o mar do poeta

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terça-feira, julho 20

ENSINO PRIMÁRIO ELEMENTAR - DESPESAS DO ANTÓNIO

O PROFESSOR RAFAEL DE CARVALHO E SEUS ALUNOS.

Tinha o articulista 6 anos de idade, e andava brincando com pneu, na zona nova dos bairros novos, na altura em construção, seria talvez no mês de Agosto, bairros esses que ficavam ao fundo da rua onde morava, quando foi surpreendido por sua mãe, que, sem aviso prévio, puxou a orelha esquerda do articulista, e o levou até à Escola Primária do Chafariz De El-Rei.
Chegados lá, o articulista já levava a orelha em braza, e sua mãe, só a largou, depois de se encontrar com o Professor Rafael de Carvalho, solicitando-lhe que fizesse a matrícula do signatário, na primeira classe.

O Professor, olhando para o signatário, indagou a minha mãe qual a idade do menino, a minha mãe respondeu que tinha 6 anos, a resposta do professor foi categórica, só podemos matricular meninos com 7 anos de idade, volte cá quando ele completar os 7 anos.
E tomando nota numa agenda, perguntou o nome do articulista, minha mãe, logo o disse.
O professor, ao reparar no apelido Cambeta, indagou se era familiar do Sargento Cambeta, que chefiava o posto da GNR em Vendas Novas. Tendo a minha mãe informado que eu era sobrinho desse senhor.
Pronto, o nome Cambeta, serviu de palavra mágica para ser aceite nesse ano, na primeira classe, as aulas abriam em Outubro, e foi assim que começaram os meus estudos, um ano antes do que era permitido pela lei vigente.
Por lá andou a estudar até à 3a.classe, passando depois a frequentar a Escola dos Salesianos, mais conhecida pela Escola dos padres, que ficava, ainda bem distante de sua casa.
O livro de leituras da 4a. classe, que o articulista ainda possue.

O livro da catequese.



Um ditado bem à maneira



Assim aprendi, através do Atlas de Geografia, como era a Colónia de Macau.




Mais um ditado





Caderneta da Catequese.






A minha extremosa mãe. embora não soubesse ler nem escrever, lá fazia estes apontamentos, nos quais, tomava nota das despesas que fazia, com estudos do articulista.








Estas despesas referem-se aos dois primeiros anos, quando o articulista frequentava a Escola Comercial e Industrial de Évora.






A partir desta data, ou seja o ano de 1956, a minha extremosa mãe, deixou de contabilizar as despesas.










O único caderno escolar, para além da ardósia, que o signatário possuia.









O Diploma da 4a. classe, cujas provas se realizaram na Escola Primária do Rossio, secção masculina, no dia 1 de Julho de 1953, tinha o articulista, nessa altura, somente 9 anos de idade.
Já com o diploma da 4a. classe, minha mãe me obrigou a fazer exames de admissão à Escola Comercial e Industrial de Évora e ao Liceu.
As primeiras provas de admissão realizadas, foram para admissão à Escola Comercial e Industrial de Évora, tendo o articulista tirado boas notas, ficando até dispensado das provas orais.
Mas, a minha extremosa mãe, não ficou satisfeita e apesar do articulista não desejar ir estudar para o Liceu, sua mãe o obrigou a ir fazer as provas de admissão.
No dia dos exames, que se realizam pelas 10 horas, o articulista estava renitente em ir e tentou fugir de casa, para não ir prestar provas, fuga essa mal sucedida, pois a mãe do articulista que vinha da padaria, o apanhou à porta de casa, e lhe deu um valente enxugo de porrada.
Uma vizinha nossa amiga, ao ver a minha mãe, bater-me daquela forma, perguntou o que é que o Tói tinha feito de mal, tendo a minha mãe respondido que o articulista não queria ir fazer o exame de admissão ao Liceu. A vizinha então disse, da maneira como o está tratando, o mais certo é que ele, esteja cheios de nervos e reprove, mas, a minha mãe não ligou, e puxando por braço, lá me fez seguir para o Liceu, sem contudo ter ainda tomado o pequeno almoço.
Contra a sua vontade, lá foi o articulista prestar as provas, e para espanto de sua mãe, que o viu sair da sala de exame, passado meia hora, quando o exame era de duas horas, já se preparava para lhe dar mais uma sova, quando passou um contínuo, nosso vizinho, que disse para a minha mãe não me bater, ele iria saber como tinha decorrido a prova.
Volvidos uns minutos, o contínuo nosso vizinho, informou a minha mãe, que as provas prestadas tinham sido excelentes e que tinha ficado dispensado da prova oral.
Bem, nesse momento tudo mudou e minha extremosa mãe me beijou e disse, afinal o pequeno almoço de tareia que te dei, resultou e de que maneira!...
O articulista optou por ir para a Escola Comercial e Industrial de Évora, mas nunca mais esquecendo a tareia que levou, aquando das provas de admissão ao Liceu.
Volvidos muitos anos, e já em Macau, o articulista no ano de 1965, frequentou o Liceu Infante D. Henrique, tendo completado o sétimo ano.
Velhos tempos, outras maneiras de ensino que jamais serão esquecidas.










2 comentários:

Anônimo disse...

é BEM VERDADE TUDO O QUE CONTAS NO TEU BLOG, O EPISÓDIO DO EXAME DE ADMISSÃO AO LICEU FICOU NA HISTÓRIA, TU ERAS ASSIM, MAS ACABAS POR FAZER TUDO O QUE A MÃE QUERIA.
uM BEIJINHO GRANDE
lINITA

Prof.Ms. João Paulo de Oliveira disse...

Estimado confrade e amigo António Cambeta!
Apreciei sobremaneira as reminiscências do seu tempo de infante e mais ainda a fotografia e outros registros!!! O regente aparenta ralhar com um dos regidos...
Caloroso abraço! Saudações memorialistas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP