o mar do poeta

o mar do poeta

o mar do poeta

o mar do poeta

sábado, setembro 18

BUDISMO




O budismo (páli "buddhismo") é uma "religião" (religião no sentido de ter o sincero anseio por religar-se consigo mesmo e com o fundamento último de toda a natureza) e "filosofia" (filosofia somente no sentido de ter amor pelo saber superior) onde não há crenças e que engloba um conjunto de tradições e práticas baseadas nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda (páli/sânscrito "O Iluminado"). Buda viveu e desenvolveu seu ensinamento no nordeste do subcontinente indiano, entre os séculos IV e VI a. C.

Ele é reconhecido pelos adeptos como um mestre iluminado que compartilhou suas ideias para ajudar os seres sencientes a alcançar o fim do sofrimento, alcançando o Nirvana (páli "Nibbana") e escapando do que é visto como um ciclo de sofrimento do renascimento. Alguns mestres budistas, porém, ensinam que o Nirvana é uma percepção, um insight e não um estado, pois nem todas as escolas do budismo creem em vivendo e aprendendo. O budismo pode ser divido em dois grandes ramos: Teravada ("A Escola dos Anciãos") e Mahaiana ("O Grande Veículo").

Teravada é o mais antigo ramo do budismo e é bastante difundido nas regiões do Sri Lanka e sudeste da Ásia, já o segundo, Mahaiana, é encontrado em toda a Ásia Oriental e inclui, dentro de si, as tradições e escolas Terra Pura, Zen, Budismo de Nitiren, Budismo Tibetano, Tendai e Shingon. Em algumas classificações, a Vajrayana aparece como subcategoria de Mahaiana, entretanto é reconhecida como um terceiro ramo.

Mesmo o budismo sendo uma prática muito popular na Ásia, os dois ramos são encontrados em todo o mundo. Várias fontes colocam o número de budistas no mundo entre 230 milhões e 500 milhões, tornando-o a quinta maior religião do mundo.

As escolas budistas variam significativamente a natureza exata do caminho da libertação, a importância e canonicidade de vários ensinamentos e, especialmente, suas práticas. Entretanto, as bases das tradições e práticas são as Três Jóias: O Buda, o Darma (ensinamentos) e o Sangha (a comunidade).

Encontrar "refúgio na jóia tríplice" é, em geral, o que distingue um budista de um não-budista. Outras práticas podem incluir a renúncia convencional de vida secular para se tornar um meditador ou um monástico da comunidade e cultivar a plena consciência e sabedoria, estudando as escrituras, com exercícios físicos, devoção e cerimônias, e até mesmo a invocação de Bodisatva.





Estátua de Buda, no Kamakura, Japão.

A vida de Buda

Gautama com seus cinco companheiros, que mais tarde compuseram o primeiro Sangha. Pintura da parede de um templo em Laos.De acordo com a narrativa convencional, o Buda nasceu em Lumbini, hoje patrimônio mundial da UNESCO, por volta do ano 536 a. C., e cresceu em Kapilavastu, ambos localizados onde hoje está a região do Nepal.

Logo após o nascimento de Siddhartha, um astrólogo visitou o pai do jovem príncipe, Suddhodana, e profetizou que Siddhartha iria se tornar um grande rei e que renunciaria ao mundo material para se tornar um homem santo, se ele, por ventura, visse a vida fora das paredes do palácio.

O rei Suddhodana estava determinado a ver o seu filho se tornar um rei, impedindo assim que ele saisse do palácio.

Mas, aos 29 anos, apesar dos esforços de seu pai, Siddhartha se aventurou por além do palácio diversas vezes. Em uma série de encontros (em locais conhecidos pela cultura budista como "quatro pontos"), ele soube do sofrimento das pessoas comuns, encontrando um homem velho, um outro doente, um cadáver e, finalmente, um ascético sadhu, aparentemente contente e em paz com o mundo. Essas experiências levaram Gautama, eventualmente, a abandonar a vida real e ir em busca de uma vida espiritual.

Siddhartha Gautama fez uma primeira tentativa, experimentando a ascética e quase morreu de fome ao longo do processo. Mas, depois de aceitar leite e arroz de uma menina da vila, ele mudou sua abordagem.

Concluiu que as práticas ascéticas extremas, como o jejum prolongado, respiração sem pressa e a exposição à dor trouxeram poucos benefícios, espiritualmente falando. Deduziu então que as práticas eram prejudiciais aos praticantes.

Ele abandonou o ascetismo, concentrando-se na meditação anapanasati, através da qual descobriu o que hoje os budistas chamam de caminho do meio: um caminho que não passa pela luxúria e pelos prazeres sensuais, mas que também não passa pelas práticas de mortificação do corpo.

Quando tinha 35 anos de idade, Siddhartha sentou em baixo de uma árvore do tipo sacred fig, hoje conhecida como árvore de Bodhi[14], localizada no Bodh Gaya, na Índia, e prometeu não sair dali até conseguir atingir a 'iluminação.

A lenda diz que Siddhartha conheceu a dúvida sobre o sucesso de seus objetivos ao ser confrontado por um demônio chamado Mara, que simboliza o mundo das aparências e muitas vezes é representado por uma cobra naja.

Ainda segundo a lenda, Mara teria oferecido o nirvana à Sidarta, contudo ele percebeu que isso o levaria a se distanciar do mundo e o impediria de transmitir seus ensinamentos adiante. Assim, por volta dos 40 anos, Sidarta se transformou no Buda, o iluminado, atraindo um grupo de seguidores, e instituiu uma ordem monástica.


Agora, passaria seus dias ensinando o darma, viajando por toda a parte nordeste do subcontinente indiano. Ele sempre enfatizou que não era um deus e que a capacide de se tornar um buda pertencia ao ser humano. Faleceu aos 80 anos de idade, em 483 a. C., em Kusinagar, na Índia.

Os estudiosos se contradizem em relação às afirmações sobre a história e os fatos da vida de Buda. A maioria aceita que ele viveu, ensinou e fundou uma ordem monástica, mas não aceita de forma consistente os detalhes de sua biografia. Segundo o escritor Michael Carrithers, em seu livro O Buda, o esborço de uma vida tem que ser verdadeiro: o nascimento, a maturidade, a renúncia, a busca, o despertar e a libertação, o ensino e a morte.

Ao escrever uma biografia sobre Buda, Karen Armstrong, disse: "É obviamente difícil, portanto, escrever uma biografia de Buda, atendendo aos critérios modernos, porque temos muito pouca informação que pode ser considerado 'historica'... mas podemos estar razoavelmente confiantes, pois Siddhatta Gautama realmente existiu e os seus discípulos preservam a sua memória, sua vida e seus ensinamentos".

Conceitos budistas

A vida e o mundo


Carma: lei de causa e efeito

Tradicional thangka do budismo tibetano alusivo à "Roda da Vida", com seus seis reinos.Carma (do sânscrito कर्म, transl. karmam, e em pali, kamma, "ação") no budismo é a força de samsara sobre alguém. Boas ações (páli: kusala), e/ou ações ruins (páli: akisala) geram "sementes" na mente, que virão a aflorar nesta vida ou em um renascimento subsequente.

Com o objetivo de cultivar as ações positivas, o sila é um conceito importante do budismo, geralmente, traduzido como "virtude", "boa conduta", "moral" e "preceito".

No budismo, o carma se refere especificamente a essas ações (do corpo, fala e mente) que brotam da intenção mental (páli:cetana) e que geram consequências (frutos) e/ou resultados (vipaka).

Cada vez que uma pessoa age, há alguma qualidade de intenção em sua mente e essa intenção muitas vezes não é demonstrada pelo seu exterior, mas está em seu interior e este determinará os efeitos dela decorrentes.

No budismo Teravada, não pode haver salvação divina ou perdão de um carma, uma vez que é um processo puramente impessoal que faz parte do Universo. Outras escolas, como a Maaiana, porém, têm opiniões diferentes.

Por exemplo, os textos dos sutras (como o Sutra do Lótus, Sutra de Angulimala e Sutra do Nirvana) afirmam que, recitando ou simplesmente ouvindo seus textos, as pessoas podem expurgar grandes carmas negativos. Da mesma forma, outras escolas, Vajrayana por exemplo, incentivam a prática dos mantras como meio de cortar um carma negativo.

Renascimento

Renascimento se refere a um processo pelo qual os seres passam por uma sucessão de vidas como uma das muitas formas possíveis de senciência. Entretanto, o budismo, natural da Índia, rejeita conceitos de "autoestima" permanente ou "mente imutável", eterna, como é chamada no cristianismo e até mesmo no hinduísmo, pois, no budismo, existe a doutrina do anatta, sobre a inexistência de um "eu" permanente e imutável.

De acordo com o budismo, o renascimento em existências subsequentes deve antes ser entendido como uma continuação dinâmica, um constante processo de mudança - "originação dependente" (sânscrito: pratītya-samutpāda) - determinado pelas leis de causa e efeito (carma), em vez da noção de um ser encarnado ou transmigrado de uma existência para outra.

Cada renascimento ocorre dentro de um dos seis reinos, de acordo com os nossos reinos de desejos, podendo variar de acordo com a escolas:

1.seres dos infernos: aqueles que vivem em um dos muitos infernos;

2.preta: o reino de seres que padecem de necessidades sem alívio, sofrimento, remorsos, fome, sede, nudez, miséria, sintomas de doenças, entre outros;

3.animais: um espaço de divisão com os humanos, mas considerado como outra vida;

4.deva: comparado ao paraíso;

5.semideuses: variavelmente traduzido como "divindades humildes", demônios, titãs e antideuses; não é reconhecido pelas escolas Teravada e Maaiana;

6.seres humanos: um dos reinos de renascimento, em que é possível atingir o nirvana.

O renascimento em alguns dos céus mais altos, conhecido como o mundo de Śuddhāvāsa (moradas puras), pode ser alcançado apenas por budistas profissionais qualificados, conhecidos como não-regressistas (sânscrito: anāgāmis). Já o renascimento no reino sem forma (sânscrito: arupa-dhatu) pode ser alcançando apenas por aqueles que podem meditar sobre o arupajhanas, o maior objeto de meditação.

De acordo com o budismo praticado no leste asiático e o budismo tibetano, há um estado intermediário (o bardo) entre uma vida e a próxima. A posição Teravada ortodoxa rejeita esse conceito, no entanto existem passagens no Samyutta Nikaya do Cânone Páli (coleção de textos em que a tradição Teravada é baseada) que parecem dar apoio à ideia de que o Buda ensinou que existe um estado intermediário entre esta vida e a próxima.

O ciclo de samsara

Samsara é o ciclo das existências nas quais reinam o sofrimento e a frustação engendrados pela ignorância e pelos conflitos emocionais que dela resultam. O samsara compreende os três mundos superiores (deva, semideuses e seres humanos) e os três inferiores (seres dos infernos, preta e animais), julgados não por um valor, mas em função da intensidade de sofrimento.

Os budistas acreditam, em sua maioria, no samsara. Este, por sua vez, é regido pelas leis do carma: a boa conduta produzirá bom carma e a má alma produzirá carma maléfico.

Assim como os hindus, os budistas interpretam o samsara não-esclarecido como um estado de sofrimento. Só nos libertaremos do samsara se atingirmos o estado total de aceitação, visto que nós sofremos por desejar coisas passageiras, e alcançarmos o nirvana ou a salvação.



Sofrimento: causas e soluções

As Quatro Nobres Verdades

De acordo com o Cânone Páli, As Quatro Nobres Verdades foram os primeiros ensinamentos deixados pelo Buda depois de atingir o nirvana[30]. Algumas vezes, são consideradas como a essência dos ensinamos do Buda e são apresentadas na forma de um diagnóstico médico:

1.a vida como a conhecemos é finalmente levada ao sofrimento e/ou mal-estar (dukkha), de uma forma ou outra;

2.o sofrimento é causado pelo desejo. Isso é, muitas vezes, expressado como um engano agarrado a um certo sentimento de existência, a individualidade, ou para coisas ou fenômenos que consideramos causadores da felicidade e infelicidade. O desejo também tem seu aspecto negativo;

3.o sofrimento acaba quando termina o desejo. Isso é conseguido através da eliminação da ilusão, assim alcançamos um estado de libertação do iluminado (bodhi);

4.esse estado é conquistado através dos caminhos ensinado pelo Buda.

Esse método é descrito por alguns acadêmicos ocidentais e ensinado como uma introdução ao budismo por alguns professores contemporâneos do Maaiana, como por exemplo o Dalai Lama.

De acordo com outras interpretações de mestres budistas e eruditos, e recentemente reconhecidas por alguns estudiosos ocidentais não-budistas, as "verdades" não representam meras declarações e/ou indicações, entretanto estas podem ser agrupadas em dois grupos :

1.o sofrimento e as causas do sofrimento;

2.a cessação do sofrimento e os caminhos para a libertação.

Assim, a Enciclopédia Macmillan de Budismo simplifica As Quatro Nobres Verdades, deixando-as da seguinte maneira:

1."A Verdade Nobre Que Está Sofrendo";

2."A Verdade Nobre Que É O Surgimento do Sofrimento";

3."A Verdade Nobre Que É O Fim do Sofrimento";

4."A Verdade Nobre Que Que Produz o Fim do Caminho de Sofrimento".

A compreensão tradicional do Teravada sobre As Quatros Nobres Verdades é que estas são um ensino avançado para aqueles que estão "prontos". A posição Maaiana é que eles são ensinamentos prejudiciais para as pessoas que ainda não estão prontas para ensinar. No Extremo Oriente, os ensinamentos são pouco conhecidos.

O Nobre Caminho Óctuplo

O Dharmachakra representando o Nobre Caminho Óctuplo.O Nobre Caminho Óctuplo - A Quarta Nobre Verdade do Buda - é o caminho para a o fim do sofrimento (dukkha). Tem oito seções, cada uma começando com a palavra samyak (que em sânscrito significa "corretamente" e "devidamente"), e são apresentadas em três grupos:

prajna: é a sabedoria que purifica a mente, permitindo-lhe atingir uma visão espiritual da natureza de todas as coisas. Engloba:

1.dṛṣṭi (ditthi): ver a realidade como ela é, não apenas como parece ser;

2.saṃkalpa (sankappa): a intenção de renúncia, de liberdade e inocuidade.

sila: é a ética ou moral, a abstenção de atos nocivos. Engloba:

3.vāc vāc (vāca): falando de uma maneira verdadeira e não-ofensiva;

4.karman (kammanta): agir de uma maneira não-prejudicial;

5.ājīvana (ājīva): o meio de vida deve seguir os preceitos citados anteriormente.

samadhi: é a disciplina mental necessária para desenvolver o domínio sobre a própria mente. Isso é feito através de práticas, incluindo, a meditação. Engloba:

6.vyāyāma vyāyāma (vāyāma): fazer um esforço para melhorar;

7.smṛti (sati): a consciência de ver as coisas como elas estão com a consciência clara, consciente da realidade presente dentro de si mesmo, sem qualquer desejo ou aversão;

8.samādhi (samādhi): meditação correta ou concentração.

A prática do Caminho Óctuplo é compreendida de duas maneiras: desenvolvimento simultâneo dos oitos itens paralelamente, ou como uma série progressiva pela qual o praticante se move, ao conquistar um estágio. Contudo, os quatro nikāyas principais e o Caminho Óctuplo, geralmente, não são ensinado para os leigos e são pouco conhecidos no Extremo Oriente.

Caminho do Meio

Um importante princípio orientador da prática budista é o Caminho do Meio, que se diz ter sido descoberto pelo Buda, antes de sua iluminação. O Caminho do Meio tem várias definições:

1.a prática de não-extremismo: um caminho de moderação e distância entre a autoindulgência e a morte;

2.o meio-termo entre determinadas visões metafísicas;

3.uma explicação do nirvana (perfeita iluminação), um estado no qual fica claro que todas as dualidade aparentes no mundo são ilusórias;

4.outros termos para o sunyata, a última natureza de todos os fenômenos (na escola Maaiana).

A forma como as coisas são


Estudiosos budistas têm produzido uma quantidade notável de teorias intelectuais, filosóficas e conceitos de visão do mundo (por exemplo: filosofia budista, abhidharma e a realidade no budismo. Algumas escolas do budismo desencorajam estudos doutrinários, algumas os consideram como essenciais, pelo menos para algumas pessoas em algumas fases do budismo.

Debate entre monges do Sera Monastery, no Tibet.Nos primeiros ensinamentos budistas, de certa forma, compartilhado por todas as escolas existentes, o conceito de libertação (nirvana) está intimamente ligado com a correta compreensão de como a mente lida com o estresse.

Ao termos conhecimento sobre o apego, um sentimento de desapego é gerado e se é liberado do sofrimento (dukkha) e do ciclo de renascimento (samsara). Para esse efeito, o Buda recomendou ver as coisas através das três marcas da existência.

Impermanência, sofrimento e a inexistência do "eu"

Annica é uma das três marcas da existência. O termo exprime o conceito budista de que todas as coisas são compostas ou fenômenos condicionados, sendo estes, inconstantes, instáveis e impermanentes. Tudo o que podemos experimentar através dos nossos sentidos é composto de peças e sua existência depende de condições externas.
Tudo está em fluxo constante e, assim, as condições e coisas em si estão mudando constantemente. As coisas estão vindo constantemente a ser e deixar de ser. Como nada dura, não há nenhuma natureza inerente ou fixada em qualquer objeto ou experiência.

Segundo a doutrina da impermanência, a vida humana incorpora esse fluxo no processo de envelhecimento, no ciclo de renascimento e em qualquer existência de perda. A doutrina afirma ainda que, pelo fato de as coisas serem impermanentes, o apego a elas é inútil e leva ao sofrimento (dukkha).

Dukkha ou sofrimento (pāli दुक्ख; sanskrit दुःख duḥkha) é um dos conceitos centrais do budismo. A palavra pode ser traduzida de diversas maneiras, incluindo sofrimento, dor, insatisfação, tristeza, angústia, ansiedade, desconforto, estresse, infelicidade e frustração, por exemplo.

Apesar disso, dukkha é traduzido, muitas vezes, como "sofrimento", o seu siginificado filosófico é mais semelhante a "inquietação", como na condição de ser perturbado. Devido a isso, algumas literaturas preferem não traduzir o verbete, como é o caso do inglês, com o objetivo de englobar em uma palavra todos os significados.

Anatta, ou anatman, refere-se à noção da inexistência de um "eu". Após uma análise cuidadosa, verifica-se que nenhum fenômeno é realmente "eu" ou "meu", estes conceitos são, na realidade, construídos pela mente.

O nikayas, no anatta, não é entendido como uma afirmação metafísica, mas como uma aproximação para ganhar sofrimento. O Buda rejeitou ambos os conceitos, afirmando que eles nos ligam ao sofrimento.



Originação dependente

A doutrina do pratītyasamutpāda é uma parte importante da metafísica budista. Ela afirma que os fenômenos surgem juntos em uma teia interdependente de causa e efeito. É variavelmente traduzida como "orientação dependente", "gênese condicionada", "co-dependente decorrentes" ou "emergência".

O conceito mais conhecido e aplicado do pratītyasamutpāda é o regime dos Doze Nidānas (do páli: nidāna, que significa "provocar", "fundação", "fonte" e "origem"), que explicam a continuação do ciclo de sofrimento e renascimento em detalhe. Os Doze Nidānas descreve uma relação entre as características subsequentes, cada uma dando origem ao nível seguinte:

1.Avidyā: ignorância (especificamente espiritual

2.Saṃskāras: formações;

3.Vijñāna: consciência;

4.Nāmarūpa: nome e forma (refere-se à mente e ao corpo;

5.Ṣaḍāyatana: suas bases do sentidos (olhos, nariz, ouvidos, língua, corpo e mente);

6.Sparśa: contato (traduzido, também, como "impressão" ou "estimulo" por um objeto);

7.Vedanā: sensação, traduzida como algo "desagradável", "agradável" ou neutro;

8.Tṛṣṇā: sede, mas, no budismo, refere-se ao desejo;

9.Upādāna: apego ou apreensão[41];

10.Bhava: ser (existência) ou se tornar (no Teravada possui dois significados: o carma, que produz uma nova existência, e a existência em si);

11.Jāti: nascimento (entendido como ponto de partida);

12.Jarāmaraṇa: velhice e morte, também traduzida, através do śokaparidevaduḥkhadaurmanasyopāyāsa, como tristeza, lamentação, dor e miséria..

 Vazio

O budismo Maaiana foi fundado baseado na teorias de Nagarjuna, provavelmente o estudioso mais influente dentro das tradições da escola budista. A principal contribuição do filósofo budista foi a exposição sistemática do conceito de sunyata, ou "vazio", comprovada amplamente nos sutras, como Prajnaparamita, importantíssimos na época.

O conceito de "vazio" reúne as outras principais doutrinas budistas, particularmente a anatta e a pratītyasamutpāda (orientação dependente), para refutar a metafísica da Sarvastivada e Sautrāntika (não extintas da escola Maaiana).

Para Nagarjuna, não são apenas os seres sencientes que estão vazios de atman; todos os fenômenos (dharmas) são, sem qualquer svabhava (literalmente "própria natureza" ou "autonatureza") e, portanto, sem qualquer essência fundamental, pois eles são vazios de ser independentes, assim, as teorias heterodoxas de Svabhava, circuladas na época, foram desmentidas com base nas demais doutrinas budistas.

Os pensamentos de Nagarjuna são conhecidos como Madhyamaka. Alguns dos escritos atribuídos a Nagarjuna fazem referências explícitas aos textos de Maaiana, mas sua filosofia foi argumentada dentro dos "parênteses" estabelecidos pela ágama.

Ele pode ter chegado à sua posição a partir de um desejo de alcançar uma exegese coerente da doutrina do Buda, tal como o Canon. Aos olhos de Naharjuna, o Buda não era apenas um precursor, mas o próprio fundador do sistema Madhyamaka.

Os ensinamentos sarvastivada, que foram criticados por Nagarjuna, foram reescritos por estudiosos como Vasubandhu e Asanga e foram, posteriormente, adaptados para a prática do Yoga (sâncrito: Yogacara).

Enquanto a escola Madhyamaka declarou que afirmar a existência ou a inexistência de qualquer coisa, em última análise, era inadequado, contudo, alguns expoentes da Yogacara afirmaram que a mente, e só a mente, é real (doutrina conhecida como consciência). Entretanto, nem todos dentro do Yogacara consideram essa afirmação; Vasubandhu e Asanga, em particular, são um exemplo.

Além do vazio, a escola Maaiana, muitas vezes, dá ênfase nas noções de dicernimento espiritual pleno (prajnaparamita) e na natureza búdica (tathagatagarbha, que significa "embrião budista").

De acordo com o sutras de tathagatagarbha, o Buda revelou a realidade da imortal natureza budista, que se diz ser inerente a todos os seres vivos e permite que todos eles, eventualmente, atinjam a iluminação completa, ou seja, tornando-se Budas.

Especulações contra a existência direta na epistemologia budista

A distinção entre o budismo e outras escolas filosóficas indianas é uma questão da justificação da epistemologia. Apesar de todas as escolas de lógica indiana reconhecerem vários conjuntos das justificativas válidas para o conhecimento (pramana), o budismo, por sua vez, reconhece um conjunto menor do que os outros. Todos aceitam a percepção e a inferência, por exemplo, mas, algumas escolas budistas não.

De acordo com as escrituras, durante a sua vida, o Buda permaneceu em silêncio quando questionado sobre as várias questões metafísicas. São perguntas como: se o universo é eterno ou não (ou se é finito ou infinito), se há unidade ou separação do corpo e do atman, a inexistência completa de uma pessoa depois do nirvana, entre outros.

Uma explicação para esse silêncio é que tais questões atrapalham a atividade prática para o bodhi[nb 1] e trazem o perigo de substituir a experiência de libertação através da compreensão conceitual da doutrina ou pela fé religiosa.

Escolas

O budismo dividiu-se em várias escolas, das quais algumas vieram a se extinguir. A principal divisão atualmente existente é entre a escola Theravada e a Mahayana.

As escolas numericamente mais expressivas na atualidade são:

Nitiren, várias escolas budistas e organizações laicas, cuja tradição se iniciou no século XII, no Japão, com o monge Nitiren;

Theravada, estabelecida no sudeste asiático;

as escolas tântricas do Budismo tibetano (Nyingma, Kagyu, Gelug, Sakya) que fazem parte da Mahayana;

Zen japonês e Chan chinês, escolas com ênfase na meditação . Alguns estudiosos consideram estas escolas como uma linhagem Mahayana. Outros, no entanto, dizem que, pela ênfase ser diferente e pelo Zen/Chan ser "descendente" também do taoismo, devem ser considerados uma escola à parte;

as escolas japonesas devocionais da Terra Pura (Jodo Shu) e Verdadeira Terra Pura (Jodo Shinshu), todas Mahayana.

Nirvana

1.É a meta do budismo.

2.É o apagar do fogo das paixões e a extinção do ego.

3.É não necessitar mais reencarnar.

4.É o que todo budista procura por toda vida, a paz absoluta.

5.É o que faz do homem comum um Buda.

6.É a iluminação.

Origens


Buda na ilha de Lantau, em Hong Kong

O budismo formou-se no nordeste da Índia, entre o século VI a.C. e o século IV a.C.. Este período corresponde a uma fase de alterações sociais, políticas e econômicas nessa região do mundo. A antiga religiosidade bramânica, centrada no sacrifício de animais, era questionada por vários grupos religiosos, que geralmente orbitavam em torno de um mestre.

Um desses mestres religiosos, como visto acima com mais detalhes, foi Siddhartha Gautama, o Buda, cuja vida a maioria dos acadêmicos ocidentais e indianos situa entre 563 a.C. e 483 a.C., embora os acadêmicos japoneses considerem mais provável as datas 448 a.C. a 368 a.C.. Siddhartha nasceu na povoação de Kapilavastu, que se julga ser a aldeia indiana de Piprahwa, situada perto da fronteira indo-nepalesa. Pertencia à casta guerreira (ksatriya).

Várias lendas posteriores afirmam que Siddhartha viveu no luxo, tendo o seu pai se esforçado por evitar que o seu filho entrasse em contato com os aspectos desagradáveis da vida.

Por volta dos 29 anos, o jovem Siddhartha decidiu abandonar a sua vida, renunciando a todos os bens materiais e adotando a vida de um renunciante. Praticou o ioga (numa forma que não é a mesma que é hoje seguida nos países ocidentais) e seguiu práticas ascéticas extremas, mas acabou por abandoná-las, vendo que não conseguia obter nada delas. Segundo a tradição, ao fim de uma meditação sentado debaixo de uma figueira, descobriu a solução para a libertação do ciclo das existências e das mortes que o atormentava.

Pouco depois, decidiu retomar a sua vida errante. Chegou a um bosque perto de Benares, onde pronunciou um discurso religioso diante de cinco jovens, que convencidos pelos seus ensinamentos, se tornaram os seus primeiros discípulos e com quem formou a primeira comunidade monástica (sangha). O Buda dedicou, então, o resto da sua vida (talvez trinta ou cinquenta anos) a pregar a sua doutrina através de um método oral, não tendo deixado quaisquer escritos.



Cosmologia

A cosmologia budista considera que o Universo é composto por vários sistemas mundiais, sendo que cada um desses possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio que dura bilhões de anos. Num sistema mundial existem seis reinos, que por sua vez incluem vários níveis, num total de trinta e um.

O reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno budista é diferente da concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino; os seres que habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali se esgota. Por outro lado, o budismo considera que existem não apenas infernos quentes, mas também infernos frios.

Acima do reino dos infernos pelo lado esquerdo, encontra-se o reino animal, o único dos vários reinos perceptível aos humanos e onde vivem as várias espécies. Acima do reino dos infernos pelo lado direito, encontra-se o mundo dos espíritos ávidos ou fantasmas (preta).

Os seres que nele vivem sentem constantemente sede ou fome, sem nunca terem essas necessidades saciadas. A arte budista representa os habitantes desse reino como tendo um estômago do tamanho de uma montanha e uma boca minúscula.

O reino seguinte é o dos Asura (termo traduzido como "Titãs" ou dos antideuses). Os seus habitantes ali nasceram em resultado de acções positivas realizadas com um sentimento de inveja e competição e vivem em guerra constante com os deuses.

O quinto reino é o dos seres humanos. É considerado como um reino de nascimento desejável, mas ao mesmo tempo difícil. A vida enquanto humano é vista como uma via intermédia nessa cosmologia, sendo caracterizada pela alternância das alegrias e dos sofrimentos, o que de acordo com a perspectiva budista favorece a tomada de consciência sobre a condição samsárica.

O último reino é o dos deuses (deva) e é composto por vários níveis ou residências. Nos níveis mais próximos do reino humano, vivem seres que, devido à prática de boas acções, levam uma acção harmoniosa. Os níveis situados entre o vigésimo terceiro e o vigésimo sétimo são denominados como "Residências Puras", sendo habitadas por seres que se encontram perto de atingir a iluminação e não voltarão a renascer como humanos.

Escrituras



Edição do Cânone PaliBuda não deixou nada escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano em que o Buda faleceu teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra, onde discípulos do Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que os transmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade desse concílio é alvo de debate: para alguns esse relato não passa de uma forma de legitimação posterior da autenticidade das escrituras.

Por volta do século I d.C., os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde se constituiu o denominado Cânone Pali. O Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como contendo os textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda. Não existem, contudo, no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão, que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano.

O canône budista divide-se em três grupos de textos, denominado "Triplo Cesto de Flores" (tipitaka em pali e tripitaka em sânscrito):

1.Sutra Pitaka: agrupa os discursos do Buda tais como teriam sido recitados por Ananda no primeiro concílio. Divide-se por sua vez em vários subgrupos;

2.Vinaya Pitaka: reúne o conjunto de regras que os monges budistas devem seguir e cuja transgressão é alvo de uma penitência. Contém textos que mostram como surgiu determinada regra monástica e fórmulas rituais usadas, por exemplo, na ordenação. Estas regras teriam sido relatadas no primeiro concílio por Upali;

3.Abhidharma Pitaka: trata do aspecto filosófico e psicológico contido nos ensinamentos do Buda, incluindo listas de termos técnicos.

Quando se verificou a ascensão do budismo Mahayana, essa tradição alegou que o Buda ensinou outras doutrinas que permaneceram ocultas até que o mundo estivesse pronto para recebê-las; dessa forma a tradição Mahayana inclui outros textos que não se encontram no Theravada.



Difusão do budismo

Índia

Estátua de Buda no Templo Mahabodhi, em Bodh Gaya, Índia

A partir do seu local de nascimento no nordeste indiano, o budismo espalhou-se para outras partes do norte e para o centro da Índia. Durante o reinado do imperador mauria Asoka, que se converteu ao budismo e que governou uma área semelhante à da Índia contemporânea (com excepção do sul), essa religião consolidou-se.

Após ter conquistado a região de Kalinga pela força, Asoka decidiu que a partir de então governaria com base nos preceitos budistas. O imperador ordenou a construção de hospedarias para os viajantes e que fosse proporcionado tratamento médico não só aos humanos, mas também aos animais. O rei aboliu também a tortura e provavelmente a pena de morte.

A caça, desporto tradicional dos reis, foi substituída pela peregrinação a locais budistas. Apesar de ter favorecido o budismo, Asoka revelou-se também tolerante para com o hinduísmo e o jainismo.

Asoka pretendeu também divulgar o budismo pelo mundo, como revelam os seus éditos. Segundo estes, foram enviados emissários com destino à Síria, Egipto e Macedónia (embora não se saiba se chegaram aos seus destinos) e para o oriente, para um terra de nome Suvarnabhumi (Terra do Ouro) que não se conseguiu identificar com segurança.

O império mauria chegou ao fim em finais do século II a.C.. A Índia foi então dominada pelas dinastia locais dos Sunga (c.185-173 a.C.) e dos Kanva (c.73-25 a.C.), que perseguiram o budismo, embora este conseguisse prevalecer.

Perto do início da era actual, o noroeste da Índia foi invadido pelos citas, que formariam a dinastia dos Kuchans. Um dos mais importantes reis desta dinastia, Kanishka (c. 127-147), foi um grande proselitista do budismo.

Durante a era da dinastia Gupta (320-540), os monarcas favorecem o budismo, mas também o hinduísmo. Em meados do século VI, os Hunos Brancos, oriundos da Ásia Central, invadem o noroeste da Índia, provocando a destruição de inúmeros mosteiros budistas.

A partir de 750, a dinastia Pala governou no nordeste da Índia até ao século XII, apoiando os grandes centros monásticos budistas, entre os quais o de Nalanda. Contudo, a partir do século XII, o budismo entra num declínio definitivo devido a vários factores. Entre estes, encontravam-se o revivalismo hindu, que se manifestou com figuras como Adi Shankara e pelas invasões dos muçulmanos dos séculos XII e XIII.

Embora o budismo tenha passado por uma verdadeira renovação a partir de 1959, ano em que o Dalai Lama escolhe o exílio, ele parece quase ausente da Índia, a ponto de termos, muitas vezes, de seguir turistas estrangeiros para localizar os lugares santos de antigamente. Nesse percurso, ao longo dos séculos, o budismo suscitou desvios, heresias, seitas.

Sri Lanka e Sudeste da Ásia



Wat Mahathat, Sukhothai, Tailândia

A tradição cingalesa atribui a introdução do budismo no Sri Lanka ao monge Mahinda, filho de Asoka, que teria chegado à ilha em meados do século III a.C., acompanhado por outros missionários. Esse grupo teria convertido ao budismo o rei Devanampiya Tissa e grande parte da nobreza local.

O rei ordenou a construção do Mahavihara ("Grande Mosteiro" em pali) na então capital do Sri Lanka, Anuradhapura. O Mahavihara foi o grande centro do budismo Theravada na ilha nos séculos seguintes.

Foi no Sri Lanka que, por volta do ano 80 a.C., se redigiu o Cânone Pali, a colectânea mais antiga de textos que reflectem os ensinamentos do Buda. No século V d.C., chegou à ilha o monge Buddhaghosa que foi responsável por coligir e editar os primeiros comentários feitos ao Cânone, traduzindo-os para o pali.

Na Tailândia, o budismo lançou raízes no século VII nos reinos de Dvaravati (no sul, na região da actual Banguecoque) e de Haripunjaya (no norte, na região de Lamphun), ambos reinos da etnia Mon. No século XII, o povo Tai, que chegou ao território vindo do sudoeste da China, adoptou o budismo Theravada como a sua religião.

A presença do budismo na Península Malaia está atestada desde o século IV d.C., assim como nas ilhas de Java e Sumatra. Nessas regiões, verificou-se um sincretismo entre o budismo Mahayana e o xivaísmo, que está ainda hoje presente em locais como a ilha de Bali.

Entre o século VII e o século IX, a dinastia budista dos Xailendra governou partes da Indonésia e a Península Malaia, tendo sido responsável pela construção do Borobodur, uma enorme stupa que é o maior monumento existente no hemisfério sul. O Islão chegou à Indonésia no século XIV, trazido pelos mercadores, acabando por substituir o budismo como religião dominante. Actualmente o budismo é principalmente praticado pela comunidade chinesa da região.

China



Pintura nas grutas de Bezeklik, oeste da China, retratando monges budistas

A tradição atribui a introdução do budismo na China ao imperador han Ming-Ti. Este imperador teve um sonho no qual viu um ser voador dourado, interpretado como uma visão do Buda, e ordenou que fossem enviados emissários à Índia para que trouxessem a doutrina.

Independentemente da tradição, o budismo só se espalhou na China nos séculos V e VI com o apoio da dinastia Wei e Tang. Durante este período estabelecem-se na China escolas budistas de origem indiana ao mesmo tempo que se desenvolvem escolas próprias chinesas. poppo

Coréia e Japão

Kanji japonês para "Zen"

O budismo entrou na Coreia no século IV. Nesta altura, a Coreia não era um território unificado, encontrando-se dividida em três reinos rivais: o reino de Koguryo no norte, o reino de Paekche no sudoeste e o reino de Silla no sudeste. Estes três reinos reconheceriam o budismo como religião oficial, tendo sido o primeiro a fazê-lo Paekche (384), seguindo-se o Koguryo (392) e Silla (528).

Em 668, o reino de Silla unificou a Coreia sob o seu poder e o budismo conheceu uma era de desenvolvimento. Foi nesse período que viveu o monge Wonhyo Daisa (617-686), que tentou promover um budismo do qual fizessem parte elementos de todas as seitas. No século VIII, foi difundido na Coreia o budismo da escola chinesa Chan, denominado son (ou seon)em coreano e que se tornou a escola dominante. O budismo continuou a florescer durante a era Koryo (935-1392), até que a dinastia Li (1392-1910) favoreceu o confucionismo.

A partir da Coréia e da China, o Budismo foi introduzido no Japão em meados do século VI. Em 593, o princípe Shotoku declarou-o como religião do Estado, mas o budismo foi até à Idade Média um movimento ligado à corte e à aristocracia sem larga adesão popular (os missionários coreanos tinham apresentado à corte japonesa o budismo como elemento de protecção nacional).

Durante a era Nara (710-794)-Héian (794-1185), várias seitas de expressão chinesa começaram a implantar-se no Japão. São deste último período a escola Shingon e Tendai (Tien Tai). Durante a era Kamakura (1185-1333), o budismo populariza-se finalmente com as escolas Terra Pura, Nitiren Daishonin e Zen (Chan)nas suas principais vertentes chinesas das escolas Rinzai (Linji) e Soto (Caodong).

Tibete


Deus lamaísta da fortuna

No Tibete, o budismo propagou-se em dois momentos diferentes. O rei Srong-brtsan-sgam-po (Songtsen Gampo, c.627-c.650), influenciado pelas suas duas esposas budistas, decidiu mandar chamar ao Tibete monges indianos para ali difundirem a religião.

Durante o reinado de Khri-srong-lde-btsan (Trisong Deutsen), construiu-se o primeiro mosteiro budista tibetano e em 747 chegou ao território o notável iogue indiano Padmasambhava, que organizou o budismo tibetano e fundou a escola hoje conhecida como Nyingma (ou "escola da tradição antiga", em relação às posteriores escolas estabelecidas por outros professores). Contudo, uma reacção hostil da religião indígena, o Bon, levaria ao declínio do budismo nos dois séculos seguintes.

O budismo seria reintroduzido no Tibete a partir do século XI, com a ajuda do monge indiano Atisa, que chegou ao território em 1042. Com o passar do tempo, formaram-se quatro escolas: Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa.

Em 1578, membros desta última escola converteram o mongol Altan Khan à sua doutrina. Alta Khan criou o título de Dalai Lama, que concedeu ao líder da escola Gelugpa. Em 1641, com ajuda dos mongóis, o quinto Dalai Lama derrotou o último príncipe tibetano e tornou-se o líder temporal do Tibete.

Os seguintes dalai lamas foram na prática os governantes do Tibete até à invasão chinesa. O quinto dalai lama criou o cargo de Panchen-lama, que reside no mosteiro de T-shi-lhum-po e que foi visto como uma encarnação do Amitabha.

Em dois artigos seguintes se dá a conhecer as deusas mais veneradas no budismo.



sexta-feira, setembro 17

DEUSA KANNON BOSATSU



Kannon Bosatsu (觀音菩薩/観音菩薩/观音菩萨) é um bodhisattva que personifica a caridade.
Seu nome sânscrito é Avalokiteshvara (अवलोकितेश्वर), em tibetano é dito Cherenzig, e representa a suprema compaixão de todos os budas.

Corresponde à divindade chinesa, Kun Ian, Guan Yin (觀音/観音/观音) (觀音菩薩/観音菩薩/观音菩萨, também Kuan Yin) — a deusa da compaixão e piedade venerada em diversos países da Ásia.

Entidade padroeira da Seicho-No-Ie e da Igreja Messiânica Mundial inclusive havendo forte ligação entre Kannon e o fundador da Igreja(Meishu Sama) como se vê neste ensinamento: Kannon e Eu Significa Amor de Deus, Lei da Mente que permeia o universo.

Kan = perceber Zeon = som (vibração) Kanzeon = acto de salvar o outro, manifestando-se numa forma adequada às vibrações mentais de cada pessoa. Bosatsu - pessoa devotada ao aprimoramento espiritual.

DEUSA KUN IAM



Kuan Yin ou Guanyin (em chinês: 觀音; pinyin: Guānyīn; Wade-Giles: kuan-yin; em japonês: Kannon; em coreano: Gwan-eum; vietnamita: Quan Âm) é o bodisatva associado com a compaixão tal como é venerada pelos budistas da Ásia Oriental, geralmente na forma feminina.

O nome Guanyin e uma abreviação de Guanshiyin (觀世音; pinyin: Guānshìyīn; Wade-Giles: kuan-shih yin) que significa "Observar os Sons (ou Gritos) do Mundo".

Os fieis de origem chinesa geralmente aceitam que Guanyin se originou com o Avalokiteśvara (अवलोकितेश्वर) sânscrito, sua forma masculina.

Comumente conhecida nos idiomas ocidentais como Deusa da Misericórdia, Guanyin também é cultuada pelos taoístas chineses como um dos Oito Imortais; na mitologia taoísta, no entanto, possui histórias relacionadas à sua origem que não são relacionadas diretamente a Avalokiteśvara.



A misericórdia em diferentes culturas

No budismo chinês, Kuan Yin, Guan Yin ou Guānyīn 觀音representa a compaixão ou misericórdia de todos os Buddhas e tem sua simbologia advinda do bodhisattva Avalokiteshvara, em sânscrito Avalokiteśvara (अवलोकितेश्वर), divindade tradicionalmente masculina do budismo indiano, que dá origem a várias representações asiáticas, e que chega à China com o budismo no ano de 67, sincretizando-se com divindades femininas locais.

Mais tarde, no arquipelago das ilhas Filipinas, muito influenciado pela presenca do catolicismo espanhol, passou a ganhar aspectos de Madona.

Kuan Yin está associada às características femininas da maternidade e proteção, na China ligadas milenarmente de modo bastante forte à misericórdia

Também no Japão a representação budista da misericórdia tem características femininas predominantes, sendo conhecida como Kannon Bosatsu観音菩薩.

No budismo tibetano recebe o nome Chenrezig, e, assim como Avalokiteśvara na Índia, tem características masculinas predominantes.

A dança da Deusa da Misericórdia

O coreógrafo chinês Zhang Jigang criou uma apresentação de dança para permitir ao público contemplar a "Kuan Yin de Mil Braços". O canal de televisão "China Central" apresentou este espetáculo ao vivo como comemoração do Ano Novo Chinês (link para um trecho do vídeo nas "páginas externas").



A dança foi apresentada por 21 dançarinas surdas integrantes da "Companhia de Arte Performática Chinesa de Deficientes Físicos." Posicionadas numa longa fila, as bailarinas conseguem dar aos espectadores a ilusão de que os movimentos de seus múltiplos braços e pernas pertencem à figura de uma única deusa.

Nu-Kua ou Kuan yin

Há cerca de seis ou sete mil anos havia um mito universal de que todos os seres eram provenientes do útero de uma Mãe Cósmica; tal mito da criação universal teve lugar durante uma fase informe do mundo, aonde nada podia ainda ser identificado.

Inicialmente cultuada na Índia, como Kali, a Mãe Informe, recebeu depois o nome de Tiamat (Babilônia), Nu Kua (China), Temut (Egito), Têmis (Grécia pré-helênica) e Tehom (Síria e Canaã) --este último foi o termo usado mais tarde pelos escritores bíblicos para Abismo.

As mais antigas noções de criação se originavam da idéia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole.

Acreditava-se que a partir do sangue divino do útero e através de um movimento, dança ou ritmo cardíaco, que agitasse este sangue, surgissem os "frutos", a própria maternidade.

Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso"  organizou, separou e definou os elementos que compõem e produzem o cosmos; a esta energia organizadora os gregos deram o nome de Diakosmos, a Determinação da Deusa.

Os egípcios, nos hieroglifos, chamaram este coração de ab e os hebreus foram os primeiros a chamar de pai (ainda que masculinizassem, a idéia fundamental de família e continuidade da vida não era patriarcal).

O coração e o sangue definem um elo imanente a todos os seres que dele nasceram e uma idéia de coração oculto do universo que pulsa e mantém o ritmo de ciclos das estações, dos nascimentos, mortes, destinos. Este é o significado que está no Livro dos Mortos ou das Mutações. No mesmo sentido o livro chinês é denominado Livro das Mutações.

O nome chinês dado à Mãe Primordial e informe é Nu Kua, nome referido também entre os egípcios, gregos, mesopotâmicos e hindus. As referências a ela remontam há 2.500 a.C. e a imagem permanece venerada nas regiões setentrionais. Kuan Yin ou A Mulher é uma deusa dos casamentos e das mulheres em geral.

O corpo original do I Ching chama-se (Oito Trigramas) e os sessenta e quatro hexagramas são denominados por kua, derivado linguísitico de Mãe Primordial ou Nu Kua.



Imagem da deusa Kun Ian em Macau

MITOLOGIA EGÍPCIA

Antiga religião egípcia (ou mitologia egípcia) é o nome dado a religião praticada no antigo Egito desde o período pré-dinástico, a cerca de 3.000 anos a.C. até o surgimento do cristianismo. Inicialmente era uma religião politeísta por crer em várias divindades, como forças da natureza. Ao passar de séculos, a crença passou a ser mais diversificada, sendo considerada henoteísta, porque acreditava em uma divindade criadora do universo, tendo outras forças independentes, mas não iguais a este.

Também pode ser considerada monoteísta, pois tinha a crença em um único deus, as outras divindades eram neteru (plural de neter), o que podem ser chamados de "anjos de deus", o que seriam vários aspectos de um mesmo deus. A religião era praticada em templos e santuários domésticos. A religião ainda é praticada atualmente, porém com minorias. O kemetismo é uma reconstrução neopagã da religião ainda praticada actualmente


Estudo e fontes

O estudo da religião é baseado nos textos em contidos em templos, santuários, papiros sagrados ou túmulos. Os textos estão em egípcio, que é escrito em hieróglifos, carecteres que são desenhos ou símbolos. Os arqueólogos e egiptológos descobriram que o livro sagrado da religião era o Livro dos Mortos, onde estão as mais variadas e importantes informações.

Cosmologia e criação

O princípio do universo é a formação única de Deus, que não se fez do nada, e sim, autocriou seus aspectos. Os aspectos de Deus, como dito anteriormente, chamam-se neteru (no singular: neter no masculino e netert no feminino).

 Tudo vem a início de um líquido infinito cósmico chamado Nun (Nu ou Ny), este é o ser subjetivo. Quando esse líquido se autocria e torna-se real, é Atum, o ser objetivo. Essa passagem é semelhante a passagem de inconsciente para consciente do ser humano.

 Atum criou uma massa única universal, que deu origem há uma explosão (Big Bang), porém pré-planejada. Mas o universo era formado apenas por nêutrons, sem elétrons ou prótons. Atum também tem o poder de "tornar-se a si mesmo", que segundo os antigos egípcios, é algo muito complicado para um humano, seria uma "obra divina".

Mas isto é o princípio da Terra. A oração para a transformação de Atum, é a seguinte:

Salutamos a vós, Atum!

Salutamos a vós, aquele que torna a si mesmo!

Vós sois em vosso nome o altíssimo!

Vós tornais em vosso nome Khepri, aquele que se torna si mesmo!.

Khepri, é um nome dado ao primeiro neter da Terra, Rá, o que é outra forma de Atum. Para criar a Terra, Rá deu origem ao Sol da manhã, enquanto o Sol da tarde era Atum. Cuspiu Chu e Tefnut, que deram origem a ar e a umidade. A seguir outro texto de "obra divina":

Fui anterior aos dois anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os dois anteriores que criei.

Visto que meu nome é anterior ao deles, porque criei-os antes dos dois anteriores.

Os próximos neteru a serem gerados eram Geb e Nut, que criaram os dois ambientes da Terra: o céu e a terra (plana). Estes também deram origem aos quatro neteru da vida: Osíris, Ísis, Seth e Néftis. Osíris criou a vida no além e todo o processo de jornada até o céu.

Ísis é responsável por todos os seres vivos. Seth representa os opostos, mas também coisas más, como ódio e caos. Néftis representa o deserto, a orientação, e o ato de morte. A história desses quatro neteru é a origem do próximo a ser gerado. Lembrando que as próximas histórias são semelhantes aos humanos porque esses neteru eram de espécies bem próximas aos humanos.

Existem milhares de versões, no geral a história é a seguinte: Osíris era o neter que criou o ciclo de vida e morte, por isso governava a terra. Seth, movido a inveja, resolveu armar uma forma de matá-lo.

Então, de forma incerta, provavelmente mostrando outra intenção, o trancafiou em um caixão e jogou no Nilo para se perder e ninguém nunca achar. Néftis percebeu isso e avisou Ísis, quando começaram a procurar e encontraram um caixão, e recuperaram Osíris.

Seth como era uma forma do mal, esquartejou a forma material de Osíris em 40 pedaços e espalhou-os por todo o deserto e no Nilo. Ísis, depois de muito tempo, conseguiu encontrar todos eles, exceto o pênis, que foi devorado por três peixes. Então, Osíris uniu-se a Ísis e gerou um filho, a primeira ideia de "imaculada concepção", ela ficou conhecida com "Virgem Ísis". O filho era Hórus, o herdeiro que então lutou contra Seth, perdendo um olho na batalha, mas consegui vencê-lo.

 Esse olho ficou conhecido como "Olho de Hórus", que foi reconhecido como símbolo de proteção pelos egípcios. A seguir uma oração relacionada a isso:

Ó benevolente Ísis


que protegeu o seu irmão Osíris,


que procurou por ele incansavelmente,


que atravessou o país enlutada,


e nunca descansou antes de tê-lo encontrado.


Ela, que lhe proporcionou sombra com suas asas


e lhe deu ar com suas penas,


que se alegrou e levou o seu irmão para casa.


Ela, que reviveu o que, para o deseperançado, estava morto,


que recebeu a sua semente e concebeu um herdeiro,


e que o alimentou na solidão,


enquanto ninguém sabia quem era...''


Os templos






Pilone do Templo de Luxor

Pilone do Templo de Edfu visto desde o pátio

Os templos no Antigo Egipto eram entendidos como os locais onde residia a divindade (hut-netjer, "casa do deus"), que poderia ser acompanhada pela sua família e por outras Divindades, sendo por isso muito diferentes dos modernos edifícios religiosos onde se congregam os crentes.

Os templos dos períodos mais antigos da história do Antigo Egipto, como o Império Antigo e o Império Médio, não chegaram em bom estado até aos dias de hoje, pelo que são as construções do Império Novo e da época ptolomaica que permitem o conhecimento da estrutura dos templos. Na estrutura "clássica" dos templos egípcios podem ser distinguidas três partes: o pátio, as salas hipóstilas e o santuário.

À entrada de um templo encontravam-se obeliscos e estátuas monumentais, que antecediam o pilone. Nos templos do Império Novo é comum a existência de uma avenida de acesso ladeada por esfinges com corpo de leão e cabeça de carneiro (que se acreditava protegerem o templo e o deus), na qual desfilava a procissão em dias de festa.

Um pilone era uma porta monumental composta por duas torres em forma de trapézio, entre as quais se situava a entrada propriamente dita. Nas paredes do pilone representavam-se as divindades ou muitas vezes a cena clássica na qual se vê o faraó a atacar os inimigos do Egipto.

Passado o pilone existia uma grande pátio (uba), a única zona acessível ao público, onde a estátua da Divindade era mostrada nos dias de festa. O pátio era rodeado por colunas e possuía por vezes um altar (aba), onde se efectuavam os sacrifícios.

Este pátio precedia uma sala hipóstila (ou seja uma sala de colunas), mais ou menos imersa na escuridão, que antecedia outros salas onde se guardavam a mesa de oferendas e a barca sagrada. Finalmente, achava-se o santuário do deus (kari). Se os faráos entedessem ampliar um templo construiam-se novas salas, átrios e pilones.

Os templos mais importantes poderiam possuir um lago sagrado, nilómetros, Per Ankh Casas de Vida, armazéns e locais para a residência dos sacerdotes.

O culto nos templos

Barca processional na naos do Templo de EdfuTeoricamente o rei egípcio tinha o dever de realizar a liturgia em cada templo. Uma vez que era fisicamente impossível para o rei estar presente em todos os templos que existiam no Egipto, o soberano nomeava representantes para realizar as cerimónias a Deus. Os reis só visitavam os templos em ocasiões especiais associadas a festivais, o que não impede que sejam representados nos templos fazendo oferendas as Divindades.

A vida nos templos seguia o curso da vida normal. Antes do nascer do sol, abatiam-se os animais que seriam oferecidos as Divindades. Os sacerdotes purificavam-se com água e vestidos com trajes brancos entravam em procissão no templo.

No pátio do templo os sacerdotes apresentavam as suas oferendas e queimavam incenso. Um sacerdote dirigia-se ao santuário da Divindade, uma sala especialmente consagrada, localizada na parte mais reservada do templo. Aqui o sacerdote acendia um archote e abria o naos, tabernáculo onde se guardava a estátua da Divindade.

O sacerdote apresentava-se a Divindade e anunciava vir cumprir os seus deveres. Limpava o tabernáculo, queimava incenso, lavava a estátua e aplicava sobre ela óleos, vestia-a, maquilhava-a e colocava-lhe a coroa. Terminado este processo o sacerdote coloca a estátua no naos, abandonando a sala apagando o archote e as pegadas que fez. Ao meio-dia poderia ser feita uma nova cerimónia na qual se oferecia alimentos.

Fonte - Enciclopedia livre
Nos próximos artigos iremos conhecer as Deusas do antiigo Egipto

DEUSA BASTET


Na mitologia egípcia, Bastet, Bast, Ubasti, Ba-en-Aset ou Ailuros (palavra grega para "gato") é uma divindade solar e deusa da fertilidade, além de protetora das mulheres grávidas. Também tinha o poder sobre os eclipses solares. Quando os gregos chegaram no Egito, eles associaram Bastet com Artemis e ela deixou de ser a deusa do sol para ser a deusa da lua.

A deusa está presente no panteão desde a época da II dinastia. Era representada como uma mulher com cabeça de gato, que tinha na mão o sistro, instrumento musical sagrado. Por vezes, tinha na orelha um grande brinco, bem como um colar e um cesto onde colocava as crias. Podia também ser representada como um simples gato.

Por vezes é confundida como Sekhmet, adquirindo neste caso o aspecto feroz de leoa. Certa vez, Rá ordenou a Sekhmet que castigasse a humanidade por causa de sua desobediência. A deusa, que é representada com cabeça de leoa, executou a tarefa com tamanha fúria que o deus Rá precisou embebedá-la com cerveja para que ela não acabasse exterminando toda a raça humana. O que acabou originando a deusa Bastet.

Era a esposa de Ptah, com quem foi mãe de Nefertum e Mihos. A esta deusa é tradicionalmente consagrado o dia 15 de abril.

O seu centro de culto estava na cidade de Bubastis, na região oriental do Delta do Nilo. Nos seus templos foram criados gatos que eram considerados como encarnação da deusa e que eram por essa razão tratados da melhor maneira possível. Quando estes animais morriam eram mumificados, sendo enterrados em locais reservados para eles.



DEUSA HATOR


Hator (em egípcio: ḥwt-ḥr, lit. "recinto de Hórus") é uma das deusas mais veneradas do Egito Antigo, a deusa das mulheres, dos céus, do amor, da alegria, do vinho, da dança, da fertilidade e da necrópole de Tebas, pois sai da falésia para acolher os mortos e velar os túmulos.


Poderes

É a legítima portadora do sistro (era feito em geral em bronze, mas também existiam exemplares em madeira e em faiança. Os sistros estavam particularmente associados ao culto da deusa Hathor, mas poderiam também ser empregues no de Ísis, Bastet e Amon.

 Os Egípcios acreditavam que o som produzido pelo instrumento poderia aplacar o deus em questão. Quando o culto de Ísis se difundiu na bacia do Mediterrâneo, o sistro tornou-se um instrumento popular entre os romanos).

Trazia a felicidade e era chamada de "dama da embriaguez" e muito celebrada em festas.

As mulheres solteiras oravam para ela enfeitiçar seus espelhos de metal.

Distribuidora do amor e da alegria, deusa do céu e protetora das mulheres, nutriz do deus Hórus e do faraó.

História

Hator (Hathor ou Het-Heru) era associada com Ísis e com Bast, porém, esta Hator mais conhecida é a reformulação de uma Hathor pré-dinástica, muito mais antiga, da qual pouco foi revelado e muito foi ocultado pela classe sacerdotal. Seu poder era tão grande que, mesmo com estas reformulações e confusões, em mais de uma dinastia o faraó era considerado filho de Hathor ou seu consorte.

Culto

Personificação das forças benéficas do céu, depois de Ísis, é a mais venerada das deusas. Era prestado culto a Hathor em todo o Egito, em especial em Denderá.

Iconografia

Ela é representada de várias formas ao longo da história e pré-história egípcia:
como uma mulher com chifres na cabeça portando o disco solar;
como uma mulher com orelhas de vaca;
como uma mulher com cabeça de vaca portando o disco solar;
como uma vaca, com disco solar e duas plumas entre os chifres.

Às vezes é retratada por um rosto de mulher visto de frente e provido de orelhas de vaca, a cabeleira separada em duas abas com as extremidades enroladas.

DEUSA ÍSIS





Ísis (em egípcio: Auset) foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas as partes do mundo greco-romano. Foi cultuada como modelo da mãe e da esposa ideais, protetora da natureza e da magia. Era a amiga dos escravos, pescadores, artesãos, oprimidos, assim como a que escutava as preces dos opulentos, das donzelas, aristocratas e governantes. Ísis é a deusa da maternidade e da fertilidade.

Os primeiros registros escritos acerca de sua adoração surgem pouco depois de 2500 a.C., durante a V dinastia egípcia. A deusa Ísis, mãe de Horus, foi a primeira filha de Geb, o deus da Terra, e de Nut, a deusa do Firmamento, e nasceu no quarto dia intercalar. Durante algum tempo Ísis e Hator ostentaram a mesma cobertura para a cabeça. Em mitos posteriores sobre Ísis, ela teve um irmão, Osíris, que veio a tornar-se seu marido, tendo se afirmado que ela havia concebido Horus. Ísis contribuiu para a ressurreição de Osiris quando ele foi assassinado por Seth. As suas habilidades mágicas devolveram a vida a Osíris após ela ter reunido as diferentes partes do corpo dele que tinham sido despedaçadas e espalhadas sobre a Terra por Seth.este mito veio a tornar-se muito importante nas crenças religiosas egípcias.

Ísis também foi conhecida como a deusa da simplicidade, protetora dos mortos e deusa das crianças de quem "todos os começos" surgiram, e foi a Senhora dos eventos mágicos e da natureza. Em mitos posteriores, os antigos egípcios acreditaram que as cheias anuais do rio Nilo ocorriam por causa das suas lágrimas de tristeza pela morte de seu marido, Osíris. Esse evento, da morte de Osíris e seu renascimento, foi revivido anualmente em rituais.

Consequentemente, a adoração a Ísis estendeu-se a todas as partes do mundo greco-romano, perdurando até à supressão do paganismo na Era Cristã.




Origem do nome

Ísis alada (pintura mural, c. 1360 a.C.).A pronúncia do nome desta deidade é uma corruptela do mesmo na língua grega antiga onde se modificou o nome egípcio original pela adição de um "-s" no final devido às normas gramaticais do antigo grego.

O nome egípcio foi grafado como ỉs.t ou ȝs.t com o significado de '(Ela de o) Trono'. A sua pronúncia correta em antigo egípcio é incerta, entretanto, uma vez que o antigo sistema de escrita usualmente não previa as vogais. Com base em estudos recentes que nos oferecem aproximações com base em linguagens contemporâneas e na evidência da língua copta, a pronúncia reconstruida de seu nome é *ˈʔuː.sat (O nome de Osiris, "Usir" ou "Wsir" também se inicia com o glifo para trono ʔs ('-s').).

 O nome sobreviveu nos dialetos coptas como Ēse ou Ēsi, assim como em palavras compostas sobreviventes em nomes de pessoas posteriormente, como por exemplo 'Har-si-Ese', literalmente 'Hórus, filho de Ísis'.

Por conveniência, Egiptólogos arbitrariamente decidiram pronunciar o seu nome como 'ee-set'. Por vezes também podem dizer 'ee-sa' porque o 't' final em seu nome foi um sufixo feminino, que é sabido ter sido buscado à fala durante as últimas etapas da língua egípcia.

Literalmente, o seu nome significa "ela do trono". A sua cobertura original para a cabeça foi um trono. Como personificação do trono, ela foi uma representação importante do poder do faraó, assim como o faraó foi representado como seu filho, que se sentou no trono que ela forneceu. O seu culto foi popular em todas as partes do Egito, mas os santuários mais importantes eram em Guizé e em Behbeit El-Hagar, no Delta do Nilo, no Baixo Egito.



História

As origens do seu culto são incertas, mas acredita-se ser oriundo do delta do Nilo. Entretanto, ao contrário de outras divindades egípcias, não teve desse culto centralizado em nenhum ponto específico ao longo da história da sua adoração. Isto pode ser devido à ascensão tardia de seu culto.

 As primeiras referências a Ísis remontam à V dinastia egípcia, período em que são encontradas as primeiras inscrições literárias a seu respeito, embora o culto apenas venha a ter tido proeminência ao final da história do antigo Egipto, quando se iniciou a absorção dos cultos de muitas outras deusas com centros de culto firmemente estabelecidos. Isto ocorreu quando o culto de Osíris se destacou e ela teve um papel importante nessa crença. Eventualmente, o seu culto difundiu-se além das fronteiras do Egito.

Durante os séculos de formação do cristianismo, a religião de Ísis obteve conversos de todas as partes do Império Romano. Na própria península Itálica, a fé nesta deusa egípcia era uma força dominante. Em Pompéia, as evidências arqueológicas revelam que Ísis desempenhava um papel importante. Em Roma, templos e obeliscos foram erguidos em sua homenagem.

Na Grécia Antiga, os tradicionais centros de culto em Delos, Delfos e Elêusis foram retomados por seguidores de Ísis, e isto ocorreu no norte da Grécia e também em Atenas. Portos de Ísis podiam ser encontrados no mar Arábico e no mar Negro. As inscrições mostram que possuía seguidores na Gália, na Espanha, na Panónia, na Alemanha, na Arábia Saudita, na Ásia Menor, em Portugal, na Irlanda e muitos santuários mesmo na Grã-Bretanha.isis representa o amor ,a magia e os misterios da região.



Templos



Templo de Ísis, Filas.





Templo de Ísis, Roma.




Templo de Ísis, Pompéia.

A maioria das divindades egípcias surgiu pela primeira vez como cultos muito localizados e em toda a sua história mantiveram os seus centros locais de culto, com a maioria das capitais e cidades sendo amplamente conhecidas como lar dessas divindades. Ísis foi, em sua origem, uma divindade independente e popular estabelecida em tempos pré-dinásticos, anteriormente a 3100 a.C., em Sebennytos no delta do Nilo.

No Egipto, existiram três grandes templos em homenagem a Ísis:

em Behbeit el-Hagar, no delta do Nilo, atualmente em ruínas;

em Dendara, no Alto Egito, onde existe um santuário a Hathor parcialmente preservado;

em Filas.

Na ilha de Filas, no Alto Nilo, o culto a Ísis e Osíris persistiu até ao século VI, ou seja, muito tempo após a ascensão do Cristianismo e a subseqüente supressão do paganismo. O decreto de Teodósio (c. de 380) determinando a destruição de todos os templos pagãos, não foi aplicada em Filas até ao governo de Justiniano.

Essa tolerância foi devido a um antigo tratado celebrado entre os Blemyes-Nobadae e Diocleciano. Todos os anos, eles visitavam Elefantina e, em determinados períodos levavam a imagem de Ísis rio acima para a terra dos Blemyes para fins divinatórios, devolvendo-a em seguida. Justiniano enviou Narses para destruir os santuários, prender os sacerdotes e arrestar as imagens sagradas para Constantinopla. Filas foi o último dos antigos templos egípcios a ser fechado.

Eventualmente templos a Ísis começou a se difundir além das fronteiras do Egito. Em muitos locais, em especial em Biblos, o seu culto assumiu o lugar da deusa semita Astarte, aparentemente pela semelhança entre os seus nomes e atributos. À época do helenismo, devido aos seus atributos de protetora e mãe, assim como ao seu aspecto luxurioso, adquirido quando ela incorporou alguns dos aspectos de Hathor, ela tornou-se padroeira dos marinheiros, que difundiram o seu culto graças aos navios mercantes que circulavam no mar Mediterrâneo.

Através do mundo greco-romano, Ísis tornou-se um dos mais significativos mistérios, e muitos autores clássicos fazem referência, em suas obras, aos seus templos, cultos e rituais. Templos em sua homenagem foram erguidos na Grécia e em Roma, tendo sido colocado a descoberto um bem preservado exemplar em Pompéia.

Da mesma forma, a deusa árabe "Al-Ozza" ou "Al-Uzza" (em árabe, العُزّى - al ȝozza), cujo nome é semelhante ao de Ísis, acredita-se que seja uma manifestação sua. Isso, porém, é entendido apenas com base na semelhança entre os nomes.



 Sacerdócio

Existem 3 templos feitos para a adoração de isis. Pouca informação chegou até nós acerca dos antigos rituais egípcios. Entretanto é claro que os oficiantes de seus cultos foram sacerdotes e sacerdotisas ao longo de sua história. Até ao período greco-romano, muitos deles eram curadores e teriam exercido outros poderes especiais, incluindo a interpretação dos sonhos e a capacidade de controlar o tempo atmosférico, o que faziam através de tranças ou penteados nos cabelos. Esta última habilidade era conceituada, uma vez que os antigos egípcios consideravam que os nós tinham poderes mágicos.



Iconografia

 Associações

"tyet"

Por causa desta associação entre nós e poder mágico, um símbolo de Ísis foi o "tiet" ou tyet (com o significado de "bem-estar"/"vida"), também denominado como "Laço de Ísis", "Fivela de Ísis" ou "Sangue" de Ísis. Em muitos aspectos, o "tiet" se assemelha a uma cruz Ankh, exceto que os seus braços apontam para baixo e, quando usado como tal, parece representar a idéia de vida eterna ou ressurreição.

O significado de "Sangue de Ísis" é mais obscuro, mas o "tiet" muitas vezes foi usado como um amuleto funerário, confeccionado em madeira, pedra ou vidro, na cor vermelha, embora isso possa ser apenas uma simples descrição dos materiais utilizados.

A estrela Spica ("Alpha Virginis") e a constelação que modernamente corresponde aproximadamente à de Virgo, surge no firmamento acima do horizonte em uma época do ano associada à colheita de trigo e grãos e, desse modo, ficou associada a divindades da fertilidade, como Hathor. Ísis viria a ser associada a esses astros devido à posterior fusão de seus atributos com os de Hathor.

Ísis também assimilou atributos de Sopdet, personificação da estrela Sirius, uma vez que este astro, ascendendo no horizonte um pouco antes da cheia do rio Nilo, foi interpretado como uma fonte de fertilidade, como Hathor o havia sido também. Sopdet manteve um elemento de identidade distinto: uma vez que Sirius era visivelmente uma estrela, ou seja, não vivia no submundo, o que poderia ter conflitado com a representação de Ísis como esposa de Osíris, senhor do submundo.

Provavelmente devido à equiparação com as deusas Afrodite e Vênus, durante o período greco-romano, a rosa foi usada em seu culto. A procura de rosas por todo o império tornou a sua produção em uma importante indústria.



Representações



Ísis com os atributos de Hathor (pintura mural).Na arte, Ísis foi originalmente retratada como uma mulher com um vestido longo e coroada com o hieróglifo que significava "trono". Por vezes foi descrita como portadora de um lótus ("Nymphaea caerulea"), ou como um sicômoro ("Ficus sycomorus"). A faraó, Hatshepsut, foi retratada em seu túmulo sendo amamentada por um sicômoro que tinha um seio.

Após ter assimilado muitos dos papéis da deusa Hathor, a cobertura de cabeça de Ísis passa a ser a de Hathor: os cornos de uma vaca, com o disco solar inscrito entre eles. Às vezes, também foi representada como uma vaca, ou uma cabeça de vaca. Normalmente, porém, era retratada com o seu filho pequeno, Hórus (o faraó), com uma coroa e um abutre. Ocasionalmente, foi representada ou como um abutre pairando sobre o corpo de Osíris, ou com o Osíris morto em seu colo enquanto por artes mágicas o trazia de volta à vida.

Na maioria das vezes Ísis é retratada segurando apenas o símbolo Ankh com um pequeno grupo de acompanhantes, mas no período final de sua história, as imagens mostram-na, por vezes, com itens geralmente associados apenas a Hathor: o sistro sagrado e o colar símbolo de fertilidade "menat". No "The Book of Coming Forth By Day" Ísis está representada de pé sobre a proa da Barca Solar, com os braços estendidos.

A estrela "Sept" (Sirius) está associada a Ísis. O surgimento dela no firmamento significava o advento de um novo ano, e Ísis foi igualmente considerada a deusa do renascimento e da reencarnação, e como protetora dos mortos. O Livro dos Mortos descreve um ritual especial, para proteger os mortos, que permitia viajar em qualquer parte do mundo subterrâneo. A maior parte dos títulos de Ísis tem relação com o seu papel de deusa protetora dos mortos.



Mitologia

Quando visto como deificação da esposa do faraó em mitos tardios, o proeminente papel de Ísis foi como assistente do faraó morto. Desse modo, ela ganhou uma associação funerária, com o seu nome a aparecer mais de oitenta vezes nos chamados Textos das Pirâmides, afirmando-se que ela era a mãe das quatro divindades que protegiam os vasos canopos, nomeadamente a protetora da divindade do vaso do fígado, Imset.

Esta associação com a esposa do faraó também trouxe a ideia de que Ísis era considerada a esposa de Hórus (outrora visto como seu filho), que era protetor e, posteriormente, a deificação do faraó. À época do Médio Império, da XI dinastia egípcia até à XV dinastia egípcia, entre 2040 e 1640 a.C., à medida que os textos funerários começam a ser utilizados por maior número de membros da sociedade egípcia, além da família real, cresce também o seu papel de proteger os nobres e até mesmo os plebeus.

À época do Novo Império, a XVIII, a XIX e a XX dinastias, entre 1570 e 1070 a.C., Ísis adquiriu proeminência como a mãe e protetora do faraó. Durante este período, ela é descrita como amamentando o faraó e é frequentemente assim representada.

O papel do seu nome e de sua coroa-trono é incerto. Alguns dos primeiros egiptólogos acreditaram que ser a mãe-trono foi a primitiva função de Ísis, no entanto, uma corrente mais moderna afirma que aspectos desse papel vieram mais tarde, por associação. Em muitas tribos africanas, o trono é conhecido como "a mãe do rei", e esse conceito enquadra-se bem em ambas as teorias.



Irmã-esposa de Osíris

Possível representação de Ísis lamentando a perda de Osíris (terracota, XVIII dinastia egípcia, Museu do Louvre, Paris).

No Império Antigo, da III à VI dinastia egípcia, entre 2686 a.C. e 2134 a.C., os panteões das cidades egípcias variaram de região para região. Durante a V dinastia, Ísis pertenceu à Enéade da cidade de Heliópolis. Acreditava-se então que ela era filha de Nut e Geb, e irmã de Osíris, Néftis e Seth. As duas irmãs, Ísis e Néftis, muitas vezes eram representadas nos sarcófagos com grandes asas esticadas, como protetoras contra a maldade. Como deidade funerária, Ísis foi associada a Osíris, senhor do submundo (Duat), e foi considerada sua esposa.

A mitologia tardia (ultimamente em resultado da substituição de um outro deus do submundo, Anúbis, quando o culto de Osíris ganhou mais importância) fala-nos do nascimento de Anúbis. A narrativa descreve que, como Seth negava um filho a Néftis, esta então disfarçou-se como Ísis, muito mais atraente, para seduzi-lo.

O plano falhou, mas Osíris passou a achar Néftis muito atraente, pensando que ela era Ísis. Eles copularam, o que resultou no "nascimento" de Anúbis. Em outra narrativa, Néftis deliberadamente assumiu a forma de Ísis, a fim de enganar Osíris e assim obter dele a paternidade de seu filho. Com medo das represálias de Seth, Néftis persuadiu Ísis a adoptar Anubis, de modo a que a criança não viesse a ser descoberta e morta.


Essa narrativa explica tanto porque Anúbis é visto como uma divindade do submundo (uma vez que se torna filho de Osíris), quanto porque não poderia herdar a posição de Osíris (uma vez que não era um herdeiro legítimo), preservando posição de Osíris como Senhor do submundo. Deve ser lembrado, no entanto, que este novo mito foi apenas uma criação posterior do culto de Osíris que queria retratar Seth em um papel de maldade, como inimigo de Osíris.

Em outro mito de Osíris, Seth preparou um banquete para Osíris apresentando uma bela caixa e declarando que, quem coubesse perfeitamente nela, poderia ficar com ela como um presente. Ora, Seth havia medido Osíris enquanto este dormia, certificando-se assim que este era o único a caber perfeitamente na caixa. Após vários dos presentes terem tentado encaixar-se nela, chegou a vez de Osíris, que a preencheu perfeitamente.

Seth então fechou a tampa da caixa, transformando-a num caixão para Osíris. Em seguida, Seth afundou a caixa fechada com Osíris nas águas do rio Nilo, que a levaram para muito longe. Assim que soube do ocorrido, Ísis foi procurar a caixa, para Osíris pudesse ter um enterro apropriado. Foi encontrá-la na longínqua Biblos, cidade na costa da Fenícia, e trouxe-a de volta ao Egito, ocultando-a em um pântano. Entretanto, naquela noite Seth foi à caça, vindo a encontrar a caixa oculta.

Enfurecido, Seth retalhou o corpo de Osíris em catorze pedaços, e os espalhou por todo o Egito, para se certificar de Ísis jamais poderia encontrá-los e dar assim um enterro adequado a Osíris. garantir que nunca poderia encontrar Ísis Osíris novamente para um enterro apropriado,Ísis e Néftis, sua irmã, dedicaram-se então à busca dos pedaços, tendo conseguido encontrar apenas treze. Um peixe havia engolido o último, o pénis, que Ísis refez utilizando magia. Desse modo, com todas as partes reunidas do corpo morto de Osíris, ela pode conceber Hórus. O número de partes do corpo de Osíris é descrito de forma variável nas paredes de diversos templos, entre catorze e dezesseis e, ocasionalmente, em quarenta e duas, uma para cada nomo ou distrito.



Mãe de Hórus



Ísis amamentando Hórus (Museu do Louvre).



Ísis amamentando Hórus, com a cobertura de Háthor.


Através da fusão de seus atributos com os de Hathor, Ísis tornou-se a mãe de Hórus, mais do que sua esposa, e isto, quando as crenças acerca de Ra absorveram Atum em Atum-Ra, sendo ainda necessário ter-se em conta que Ísis integrou a Enéade, como a esposa de Osíris.

É necessário explicar, entretanto, como é que Osíris que (como Senhor da Morte) estava morto, pode ser considerado pai de Hórus, que não era considerado morto. Este conflito nas narrativas conduziu à evolução da ideia de que Osíris mecessitava de ser ressuscitado e posteriormente, à versão da Lenda de Osíris e Ísis de que o grego Plutarco, no século I, em "De Iside et Osiride", nos deixou a versão mais extensa atualmente conhecida

Um outro conjunto de mitos tardios detalha as aventuras de Ísis após o nascimento do filho póstumo de Osíris, Hórus. Foi dito que Ísis deu à luz Hórua e Khemmis, pensa-se, no delta do rio Nilo. Muitos perigos surgiram para Hórus após o seu nascimento e Ísis navegou com o pequeno Hórus para escapar da ira de Seth, o assassino de seu esposo. Em um instante, Ísis curou Hórus de uma picada mortal de escorpião, além de outros milagres com relação ao cippi, as placas de Hórus. Ísis protegeu e promoveu Hórus até que estivesse suficientemente grande e forte para encarar Seth e tornar-se, subsequentemente, faraó do Egipto.



 Assimilação de Mut

Mut, uma divindade primordial chamada "mãe"", foi originalmente um título para as águas primordiais do cosmos, a mãe de quem o universo surgiu. Quando o emparelhamento das divindades começou, Mut tornou-se uma consorte de Amon, a quem já tinha sido atribuída uma esposa completamente diferente. Após a autoridade de Tebas haver aumentado durante a XVIII dinastia egípcia e ter tornado Amon em um deus muito mais significativo, o seu culto diminuiu, e Amon foi assimilado a Ra.

Em consequência, a consorte de Amon, Mut, até então descrita como uma coruja mãe-adotiva que, nessa altura já tinha absorvido os atributos de outras deusas, outras deusas-se, também foi assimilada como esposa de Rá, Ísis-Hathor como "Mut-Ísis-Nekhbet". Na ocasião, a infertilidade de Mut foi levada em consideração, e assim, o nascimento de Hórus, que era demasiado importante para ser ignorado, necessitou ser explicado afirmando-se que Ísis ficou grávida por magia, quando ela se transformou em um papagaio e voou sobre o corpo morto de Osíris.

Mais tarde, os mitos tornaram-se bastante mais complexos. O consorte de Mut era Amon, que nessa época tinha se identificado com Min como "Amon-Min" (também conhecido pelo seu epíteto "Kamutef"). Desde que Mut tornou-se parte de Ísis, era natural tentar fazer Amon parte de Osíris, marido de Ísis, mas isso não era facilmente conciliável, uma vez que Amon-Min era um deus da fertilidade e Osíris era o deus dos mortos.

Consequentemente, eles permaneceram considerados em separado, e Ísis, por vezes, afirmou-se ser amante de Min. Posteriormente, em uma fase em que Amon-Min foi considerado um aspecto de Ra ("Amon-Ra"), ele também foi considerado um aspecto de Hórus, uma vez que Hórus foi identificado como Ra, e, portanto, filho de Ísis e, em raras ocasiões, afirmou-se ao contrário ser Min, evitando a confusão sobre o estatuto de Hórus como marido e filho de Ísis.



Atributos mágicos

De modo a ressuscitar Osíris com o fim de gerar um filho, Hórus, era necessário a Ísis "aprender" magia (que por muito tempo havia sido um atributo seu, antes do surgimento do culto a Ra), e então passou a afirmar-se que Ísis enganou Ra (Amon-Ra ou Atum-Ra), fazendo com que este fosse picado por uma cobra egípcia - para o que apenas ela possuía a cura -, para que este lhe dissesse o seu nome "secreto".

Os nomes das divindades eram secretos, de domínio apenas dos altos líderes religiosos, uma vez que esse conhecimento permitia invocar o poder da divindade. Que ele fosse usar o seu nome "secreto" para "sobreviver" implica que a serpente tivesse que ser uma divindade mais poderosa do que Ra. Ora, a mais antiga divindade conhecida no Egito foi Uadjit, a cobra egípcia, cujo culto nunca foi suplantado na antiga religião egípcia. Como uma divindade da mesma região, teria sido um recurso benevolente para Ísis.

O uso dos nomes secretos tornou-se um elemento central nas práticas mágicas egípcias do período tardio, e Ísis é invocada muitas vezes para que use "o verdadeiro nome de Rá" durante os rituais. Ao final do período histórico do antigo Egito, após a sua ocupação pelos gregos e pelos romanos, Ísis tornou-se a mais importante e poderosa divindade do panteão egípcio por causa de suas habilidades mágicas. A magia é um elemento central em toda a mitologia de Ísis, possivelmente mais do que para qualquer outra divindade egípcia.

Antes desta alteração tardia na natureza da religião antiga egípcia, a lei de Ma'at havia orientado as ações corretas para a maioria dos milhares de anos de religião egípcia, com pouca necessidade de magia. Thoth era o deus que recorria à magia quando era necessário.

A deusa que detinha o papel quadruplo de curadora, protetora dos vasos canopos, protetora do casamento, e senhora da magia anteriormente havia sido Serket. Ela então foi considerada como atributo de Ísis, pelo que não é de surpreender que Ísis tinha um papel central nos rituais e feitiços egípcios, nomeadamente os de proteção e cura.

Em muitos feitiços, essas atribuições são inteiramente fundidas, mesmo com as de Hórus, uma vez que invocações a Ísis supostamente envolvem automáticamente poderes de Hórus. Na história do Egito a imagem de um Hórus ferido tornou-se uma característica padrão de feitiços de Ísis de cura, em que geralmente se invocam os poderes curativos do leite de Ísis.



O mundo greco-romano



Uma sacerdotisa de Ísis (estátua romana, século II).

Após a conquista do Egito por Alexandre o Grande o culto de Ísis difundiu-se através do mundo greco-romano. No período helenístico Ísis adquiriu uma nova posição como deusa dominante no mundo mediterrânico.

A deusa protetora de Cleópatra era Ísis, e durante o seu reinado acreditou-se que ela era a reencarnação e incorporação da deusa da sabedoria.

Em Roma, Tácito registrou que após o assassinato de Júlio César, foi decretada a construção de um templo em honra de Ísis; Augusto suspendeu esta construção, e tentou trazer os Romanos de volta às antigas divindades, que eram estreitamente associadas à figura do Estado. Eventualmente o imperador Calígula abandonou os cuidados de Augusto em favor do que foi descrito como "cultos orientais", e foi em seu reinado que o festival de Ísis foi estabelecido em Roma. De acordo com Flávio Josefo, Calígula vestiu-se como uma mulher e tomou parte nos mistérios que instituiu.

Vespasiano, assim como Tito, praticaram incubação no Iseum romano. Domiciano fez erguer um outro Iseum juntamente com um Serapeum. Trajano foi representafo diante de Ísis e de Hórus, presenteando-os com oferendas votivas de vinho em um baixo-relevo em seu arco do triunfo. Adriano decorou a sua villa em Tibur com cenas Isíacas. Galério considerou-a sua protetora.

As perspectivas Romanas dos cultos eram sincréticas, vendo nas novas divindades meros aspectos locais dos que lhes eram familiares. Para muitos Romanos, a Ísis egípcia era um aspecto da Cibele Frígia, cujos ritos orgíacos estavam há muito implantados em Roma. De fato, ela foi conhecida como "Ísis dos Dez Mil Nomes".

Entre os nomes da Ísis Romana, "Rainha do Céu" destaca-se por sua longa e continua história. Heródoto identifica Ísis com as deusas da agricultura Deméter na mitologia grega e Ceres na romana.

No período tardio, Ísis também teve templos através da Europe, Britania, África e Ásia. Uma estátua de Ísis em alabastro, do século III encontrada em Ohrid, na República da Macedónia, está representada no anverso da nota de 10 dinares macedónios emitida em 1996.

O pré-nome masculino "Isidoro" (também "Isidro") significa em Língua grega antiga "Presente de Ísis" (semelhante a "Teodoro", "Presente de Deus"). O nome, comum à época romana, sobreviveu à supressão do culto a Ísis e permanece popular até aos nossos dias - sendo, entre outros, o nome de diversos santos cristãos.

Ísis na Literatura

Plutarco, um sábio da Grécia antiga, que viveu entre 46 a.C. e 120, é autor de "Ísis e Osíris", considerada uma das principais fontes sobre os mitos tardios sobre Ísis.Nela, acerca de Ísis, refere "ela é tanto sábia quanto amante da sabedoria; como o seu nome parece denotar que, mais do que qualquer outro, o saber e o conhecimento pertencem a ela." e que o santuário da deusa em Sais continha a inscrição "Eu sou tudo o que foi, é, e será, e meu véu nenhum mortal levantou até agora.".

Em Sais, no entanto, a padroeira do seu antigo culto foi Neith, deusa de que muitos traços tinham começado a ser atribuídos a Ísis durante a ocupação grega. Mais tarde, o escritor romano Apuleio, em O Asno de Ouro, dá-nos o seu entendimento acerca de Ísis no século II. O parágrafo abaixo é particularmente significativo:

"Você me vê aqui, Lúcio, em resposta à sua oração. Eu sou a natureza, Mãe universal, senhora de todos os elementos, filha primordial do tempo, soberana de todas as coisas espirituais, rainha dos mortos, também rainha dos imortais, a manifestação única de todos os deuses e deusas que são, o meu comando governa as alturas brilhantes dos Céus, a salutar brisa do mar. Embora eu seja adorada em muitos aspectos, conhecidos por nomes incontáveis� alguns me conhecem como Juno, alguns como Belona os egípcios que se destacam no aprendizado e culto antigo me chamam pelo meu verdadeiro nome Rainha Ísis."

 Paralelos com a Virgem Maria



Paralelos entre representações de Ísis/Hórus e Maria/Jesus:

a imagem à esquerda é um bronze egípcio do período Ptolemaico (hoje na Walters Art Gallery); à direita, "Nossa Senhora do Perpétuo Socorro", um conhecido ícone do século XVI (no Mosteiro de Santa Catarina, no Sinai).Alguns eruditos traçam paralelos entre a adoração de Ísis na época final do Império Romano e a adoração à Virgem Maria cristã.

Quando o cristianismo começou a ganhar popularidade, difundindo-se na Europa e em todas as partes do Império, os primitivos cristãos converteram um relicário da Ísis egípcia em um para Maria e de outros modos "deliberadamente tomaram imagens do mundo pagão".

Embora a Virgem Maria não seja idolatrada pelos cristãos (é venerada tanto pelos Católicos quanto pelos Ortodoxos), o seu papel, como figura de mãe compassiva, tem paralelos com a figura de Ísis. O historiador Will Durant observou que "os primitivos Cristãos por vezes fizeram os seus cultos diante de estátuas de Ísis amamentando o filho Hórus, vendo nelas uma outra forma do nobre a antigo mito pelo qual a mulher (isto é, o princípio feminino) é a criadora de todas as coisas, tornando-se por fim, a "Mãe de Deus"". Hórus, sob este aspecto infantil, foi denominado Harpócrates pelos antigos Gregos.

Isto é fruto da exposição dos primitivos cristãos à arte egípcia. Uma pesquisa com "os vinte principais Egiptólogos", conduzida pelo Dr. W. Ward Gasque, um erudito cristão, revelou que todos os participantes reconheceram "que a imagem de Ísis com o bebê Hórus influiu influiu na iconografia cristã da Virgem e o Menino", mas que não houve nenhuma outra semelhança, como por exemplo, que Hórus tenha nascido de uma virgem, que tenha tido doze seguidores, ou outras.

A veneração a Maria na Igreja Ortodoxa e mesmo na tradição da Igreja Anglicana é frequentemente superestimada. As imagens tradicionais (ícones) de Maria ainda são populares na Igreja Ortodoxa nos dias de hoje.


DEUSA NÉFTIS




Néftis é uma divindade da mitologia egípcia. Representava as terras áridas e secas do deserto e a morte.

Ela ajudou Ísis a recolher os pedaços de Osíris quando Seth o destruiu.

O seu nome significa "Senhora da Casa" ou "Senhora do Castelo", entende-se como casa o lugar onde Hórus vive.

Iconografía

Por oposição a sua irmã, cujo culto era celebrado em diversos templos, Néftis não era venerada de forma isolada, privando-se assim de uma existência autônoma, facto que justificava a sua constante aparição ao lado de Ísis. A sua associação ao Culto dos Mortos aflorou do mito osírico, no decorrer do qual a sua presença é incontornável.

Representada como uma mulher com cabeça de cobra ou uma serpente com cabeça de mulher,uma cobra ou um escorpião com cabeça de mulher ou um simples escorpião.Na maioria das vezes era como uma mulher com asas e o seu nome em hieróglifo na cabeça.

Néftis e Ísis são incumbidas de velar pelo morto. Por conseguinte, Néftis era representada na cabeceira dos sarcófagos reais do Império Novo, enquanto que Ísis surgia aos pés dos sarcófagos, da mesma forma várias vezes eram evocadas em cenas de julgamentos dos mortos.

As duas deusas e irmãs são efígies do "barco que transportaria o defunto na sua derradeira viagem até o paraíso". Deste modo, e juntamente com Selkis e Neit, oferecem a sua proteção aos vasos canópicos, onde as vísceras do falecido eram conservadas.

Família

Quarta filha de Nut e Geb. Irmã de Osíris, Ísis e Seth. Néftis casou-se com Seth, seu irmão. Após uma briga com o marido, Néftis fantasiou-se de sua irmã, Ísis. Osíris, marido de Íris, teve relações com ela. Dessa união, nasceu Anúbis, deus dos embalsamadores.

Algumas versões contam que Néftis fora seduzida por Osíris.

Seth, com suposta inveja do irmão, destruiu Osíris, partindo seu corpo em pedaços.

Ressurreição de Osíris

Ísis e Néftis - que também não tolerava a conduta de Seth, embora este fosse seu marido - recuperaram todos os fragmentos do cadáver, à exceção do seu pênis, que fora comido por um peixe, mas que Ísis refez, com magia. Em seguida, Ísis organizou uma vigília fúnebre, na qual suspirou ao cadáver reconstituído do marido: “Eu sou a tua irmã bem amada.

 Não te afastes de mim, clamo por ti! Não ouves a minha voz? Venho ao teu encontro e, de ti, nada me separará!” Durante horas, Ísis e Néftis, com seus corpos purificados, inteiramente depiladas, com perucas perfumadas e bocas purificadas por natrão, pronunciaram encantamentos numa câmara funerária, impregnada por incenso.

DEUSA MUT





Mut é uma deusa do Antigo Egipto, esposa de Amon e mãe adotiva de Khonsu.

Mut era entendida como uma deusa bastante poderosa. De início era apenas uma deusa-falcão da cidade de Tebas. A partir da XVIII dinastia, quando o deus Amon se tornou popular, Mut passou a ser vista como sua esposa, tendo substituído a primeira mulher deste, a deusa Amaunet, como sua companheira.

Esta deusa era representada como uma simples mulher com um vestido vermelho ou azul usando a serpente (ureus) e a dupla coroa do Alto e Baixo Egito. Por vezes, era também representada com uma cabeça de leoa.

Possui uma sala no Templo de Karnak.