil rompeu relações diplomáticas com o bloco germânico, e, em 20 de maio, o navio Tijuca foi torpedeado perto da costa francesa por submarino alemão. Nos meses seguintes, o governo brasileiro confiscou 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros, como uma indenização de guerra.
No dia 27 de Julho de 1917, o vapor brasileiro Lapa foi atingido por três tiros do canhão de um submarino alemão.
Em 18 de Outubro de 1917, um outro navio mercante Macau foi torpedeado por submarino alemão U-93.
No dia 23 de Outubro de 1917 o cargueiro nacional Macau, um dos navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão U-93, perto da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro.
Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917, o país declarou guerra à aliança germânica.
Em 4 de Novembro de 1917, os navios Guaíba e Acari foram salvos ao torpedeamento por mesmo submarino alemão U-151.
Apoio aos aliados
A abertura dos portos brasileiros a unidades aliadas e a responsabilidade pelo patrulhamento do Atlântico Sul pela esquadra brasileira foram as primeiras ações em apoio ao esforço de guerra aliado.
A Divisão Naval em Operações de Guerra, comandada pelo contra-almirante Pedro Max Fernando Frontin, incorporou-se à esquadra britânica em Gibraltar e realizou o primeiro esforço naval brasileiro em águas internacionais.
Em cumprimento aos compromissos assumidos com a Conferência Interaliada, reunida em Paris de 20 de novembro a 3 de dezembro de 1917, o Governo brasileiro enviou uma missão medica composta de cirurgiões civis e militares, para atuar em hospitais de campanha do teatro de operações europeu, um contingente de oficiais aviadores, do Exército e da Marinha, para se integrar à Força Aérea aliada, e o emprego de parte da Esquadra, fundamentalmente, na guerra anti-submarina. Para cumprir as atribuições da Marinha, o Ministro, Almirante Alexandrino Faria de Alencar, determinou a organização de uma força-tarefa que permitisse a efetiva participação da Marinha brasileira na Primeira Guerra Mundial. Logo, pelo Aviso Ministerial nº 501, de 30 de janeiro de 1918, foi constituída a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), composta de unidades retiradas das divisões que formavam a Esquadra brasileira. Passaram a compor a DNOG os cruzadores Rio Grande do Sul e Bahia, os contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina, o Tender Belmonte e o Rebocador Laurindo Pitta.
Esta Divisão foi incumbida de patrulhar a área compreendida pelo triângulo marítimo cujos vértices eram a cidade de Dacar, na costa africana, o arquipélago de São Vicente, no Oceano Atlântico, e Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo. Ficaria sob as ordens do Almirantado britânico, representado pelo Almirante Hischcot Grant. E para comandá-la, o ministro designou um dos oficiais de maior prestígio na época, o Contra-Almirante Pedro Max Fernando Frontin, nomeado em 30 de Janeiro de 1918.
A seguir, foi enviado um grupo de pilotos aviadores navais, em Janeiro de 1918, e de oficiais do Exército Brasileiro para o Teatro de Operações europeu. Dentre esses, destacava-se o então tenente João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, que comandou um pelotão do 4º Regimento de Dragões do Exército francês.
A guerra no mar, para o Brasil, teve início no dia 1 de Agosto, quando da partida da DNOG do porto do Rio de Janeiro. No dia 3 de Agosto de 1918, o navio brasileiro Maceió foi torpedeado pelo submarino alemão U-43. Em 9 de Agosto de 1918, atingiu Freetown, permanecendo 14 dias neste ponto, quando então os homens começaram a adoecer com o vírus da gripe espanhola.
Na noite do dia 25 de Agosto, na travessia de Freetown para Dacar, a divisão sofreu um ataque torpédico feito por submarino alemão, mas sem causar vítimas ou danos nos navios. Posteriormente, já fundeada no porto de Dacar, a tripulação da divisão foi vítima da epidemia conhecida na época como a gripe espanhola, que tirou a vida de mais de uma centena de nossos marinheiros, e imobilizou a Força por dois meses naquele porto.
A oposição de parte da população à guerra, assim como tanto a falta de uma política externa clara como de uma infra-estrutura industrial-militar, impediram que o país tivesse maior participação no conflito.
Missão médica militar
Em 18 de agosto de 1918, a Missão Médica, chefiada pelo Dr. Nabuco Gouveia e orientada pelo General Napoleão Aché, partiu com 86 médicos. Em 24 de setembro de 1918, a Missão Médica brasileira chegou à terra francesa pelo porto de Marselha, depois de uma viagem acidentada. Uma missão foi enviada ao teatro de guerra europeu com a finalidade de instalar um hospital. Integravam a missão 92 médicos, sendo dez militares e os demais mobilizados e convocados nos respectivos postos privativos de oficiais. Além dos médicos, integravam a missão acadêmicos, farmacêuticos, pessoal de apoio administrativo e um pelotão de segurança. A contribuição da missão médica brasileira materializou-se no apoio dado à população francesa contra um surto de gripe que assolava aquele país, o que garantiu a continuidade do apoio logístico às tropas da frente de combate. A Missão Médica foi extinta em fevereiro de 1919.
Fim da guerra
Já a divisão naval uniu-se à frota aliada no Mediterrâneo no começo de Novembro de 1918.
Dias depois, era assinado o armistício no dia 11, tão ansiosamente esperado pelos europeus cujos países foram devastados pelo conflito. O Brasil deu sua módica parcela de contribuição e graças à isso conseguiu assento na Conferência de Paz de Paris, que deu origem ao Tratado de Versalhes, obtendo assim sua parte no botim de guerra conseguindo da Alemanha o pagamento com juros do café perdido com os navios naufragados, mais 70 navios dos Impérios Centrais (a maioria alemã) que haviam sido apreendidos em aguas brasileiras quando da declaração de guerra e que foram incorporados à frota brasileira a preços simbólicos.
Acordo de paz
Terminada a guerra o Brasil participou da Conferência de Versalhes, com uma comitiva chefiada pelo futuro presidente Epitácio Pessoa. Esta comitiva conseguiu incluir no acordo de paz a indenização de sacas de café apreendidas em portos alemães quando da declaração da Guerra e a venda dos navios alemães apresados. O Brasil também foi um dos fundadores da Liga das Nações. Após voltar ao Brasil, a Divisão Naval em Operações de Guerra foi dissolvida em 25 de Junho de 1919, cumprindo, integralmente, a missão que lhe fora confiada.
Do ponto de vista econômico, se num primeiro momento as exportações caíram bruscamente, gerando crise numa economia dependente do café, com o prolongamento do conflito o Brasil passou a ter boas oportunidades comerciais. O aumento da demanda internacional por gêneros alimentícios e matérias-primas forçou o país a mudar sua estrutura econômica basicamente agrícola. É nessa época que o Brasil conhece um surto industrial inédito em sua história, valendo-se também da mão-de-obra imigrante, composta sobretudo por europeus que fugiam da fome e, depois, da guerra. O número de fábricas quadruplicou nos anos da guerra, dobrando o número de operários. A indústria brasileira conquistou o mercado interno e fez diminuir o número de itens importados, modificando parcialmente a face socioeconômica do país.
A Primeira Guerra Mundial - "feita para pôr fim a todas as guerras" - transformou-se no ponto de partida de novos e irreconciliáveis conflitos, pois o Tratado de Versalhes (1919) disseminou um forte sentimento nacionalista, que culminou no totalitarismo nazi-fascista. As contradições se aguçaram com os efeitos da Grande Depressão. Nesse cenário, surgiram e se consolidaram vários regimes totalitários na Europa. . O germânico de origem austríaca Adolf Hitler - líder do Partido Nazista, que se tornara o Führer do Terceiro Reich - defendia que a Alemanha necessitava mais espaço vital, ou "Lebensraum", e pretendia conquistá-lo na Europa Oriental (política que, ao lado da contraposição ideológica, o levaria, cedo ou tarde, ao confronto com a URSS). Valendo-se da Política de apaziguamento, praticada pela Grã-Bretanha (do Primeiro-ministro Neville Chamberlain) e secundada pela França (do presidente Édouard Daladier), Hitler conseguiu, inicialmente, concretizar uma série espantosa de conquistas incruentas: remilitarizou a Renânia, anexou a Àustria, e incorporou os Sudetos, destruindo a Tchecoslováquia. Mas quando avançou sobre a Polônia, os ingleses e franceses reagiram, iniciando-se a Segunda Guerra Mundial.
As mortes causadas pela Primeira Grande Guerra foram de 29 milhões de pessoas, entre elas 10 milhões de civis
A Segunda Grande Guerra causou a morte de 72 milhões de pessoas, entre elas 46 milhões de civis.
Votos faço para que nunca se chegue à Terceira Grande Guerra Mundial, mas, se isso um dia vier a acontecer e com o poderio militar nuclear, hoje existente, será o fim de todos nós.
PAZ